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terça-feira, 22 de abril de 2014

O premio - 6

Os olhares dos amigos foram ficando ternos. Sinal de que não tinham se esquecido totalmente. Foi quando Silvia entregou-lhe uma carta para a pessoa que, segundo ela, era quem organizava a escolha do premio. Para, logo depois, perguntar por quanto tempo ele ficaria em Estocolmo.  

"Tudo depende de como as coisas acontecerem . Poderei ficar uns dois ... três  meses; ou - quem sabe ? -  a vida toda. O certo é que - por minha vontade - não voltarei ao Brasil sem pelo menos saber os motivos do ostracismo vindo da Academia Sueca de Ciências para  o meu país." Respondeu com um sorriso nos lábios.


"Lembro que estse quixotismo vem de longe. Lembra quando  na descida para o estádio do Pacaembu você entrou numa briga de garotos para defender um deles que sequer conhecia, acabou com um olho roxo ? "   Recordou Silvia .

"Lembro até a rua em que isto aconteceu: era a Edgar de Souza. Mas agora não é uma questão de eu ser, ou não, uma pessoa contestadora. A meu ver não podemos continuar sendo o único país com nossas dimensão sem a láurea de um - de pelo menos um - Premio Nobel  ... "

"Vejo que isto parece ser algo importante, talvez doloroso; mas  só  para você. Eu, com a origem que tenho, nunca dei conta de tal lacuna na premiação ... "

"E se você tivesse se dado conta, teria tentado fazer algo para mudar a injustiça ? "

"Bom, aqui não é como no Brasil ... não existe a possibilidade de  dar-se um jeito. Assim, ainda que eu até pudesse entristecer-me, nada poderia fazer, eis que o assunto pertence à Fundação do Nobel. "

Neste momento entrou na sala a secretária de Silvia. Foi quando os amigos se despediram com um aperto de mãos, mas combinaram que voltariam a conversar. Ildefonso percebeu que o aperto de mão de Silvia ganhou mais emoção, fazendo com que seu coração batesse mais rápido.



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