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sábado, 29 de setembro de 2012

Uma de baixinho .

Prezados 9 perseguidores !

Esta é longa , mas .... também é boa  , principalmente porque é de baixinho .



Um baixinho vinha andando na rua  quando viu , do outro lado  , um cara grandão assobiando fininho .

Nisto o grandão atravessou a rua e ficou do lado do baixinho .

-  Baixinho ... baixiiinho !       Vamos até ali , no meu quarto.....

-  Eu logo vi ,  você  é grandão  mas  .... não sei não .

-  Vamos ali baixinho , você vai gostar .....

Tanto assediou,  que o baixinho topou .....  "tudo bem ,  eu vou .... mas não vou do seu lado ... vai você na frente ....."

O baixinho entrou no quarto que tinha pouco mais de uma cama ,  o grandão deu duas voltas na chave , dizendo para o baixinho :  sinto muito , mas voce tá ferrado .  O meu negócio é faturar baixinhos .....

O baixinho correu prá cá .... correu prá lá  , esperneou  ,  chorou  ,  mas o grandão  não perdoou .....

Logo depois o baixinho choramingava   ..... e agora , o que eu vou dizer lá na turma dos baixinhos .... e passou a chorar ainda mais forte .

- Baixinho ... se este é o  problema  .... façamos o seguinte :  diz lá na tua turma que foi você que me comeu ....  eu não tenho  mais  estas preocupações   .....

- Então eu  posso contar que foi eu que te comi ???

- Tudo bem , baixinho , eu não me importo , não .....

No outro dia o baixinho vinha andando com outro baixinho na mesma rua  viu o grandão do outro lado da rua .

- Tá vendo aquele grandão lá do outro lado ..... comi ele ontem ....

E o outro baixinho .....

- E eu , ante-ontem !

Julietinha e o Oficial - 6

-  Onde tu andavas , Quita  ?

- Dona Julietinha , eu fui  na ponte do Guilain , fui ver a enchente ... á água já tá a mais de metro do vau .

- Há dois dias que não vejo o Paulo ,  você sabe onde ele foi ?

-  Pela galena  o Salustiano disse que tem uma vaca que não consegue parir ... parece que o terneiro já tá morto .... ele tá lá ja faz dois dias , levou o Doutor ..

- Hoje não é dia do Pedro vir ?

- É sim , Dona Julietinha ,

- Você sabe como ele se arrumou .....

- Não , ninguém mais viu ele por lá  .... até o Boleto que ele nunca  largavam ele deixou com a Dona Marica , que ele sabe que gosta muito de cachorro ...

......

Pedro chegou e , ao contrário do  que pensava Julietinha , veio com  o olhar distante  , como quem  mira  um  cerro  no horizonte .

- "Bom dia Dona Julietinha ..."

"- Bom dia Pedro .... tu me pareces tão tranquilo .....`"

"-  Embora não pareça ,  eu procuro ser profissional ,  não posso trazer sentimentos pessoais para o trabalho ..."


Julietinha vestia-se ainda mais comportadamente . A única coisa diferente de antes foi que ela neste dia ousou cruzar as pernas deixando à mostra , de vez em quando , uns dez centímetros para cima dos joelhos .
A simples mirada de tais dez centímetros  já  era o bastante para quebrar a determinação de  Pedro de tratá-la  com  a maior distância  possível .

Outra coisa deixou Pedro com a pulga atrás da orelha ..... em cima da mesinha que aparava copos ao lado do sofá  estava nada mais , nada menos do que um livro de Jorge Luis Borges .....  Jorge Luis Borges ..... logo Borges ....  Não havia a menor possibilidade de Paulo ler Borges ..... além de Paulo só Julietinha ..... não , não é possível que ela estivesse lendo aquele volume .... mas ..

"- Dona Julietinha , quem está lendo este livro ....

" - Sou eu , Pedro , comprei  em Madri , eu já tinha lido do  Borges    A História da Infâmia .... "

 Mas como ?  Eu só via por lá  fotonovelas ..... que mistério é este .  .... Julietinha lendo Borges ... ?

"Dona Julietinha .... Jorge Luis Borges ...? "

"Comprei porque gostei da capa ...... "

Pedro virou o olhar para a mesinha .... o incrível livro de Borges ,  mas logo  voltou  os olhos para frente ,  as coxas de Julietinha  parece que cresciam , que tomavam o espaço de toda a sala .... mas como eram  lindas ...

 " Começamos ?  ....   "        " Sim , começamos , Pedro "

"Estávamos no momento em que a senhora percebera que estava cada vez  mais atraída pelo tal italiano ..."


Julietinha sabia o quanto Pedro estava sofrendo  com tantas necessidades de dinheiro  ... sabe lá  em que desvão de escada dormira .... por dentro aquela enorme vontade de abraçá-lo em seu colo até  que  ficasse  calmo  ...    Mas ela não poderia mentir ;  e  não sabia enganar que estivera pronta para Giancarlo ...

" Pedro , naquele momento eu pensei .... o navio vai atracar em Vigo .... doze dias perto dele , perto do seu corpo , do seu cheiro  , mas nada acontecera ..... eu  , já na Europa , com trinta anos , e do mesmo jeito que nasci ....  era demais ...  Quando parecia que estávamos a ponto de nos unirmos .... ele escapava como água , pelo meio dos dedos ...   Foi assim que planejei  , para antes de chegarmos a Vigo , uma surpresa .  Vigiei até quando ele ficou no comando na torre e fiquei certa , convencida de que se eu fosse a cabine dele as nove da manhã ele estaria só , totalmente sozinho ...  Comprei  , na loja do navio  uma garrafa de Moet Chandon que coube exatamente no pequeno congelador da geladeira do camarote ,  o perfume era Chanel  número cinco , Pedro ,  mas meu corpo - confesso -  rescendia a um outro perfume muito mais acre , natural  , pleno  de ansiedades ...  de necessidades ...  Botei meu vestido mais bonito , os sapatos de salto bem altos que eu já planejara para aquele momento ...  estudei cada passo dos camareiros para que eles não me flagrassem quase assaltando a cabine de Gian ,  eu tremia  , mas acho que não era de medo , não ...  Bati na porta  , uma duas , diversas vezes .. até que ele apareceu muito mais lindo do que Adonis ...

Primeiramente ficou sem saber o que estava acontecendo , mas logo pegou  o champanhe , as duas flutes  , pegou-me pela cintura colando-me a ele ....  e aí ,  aí  Pedro  o inesperado , o que era impossível de acontecer  ....  aconteceu .....





quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Também é bom !

Prezados !

Meu Pai tinha um grande amigo , de nome Dorzílio .  Seu Dorzílio era uma pessoa extremamente cortês , fino , educado .  Soube que um certo dia ele encontrou na rua  o  Marcondes ( outro amigo )  com o semblante , o rosto extremamente entristecido .

D : - O que foi que aconteceu , querido  amigo Marcondes ?

M : - pois é , meu irmão se suicidou ....

D : - Coitado , Marcondes ... foi tiro ?

M : - Não , veneno ...

D :  - ahhh ....  também é bom ...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mas que baita tesão , tchê .

Caríssimos 25 !      ( começou bem ! )

Esta também é velhíssima ,  o que salva é que é de gaúcho .



Gaudêncio era um gauchão , de bombacha e chapéu tapeado ,   e tinha ido na padaria . Chegando lá comprou um pão ( que , pelo que  me contaram , por lá chamam de cacete )  cacete .

Como a padaria não desse mais sacola plástica Gaudêncio botou o pão no bolso ( que sempre é grande porque gaúcho que é gaúcho sempre tem muitas coisas para por no bolso .... )  .   Só que o pão escorregou para o fundo do bolso e ficou assim .... um volume avantajado .

Gaudêncio homenageava sua genitora , que tinha o nome de Teresa  ( e que já partira desta vida )  com um "T "     bem grande ,  bordado na camisa ; enfim , na lapela .

Um amigo ,  de nome Tibúrcio ,  ao ver o  "T"   bordado na camisa estranhou as dimensões do bordado  e comentou   de pronto  ...     "  más báhh , Tchê    !   ..... que baita tesão  !!  "

Gaudêncio , que  esquecera-se  do bordado ,   não deixou sem resposta : ...  "Não é tesão não , Tchê ..... é um pão. " .

Honestidade à lusitana .

Prezados 25 !       ( Sim , ! )       O  "Com Chaveco"  já tem , nada mais , nada menos , do que 25 perseguidores !

Nesta terça-feira , 25 de setembro   ,  passo os olhos nos jornais para ver se encontra algo com chaveco para contar para voces .   E não é que vi uma foto de Dilma Roussef , em Nova Iorque ,  sendo cumprimentada pelo José Manuel Durão Barroso , presidente da Comissão  Européia .  Pois não é que o gajo declarou que a crise na Europa  ..... " honestamente vai durar algum tempo  " .

Ora pois , pois ,   que bela descoberta .. o Zé Manél  ..... a de que   "a crise vai durar algum tempo "  .... o pá !

O difícil , o raro e quase impossível seria a crise não durar tempo algum .

domingo, 23 de setembro de 2012

Julietinha e o oficial do vapor - Capítulo 5

Quita ,  esbaforida ,  foi à Julietinha .....

"  Dona Julietinha ! ..... Dona Julietinhaaaa !! "

"   O que é , Quita ?  Que jeito é este de falar gritando . "

 " Desculpa  , mas lá na vila o pessoal tá comentando que o Pedro  está  mal .... " 

"  Mal do que  ?  ... ainda ontem ele esteve aqui e pareceu-me meio nervoso mesmo ...."

 [ Caros 60 !   .....  Não  é raro que as coisas aconteçam assim como se vê agora entre a Julietinha e o Pedro :  o homem certo de que vai tirar uma com a cara  da mulher mas  ... pouco a pouco .... o poder passa  para as mãos da mulher .....  Mas um acontecimento vai equlibrar de novo  a  relação  , fazendo que  a maré reflua em favor de Pedro .  Vamos lá !  ]

"É que um tal de oficial foi lá na casa do Pedro , Dona Julietinha ... "  

"Oficial ... mas oficial de que ? "

" Disseram que era o oficial da justiça .... sabe quem é .... o  Dionísio , aquele lá do foro . "

"O Dinonísio ....  o do forum ,  mas o que ele foi fazer lá , Quita ? "

" Eu não sei se devo contar ... mas vá lá .   Dizem que o Pedro é o maior caloteiro do bairro ... de há muito que ele não paga aluguel para o Seu Salim ;  ...parece  que  antes do fim do mês vão tirar as coisa do Pedro de lá para por  ele  no olho da rua . "

Sem que Quita percebesse uma lágrima saiu de mansinho do olho esquerdo de Julietinha  , que virou-se  para  a janela .

"Quita , vê se não vai espalhar isto por aí. O Pedro é nosso amigo. Além disto, é um homem de coragem .  Não é caloteiro , não . Caloteiro é quem tem dinheiro mas mesmo assim não paga as dívidas. Mesmo com esta situação ele vem aqui sem deixar escapar um lamento , uma reclamação , mesmo eu sabendo que estes trabalhos de  Jornal  demoram muito para serem  pagos. Vê se fica de bico calado , Quita.  Olha lá , hein ? "

" Da minha boca não sai um pio ... "

Quita , que não era nada boba , sentiu que algo mudou no rosto da patroa .  Ficou até  surpresa ao ver que  Pedro o constrangimento que Pedro sofrera causasse um efeito tão imediato em Julietinha , prometendo a si mesmo ficar ainda mais atenta .

De noite , à mesa ,  Julietinha perguntou ...  " Paulo , você está pagando o jornalista ? "

 " ... sabe como eu sou ... pagamento só depois da  entrega do serviço  ..."

" Mas esta foi uma viagem mais demorada , mais distante , o  que  me  obriga   a ir lembrando pouco a pouco as visitas ,  as paisagens ,,,, "  

"Pelo tempo que vocês estão nessa conversa a coisa deve estar no fim , não é ? "

"'É que alem do que vai ser publicado no jornal , Pedro também está selecionando acontecimentos para quando um dia  , se eu quiser ,  editar algo sobre mim mesma .... "

"Tá certo ...  Tá certo ... eu vou conversar com o Pedro , você sabe como eu gosto dele ,  nós dos estudamos com o Professor Pery , só que ele tinha mais gosto e partiu para estas coisas de poetas , de escritores , mui bonitinhas mas dinheiro que é bom .... néris de pitibiriba  .... "

Pedro tinha 26 anos , e faria 27  daí  a  um mês e meio .

Julietinha e o Oficial do vapor .



Nesta sessão Julietinha viera de banho recém tomado . De cabelos molhados penteados junto à cabeça ; mas , como sempre , de saia ( esta era plissada )  com altura respeitosa  e de blusa quase que totalmente abotoada .  A única coisa que mudara é que naquele dia ela viera de sandálias que deixavam boa parte dos pés a  mostra  fazendo  com que  Pedro se fixasse neles ainda que em luta íntima para não fazê-lo .  Bom , pensou Pedro , tenho que manter-me como o profissional que sou , um  memorialista , um biógrafo  do interior.  "Chega de olhar tanto para os pés da balzaquiana !  ". Balzaquiana eram todas as que passassem ( um dia que fosse ) dos trinta anos .  Julietinha fizera trinta há dois meses , a viagem á Europa fora presente do irmão Paulo pelos trinta .  Começou  a narrativa  contando  a aproximação do navio ao porto de Vigo na Espanha .  Só a aproximação , não chegando  a  falar do desembarque . Contou que muitas pessoas  no navio começaram -  ali mesmo -  namoros , até mesmo envolvimentos mais sérios  .  Depois das particularidades do dia  ( shows de piano e mágicos ,  longos drinques , para ela sempre de frutas com um pouquinho de algum licor )  Julietinha  jantou e  foi para o convés pegar o vento do mar. Foi  quando se aproximou o Oficial .  Neste momento Pedro perguntou  se ele era inglês , talvez alemão , ou sueco ...  estas nacionalidades têm tradição no moderno transporte  marítimo ;  "não é Dona Julietinha ?"          " Não"  , respondeu ;    " Giancarlo é  italiano , Pedro"  ,  que deu uma tossida mais forte . "O que foi  ? "  , perguntou ela .  " Não , eu acho que estou com a garganta irritada , Dona Julietinha " .  Neste momento Pedro , como de outras vezes , pediu para ir ao banheiro e foi avisado de que hoje deveria usar o banheiro da alcova ( assim eram denominados os quartos de casas de gente com dinheiro )  da moça porque o banheiro da sala estava sendo arrumado por Quita .  Julietinha acompanhou-o  e Pedro ao fechar a porta olhou  e  ficou  extasiado vendo a  calça de baixo  estendida num porta-toalhas  ( sim naquela época era " calça de baixo "  a peça mais íntima das mulheres ).   Pedro olhava por longos momentos  apoiado na parede  . Chegou mesmo  a esquecer-se do que viera fazer no banheiro .  A calça de baixo  era de um branco muito alvo , com delicadíssimas rendas branquinhas nos locais mais mais adequados para tanto  .  Pensou rápido   "...   a renda é de Sevilha , ela pode ter parado nas Canárias , sei lá ; e comprou a calça de baixo com rendas de Sevilha " . E ele,  que sempre pensara que Nelson Gonçalves quando cantava "tinha rendas de Sevilha a pequena maravilha que seu corpinho adornava " mencionava Sevilha  só  para  conseguir uma boa  rima para maravilha .... quanto engano ... ali  estava ele frente a frente - já não tinha dúvidas - alem de existirem mesmo, eram lindas  as rendas  Sevilha  !    Pedro continuava muito mais do que sufocado , ele tremia por dentro e por fora quando ; sem saber porque ,  seu nariz passou perto , mais do que perto da tal "pequena maravilha  que seu corpinho adornara " .   Só que - ainda bem - foi despertado pelo forte cheiro de sabão , que   deveria ser da UFE  carioca .  Pedro  detestava qualquer cheiro vindo de sabão de côco .  Enfim desperto , deu uma falsa descarga no vaso e lavou as  mãos . Já na sala , de novo  reflexivamente  olhou para os pés de Julietinha .   Pensou ... meu Deus , porque isto agora ....   Despertou com  a pergunta : tudo bem Pedro ?   Sim , Dona Julietinha , vamos continuar ?

" Bem ....  acho que o Gian obedecia a  regras rígidas , próprias da marinha  porque  ........   ( " Pedro , tal já  é a nossa fraternal convivência ,  já me acostumei tanto com você  que  vou confidenciar-te  , ainda que pedindo que isto não seja  colocado no jornal " )  ... ele  nunca chegava a passar  o tempo que eu ansiava .... que eu precisava que ele ficasse comigo .... "  . Novamente Pedro tossiu , agora ainda mais nervosamente que antes .      "  Eu  estava cada vez mais apaixonada pelo Giancarlo e , ainda  mais .  pelo distanciamento de todos estes limites que temos por aqui ;  minha cabeça girava , girava só de pensar nele ,  e não  pelos longos  drinques  que eu tomava cada vez mais frequentemente ".    

Pedro ainda quis atravessar um pensamento , uma palavra  que se opusesse aquilo que achava ser uma  insensatez  própria da  idade de Julietinha ... " mas ele era italiano Dona Julietinha ,  italianos ....  assim como estes colonos italianos que andam pelas ruas em farrapos ,  fedendo  " .   " Não !  Mas não mesmo , Pedro !  "   Giancarlo é alto e esbelto como um toureiro espanhol . E tinha os olhos mais azuis do que as águas do Mediterrâneo , tinha a  cara do Mastroiani .... rescendia  a campos de  outono  na Toscana .... "



Julietinha e o tenente do vapor - Terceiro ato

Pedro cada vez insistia mais ... ' afinal Julietinha , o que aconteceu entre a senhora e o tenente .   Eu vim aqui    com um encargo , uma missão mesmo ... que é a de retratar o que em verdade aconteceu na sua viagem a Europa mas você .... a senhora não conclui , não vai ao ponto importante de sua viagem .   Neste ponto , Julietinha retrocede ... " não  eu tive outros fatos importantes . Conheci Lisboa , Londres , Paris ... " . Mas Dona Julietinha ... apesar de todas estas viagens serem importantes , eu , como um agora quase seu biógrafo , tenho - pelas responsabilidades que são próprias , são da honra do biógrafo ... !       de  mostrar  o que de fato aconteceu ....

Neste momento sem que os dois percebessem as suas pernas estavam mais do que simplesmente se tocando uma na outra  , Pedro contou-me depois que , mesmo sem que ele tivesse percebido,  sem que quisesse   ,  sua perna quase pressionava a de Julietinha . Só que , por cinfusào ,  não dava para perceber se a pressão vinha da perna dele ou dela . Ou de ambas , eu concluo .

Neste momento Paulo ( quase um mecenas para o literato da cidadezinha ) , o irmão,  chegou  à sala  e , instantaneamente ,  as  pernas retrocederam a uma distância digamos , normal.

Paulo pergunta se as sessões de coleta de lembranças estavam acontecendo normalmente e ambos respondem que tudo estava indo muito bem , só que demorava um pouco mais  em razão de as emoções , as alegrias vividas na Europa terem sido muitas e,  quase sempre , de arrepiar .


Prezadíssimos 60 s .   Tenho que extrair as lembranças que estão esmaecidas na memória .  Na verdade vou montando o quebra-cabeças de Pedro e Julietinha pouco a pouco , principalmente porque tenho que transcrever o que de fato pintou ... o que verdadeiramente rolou entre Julietinha e o tenente .  Mas prometo que  - ainda que tenha que falar com Pedro , ou com o Sapiran , que também foi confidente do Pedro , para
evitar qualquer equívoco .  Não percam os próximos capítulos !


Julietinha e o tenente do vapor . Segunda parte.

Pedro foi notando que  as atitudes de Julietinha eram contraditórias .Num momento seu rosto iluminava-se e ela deixava ver que algo havia acontecido entre os dois . Num momento de descontração contou um fato  que parecia ter-lhe marcado o coração . " numa noite ; fomos cear nas mesas do convés , foi quando a minha bolsa caiu no chão .  Ele logo abaixou-se e reçou os lábios em meu joelho .  Senti  meu corpo tremer por dentro , mas por fora fiquei  impassível  como se nada tivesse percebido " .   Neste ponto Pedro pensou que estava perto de seu objetivo : fazer com que Julietinha abrisse a alma , mostrasse a todos que , enfim .... bem ,  enfim ......
Só que  aí ela cortou para as histórias clássicas das baleias que seguiam o navio ,  a ameaça de tempestade ,  as estrelas  que apareciam no céu ao cruzarem o equador ,  a quantia que perdeu na roleta do cassino ...
E Pedro :     e o tenente , Dona Julietinha .... o tenente , que fim levou .... ?

Julietinha não só desconversou como fechou a cara .  Parece que  alguma lembrança ruim atravessava seu cérebro no justo momento em que entraria nos finalmentes . Novo sorriso , novas confissões :  "bem , o tenente era uma pessoa muito , muito ocupada . A noite ele tinha que permanecer no comando do novio , no timão .   Quando a champanhe começava a fervilhar em mim ele tinha que ir para a ponte de comando "

Não percam os próximos capítulos .





Julietinha e o Oficial do vapor - Primeira parte .

Eu  naquela época  tinha cinco anos ,  e estas memórias estão entre as coisas mais remotas que tenho registrado na mente .   Paulo era um rico estancieiro ,  formado como advogado e  candidato invicto à  vereador : nunca conseguira  se eleger.  Tinha uma irmã  de nome Julietinha ,   no diminutivo mesmo , como não era incomum naqueles anos idos.  Se Paulo era um estancieiro e candidato a vereador encalhado , Julietinha  - por sua vez -  nunca conseguira casar .  Com meios, com dinheiro  para viajar  o quanto quizesse ,  Paulo  ofertou à irmã  uma  passagem de navio ( que chamavam  de  vapor )  para a Europa. Nestes casos , ao voltarem  da viagem ,  os ricaços  da época ,  como Julietinha  e Pulo Becerra  ,  botavam no jornal da cidade algo como "O diário de bordo" .  O  certo é que  Julietinha  chamou Pedro ( o primeiro ghost writer de que  ouvi falar ) -  para por no papel  as  suas aventuras européias  .   Pedro - além de pretender  conseguir com tal trabalho por os aluguéis atrasados em dia  também  comungava da  curiosidade da cidadezinha  que era a de  saber se Julietinha tinha  - enfim -  se  entregado aos jogos de Eros . Para poder publicar  o diário de bordo , Julietinha teria que se confessar à Pedro  .  Assim foi ...  ela  no começo falou ...  falou ...  mas  nada  de  contar  algo na direção ansiada ;  sobre  se  teria  se entregue  aos jogos de Eros  .   Pedro perguntava , sugeria ,  tentava  cercar Julietinha  , mas ela ... nada . Sem que Pedro soubesse o porque , num belo dia  ela começou  a tangenciar o assunto  por dizer que  " .... conheci o oficial "  .   Pedro aos poucos  descobriu  que se tratava  do  marujo  de patente  inferior  ao Comandante  do navio .  É que o jornalista  já  era   mestre no  ( para ele )   nascente gênero de fantasma escrevedor  ,  dando  corda : - fale  mais , Dona Julietinha ,  fale do tenente  .... do tenente  do navio  , como ele era Dona Julietinha .....

Apresentação

Prezados seguidores .

Como vos prometi no blog "Sem Chaveco" , aqui está a antítese dele : o "Com Chaveco" . Como vocês sabem , se no Sem Chaveco o obejetivo sempre foi o de gritar contra o Chaveco - a mentira embrulhada para presente -    ou  a realidade sem limites .... neste  "Com Chaveco"  lançado  neste exato momento o alvo  é dar asas à imaginação , sem os limites da lógica ou mesmo dos costumes .  Apertem os cintos que o "Com Chaveco vai partir" .  Como dizia o Joaquim , transmontano de fartos bigodes ..... prtiu !!
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