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quinta-feira, 24 de abril de 2014

O premio - 8

Johan Svensson, este era o nome do novo amigo que acabava de conhecer na casa de lanches onde agora comia um hamburguer. Na verdade, seu nome era Johan Sven Svensson, segundo ele detalhou logo depois . 

Pelo alto preço do lanche, concluiu que as refeições normais  seriam ainda  mais caras. Preocupou-se ao ver que de agora em diante só poderia comer sanduíches; se comesse comida de verdade, seu dinheiro acabaria logo. "Preciso é arranjar trabalho."  Pensou. 

Ao saber que Ildefonso chegara do Brasil, Johan confidenciou que estava triste porque um dia tivera planos de - por alguma forma - chegar à copa do futebol no Brasil. Mas isso se a Suécia, ou pelo menos algum país escandinavo, tivesse se classificado para a Copa.

"É que eu sou jogador amador de futebol. Aliás, por aqui todos dizem que os brasileiros jogam futebol muito bem.  E você ? "

"No Brasil nunca decepcionei jogando bola; e o time onde jogo atualmente é campeão da liga de futebol de Osasco. Você já ouviu falar em Osasco ? "  

Disse-o numa tentativa quase que desesperada de conseguir um amigo. Mas não era verdade. O que Ildefonso tinha; era, tão somente, uma grande habilidade em bater quase que infinitamente com o peito do pé na "bola", sem deixá-la cair ao chão. Assim ,  como um artista de circo. Mas jogar bola para valer, e em campo de futebol oficial,  nisso ele era de uma mediocridade exemplar.

Num momento, Ildefonso percebeu que Johan perdera a noção da diferença de idade que os separava. Tudo pelo encanto só proporcionado pelo futebol ; mundo em que a fama dos brasileiros  jamais fora ultrapassada na Suécia. Se bem que Ildefonso era mesmo "bom de bola". Ou melhor, "bom de bolinha".  Com elas , -  modéstia à parte -  ele era um artista.

Foi quando Ildefonso voltou a animar Johan: "Mas você ainda pode ir ao Brasil; quem sabe torcendo pela Holanda ! "; mas Sven deu de ombros, afastando a hipótese: "Não pretendo sequer assistir aos jogos, mas se tivesse que torcer para algum time, eu torceria para o o Uruguai ... "

"É uma ótima escolha. Um país pequeno mas com grande tradição em futebol. Acho que é por isto que você escolheria  - ou melhor, escolherá, estou certo  -  o Uruguai  para ser o seu segundo time, certamente por ser pequeno, mas já ter ganhado diversas vezes a Copa ."

"Não ... é porque liberaram a marijuana por lá  ... Mas se você joga tão bem futebol; pode jogar no meu time ... ? "

"Cheguei ontem, mas logo que esteja recuperado da viagem posso treinar no seu time, por que não ?  E você, o que faz ? "

"Sou estudante, e trabalho na Academia Real de Ciências ... mas trabalho em casa. "

" Onde vocês jogam ? "

" Amanhã treinaremos no Gunnar Nilsson ... "

"A que horas  ? "

"Às nove. Posso dizer que levarei um brasileiro para o nosso time  ? "

"Tudo bem  ...  vou lá visitar vocês ...  mas acho que amanhã ainda estarei cansado. Foram muitas horas de voo. Mas algo do meu futebol eu poderei mostrar, certamente. "

Disse isso pensando em levar uma laranja no bolso. Já vivera outras ocasiões em que a confusão com que de fato jogasse futebol levou-o a constrangimentos. Mas sabia que sempre poderia fazer umas embaixadas com a laranja que levaria no bolso. Sua pretensão era, desde já, enraizar o quanto fosse possível, a amizade com Johan Sven; e não por causa dele trabalhar na academia do Nobel;  mas porque, ainda que tivesse chegado há pouco tempo, já sentia falta de ter pelo menos um amigo.




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