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terça-feira, 29 de abril de 2014

O premio - 11

"Todos na família sabiam que o modelo que posou para a efígie da Taça Jules Rimet de Futebol era a minha querida tia Ingrid B, de beleza estonteante. Mesmo assim silenciamos ante o fato dela ter sido derretida por ladrões, quando estava na posse de vocês, brasileiros !

Foi quando Brzil percebeu que uma lágrima, só uma, teimava em sair do olho de Björn, deixando claro o quanto ele considerava a Tia Ingrid B. Mas Björn se recompôs; e reiniciou uma conversação quase normal com Brzil: " A propósito, como é o seu nome; qual é a sua graça, Senhor ? "
"Meu nome de família é Alencar. Ildefonso de Alencar. O Ildefonso veio em razão de que minha região estava dentro da área do Tratado de Santo Ildefonso, de 1777. Creio que se fosse aqui na Europa, eu me chamaria Alencar de Ildefonso. Ou, "o Alencar que nasceu na região do Tratado de Santo Ildefonso". Só que desde que cheguei à Suécia que me chamam de Brzil. Que é a pronúncia daqui para o nome do meu país".
"Se o senhor me permitir, usarei o "Brzil", que facilitará a nossa comunicação. Isto posto, devo dizer-lhe, Mr. Brzil, que nem os troféus amealhados em todas as guerras; nem todos os obeliscos trazidos de longe para a Europa; nem as estátuas gregas, as esculturas incas por aqui aportadas; alcançaram a glória contida na conquista definitiva pelo seu país da Taça Jules Rimet. Mesmo assim, repito, ela foi derretida por ladrões que o seu país não conseguiu deter; ainda que ali estivesse a lindíssima face da tia Ingrid B; bem como seu belo corpo vestido de seda finíssima ! "
Nesse momento Brzil notou que Björn B nutria um sentimento estranho por sua tia Ingrid; e pensou: "tudo bem que a Copa do Mundo até que poderia ser o mais significativo dos troféus esportivos da era moderna. Mas daí a compará-lo à estátua da Vitória, que conheci no Louvre ... aos obeliscos egípcios que pontuam mundo afora ... até aí vai um enorme exagero do Dr. Björn B."
Continuou Björn: "Como eu vinha dizendo-lhe, o problema foi o derretimento do pequeno troféu; eis que a importância das obras primas está na soma dos olhares de quem, através dos tempos, enxergou nela a perfeição materializada. Mr. Brzil, a importância  está nos que quiseram possuir para sempre a Taça Jules Rimet dentro de suas fronteiras, como propriedade do seu país; isto tudo foi o que fez da verdadeira Copa do Mundo o que ela foi um dia: o objeto mais cobiçado dentre todos os da Terra. E lembrar que o seu país conquistou a glória de poder detê-la para sempre ... para sempre até que fosse derretida por ladrões. Assim, o que existe dentro de mim não é um preconceito inexplicável contra os brasileiros. E veja que, além do motivo  falado; deve existir  repulsa nos jovens brasileiros, ao perceberem o vazio que deve existir no salão onde hão de guardar as lembranças das suas glórias nacionais: falta-lhes algo muito maior do que qualquer Premio Nobel: falta-lhes a Taça Jules Rimet. Sou, como muitos suecos, um esportista; e posso garantir-lhe que o fato de o seu País não ter sabido cuidar da pequena estátua em ouro de Tia Ingrid consiste - a meu ver - num motivo justo para que vocês continuem recebendo da minha pessoa o tratamento que tiveram até aqui. Bom, o meu tempo para o senhor esgotou-se. Tenha um bom dia, Sr. Brzil !", disse isto estendendo a mão espalmada para a despedida .
Brzil, naquele lapso de tempo percebeu qual era o sentimento que o Dr. B possuía pela tia. Sim, "Björn deveria ter uma fixação infantil, ou - talvez pior - infanto-juvenil ... freudiana ... sei lá ".  Pensou.
"Sei que, com tão pouco tempo, nada poderei fazer pela relação psicótica - paranoica, sei lá ... - que o Dr. Björn B tem pela sua tia ..." . Pensou Brzil, sabendo que teria que responder-lhe algo imediatamente.
"Um momento Mr. Björn B. Só mais um momento por favor ! Sinto muito por tudo isto, principalmente pela importância da Taça para a sua prezada família: mas pode ser que nem tudo esteja perdido: devo informar-lhe que - por uma feliz providência - foi  tirado do molde uma fidelíssima cópia em gesso. Repito, uma cópia extremamente exata do maravilhoso troféu. E a Kodak, com o mais nobre dos objetivos, presenteou-nos; presenteou o Brasil com tal réplica. Até a gradação do ouro contido na estatueta é a mesma do hipotético original: dezoito quilates."
"Impossível isto acontecer Mr. Brzil. E tal impossibilidade não chega a ser decorrente de eventual inexatidão da cópia por você mencionada. Ela pode ser perfeita, mas não estão ali coladas as emoções; aqueles olhares boquiabertos a mirar-lhe. O que falta-lhe é a "originalidade pelo menos ficta". Ou o senhor acha que na Gioconda existe hoje uma, uma só pincelada de tinta juntada à tela por Leonardo Da Vinci ? Posso garantir-lhe que não ! É óbvio que, de tinta pintada pelo Mestre, de há muito nada mais existe ali, tal é a inexorabilidade que o tempo exerce na destruição de uma obra qualquer. Mas, se não é verdadeira a originalidade ali impressa ; a originalidade ficta permanece íntegra avalizando estar aquela obra fresca como na primeira hora de toda a sua vida . É por isto que sua iconicidade permanece intocada. O que importa é que todos pensem, acreditem pelos tempos afora que tudo o que está na tela foi feito pelo gênio. Mr. Brzil, isto é o que foi diluído no derretimento da Copa Jules Rimet: a originalidade que só está no ícone - nele e em nada mais. O que os brasileiros - ou mesmo os estrangeiros que forem ao Rio de Janeiro poderão admirar é nada mais do que uma cópia. Uma Taça Jules Rimet cover. Também de puro ouro; mas cover. "
Björn foi em frente, na intenção de livrar-se de Ildefonso: "Mr. Brzil, reitero agora o "bom dia" que lhe ofereci há pouco: Bom dia Mr. Brzil ! " Estendeu a mão que foi apertada pelo brasileiro, que respondeu quase misteriosamente .
"Bom dia, Mr. Björn B. Obrigado por não ter dito adeus ! "
Com a cabeça zunindo, Brzil escolheu ir andando pela rua, até o Hotel Central mesmo não sabendo se seu coração aguentaria gerar - no gelo todo que era aquela rua - a energia necessária para manter-lhe vivo. Mas de uma coisa estava certo: caso sobrevivesse agora, ele continuaria na luta para levar para o Brasil - se não um premio Nobel - pelo menos os motivos do tratamento ignóbil que os suecos vinham dedicando ao Brasil.  

Não foi preciso andar muito tempo para perceber que, de forma incontrolada, contorcia-se de frio, para logo depois perder os sentidos.  

O premio - 10

O aperto de mão do Dr. Björn foi muito firme . "Só aceitei recebe-lo pelo pedido ter sido feito por quem foi ... "  disse  secamente .

Dr. Björn B tinha os cabelos totalmente embranquecidos , que    caíam-lhe sobre os ombros, como se fossem de uma Monalisa sueca. Mas só os cabelos poderiam lembrar algo de feminino, o restante da figura era enxuta e musculosa .

"Mesmo assim, eu agradeço por ter-me recebido, Dr. Björn B. Permita-me perguntar sobre o motivo de o senhor, caso eu não viesse apresentado por pessoa de linhagem tão nobre, não aceitar receber- me  ? "

"Vou ser franco. Mesmo existindo possibilidade de o senhor ser a melhor pessoa do mundo ,  mesmo assim, devo confessar-lhe que eu não morro de amores por brasileiros " .

"Mas Dr. B, nós todos, seres humanos, temos que lutar contra uma flor negra que teima em vicejar todas as manhãs dentro de nós. É a flor negra do preconceito. O preconceito que estende a qualidade de alguns indivíduos para toda a universalidade deles. Quando o senhor disse" eu não morro de amores pelos brasileiros ", certamente quis dizer: "Eu não simpatizo com alguns brasileiros, por estes terem-me feito um grande mal."   Mas se não lutarmos dia e noite contra o monstro do preconceito, ele pode tomar conta dos nossos cérebros. E o pior, logo depois ele domina os nossos corações, Mr. Björn B !  Dr. Björn, eu vim quase do Polo Sul, para este quase Polo Norte certo de que encontraria alguém de boa fé para receber-me aqui. Tudo porque acredito que não pode existir motivo suficiente para afastar o Brasil, durante tanto tempo, da honraria contida num Premio Nobel; qualquer um deles. O certo é que me preparei mentalmente como um cruzado para o momento de fazer esta pergunta à Academia de Ciências: "qual o motivo dos suecos e  noruegueses, desprezarem as artes brasileiras, Dr. Björn B."         Björn que já tinha uma desculpa na ponta da língua,  respondeu prontamente .




domingo, 27 de abril de 2014

O premio - 9

Chegara a quarta-feira. Já nas cercanias do campo de futebol, ouviu Johan chamar: " Brzil , Brzil , Brzil ... "

Era claro que "Brzil" era ele.  Cumprimentou Johan abraçando-o,  e apertou as mãos dos seus colegas, que se aproximaram, querendo saber se ele jogava mesmo futebol. Pegou a laranja que trazia no bolso da jaqueta e começou a fazer as embaixadas, para ele, costumeiras:  Variava a força dada na esfera fazendo-a ora ir baixinho, ora alta, até mesmo cabeceando-a, para depois conseguir  que ela parasse nas costas e escorregasse devagar até o  calcanhar; para, então, trazê-la para a frente, vindo a morrer no  peito do pé direito .

 Johan, de olhos arregalados, reagiu  prontamente aos amigos ... "se ele faz isso com uma laranja ... com uma bola oficial  ele deve arrasar ! "

Firmado estava o sofisma proposto pelo brasileiro: que Johan   partisse de sua premissa verdadeira  ( por ser Brzil um bom malabarista de laranjas ) chegasse a uma conclusão falsa; que ele fosse também um dos bons com bolas de futebol oficiais .    
Mas  o que de melhor poderia  acontecer naquele dia ... aconteceu . Ele ganhara  um nome em sueco : Brzil !

Ao chegar ao  hotel ,  Brzil lembrou que sua técnica de malabarismos com laranjas já não era a mesma e decidiu que tinha  que voltar praticar os antigos passos para  desenferrujar as articulações , oxidadas  por tantos anos de inatividade  circense .

Jogou a laranja para uma altura suficiente e, com o pé direito,  fez com que ela desse uma volta em seu eixo; mesmo que fazer aquilo tenha sido  -um dia-  algo banal; agora a laranja teimava em bater no lado errado do pé , caindo no chão .

Ensaiou  por mais um bom tempo; o suficiente para perder  a noção e  quanto tempo ficou naquilo .

Maravilhosamente, a habilidade foi voltando. Mesmo assim, aquele passe em que a bola chegava às costas,  abaixo do pescoço  para mansamente ali ficar  este ele não conseguia concluir com perfeição. Como dizia,  não estava "limpo". Só ficaria "limpo" quando, depois de paralisada, a laranja, obedecendo a um golpe dado com as costas, pulasse para a frente para cair em cima do pé direito, quando então o show recomeçaria .

Treinou, treinou até ficar exausto. Até que no final conseguiu o movimento todo, tão limpo quanto era possível ser depois de três décadas sem fazê-lo. Morto de cansaço, atirou-se na cama e dormiu por muitas horas.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O premio - 8

Johan Svensson, este era o nome do novo amigo que acabava de conhecer na casa de lanches onde agora comia um hamburguer. Na verdade, seu nome era Johan Sven Svensson, segundo ele detalhou logo depois . 

Pelo alto preço do lanche, concluiu que as refeições normais  seriam ainda  mais caras. Preocupou-se ao ver que de agora em diante só poderia comer sanduíches; se comesse comida de verdade, seu dinheiro acabaria logo. "Preciso é arranjar trabalho."  Pensou. 

Ao saber que Ildefonso chegara do Brasil, Johan confidenciou que estava triste porque um dia tivera planos de - por alguma forma - chegar à copa do futebol no Brasil. Mas isso se a Suécia, ou pelo menos algum país escandinavo, tivesse se classificado para a Copa.

"É que eu sou jogador amador de futebol. Aliás, por aqui todos dizem que os brasileiros jogam futebol muito bem.  E você ? "

"No Brasil nunca decepcionei jogando bola; e o time onde jogo atualmente é campeão da liga de futebol de Osasco. Você já ouviu falar em Osasco ? "  

Disse-o numa tentativa quase que desesperada de conseguir um amigo. Mas não era verdade. O que Ildefonso tinha; era, tão somente, uma grande habilidade em bater quase que infinitamente com o peito do pé na "bola", sem deixá-la cair ao chão. Assim ,  como um artista de circo. Mas jogar bola para valer, e em campo de futebol oficial,  nisso ele era de uma mediocridade exemplar.

Num momento, Ildefonso percebeu que Johan perdera a noção da diferença de idade que os separava. Tudo pelo encanto só proporcionado pelo futebol ; mundo em que a fama dos brasileiros  jamais fora ultrapassada na Suécia. Se bem que Ildefonso era mesmo "bom de bola". Ou melhor, "bom de bolinha".  Com elas , -  modéstia à parte -  ele era um artista.

Foi quando Ildefonso voltou a animar Johan: "Mas você ainda pode ir ao Brasil; quem sabe torcendo pela Holanda ! "; mas Sven deu de ombros, afastando a hipótese: "Não pretendo sequer assistir aos jogos, mas se tivesse que torcer para algum time, eu torceria para o o Uruguai ... "

"É uma ótima escolha. Um país pequeno mas com grande tradição em futebol. Acho que é por isto que você escolheria  - ou melhor, escolherá, estou certo  -  o Uruguai  para ser o seu segundo time, certamente por ser pequeno, mas já ter ganhado diversas vezes a Copa ."

"Não ... é porque liberaram a marijuana por lá  ... Mas se você joga tão bem futebol; pode jogar no meu time ... ? "

"Cheguei ontem, mas logo que esteja recuperado da viagem posso treinar no seu time, por que não ?  E você, o que faz ? "

"Sou estudante, e trabalho na Academia Real de Ciências ... mas trabalho em casa. "

" Onde vocês jogam ? "

" Amanhã treinaremos no Gunnar Nilsson ... "

"A que horas  ? "

"Às nove. Posso dizer que levarei um brasileiro para o nosso time  ? "

"Tudo bem  ...  vou lá visitar vocês ...  mas acho que amanhã ainda estarei cansado. Foram muitas horas de voo. Mas algo do meu futebol eu poderei mostrar, certamente. "

Disse isso pensando em levar uma laranja no bolso. Já vivera outras ocasiões em que a confusão com que de fato jogasse futebol levou-o a constrangimentos. Mas sabia que sempre poderia fazer umas embaixadas com a laranja que levaria no bolso. Sua pretensão era, desde já, enraizar o quanto fosse possível, a amizade com Johan Sven; e não por causa dele trabalhar na academia do Nobel;  mas porque, ainda que tivesse chegado há pouco tempo, já sentia falta de ter pelo menos um amigo.




quarta-feira, 23 de abril de 2014

O premio - 7

Leu no envelope que tinha as armas da  família de  Silvia  :

"Dr. Björn B . 

"Kungliga Vetenskapsakademien "

 Björn B ... o nome não lhe era totalmente estranho   ...

No outro dia foi à Academia, na verdade um vetusto edifício  do início do século passado. "É que todos estes edifícios do começo do século XX  eram quase iguais; colunas à frente da entrada que suportavam uma laje avançada sob a qual os senhores desciam dos coches com suas madames ... quase todos os prédios obedeciam a esta arquitetura ... ".  Pensou.

Com muito cuidado perguntou à atendente na recepção do edifício: " Do you speak English ? "

A moça balbuciou algo que, pelo balançar lateral da cabeça, deixou claro que nada queria falar de Inglês. Se não tivesse trazido os smart translators, estaria mal na foto desde o começo do jogo. "

Meio que pedindo desculpas retirou os translators da bolsa e falou através deles à atendente: "Eu estou procurando o senhor Björn B, que - pelo que sei - é funcionário desta Academia ... "

A moça desarmou o semblante ao escutar, em sueco, o que se originava, na boca de Ildefonso, no idioma Português. E passou a mirá-lo com admiração. Ele estendeu-lhe  - balbuciando um pardon  -  o outro aparelho , que ainda tinha na mão, mostrando o botão verde que ela deveria premir quando falasse.

Foi o que fez: "O Dr. Björn não está, e só voltará amanhã à tarde ". O som da voz traduzida para o português era algo metálico, mas os smart translators saíram-se muito bem em sua estreia. A tradução, vinda do sueco para o português, era  totalmente compreensível, fato que causou imensa satisfação interior:  "já posso comunicar-me com os suecos em sua língua ( ! ! ) ", comemorou consigo mesmo. Estendeu o envelope, entregando-o à moça:  "Por gentileza: marque uma reunião com o doutor Björn B; se possível, para a tarde de amanhã ."

terça-feira, 22 de abril de 2014

O premio - 6

Os olhares dos amigos foram ficando ternos. Sinal de que não tinham se esquecido totalmente. Foi quando Silvia entregou-lhe uma carta para a pessoa que, segundo ela, era quem organizava a escolha do premio. Para, logo depois, perguntar por quanto tempo ele ficaria em Estocolmo.  

"Tudo depende de como as coisas acontecerem . Poderei ficar uns dois ... três  meses; ou - quem sabe ? -  a vida toda. O certo é que - por minha vontade - não voltarei ao Brasil sem pelo menos saber os motivos do ostracismo vindo da Academia Sueca de Ciências para  o meu país." Respondeu com um sorriso nos lábios.


"Lembro que estse quixotismo vem de longe. Lembra quando  na descida para o estádio do Pacaembu você entrou numa briga de garotos para defender um deles que sequer conhecia, acabou com um olho roxo ? "   Recordou Silvia .

"Lembro até a rua em que isto aconteceu: era a Edgar de Souza. Mas agora não é uma questão de eu ser, ou não, uma pessoa contestadora. A meu ver não podemos continuar sendo o único país com nossas dimensão sem a láurea de um - de pelo menos um - Premio Nobel  ... "

"Vejo que isto parece ser algo importante, talvez doloroso; mas  só  para você. Eu, com a origem que tenho, nunca dei conta de tal lacuna na premiação ... "

"E se você tivesse se dado conta, teria tentado fazer algo para mudar a injustiça ? "

"Bom, aqui não é como no Brasil ... não existe a possibilidade de  dar-se um jeito. Assim, ainda que eu até pudesse entristecer-me, nada poderia fazer, eis que o assunto pertence à Fundação do Nobel. "

Neste momento entrou na sala a secretária de Silvia. Foi quando os amigos se despediram com um aperto de mãos, mas combinaram que voltariam a conversar. Ildefonso percebeu que o aperto de mão de Silvia ganhou mais emoção, fazendo com que seu coração batesse mais rápido.



sexta-feira, 18 de abril de 2014

O cadeado de bolinha azul - 5 . Final

Com a toalha a mulher fez uma trunfa na cabeça ,  à la Carmem Miranda ,  mas seu corpo estava em completa nudez .  E ele sempre tivera uma grande vontade por mulheres nuas , saindo do banho  com trunfas na cabeça  .

Pegou-a nos braços e deitou-a no lugar mais próximo ,  o sofá da sala

.......

"Nem na nossa noite de núpcias você me pegou no colo ... "

" Eu sei , eu sei ,  então hoje paguei a dívida ... "

" É , antes tarde do que nunca ...  e a sua reunião ,  como é que cai ficar ... "

" Agora nada importa , o que vale é que estamos aqui ,  revivendo  ...  renascendo ... "

"  Eu sempre acreditei que poderíamos reconstruir um passado que nós dois queríamos que voltasse ... "

"  Sim , faremos aquelas viagens sempre adiadas ,  vamos à Chapada  Diamantina , com seus lagos azuis que só conhecemos por fotos ,  vamos  ao sul do Chile ,  à Cuba - sim temos que ir antes que Fidel embarque , depois tudo vai mudar ,  e Lisboa , eu tenho muitas saudades  de  Lisboa  apesar de nunca ter ido por lá ... "

" Foi preciso um desencontro ... este drama do cadeado de bolinha azul - o velho - para que você me descobrisse ,  não foi ... "

" E por falar nisto ... eu acho que esqueci de novo a senha do cadeado de bolinha azul velho ... "

Fim




quarta-feira, 16 de abril de 2014

O cadeado de bolinha azul - 4

Ao ver a mulher quase molhada esqueceu   por pouco tempo  o cadeado de bolinha azul . Sequer olhou para a tomada .  Foi dizendo meio sem jeito ...  " não sei o que tenho hoje ,  lembro de  uma coisa e  esqueço da próxima . "

" Pois é ... depois que você trouxe os cadeados de bolinha dos Estados Unidos não liga para mais nada ... "

" Não é bem assim ... sabe como é ... a crise paira no ar ... entra pelos pulmões ... infiltra-se no sangue ... "

Mesmo sem fixar o olhar percebeu a região pubiana da mulher e  ficou meio indeciso ... tinha a reunião , o contrato ...  mas o cheiro de sabonete  misturavam-se  com outros  novos odores ...  tudo foi se esmaecendo em seu cérebro , perdendo importância rapidamente ...



segue


sábado, 12 de abril de 2014

O premio - 4

Desceu em Arlanda. Cansado, foi direto para o Hotel Central, na Vasagatan. Esse é o nome da rua do hotel; que lhe pareceu nome de remédio: Vasagatan  500 mg ... nada mal para denominar um remédio para as cardiovascularidades. "E chega de pensamentos preconceituosos com o idioma sueco ! "      " Sim ! dizem que existe uma percepção físico-sensorial que capta tudo que sai de um coração - ou mesmo, de um cérebro - que não esteja totalmente voltado para fazer o bem - inclusive no que seja relativo às especificidades dos fonemas suecos. Qualquer tipo de maldade, de ironia, porventura introduzida no cérebro, no pensamento de alguém ... poderia ser captada extrassensorialmente pelas pessoas que teria que procurar em nome do Brasil. E, sendo assim, qualquer pensamento negativo, por menor que fosse, poderia levar ao fracasso o projeto que visava, como um dos objetivos a cumprir, trazer um Prêmio Nobel. Pelo menos um. Não  ! ! o idioma Sueco é lindo, e muitos dos seus fonemas são até mais belos do que as sonoridades inglesas, francesas, ou espanholas ! "

Soube que Vasagatan era um logradouro em honra a Gustav Vasa - um dos reis da Suécia.  "posso até estar errado; mas se Vasa é o nome do rei homenageado, gatan bem deve significar avenida, ou rua ... sei lá ... ; Vasagatan ....  500 miligramas ... Não ! Isso não !! "

Logo que chegasse de verdade, pediria à Silvia que marcasse uma reunião com uma pessoa tão decisiva no processo anual de escolha dos Premios Nobel, quanto lhe fosse possível fazê-lo.

Os motivos da reivindicação teriam que estar na ponta da língua: não era mais compreensível, além de ser injusto, que o Brasil não tivesse um cidadão seu premiado com a maior de todas as honrarias:  O Nobel !

Certamente Silvia responderia, ainda que com palavras polidas: " E eu, Silvia, o que tenho a ver com que o Brasil nunca tenha tido um Nobel ... ?  "

Como disse Gabeira, sempre temos que ter uma história ( "o mais verossímil possível ", Ildefonso concluiu por si mesmo ) devidamente pré-estudada, para responder a uma pergunta que nos parece desde já inexorável .

Sem saber por que, lembrou-se que Gabeira já dirigira composições de metrô em Estocolmo " ... a vida é pequena ... e o mundo dá voltas ... daqui há pouco poderia estar num vagão que foi guiado pelo próprio Gabeira, em carne e osso."

E ensaiou: "Veja, Silvia - permita-me tratá-la assim -  já que era como eu a chamava  na nossa puberdade - acho que não me fiz entender bem ... não é que eu queira de imediato arrancar  um Premio Nobel para o Brasil ... "

Mas Idelfonso discordou de seu próprio ensaio:  "Na nossa puberdade, não !  que puberdade  não é um termo para  um reencontro depois de quase cinquenta anos de distanciamento. Ficaria melhor "infância". Não, infância também não. No ouvido soava como o revés de puberdade ... melhor adolescência . "

" ...  permita-me tratá-la assim, pois era como nos chamávamos na nossa adolescência ..." repetiu para si. Ficaria mesmo com adolescência, porque não doía no ouvido.

E continuou ensaiando :

"....  quanto ao Prêmio Nobel, o que preciso saber agora, é o por quê da Academia nunca ter agraciado o nosso país  -  ... perdoe-me ... ao meu país - com essa honorabilidade   ... "

"Não, honorabilidade também doía no ouvido  ; o melhor seria honraria: "Mas, quanto ao Premio Nobel, o que eu preciso saber  agora, é o porque da Academia nunca ter agraciado o meu País com a honraria."      "Ficou melhor assim  ..." 

Bom, mas agora teria que liberar os neurônios ... precisava descansar. As demais respostas seriam ensaiadas no segundo dia de Estocolmo ... por força do hábito premiu o botão do controle da TV  ... só dava para perceber que o programa era um telejornal sueco ...  pouco a pouco foi adormecendo ...



quinta-feira, 10 de abril de 2014

O premio. - 1

Algo es algo, peor es nada. Sem que soubesse porque pensava agora nesse ditado espanhol, Ildefonso festejava a compra das passagens para Estocolmo: era o primeiro passo na missão de trazer para o Brasil um Premio Nobel.

É que o Brasil, com um Nobel, empataria com a Argentina.

É possível que as comparações entre os dois países, que desde criança ouvia dos mais velhos, tenham influenciado na sua encanação de comparar os feitos de cada um deles. Adulto, maduro, os amigos diziam que era "opiniático".    "Só os velhos são opiniáticos". E ele não se considerava um velho. Apesar disso, ele  admitia pelo menos uma  encanação: A irresignação com a falta de um  Prêmio Nobel para o Brasil; ainda que isto levasse a novas comparações com a Argentina.

" ...  não temos Premio Nobel, mas vencemos a Copa do Mundo de Futebol por cinco vezes ... ", conformava-se.  "Mas a Argentina ...   a Argentina  já ganhara duas Copas do Mundo. Uma com gol de mão, do Maradona contra a Inglaterra;  bom  ...  mas isto poderia ser vingança contra as Falklands, as Malvinas. Não interessa, uma das copas foi com gol de mão. " 

"E a outra Copa de Futebol que a Argentina ganhou foi comprada do Peru. Paga com um navio de trigo; entregue no porto de Callao.  Aproveitaram-se de que o Peru estava em crise, ofereceram um navio de trigo ...  ganharam de seis a zero. A vitória saiu barato, baratíssimo aos argentinos ...  um navio de trigo ! "   Não se cansava de repetir.  


" Mas, eles têm Nobel. Cinco. De Nobel a Argentina tinha cinco. ... Sendo dois da Paz.  "   

O balanço poderia estar mais favorável para o Brasil: nós com seis Copas e eles com um Papa e cinco Nobel . 

" Sim, este é o escore moral ! "

"Mas se eu conseguir um Nobel o placar, pelo menos o escore moral, estará empatado ! Sete  a sete."  

Para conseguir um Nobel  ele  esperava contar  com a ajuda de Silvia, que morava em Estocolmo. Tinha certeza que ela se lembraria dele ... tudo bem que era quase uma criança ... mas Julieta, quando se apaixonou por Romeu, tinha 13 anos ...  e, se seus cálculos estivessem certos ... naquela época Silvia tinha 14 ... a idade das paixões inesquecíveis.

Quando apresentou-se por carta a  Silvia, não houve oportunidade de Ildefonso dizer-lhe que redigira uma defesa do Brasil, como país; sobre a resistência da Academia de Ciências da Suécia em conferir um Premio Nobel para algum brasileiro.

Foi assim que, gastando os poucos recursos que tinha, decidiu  enfrentar a Suécia. E também a Noruega, que era quem escolhia e entregava o Nobel da Paz.

O premio - 2

"O Chile tem dois Nobel, ambos em Literatura: Gabriela Mistral e Pablo Neruda. O Peru tem um, Mario Vargas Llosa. Mas o Brasil, nenhum !  A Colômbia ...  Gabriel Garcia Marques ... ;  o Brasil ...  no Brasil nem Carlos Chagas, nem Jorge Amado emplacaram. Até a pequena República Dominicana tem um premio Nobel; e da Paz !  Mas o Brasil ... nenhum ... nada ! "  Pensava Ildefonso.

" Já não tenho dúvidas  de que de há muito tempo alguém  estava agindo contra as justas pretensões do seu país a um Nobel ... impedindo que  sua inteligência fosse reconhecida  mundialmente! "

Ainda bem que chegaram os smart translators . Eles vieram diretamente da China; sendo que  Ildefonso  -  pela necessidade que certamente teria na Suécia -  foi o primeiro escolhido pelo  fabricante para os testes que antecipariam o lançamento mundial dos aparelhos. Ildefonso, ao pensar na importância e responsabilidade que essas maquinetas teriam em sua viagem,  preferiu mudar de assunto mentalmente. Tudo porque sabia que alguns círculos oficiais exigem que a comunicação seja feita no  vernáculo - obviamente -  no idioma nacional. E poderia acontecer um enfrentamento de ideias, podendo a Academia Sueca condicionar o debate ao uso do idioma local. Assim, nos smart translators estava toda a esperança de entender, e ser entendido,   no idioma sueco.

Por que não falar em Inglês ;  que é a língua universal ?

"O problema, também  ..." raciocinava o viajante brasileiro " pode estar em que não chega a ser raro que  cidadãos de países europeus, ou mesmo suas ex-colônias, usem a dificuldade  do idioma como um meio de evitar os sul americanos - todos eles originados dos primos pobres ibéricos; ou quase. Os franceses são um bom exemplo . Não raro eles se fecham em sua língua ,  mesmo falando o idioma do seu interlocutor " .    

 Estava jogando todas as suas fichas  naquela  causa  ;   sabendo que  , pelo menos  no início de sua  jornada ,  ele  não poderia falhar ;  isto porque o começo de toda jornada é sempre  o  momento  mais perigoso  de  uma pessoa  ser ,  ou não , repelida  num país  estrangeiro  .  Foi por isto que  Ildefonso  buscou  socorro na informática . 

  





O prêmio . 3

Ao conferir mais uma vez os smart translators veio-lhe à cabeça que a sua mão não tremera quando teve que pôr a senha na maquineta dos cartões , finalizando assim, a compra das passagens para Estocolmo. 3078 euros foi o quanto custaram; pela ida e volta. Mesmo sabendo que os gastos com esta viagem seriam a pá de cal no seu sofrido orçamento, mesmo assim a decisão era levar adiante o sonho do Nobel; que, em importância, estava muito acima da própria saúde financeira."

"Quem sabe se , de alguma forma, eu poderei conseguir a retratação da Academia Sueca de Ciências ?" 

 Sim, se ele fizesse tudo certinho talvez só restasse  aos escandinavos reparar a velha injustiça .

Veio à cabeça que - há meses -  solicitara uma reunião com Silvia que, talvez, não se recordava mais de quem ele era. Mesmo que fosse assim, o certo é que ela aceitou recebê-lo em Estocolmo.  Pensou mais um pouco e concluiu  ...  "Não, Silvia  não poderia ter-se esquecido de mim, sem mais nem menos " .

A liberalidade no tratamento  vinha dos tempos de adolescência em que ambos passeavam na Praça Buenos Aires .      "  bom  ...  é melhor mudar  o tema do  que estou pensando ... "

Passou a antecipar na mente "a viagem, em si mesma "que era como denominava os planos da viagem, isolados de outros problemas:  "Seria algo em torno de umas 16 horas de voo ... "  .

Sendo que, sempre que podia antecipava na cabeça, os  pormenores do que achava que viveria em breve.  

Mas, o que já conseguira até ali - os smart translators e as passagens para Estocolmo - já era algo .


terça-feira, 1 de abril de 2014

O cadeado de bolinha azul - 3

Entrou no escritório , olhou o relógio , o tempo tinha voado .

Pegou  os papéis  que separara  para o dia .  Olhou de novo o relógio ,  "se tiver trânsito estou perdido ... "

Anotou a senha do cadeado  de bolinha azul velho (  para cima ,  para a direita , para a direita de novo , para baixo )  , fechou o portão  e também o cadeado de bolinha azul velho .  Entrou no carro e pegou  a estrada para ir para o centro da cidade , onde daí  a quarenta minutos teria a reunião .  "agora  já preciso de sorte para chegar a tempo " pensou .

Já fazia tempo que o telefone não tocava . Ainda bem , tudo deveria estar em ordem . Será ?

Mesmo dirigindo conferiu o bolso direito ... era ali que guardava o celular . Nada do celular no bolso da direita .   Apalpou o bolso esquerdo . Também não estava ali .  " Mau sinal .  " , pensou .

Dirigindo  pensou em parar o carro para dar uma busca completa .  " E se eu deixasse o celular para lá  ?    E se eu parasse de me preocupar com ele  ? "

Respondeu a própria pergunta :  " Se eu  deixar o celular  para  lá  e  tiver esquecido o celular em casa   poderiam   neste tempo ligar para fechar o contrato .  Sim ,  eu  poderia perder o contrato por não ter atendido o celular  no momento certo . "

Pensou em ligar para a mulher para ela ver se o celular  estava na tomada do banheiro , onde  ele  sempre deixava  para carregar .  No meio do pensamento lembrou que estava sem o celular.

Ligar  para avisar que atrasaria à reunião ... também impossível ; estava sem o celular , caracas !

 Lembrou de novo  .  Mas e se retornasse à casa para pegar o celular ... ;  olhou o relógio ...

...  se retornasse à casa  ainda daria para ligar com uns vinte minutos de antecedência  avisando que  se atrasaria para a reunião .... pegou o primeiro retorno da estrada e voltou .

Chegou em casa , abriu o portão e apressou os passos até o banheiro.  A porta estava fechada a chave  .. .

Mas se está sozinha , porque fechar  a porta  com chave  ?

São os hábitos , pensou ...   se  algo  for  repetido por 21 vezes  se torna hábito .  É a neurolinguística que diz ...  ... a neuro- linguística  ...  seria a neurolinguística  mesmo ?  sei lá ....

...  mais esta  agora  ....   ela fechou a porta mesmo estando sozinha por causa do hábito -  e  mesmo que não tenha sido a neurolinguística que tenha afirmado  , o certo é que  ela fechou a porta mesmo estando sozinha ...  mesmo assim ela fechou a porta ... e eu não posso entrar para ver se meu celular está ligado à tomada de luz  do banheiro  até que ela  resolva  abrir a porta ...

Com um pequeno passo  para  trás  preparou-se  para  quase gritar :

"    " Bem "  !  ,   o  meu celular !    ele  esta  carregando  aí  na tomada do banheiro  ? "

"  O que ? "

" O  ce-lu-lar  !  ?    ...  o meu  ce-lu-lar   , por acaso ele ficou aí  na tomada do banheiro ? "



"   Não estou ouvindo  nada ! !    estou no banho ! "


- segue -

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