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quarta-feira, 31 de julho de 2013

77 - Julietinha e o Oficial do vapor - final B

Se olhassemos com uma lente que pegasse a amplitude do plano dos Mosqueteiros veria-se que boa parte dele estava fechado .  Tudo vinha acontecendo como fora previsto .  Pituca veio mesmo conversar com Aramis , que mostrou-se hábil na dissimulação de que estaria absolutamente comprometida com o estancieiro , inclusive mostrando-se muito feliz pelo prêmio que receberia .  Mesmo assim , alguns problemas permaneciam .   Um dos seguranças , dos Capa-Pretas , não bebia álcool .  A questão agora  -   de Pituca e Aramis - era como embebeda-lo .  Aramis  lembrou  que , apesar  de  beber somente sucos de frutas  ,  sobressaia a fama dele ser muito interessado em sexo - nas suas formas mais , digamos , originais e excêntricas .   Pelo menos foi o que confidenciou Prendoca , que era  a moça que  atendia  o vigilante .
Foi quando Pituca sugeriu que um sonífero fosse jogado no suco que o  homem beberia .   Aramis lembrou-se  que D´Artagnan certamente não concordaria com o artifício , eis que o alívio de excessos pecuniários  só admitia  meios naturais para a  requisição deles .  Também lembrou-se que  Prendoca segredou que por mais de uma vez o amante sugerira que ela chamasse  outras meninas para  participarem  de sexo a três , ou quantas mais quisessem  divertir-se com  a orgia .  

Pituca exultou   , dizendo que  :   " Contratarei  desde já  moças dispostas a  tudo que  passar pela  cabeça do quéra ! "     Prendoca , mais  duas , teriam a missão  mantê-lo  totalmente  envolvido  no bacanal .

Fechando mais um pouco o foco :   D ´Artagnan  ,  sabendo que  o  acesso de carros ao  Boca de Ouro  ( que , aliás , estava de há muito tempo fechado  para  funcionamento exclusivo  dos planos de Pituca )   concluiu que  o pequeno caminhão adquirido por  Athos deveria chegar com o motor desligado .  Logo a seguir  , já com os  Capa-Pretas anestesiados  pela atuação das prostitutas ,     D ´ Artagnan   se apossaria da chave do caminhão , onde estava o dinheiro , deixando  a chave do caminhão  falso  para  que , em breves minutos ,  fosse  furtado por Pituca , que também  as chaves entregues por  Aramis .  A  Mosqueteira  informaria  o Pituca  da hora  prevista para ele chegar  , momento em que os  seguranças  estariam fora de combate .

D ´ Artagnan ,  por sua vez , também   desceria  a  rua  com o motor  apagado  ,  vindo a  ligá-lo somente quando  o  ruído do motor  já não pudesse ser  ouvido pelos seguranças .

Aramis seguiria com Pituca , que  tomaria  a direção da República Oriental onde - ainda que fosse feriado  - teria  Don Paniagua  a esperar-lhe , com  funcionários de sua estrita confiança ,  prontos para conferir , receber  e dar recibo do depósito .

Don Paniagua  dissera à  Pituca que tão logo o depósito fosse noticiado , e  desde que o  telex passado por  Paniagua fosse  recebido no paraíso fiscal , tudo isto resultaria em  que tudo estivesse  praticamente consumado :  Sim ,  o dinheiro estando  lá na Europa  já seria  , praticamente ,  uma  propriedade de Pituca ; que mesmo assim , perguntou ao banqueiro :

" Vou ser franco , Don Paniagua ... não gostei do senhor ter usado duas vezes o tal de "praticamente "  Minha pergunta  é :  e quando eu serei  teórica - além de praticamente - totalmente dono do dinheiro ? "

" Usted solamente será dueño de la plata  , en toda la plenitud del termo ,  después que se passar um dia , um dia de veinte e quatro horas pasadas  , um dia  después del  dinero estar  em mis manos ,  niño Pituca . "

Por tal aviso , Pituca soube que o dinheiro seria verdadeiramente seu  somente depois de  dormir por vinte e quatro horas  com os banqueiros .  Naquele  momento  o dinheiro seria definitivamente propriedade sua , nada mais podendo ser feito por quem quer que fosse para modificar tal estado de propriedade .

Aramis  despediria-se de Pituca na entrada de  Rivera , e desapareceria no interior  do  país . A moça  seguiria para o pueblo onde nascera ;  totalmente distanciado de qualquer novidade que  pudesse ser  filtrada ,  de Rivera  para o pueblo  .  Além disto , em  po ali  ninguém sabia da profissão de Aramis  .

Sim ,  o tesouro  seria sepultado em  trigo , dentro de um grande silo , onde o pequeno caminhão hibernaria temporariamente .  Até mesmo as marcas dos pneus do verdadeiro carro  transportador seriam  apagadas , confundidas ,  de forma a impossibilitar a quem  que - por  remota possibilidade - ali passasse ,  mesmo que fosse  no outro dia ,  pudesse perceber  qualquer  marca do carro pagador desaparecido  .

Logo para o outro dia ,  D Ártagnan - com suas amizades  aos  gaúchos daquele  fim de mundo ,  já   programara  a chegada de quatro grandes carretas de trigo  a ser depositado no silo ,  que - por sinal - já  estava limpo ,  tão somente com o pequeno caminhão  que  , não por acaso , ficaria  exatamente  onde a esteira despejaria o cereal .

Os Mosqueteiros sabiam que riscos  sempre existiriam .  Mas esta alternativa de esconderijo  foi a escolhida  porque concluiu-se que  nenhum dos que se sentiriam prejudicados poderiam reclamar a perda  do tesouro ;   para quem quer que fosse ,  na República Oriental ,  ou mesmo no Brasil .

Restaria  aos Mosqueteiros  a  missão de ocultação do alívio de realizações pecuniárias ,  até que a toda  a areia  passasse pelo buraco da ampulheta .


domingo, 28 de julho de 2013

Dúvida Cruel .

Prezados 30 leitores !

Confesso que bateu de novo aquela dúvida de que só sou lido pelos computadores e olheiros dos Big Brothers .  Sim ,  no plural mesmo . Isto porque  - de longe - a minha maior audiência está  nos Estados Unidos e  .... na Rússia .   Os dois lugares em que , segundo a grande imprensa ,  mais  se valem das "escutas" computadorizadas .  Mas , se assim  for  ,  será que pelo menos meus textos passam  pelos computadores . Ou , por outra , será que eles despertam algum interesse , pelo menos dos computadores espiões ?

Será que as máquinas  cospem o meu texto  impresso na caixa dos de  alto risco , os que ,  em papel ,  vão para  que  algum agente de óculos de vidro grosso o leiam ?

E se isto acontecer , será que o agente de óculos de fundo garrafa acha alguma graça neles ?

Será - caros perseguidores humanos -  que o que eu escrevo  é  mesmo lido por um ser humano ?  Nos Estados Unidos , ou  na Russia ?

Não sei porque lembrei agora daquele lusitano de nome Manoel  que  ao ser chamado  pelo amigo Joaquim  para que constatasse  que sua mulher estava entrando num motel com outro ,  aduziu  ao amigo : " Esta dúvida  é que me mata ...  o que eles estão a fazer lá dentro ? "

Mas  uma coisa é certa : já perdi todos os amigos que , de uma forma ou de outra , descobriram estas minhas poucas e mal traçadas linhas ( bota mal traçadas nisto ! )  .   Nenhum  deu continuidade normal à amizade :   " Ele é um canalha e eu não sabia ... "         " Não é que ele é um comunista disfarçado de americanólogo "      " Quem diria ...  ele que parecia  ser uma pessoa tão legal ... "

O pior : troquei amigos de verdade , de carne e osso ,  daqueles que emprestam o ombro  para as horas difíceis , os que  já pagaram tantas cervejas  ( um deles , um dos amigos que perdi , dividia pastel  daquela pastelaria chinesa que fica em frente do Correio Central  ... e sabem por que ?    porque não tínhamos dinheiro no bolso para comprar dois pastéis )  . Amigo  que , na hora da pior dureza  ficava em casa para emprestar-me os sapatos para eu ir a uma entrevista para um  novo emprego  .  Foi eles que eu perdi !

Perdi todos . Todos eles .  Uns pela dúvida estética ( puxa , mas como o cara escreve mal ! ) .  Outros pela certeza  política  ( enfim descobri que o cara é melancia : verde por fora , mas vermelho por dentro ) .  E outros simplesmente  por  motivos  que não consegui  identificar .

Nem mesmo os amigos que eu tinha no estrangeiro arriscam um alô ! ("e se a ASN está na cola do cara ? " )

Todos trocados por quem  ?        Ou melhor  : todos eles trocados por que  ?

Como sempre , eu me respondo :  Trocados pelos computadores  espias de Tio Sam .  Ou pelos contra-espias  do Kremlin !

E eu , que só queria  tentar  a sorte como  escrivinhador ...


PS : Absolutamente imperdível a crônica  "Orégano " do Mestre  Luis Fernando Veríssimo que trata deste mesmo tema .   Agora sei - com  um milhão de desculpas ao  LFV  -   porque rezei tanto para que o cara não fosse  prematuramente comer capim pela raiz :  foi para  não perder as  suas crônicas .

76 - Julietinha e o oficial do vapor - final B

D - Artagnan  , ao  voltarem  do almoço na reunião de Santa Maria ,  fez mais  uma  preleção aos Mosqueteiros  , o que ele chamava de  "base moral  para os atos de alívio "  .

" Não pensem  , Mosqueteiros , que  vocês serão os primeiros a porem em prática esta espécie de  obtenção de propriedade  numa de suas  formas de aquisição originária .  Não , muitos outros já o fizeram através dos séculos .  Daí eu ter que , agora , fazer uma distinção  entre  o que diz o aforismo " Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão "  e  o alívio que vamos em breves dias praticar.  Embora nos seus aspectos religiosos o  dito popular  sirva para uma expiação prévia de algo - o roubo -  defeso , eis que proibido pela  leis da Santa Madre Igreja ; por isto  é preciso diferenciar , separar mesmo ,  o joio do trigo . Companheiros , neste  balaio  , o  roubo é o joio  ;   mas  o trigo ...  o trigo  é o justo ,  é o  natural  alívio de excessos de realizações pecuniárias .   A propósito : um  exemplo recente , mas que já  se tornou um clássico , deu-se quando um dos mais grandes  maiorais  de Brasilia - agora mesmo , com a construção da nova capital  -  usou  daquilo que a gíria chama de  "laranja"  , para  ampliar suas realizações excessivas .
Tal  Maioral  (  por sinal , de graduação máxima na hierarquia  de tais peixes grandes )  tinha  um preposto ,  uma terceira pessoa de sua absoluta confiança ; repito : um laranja .  Sabe-se que o Maioral  recebeu um edifício  , de muitos andares ,  naquilo  que chama  de  "dação em pagamento" , só que de origem  corrupta . Ganhou  , como parte de pagamento de uma excessiva  realização pecuniária , um prédio numa das ruas mais valorizadas do Bairro de Ipanema ,  no Rio de Janeiro .   Mas como o nome do Maioral não podia aparecer  na  transação ,  pediu para o terceiro de sua confiança  receber como se fosse seu o imóvel ,  no que foi atendido pelo preposto sem maiores indagações . Tudo  sob o juramento tácito de  que o edifício ficasse às ordens do Maioral ,  inclusive para eventual transferência do domínio a quem ele mandasse .  E não é que o preposto morreu logo depois e , vindo um terceiro moço de recados  informar - a mando do Maioral -  à viúva que  ele queria que o imóvel fosse transferido a outro preposto .  Mas  a viúva respondeu que desconhecia qualquer acordo ou combinação de seu finado marido com quem quer que fosse ; e , que para todos os fins  , o imóvel pertencia ao marido ,  mas também a ela própria , eis que casados em regime de comunhão universal de bens .  É claro que o Maioral teve que comer com casca e tudo o fruto servido pela viúva . Pergunto-lhes , corajosos  Mosqueteiros : o que fez a viúva ?  Como pode ser classificado o ato praticado pela senhora ? "

Foi  Athos o primeiro a responder : " Ela  praticou  um alívio de excessos de realizações " .  O que foi confirmado pelos demais mosqueteiros com um balançar afirmativo  de cabeça  muito bem  explicitado .

"Certo , Mosqueteiro Athos !   a viúva  agiu como nós deveremos agir :  sem violência - eis que o uso da força bruta  descaracteriza o alívio , que  jamais pode ser confundido com qualquer outra forma de aquisição da propriedade .  Obter  propriedade  pela força  caracteriza o roubo .  Mas  consegui-la  - quando excessiva -  pelo alívio ,  aí  tem-se  - seguramente -  uma forma lícita de adquirir  o que foi  obtido  - aí sim - de forma  ilícita ,  criminosa  mesmo .  E , para concluir , pergunto : por que  o objeto dos alívios  tem que - antes - serem  tisnados pelo crime , pela ilicitude ?   "

D´Artagnan não demorou a  ,  ele próprio ,  responder :  " Porque também a obtenção da propriedade tem condicionantes a serem respeitadas . E se isto não acontecer de forma criteriosa ,  e - além disto  - ela  for excessiva ,   pode  ser  -  tranquilamente -  aliviada .  "   Concluiu  D ´Artagnan  sob  aplauso dos companheiros.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

75 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B

Em reunião , os Novos Mosqueteiros decidiram que haveria    a cada dois dias ,  e por telefone ,  a  coleta das novidades aliviantes .  Os esgrimistas  daqueles pampas  usariam  os aparelhos  comunitários  que a empresa de telefonia colocara nas ruas  que permitiam  o recebimento de ligações   por  quem estivesse por perto deles. Com este meio , D´ Artagnan  saberia  as novidades  e  daria  as novas diretrizes aos colegas.

De agora  para frente  o  mais importante  seria que  todos se recordassem de suas experiências de vida para que as soluções dos problemas  tivessem  base na realidade de cada um dos Mosqueteiros .

Foi para  incentivarem-se mutuamente que marcaram  a  reunião de  Santa Maria ,  uma cidade situada bem no centro do estado .  Naquela  reunião ,  D ´Artagnan  mostrou  o progresso nos planos ,  por ele denominado ,  agora  oficialmente ,  de  " Plano Geral do Alívio de Excessos de Realizações Pecuniárias " .

Por sua vez ,  o primeiro mosqueteiro  refletiu interiormente sobre o amadurecimento mental por que passavam  todos os outros . Mesmo os de origem mais humilde  agora raciocinavam  com grande lógica , o que vinha confirmar o que ele já desconfiara ;  que  a exclusividade na  singeleza de idéias - ma maioria das vezes -  é  própria  do  ambiente de pobreza que cada um vive .  A proximidade - ainda que como potência -  da pecúnia ; a possibilidade de que cada uma daquelas pessoas  viesse a - em breve - tornar-se  alguém de  posses  fazia com que cada um deles  raciocinasse como gente das altas finanças .    Mas , é claro ,  a correção deste  pensamento a que chegara  D Ártagnan  só seria  comprovada com o sucesso do  alívio de  excessos  pecuniários que estava em curso .

Athos  informou  que , ainda  que usando seus últimos recursos ,  compraria na República Oriental  um pequeno caminhão totalmente  idêntico  ao que os Capa Pretas chegavam com os dólares .  Como Athos dispunha de  um derradeiro dinheiro no exterior , e sendo a República Oriental um paraíso fiscal , isto facilitaria  a compra .  Outro ponto importante :  Athos  compraria o caminhão em nome de um terceiro , na verdade tal  estratégia era algo comum  entre os comerciantes do lado de lá da fronteira .  Muito brasileiros faziam negócios , abriam contas bancárias ,  compravam bens com nomes chamados por eles mesmos de "frios" .  Era um costume já pacificado nos usos e costumes locais . 

Por sua vez ,  Aramis disse que o seu acompanhante costumava dedicar  as duas primeiras horas de seus encontros para os jogos de amor ,  só depois deles entregava-se  à bebida ,  tomando dois , quase três copos de uísque ,  passando logo a dormir  com sono completamente  profundo nas próximas  três  horas .  A  jovem propôs   - a título de ideia possível de ser  executada  -  o  artifício usado por  um cliente seu , um jovem - quase menino - que  , apesar de ter pouquíssimos recursos ,  queria  dispor de seus serviços amorosos . O jovem combinou o preço ,  chegando a mostra-lhe o dinheiro com que , certamente , honraria  o contratado .   Já no leito , o rapaz pôs o dinheiro da paga debaixo do travesseiro .   Tudo aconteceu normalmente , tendo mesmo Aramis tecido algum elogio  ao cliente.  Admitido  a permanecer  no leito ,   o soldado , que por sinal  cumpria  o  tempo de serviço militar obrigatório ,  avisou que teria que ir embora muito  cedo . Assim foi ,  o  sol  ainda não se levantara quando o jovem propôs  - e foi aceito por Aramis -  um  novo enlace -  , agora  matinal .  Logo depois vestiu-se  apressadamente  e saiu  quase correndo em direção ao quartel ;  mas não sem antes puxar  pelo lado  de fora da janela o  fio  que amarrara ao dinheiro do hipotético pagamento .  Ao acordar , a moça  tateou , procurando  o dinheiro embaixo do travesseiro do freguês ,  mas nada encontrou .  Revistou  o quarto , quando notou  a janela  estrategicamente entreaberta .    Foi ao lado de fora e encontrou  o fio de linha  jogado ao chão ,  sendo ele  a prova  que  permitiu que ela  descobrisse  a trama  do gentil  soldadinho .
Concluindo ,   Aramis informou que fora  despertada  para aquela solução do recruta  pelo hábito do seu  Capa Preta  que , assim como soldado,   guardava  a chave do caminhão de dólares embaixo  do próprio travesseiro.  Sendo assim , ela lembrou-se que também  os Mosqueteiros poderiam  valerem-se da criatividade do recruta . Ela bem que poderia dar  um jeito de amarrá-la a um barbante para que D Artagnan , ou mesmo Porthos , puxassem- nas  para fora do quarto .

D ´Artagnan achou  a ideia muito  criativa .  E disse que seria levada em conta na elaboração final do plano.

Neste momento interromperam  a reunião para almoçarem .

quinta-feira, 25 de julho de 2013

74 - Julieitnha e o Oficial do vapor - Final B

Dois planos seguiam a um só tempo : o de Pituca ,  e o dos Novos Mosqueteiros .  O plano de Paulo Becerra tinha duas pessoas infiltradas nele :  os mosqueteiros Quita ,  e  Aramis .  Quanto à Aramis , Pituca entendeu que ela , sendo  pessoa da maior importância para o furto que planejava ,  ofereceu-lhe  a participação de  cem mil dólares ; quantia que foi imediatamente aceita pela rapariga .  Aramis raciocinou prontamente que se desse uma resposta  al tiro  , isto aumentaria a confiança de Pedro , incentivando-o para que falasse ainda mais de seus planos .



Julitetinha reclamou de Pedro por ele não ter contado que fora à Caçapava .  É que Pedro fora  àquela cidadezinha , segundo contou gora à Julietinha , para informar-se de certas incursões de espeleólogos que estavam explorando algumas grutas que haviam na cidade . 

Julietinha : " Mas por que não me dissestes ,  Pedro ? "  

Pedro :  "Na verdade no dia que eu fui lá tu estavas visitando o Pituca em Porto Alegre .  Ou melhor ,  fostes ajudar a Valéria nas compras , nos preparativos para o casamento .  Depois disto eu até cheguei a me esquecer de que tinha ido à Caçapava . " 

Foi verdade . Pedro também interessava-se por espeleologia , e foi à cidadezinha fazer um contato com os exploradores de cavernas .



D ´Artagnan , que estava sempre atento aos detalhes ,  achou que o fato  de Aramis  morar do lado de lá da fronteira ,  na República Oriental , isto  era  algo bem  importante para eles  todos.  Tudo porque no plano que começava a cristalizar-se em sua cabeça ;  Aramis  seria  a pessoa sobre a qual recairiam todas as suspeitas e ,  evadir-se de pronto para o país vizinho garantiria totalmente o seu total distanciamento do alívio que os Novos Mosqueteiros fariam  ante os acumuladores de realizações pecuniárias . Bastaria-lhes manter  Aramis  distante de tudo e de todos para que  todas as suspeitas morressem no nascedouro .



Valéria  confidenciou  à Quita que Pituca teria fraquejado na mútua decisão  de  ambos voltarem  ao estado de quase reconstrução das virgindades .  Ante ao argumento do noivo de que por faltar tão pouco tempo para as núpcias  terminada estaria  a necessidade de manterem  a  candura  , Valéria  agarrou-se  à promessa como um náufrago  a um salva-vidas :

" Se esperamos até aqui , se sofremos juntos as maiores tentações , por que haveremos de  quebrar a promessa de nos mantermos alvos como a  neve ,  limpos como águas  que descem das montanhas , claros  com as  luz das estrelas .  Não , amado Pituca ,  o que você quer , o que me pede , só terá depois do casamento ... e aí sim , serei toda tua ... e para sempre .  "

Pituca , que estava ajoelhado aos pés da amada , levantou-se e , sem despedir-se , caminhou  para o seu apartamento parecendo que estava  algo assim  meio  curvado .


quinta-feira, 18 de julho de 2013

73 - Julietinha e o Oficial do Vapor - Final B .

Conforme já  tinham combinado , foi a mosqueteira Quita que convocou uma reunião para informar o  grupo sobre as  novidades colhidas  .  Desta vez ficou acertado que o encontro seria em  Caçapava  , uma cidadezinha no alto de uma pequena serra ,  que vive  da mineração de calcário , com paisagens das mais tranquilas de todo o planeta Terra .   Quita não bebia álcool ; assim ,   o brinde em que todos os Mosqueteiros levantavam as taças , para ela foi com refrigerante .  Para os demais foi com um excelente vinho da Campanha   .

Quita passou por um tempo de amadurecimento . Se antes só pensava em servir seus senhores , agora sua auto-estima  crescera ,  ela sabia que era uma pessoa como as outras , que tinha  suas prerrogativas ,  por isto queria sacar o seu quinhão que , sem dúvida ,  estava em outras  mãos . Nela  viviam  duas pessoas . Uma  ,  a antiga ,  era a que  gostava de mexericos ,  de  fofocas .  E foi  este lado que contou aos colegas dois fatos que ela achou inusitados :  Pituca  ,  nesta segunda vez que co-habitava com Valéria ,  adquirira  o apartamento ao lado do que já possuía para ali  abrigar  sua amada . Paulo Becerra nunca esqueceu que ambos prometeram-se mutuamente que sem o casamento eles não se pertenceriam , tivessem a vontade que tivessem um do outro .

E , se acariciavam-se  por longos momentos , tais carícias , acreditem , não transpunham os limites de afagos mas  sem que - como Valéria confidenciou à Quita -  chegassem sequer a masturbar-se .  Ambos respeitavam a palavra  empenhada . E num determinado momento depois de cearem juntos ,   despediam-se .  Cada um para o seu apartamento . Para ambos , aquele resistir , ainda que a paixão explodisse neles ,  era assim como  a expiação necessária  à purificação de seus espíritos . E  corpos .  Guardavam-se  para as núpcias que - segundo Pituca vinha comentando -   seriam  - nada mais , nada menos - do que no Tahiti .  Mais precisamente  , em Pappete .  

Mas ainda sobravam  outros segredos ,  também captados por Quita :  O nome verdadeiro de Valéria não era este , mas sim Valeska .  E  agora  Pituca começara uma campanha para que Valéria  , no dia do casamento , no instante em que juraria fidelidade ao marido ,  voltasse  ao seu verdadeiro nome  . Assim , o ritual do casamento teria  mais  uma purificação .  Ali morreria Valéria e  renasceria  Valeska.

Quita encerraria sua  fala  com mais duas novidades . Paulo já estava na posse dos passaportes e , ainda mais intrigante : Quita presenciou um telefonema de Pituca para  um corretor de imóveis no qual  tratava da venda dos dois apartamentos ,  e  que o comprador  fosse  avisado  que  o vendedor  permaneceria no imóvel por mas  algum tempo - não muito .

Se os demais Mosqueteiros estavam  boquiabertos , D ´Artagnan  não demonstrou  surpresa .  E ,   novamente , fez um  discurso  pelo qual quis clarear  ainda mais  a cabeça dos companheiros :  "  Acho que já  não temos dúvida de que a  propriedade  também pode vir sem máculas .   Mesmo assim  cabe uma observação :    as coisas  industrializadas ,   e vendidas ,  têm nelas  bens  extraídos da  natureza  que são   propriedade de todos , de todo mundo .  Ou seja  (  e D ´Artagnan levantou as voz , ainda que os companheiros já estivessem-no bem  escutando  )   aqui  nestes confins da nação - se não no País  inteiro , no mundo inteiro -  as classes que mandam ficam não só com aquilo  que elas  agregam  nais coisas que  produzem . Mas , também ,  com  aquilo que seria de todos por  virem  das entranhas da terra , de  antes mesmo que o homem se conhecesse como tal . "

Quita   e  Porthos  se entreolharam ,  mas foi  Aramis quem arriscou uma pergunta :  " Mas os impostos  ?   ; eles  não servem  para que esta parte  que é  de todos , a que é  retirada da natureza , eles não são para  que ela  se volte para  os que não participam diretamente da  industrialização  ? "

D ´ Artagnan  , que jurava que  os motivos que sempre  o levavam  a  enfatizar para os outros Mosqueteiros o lado filosófico/religioso  do alívio de  excessos de realidades  que  fariam  deveria  servir  tão somente para que todos não ficassem com sentimentos de culpa  pela  requisição que fariam  ;  completou : " pode até ser que em outras plagas , em outros países , os impostos sirvam como paga deste quinhão natural e coletivo  . Só que aqui ,  nestas paragens , os mais  hábeis  ficam não só com o que eles porventura agregam  às coisas ; mas também , com  os benefícios  originados na quase totalidade dos impostos  que sobre elas  incidem  .  Enfim , apropriam-se também  ,  pelo exercício das mais diversas formas de poder , da quase totalidade das riquezas naturais .  Não ;  a propriedade nem sempre é um  roubo  , Aramis . Mas por aqui , quase sempre é  . "

" Tudo bem ". respondeu Porthos . Mas voltemos  à nossa causa primeira :  quanto hoje  progredimos no nosso plano de ir buscar - como sempre me diz  D ´Artagnan ...  o nosso quinhão ... ao  ,   tão somente ,   aliviar  os excessos de realizações  perpetradas por terceiros ?  "

D ´Artagnan  respondeu :  " Posso garantir que hoje andamos muito , mosqueteiro  Porthos . "

Foi Aramis quem abortou  a aridez da falação  que , certamente , iniciaria o primeiro mosqueteiro  ( "primeiro"  por que foi quem organizou  o grupo , eis que entre  Os Novos Mosqueteiros não  existia qualquer hierarquia ) :  " Eu estava esperando um tempo para dizer que Pituca  convocou todas as meninas do Boca de Ouro  para a semana que vai do Natal  até  o dia 2  de janeiro .  Ele quer todas a postos neste período. "

Depois  de  Aramis ,  Quita aproveitou para dar mais uma notícia :  "  Ouvi o Seu Pituca dizendo para Valéria que estava cada vez mais satisfeito com o trabalho do Seu Bandido ;  que , até agora ,  Bandido não atrasara um dia sequer no pagamento de sua mesada de dez mil dólares  . Eu ainda não sei bem  o que isto tem a ver com  tudo que nós queremos . Mas  a intuição me diz que em alguma coisa isto é bom para nós todos .  "

Foi o próprio  D ´Artagnan quem  completou .  "  Todos nós devemos ficar  atentos ,  mas também felizes ! Diversos passos  já foram dados por nós ,  Porthos .  E todos com absoluta  precisão .   Nem que eu quisesse  só olhar para o lado frio da lógica ,  despindo-o  de  interpretações  que pudessem nos favorecer ;  nem assim  eu poderia  esquecer que temos boa parte do caminho andado .   Tudo  joga a nosso favor !  Vejam  a alegria de Pituca quando confirma que o senhor Bandido  paga com absoluta pontualidade o que lhe prometeu .  Qual a leitura disto , Novos Mosqueteiros ?  Qual ?   :    Pituca , já decidiu  que  mudará de vida  no momento em que casar-se .  E quer ter uma dupla garantia :  o pinga-pinga  , pelo menos para ele ,  de  dez mil dólares por mês depositados em sua conta   ,  mais um depósito de nada menos do que vinte  milhões de dólares . Tudo depositado  no pais da cruz branca . Posso garantir que  todas as terras , todas as estâncias  de de Pituca  não valem a metade disto ."

Foi Porthos quem cortou  D ´Artagnan :  " Vinte milhões de dólares ....  de onde tu tirastes este número  ? "

" É fácil , Porthos .  Tantos avisos , tantas preparações levam a uma conclusão  evidente :  O pequeno caminhão  virá lotado .  Eu me dei ao trabalho de calcular  , pelo volume do caminhão , quantas notas de cem dólares cabem ali .  Dá mais de vinte milhões de dólares .  Outra  evidência é que a situação política está  dia a dia se complicando .  Eu  me convenci  que  os  detentores  da pecúnia  concluream que  chegou a hora dos excessos de realizações serem retirados do país .  E  o quanto antes  .  Vejam ,  companheiros  ,   temos que  agir como um relógio inglês ,  com exatidão ,   sem  titubeios . Absolutamente precisos nos alívios pecuniários a que nos propomos ;  se o casamento de Pituca  está marcado para o dia 15 de Dezembro ; e , se além disto , ele  vendeu os apartamentos , é porque quer abandonar a região .   Como ouvimos nossos pais dizer : Pituca quer ver o anoitecer , mas não o  amanhecer  .  Quer  desaparecer na calada da noite . E por que Pituca faz isto ? :  porque  a maior parte de seu plano  também, já  deu certo .  Recordam  que eu disse que todos os carregamentos de dólares chegaram num  feriado de longa duração ?    Este é o motivo de  Pituca  botar  o Boca de Ouro de prontidão  geral  na semana de fim de ano .  "   Todos os mosqueteiros balançaram a cabeça afirmativamente , quando   D ´Artagnan  voltou  à  sua explanação : "  Pois bem , daqui a  40  dias  teremos  um grande feriado , o maior de todos :  a semana  de Natal , sempre colada  nas festas de passagem do ano .  E , como neste  ano o  Natal cai  numa terça-feira teremos  praticamente a  junção  de dois grandes feriados .  Tem-se aí  um momento mágico em que as estradas param ,  os postos policiais fecham  por completo seus postos logo depois que acham que todo o tráfego  vazou  para seu  destino  final .  Companheiros ,   a  polícia também para , recolhe-se  a seus lares .  E não só no Brasil .  Tudo  para  nos dois lados da fronteira .  Para todos que estão nesta  aventura  o  final  do ano  é a hora .   O dia é este :  o primeiro do ano . "

Porthos aproveitou para levantar uma dúvida :  " Pensei , pensei  e  percebi ,  D ´Artagnan , que não precisamos  de que  exista um  duplo furto .  Ora ,  se  a nossa  fé  aponta para que o dito  de "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão "   seja  suficiente - pelo menos quanto ao tempo  necessário para uma ampla anistia  divina  ; e ,  considerando-se  os  obstáculos  que teríamos  ao ter que esperar que Pituca  faça  o seu  desapossamento ; para , aí sim ,  aliviarmos  o  gauchão  ;  digo com certeza que não vale a pena o risco originado  nesse  duplo perdão .  Diante disto eu peço a  Democrática para que seja resolvido este incidente :  se  poderemos  promover um alívio simples  , mesmo que com isto só tenhamos a garantia de tão somente  cem anos de perdão ,  não existe motivos lógicos ou religiosos  para  que o risco  se multiplique .  Ou  , então ,  se for da vontade do Grupo , esperemos  que Pituca  furte  os dólares , para - depois dele  delinquir -  aí sim  aliviar  o Paulo  Becerra  . "

D ´Artagnan   pediu que , pela ordem , ele  esclarecesse : "  Muito bem , Porthos .  Já vi que nosso convívio tem  feito  sua cabeça se abrir  aos clássicos  .  Você tem razão !   O que Pituca faria seria um furto ;  isto mesmo ,  o estancieiro  não dispõe de status  filosófico  , ou mesmo religioso , que todos nós  ,  Os Novos Mosqueteiros , dispomos .   Tudo porque nós , qualquer um dos  Novos Mosqueteiros , nada têm  de acumulação ,  real  ou pecuniária .  Inexiste , para Pituca , qualquer possibilidade do perdão divino . Isto  nem de longe vale para Pituca .   Ele é um grande proprietário de terras ;  e  , o que para nós será  um aliviar de excessos de realizações , para ele seria  mais uma  acumulação  ampliadora de realizações .  Parabéns , Athos !   E eu espero que  Aramis  e Quita  estejam  abrindo suas consciências para o fato de que não nos interessa  ser igual aos outros acumuladores insaciáveis . O que queremos é a nossa parte nas  apropriações de bens naturais embolsados ao longo das eras ,  das  gerações .  "

Desta vez , Quita foi a única pessoa que não demonstrou  segurança no balançar  a cabeça afirmativamente . Mesmo assim , balançou-a .

Foi quando   D ´Artagnan  completou :  "  Por mim , eu  - por mais que isto  nos custasse  -  consumaria  compulsoriamente o duplo alívio .   Por mais que nos custasse ,  deixaria que  Pituca furtasse os Capa-Pretas  para  só então  aliviá-lo ;  para  com isto garantir  uma  anistia celestial  de duzentos anos .  Mas  eu não vou quebrar a jura que fiz : submeto-me à Democrática . "

Foi quando D ´ Artagnan completou : " Companheira Quita ... você lembra o que seria a  Democrática ? "

Quita , que todos os dias lia o Guia dos Novos Mosqueteiros  que tão bem escondia nos seus guardados,  não titubeou  . Trazia  na ponta da língua  a definição do  Manual  elaborado  por  D ´  Artagnan : "  A Democrática  é  o pedido oficial posto por um dos  Mosqueteiros de que a vexata quaestio seja  colocada  em  votação aberta . "

D ´ Artagnan  não se conteve :  " Para concluir ,  companheira Quita : e o que viria a ser vexata quaestio ? "

Quita :  " Vexata quaestio , para nós , os  Novos Mosqueteiros , é  uma  como  chamamos  as questões   sumamente intrincadas ."

D ´Artagnan :  " Parabéns Mosqueteiro Quita !    Vamos à  Democrática ... "

D ´ Artagnan  :  " Mosqueteiro  Quita  ,  em que tu votas ,  no duplo  perdão , que nos garantiria duzentos anos de indulto  divino ,  ou  no  alívio  uno , representado  num só  passo aliviante ? "

Quita : "  Concordo com Athos . Nossas vidas não chegarão a  cem anos .  E , pelo que ouvi dizer , pelo menos no campo terreno , a penalização de alguém não pode ser transferida para a sua família . 'A  nossa descendência só   restaria  os bônus de  uma pequena montanha de dólares . "

D ´Artagnan : "  Submeto-me à vontade da maioria , mas devo esclarecer que quando pedi  a comprovação de dois roubos para a quantia almejada que será  aliviada,  eu me referia tão somente  aos  limites religiosos que a questão compreende ...    Aramis ,  qual o seu voto ?  "

Aramis :  " Mais do que ninguém , eu compreendo as preocupações político/ filosóficas/religiosas  do primeiro Mosqueteiro . Mas , como na profissão que abracei ,  devo ser prática :  não vale a pena a relação custo/benefício de termos que correr o risco de dois alívios seguidos ,  não vale a pena .  Voto com o Mosqueteiro Athos . "

Assim , democraticamente , foi decidido que somente um alívio era suficiente para livrar  os Mosqueteiros dos  desdobramentos terrestres  esperáveis  . E ,  por que não ?  com o rigor lógico  adotado desde o início por D ´Artagnan ,  que também os impedia moralmente de correr riscos de estarem perpetrando  algum furto .  Algum roubo .

D´Artagnan foi complacente ao calar-se para a questão relativa à eternidade das almas no tempo posterior ao Juízo Final .  Até D ´Artagnan  convenceu-se que seria um excesso abrir mais uma discussão para , nela ,  discutir  o tempo ulterior ao dia do Juízo Final . E , imediatamente , bateu o martelo .








sábado, 13 de julho de 2013

72 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B

Pituca  e Valeria  casariam-se  na cidade  em que  ela  nascera .  Decidiu-se  que , do lado de Paulo,   somente os  parentes , e  os amigos  mais íntimos  seriam convidados  . Meses atrás ,  Paulo Becerra fora  , com Julietinha ,  Pedro  e o filho ;  até a cidadezinha de  Dom Feliciano , que era a região onde instalara-se  a  Família Milczarek , originária de Malbork  , cidade polonesa  bem próxima da fronteira com a Rússia , tendo  esta vizinha  dominado  a região  por volta de 1890 ,  momento  em que o clã  familiar  imigrara para o Brasil . O motivo da visita  era o de Paulo de pedir Valeria em casamento . O  pai de Valéria disse à Pituca que nunca se conformara com a saída da filha de casa , para ir estudar na capital .  Mas não pode evitar a sua partida em razão de uma enchente de grandes proporções na região que lhe fez perder todas as plantações ,  tendo mesmo a água da chuva levado rio abaixo  as criações  de porcos , galinhas  e até mesmo gado leiteiro .  A mãe da moça emocionou-se  ao ouvir de Pituca que ele tinha grande honra em ingressar na família  Mielczarek , caso lhe aceitassem como genro .  É claro que o gaúcho da fronteira foi aceito ;  tendo  , inclusive , proposto uma data  do casório ,  e  bem próxima .  Foram servidas comidas ,  e doces  da tradição polaca que fizeram grande sucesso entre todos os  Becerra / Fagundes . Mas  Pituca  quase botou tudo a perder quando ,  em conversa apartada com o Sr. Milczarek ,  ofereceu ajuda em dinheiro para os gastos com as bodas ;  grosseria  considerada  humilhante pelo Senhor ;  mas Pituca  foi socorrido pela irmã  que afirmou  , em evidente  remendo ,  ser a oferta uma tradição na sua região de origem , argumento que - muito a contragosto - foi aceito pelo futuro sogro .  Foi quando Pituca tirou do bolso o anel de compromisso mandado fazer em joalheiro de sua família , dizendo  a todos que  as alianças foram forjadas de numa única pepita de ouro  com o propósito de que a união  fosse tão indissolúvel como aquele  ouro  guardado  nas  eras  passadas ,  unido ,  atado como ele queria que fosse seu casamento com Valéria .  À  mesa também  muitos licores ,  grapas , vinhos  e  cervejas ,  bebidas  feitas  ali mesmo  em Dom Fernando , pelas  mãos dos convidados  daquele jantar ,  quase todos tendo  algum grau de parentesco  com os Milczarek .

A única pessoa que parecia não respirar a alegria geral  era Pedro que , mesmo querendo  participar ,  fazendo força  para  alegrar-se  de verdade ,  mesmo assim  não conseguia  entregar-se  à festa como é sempre preciso  para que todos vibrem .  Julietinha ,  percebendo, disse-lhe : " Pedro , o que é que tu tens ? "         " Nada , nada ,  não é nada querida .  Estou com dúvidas num contrato de edição do meu livro e ,  ainda que eu não queira ,  isto tomou por um momento  o meu pensamento . Mas eu já melhorei ... "   Foi quando Pedro  levantou o  copo de grapa  num brinde  entoando belas palavras  de boa sorte ao casal  e longa vida a todos  presentes . "

terça-feira, 9 de julho de 2013

71 - Julietinha e Oficial do vapor . final B

Os Novos Mosqueteiros reuniram-se para estudos dos planos .  A novidade de Quita caíra como uma bomba : Paulo Becerra ,  o Pituca ,  fora chamado ao Rio de Janeiro onde serão combinadas remessas  de  valores  ainda maiores .  Os  Novos Mosqueteiros , todos eles , exultaram .  D ´Artagnan  expôs as dificuldades  que era fazer desaparecer  um carro do porte necessário para este novo , e ainda maior , volume de papel moeda norte-americano .  Algumas premissas já eram consensuais :  a  carga ficaria escondida ,  intocada  pelo tempo suficiente para sentar a poeira . Por um bom tempo  Os Novos Mosqueteiros continuariam  em suas atividades comuns .  Como a confiança era total ,  D ´ Artagnan  adiantou  a sua ideia sobre a principal alternativa de esconderijo do caminhão pagador.  Pensava  primeiramente em   ( dentro do tempo necessário  e esperável  que teriam para fazer o caminhão desaparecer com segurança )  usar as minas de carvão abandonadas  . Outra alternativa  seria  usar  um silo de cereal  existente em terras  muito confiáveis ,  e que servia para guardar  o que era conhecido como "estoque regulador"  comprado  pelo governo  quando - como acontecia naquele momento -  colhia-se  uma grande safra . Nesta hipótese , seria possível - usando somente a mão de obra dos próprios mosqueteiros -envolver totalmente o carro em soja .  E como havia  super-produção , ninguém haveria de resgatar a soja pelo tempo necessário para  os gansos voltarem à calma .  E o melhor : D´Artagnan  era  quem tinha a exclusividade da posse da chave do silo .

Foi neste ponto que  D´ Artagnan  mudou de tom  para explicar a todos - ainda que nem tudo fosse compreendido pelos novos mosqueteiros -  a importância de que Pituca também entrasse na posse do dinheiro , mas tão somente  por um curtíssimo  espaço de tempo .  Só assim os mosqueteiros teriam a  segurança de que , pelo menos pela moral judaico-cristã em que todos foram criados , somente  o  duplo-perdão daria-lhes a  ampla garantia de que até mesmo os seus descendentes não arderiam nas chamas eternas por aquilo que estavam fazendo agora . E foi isto que  D´Artagnan tentou explicar à Aramis e Quita :   que os dois mosqueteiros primitivos - ele próprio , e  Athos -  não queriam  simplesmente roubar , ou mesmo , furtar ; mas sim promover um desapossamento que  fosse , a um tempo só ,  original e natural  ;  e , para tanto ,  a  subtração da coisa teria que observar determinados requisitos , dentre eles a certeza absoluta de que o  dinheiro  viria de um duplo furto - se não , de uma cadeia interminável de furtos . A questão estava em que ele , D´ Artagnan , não aceitava afirmações genéricas, desprovidas de comprovação , como a de  J. Proudhon  que dizia  que a propriedade é um roubo .

Ora ,  ao ver de D ´Artagnan , a propriedade poderia , ou não , ser um roubo .  Daí  , também o desapossamento  -   que recebeu dele a denominação técnica de  " alívio de excessos de realizações " -  ,  ser  a  espécie  única do gênero  " propriedade originária advinda de obtenção secundária . "

Reflitamos :   a herança cultural de D´Artagnan ,  o líder natural  de tais  futuros aliviadores de excesso de realizações  ,  viria  - certamente -   de Portugal .  Tudo porque aquele lugar onde a ação se desenrolava era , dentre todos do mundo  , a colônia  mais influenciada pelo Tratado de Tordesilhas - de 1494 -  em que Espanha  e Portugal dividiram entre si o mundo .  Em verdade , tudo levava a crer que  D´ Artagnan vinha  de nobres  portugueses .   Somente um português  daria tanta importância a esta questão limítrofe até mesmo para  a Lógica mais aprofundada :  A possibilidade de existir alívio de pecúnia  sem que o ato possa ser confundido com furto ;  ou ,  muito menos ,  roubo .  Mesmo assim a questão ainda comportava a preocupação com a bifurcação existente entre a ciência e a moral  , principalmente a religiosa  .  Se a lógica estava , para D Ártagnan ,   satisfeita  -  (  " Por Deus !  é claro que  a propriedade  poderia  ser - ou não ser -  um roubo "  )    ;  subsistiu por um momento a questão religiosa . E esta , o primeiro mosqueteiro resolvera  ao observar o dito popular  ( era  a voz do povo que vinha em seu socorro ; tudo porque   a voz  do povo era  -  para ele -   verdadeiramente  a  Voz   de  Deus )  . E a voz do povo dizia-lhe que  "Ladrão que rouba ladrão , tem cem anos de perdão . "

Por fim  a que se registrar que  mesmo Athos  ( o segundo dos Novos Mosqueteiros )    muito pouco entendia destes limites da racionalidade levantados  por  D ´Artagnan ;  quanto à   Aramis  e  Quita  , estas  ficaram totalmente sem saber  do que estava o primeiro mosqueteiro falando , ainda  que o  ouvissem  tão respeitosamente quanto lhes era possível  assim  ouvir  .  E  todos estes respiraram  aliviados quando D ´ Artagnan  , certo  que  a semente daquela sabedoria toda  estava plantada  em nos  demais companheiros , concordaram  em  marcar  uma nova reunião para tão logo Quita ou Aramis tivessem novidades .

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Saúde !

Prezados 30  fiéis perseguidores !

Hoje é dia de festa .  Adivinhem o que tem que ser hoje comemorado com toda a pompa e circunstância ?

Adivinharam ?

Sim , nada menos do que o primeiro aniversário destes blogues .

Abram , aí onde estiverem ,  o melhor vinho ,  a melhor  bebida e façamos um brinde à tolerância de todos vocês com este nascente autor .

Em breve  terão uma surpresa . Na verdade uma homenagem aos meus 30 fiéis perseguidores .

Mas , surpresa é surpresa ... e vocês ( na verdade eu ) terão que esperar por ela .

Saúde e sucesso a todos  , mais o abraço deste Editor  José Amaral .

quarta-feira, 3 de julho de 2013

70 - Julieitinha e o oficial do vapor - Final B

Quita ,  no apartamento de Valéria e Paulo Becerra  na capital  do estado , limpava a poeira dos móveis com um pano umedecido  ,  ao mesmo tempo que ouvia  Pituca  falar  ao telefone ,  com Zé  Arataca  em Recife  .

Pituca :  "  Se  tú achas que é tão importante assim ... ? 

   Mas tudo não está  tão bem , Chê  ....  ?  "

.......

Pituca :  " Mas bááh  Tchê .... então é em razão de tudo estar dando  certo que o pessoal quer ampliar as remessas ... mas isto é tri-legal , Tchê  ! "

......

Pituca : " Tá bom barbaridade , eu estarei  no Rio no dia e hora combinada ,  lá  na Churrascaria  Gaúcha  ....  "


Quita ,   a Mosqueteira ,  não só ouvia , mas também gravava em seu cérebro o que acabara de presenciar .  A negra lembrou naquele instante que sua família trabalhava há décadas para os Becerras  sem  que tivessem um salário que lhes proporcionasse quaisquer confortos ou mesmo  possibilidades de ter uma família normal , uma família cujo destino na  fosse  continuar  servindo de mão de obra barata para os patrões.   "Enquanto isto  , os Becerras enriqueciam  , multiplicavam  sua fortuna ,  "  pensava a preta  .   "Não , eu  não vou tremer ...  eu  vou conseguir deixar de lado o servilismo que se abate sobre a minha raça desde que nos trouxeram acorrentados da  África . "

Por incrível que pareça ,  Quita  notou que Pituca  também  refletia  ... decidia intimamente alguma coisa que ela  , porém , imaginava do que se tratava  .  Na verdade  , Paulo também  vacilara um pouco em   dar continuidade  no plano de apropriar-se de uma das remessas .   Pensava ,  pensava  ... até que seu semblante desanuviou-se , momento em que chamou , quase gritando , Valéria ....  :  " Polaquinha ....;. Polaquinhaaaa ...  meus planos estão se concretizando ...  ligaram-me  para uma reunião no Rio ,  e  será para fechar  um negócio que eu esperava a meses . "

Como  Valéria  não respondesse ,  Pituca  abriu de vagar  a porta do quarto  e viu - nada menos do que  a sua polaquinha  dormindo , ou pelo menos fazendo que dormia .  A inércia  da mulher -  estática  como  se fosse  um quadro do  D´Orsay -    despertou  no Gaúcho  vontades  e desejos  que , de  pronto ,  fizeram-no  ajoelhar-se  e  beijar  , lamber mesmo , um a um os dedos dos pés de sua  Pipoquinha , que  mexeu o corpo  acusando  a carícia  , mas  sem tirar o pé  da boca do  amante .

terça-feira, 2 de julho de 2013

69 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B

Os  raros selecionados para ser um Mosqueteiro haveriam  de passar  por um severíssimo ritual de entrada  . Uma das últimas provações a serem  vencidas era a da  "brasa na língua" , que consistia em que alguém contasse um mexerico ( o que em Boca do Monte começava a ser chamado de  "fofoca" )  sob solicitação de que o dito maldoso não fosse passado adiante .  Dias depois o segredo  era  , de alguma forma , conferido pelo Mosqueteiro que  fora  designado para aplicação do " brasa na língua". Assim  era  testado o candidato conferindo  se  dispunha - ou não -  da  capacidade de guardar as  importantes confidências que , certamente ,  chegariam-lhe aos ouvidos por ser um Mosqueteiro .  As tais  "fofocas"  .  Quanto à coragem , necessária à um Mosqueteiro ,  para os naturais medos das muitas quase-ficções originadas na metafísica regional ; ela seria posta  em cheque na  derradeira prova , e consistia em que o  pré-escolhido  passasse sozinho a meia-noite de uma sexta-feria na Lagoa da Música , na Hulha Negra .  Ainda que distanciadamente ,  um dos Mosqueteiros declarou  que entendeu como macabra tal  exigência .  Mesmo assim a prova  não foi abolida.  Para  para serem sagrados  "Mosqueteiro"  os  futuros irmãos de espada  teriam mesmo que continuarem a  serem testados  em  "Sexta-Feiras  da  Lagoa da Música " .  Assim é   que o noviço era informado pelos  iniciados  de que  teria que ficar toda a  aziaga noitada  meditando margens da lagoa sobre os meandros da morte ,  sem  que  - pelo que ele soubesse -  pessoa viva  permanecesse  a menos de  uma légua de sesmaria dali .  Em  verdade ,  os demais Mosqueteiros ficavam por perto, no meio da escuridão  geral . Tão logo transcorresse a meia-noite -   momento em que os gritos dos degolados eram ouvidos com muito mais nitidez  ; e  ,   se  o  noviço  permanecesse  - ainda que minimamente -  no  controle  de  seu corpo e  de sua mente  ; se  conseguisse manter  a  calma  ante as lembranças ,  aflições  e sons que até então emanavam do fundo da lagoa onde ainda jaziam os despojos  da matança  acontecida naquele exato  de  centenas ;  transposto estes momento logo chegariam os  irmãos de capa-e-espada  ;  enfim ,  os  demais  mosqueteiros -  que em verdade  ficavam  por perto -  ante os riscos inerentes àquele  quase limite da resistência humana ao sobrenatural  ; e ,  saindo-se o candidato vencedor ,  eles cortavam o silêncio da madrugada  entoando cânticos greogorianos ,  repartindo o  pão ,  o queijo e  o vinho  e  ,  - vencida a provação -  sagravam ali mesmo o novo  Mosqueteiro .

Pasme , mas o certo é que o mais novo dos Três  Mosqueteiros  (  diga-se  que  passou  com louvor  em todas  as provas  foi , ninguém menos ,  do que  a  Quita  ; de quem - a bem da verdade - nenhum dos irmãos esperava  a coragem  por ela demonstrada .  Sequer  tremeu uma fibra do seu corpo ao ouvir  o de sempre : gritos lancinantes dos  espíritos  dos corpos  penadas ali  degolados

Talvez , sejamos francos , por uma resquício  do quase permanente  preconceito  contra  os  negros que  naquela época   ainda era muito mais intenso  do que  hoje  .









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