Paulo , o jovem de dezoito anos , continuava a esconder para Valéria a sua verdadeira situação , que era de menino rico ; levando-a cada vez mais a convencer-se de que tinha encontrado o homem que sonhara . As vezes , porém , perguntava sobre a sua dedicação aos estudos : " afinal , a que horas tu estudas , se de dia ficamos os dois aqui no meu quarto ? "
"Eu sempre estudei à noite . Principalmente agora que fico sozinho . Estudo até a madrugada . "
Por sua vez , Valéria dedicava-se a Paulo intensamente . Fazia planos , faziam planos para quando chegasse o momento tão esperado - e a intuição dizia que estava perto - em que encontraria um velho endinheirado que caísse o beiço por ela . Um destes ricaços que se apaixonam por lolitas , que haveria de custear-lhe as suas necessidades ; mas , principalmente , as do Paulo , os estudos a que tanto Paulo se dedicava . Os dois ( sim , os dois , porque Paulo também embarcou assim no sonho de Valéria e até a incentivava a buscar o velho rico que , tinha certeza - se Deus quisesse - não a exigiria tanto ) sabiam que era só esperar pouco tempo para serem completamente felizes . Ela , como era trivial nestas ligações , só manteria um teatrinho para o velho , que - certamente - teria família comum , esposa e netos para cuidar ; sim , sobraria quase todo o tempo "para nós" . Se outras colegas acharam o seu velho rico , que lhes proporcionavam segurança financeira em troca da juventude por eles perdida , por que com ela seria diferente ?
Lavar roupa , passar e engomar camisas , cozinhar , limpar banheiro e arrumar os quartos , tudo isto ela já fazia para o seu amor , com sorriso nos lábios .
De vez em quando , quase sempre , Paulo a surpreendia pegando-a pelas costas , sentido que roçava-lhe a bunda , mal dava tempo para apagar o fogo das panelas para ele levá-la esperneando para a cama . As vezes a colocava com cuidado , mas em outras jogava-a do alto mesmo , pulando logo depois para cima dela .
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
Julieitinha e o oficial do vapor - 18 A
- "Afinal , como é que acabou a história do oficial italiano ? Por que vocês não chegaram até o final esperado de um casal que está sozinho num navio em alto mar ? "
" Bem , para mim foi o destino que me levou a que eu fosse só do homem para quem nasci . Só que a parte prática disto foi muito engraçada . Resolvi viajar para a Europa para tentar mudar a história da minha vida , eu estava saturada dessa gente que acha que não podemos conviver com os pobres ... te confesso que ao chegar aos trinta resolvi buscar novos ares ..."
" É com todo este preconceito que teremos que nos bater agora ... imagines tu , a estancieira , casando com um naba ...."
Pedro olhava a nudez de Julietinha que , abraçada a ele , falava com a ternura que só os novos amantes conseguem ter : " Não , não ! tú não és um naba , isto não ! "
"Julietinha , se me sacudirem pelas pernas não cai um centavo ...."
" Mas se falta dinheiro ... sobra-te , e muito , coisas muito mais importantes do que os outros possam ter, Pedro querido."
" Mas voltando ao italiano . Por outras palavras ... tu naquele momento quisestes mesmo o belo Giancarlo ? "
"Não é bem que eu o quisesse - ou não - , porque quem eu queria mesmo era a ti ; mas a providência fez com que a minha falta de vontade de ser do Gian não chegasse a ser comprovada ... "
" Sinceramente não entendi " - respondeu Pedro de forma hipócrita ...
" Bom , tu te lembras que na hora em que estávamos abraçados - eu e o Giancarlo - tocou uma sirena de alarme avisando de que algo de perigoso estava acontecendo no navio ? "
" A minha sirena salvadora , não foi ? " disse Pedro acariciando o corpo da mulher ...
" as tuas ironias de sempre ... ; pois é .... chegamos lá fora .... eu tropeçando nos saltos altos ... só que nada de anormal acontecia no navio .... tudo tranquilo ... mesmo assim Giancarlo correu para a ponte de comando ... "
" já vistes O Belo Antonio , com o Mastroiani e a Cardinalle ? ...
" Vi sim .... e acho que tu estás querendo comparar as histórias ... agradeço por ter sido para ti - naquele navio - a Claudia Cardinalle ... "
" A Cardinalle é uma mulher bonita ...mas tu és mais do que isto ... tu és linda ... " .. e rolaram na cama com Pedro sussurrando no seu ouvido uma poesia feita para ela pouco antes dele chegar ali , no esconderijo que agora dividiam ...
... um dia ele chegou diferente do seu jeito de sempre chegar
olhou-a dum jeito mais quente do que sempre costumava olhar
e não maldisse a vida quanto era seu jeito de sempre falar ...
.....
" Bem , para mim foi o destino que me levou a que eu fosse só do homem para quem nasci . Só que a parte prática disto foi muito engraçada . Resolvi viajar para a Europa para tentar mudar a história da minha vida , eu estava saturada dessa gente que acha que não podemos conviver com os pobres ... te confesso que ao chegar aos trinta resolvi buscar novos ares ..."
" É com todo este preconceito que teremos que nos bater agora ... imagines tu , a estancieira , casando com um naba ...."
Pedro olhava a nudez de Julietinha que , abraçada a ele , falava com a ternura que só os novos amantes conseguem ter : " Não , não ! tú não és um naba , isto não ! "
"Julietinha , se me sacudirem pelas pernas não cai um centavo ...."
" Mas se falta dinheiro ... sobra-te , e muito , coisas muito mais importantes do que os outros possam ter, Pedro querido."
" Mas voltando ao italiano . Por outras palavras ... tu naquele momento quisestes mesmo o belo Giancarlo ? "
"Não é bem que eu o quisesse - ou não - , porque quem eu queria mesmo era a ti ; mas a providência fez com que a minha falta de vontade de ser do Gian não chegasse a ser comprovada ... "
" Sinceramente não entendi " - respondeu Pedro de forma hipócrita ...
" Bom , tu te lembras que na hora em que estávamos abraçados - eu e o Giancarlo - tocou uma sirena de alarme avisando de que algo de perigoso estava acontecendo no navio ? "
" A minha sirena salvadora , não foi ? " disse Pedro acariciando o corpo da mulher ...
" as tuas ironias de sempre ... ; pois é .... chegamos lá fora .... eu tropeçando nos saltos altos ... só que nada de anormal acontecia no navio .... tudo tranquilo ... mesmo assim Giancarlo correu para a ponte de comando ... "
" já vistes O Belo Antonio , com o Mastroiani e a Cardinalle ? ...
" Vi sim .... e acho que tu estás querendo comparar as histórias ... agradeço por ter sido para ti - naquele navio - a Claudia Cardinalle ... "
" A Cardinalle é uma mulher bonita ...mas tu és mais do que isto ... tu és linda ... " .. e rolaram na cama com Pedro sussurrando no seu ouvido uma poesia feita para ela pouco antes dele chegar ali , no esconderijo que agora dividiam ...
... um dia ele chegou diferente do seu jeito de sempre chegar
olhou-a dum jeito mais quente do que sempre costumava olhar
e não maldisse a vida quanto era seu jeito de sempre falar ...
.....
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Julietinha e o oficial do vapor . 17
- "Boa tarde Dona Julietinha , tudo bem com a senhora ?"
- "Tudo está bem , Pedro ..."
Neste momento Quita saiu do raio de visão , e também de audição de Pedro , que recém tinha chegado para mais uma quarta-feira de anotações .
Pegou da mão da namorada .
"- Falastes com o Paulo , sobre o nosso namoro ? "
"- Bom , ainda não houve oportunidade .... é que estou procurando um momento certo ..."
De um momento para o outro Pedro ficou quase irritado por perceber que a moça não tivera coragem de falar com o irmão . " Talvez este momento certo não exista Julietinha . Como explicar ao Paulo que um naba como eu possa pretender a mão de uma moça da sua classe econômica , não é Julietinha ? "
" Não fales assim , naba tú não és , não mesmo ! Pensas que eu não sei .... pois me contaram que há uns anos atrás fostes aprovado no concurso do Banco do Brasil e ao seres chamado , com a Dona Almerinda dando pulos de alegria porque agora terias um emprego de grande futuro , tu fostes lá , trabalhastes dois ou três dias e sequer quisestes ser registrado para valer no banco . Disseram-me que chegando em casa , apesar de Dona Almerinda chorar muito pela tua decisão de não seguires como funcionário em um emprego tão bom , tão seguro , tu pegastes as mãos dela e dissestes ..... mãe olha para as minhas mãos ; vamos mãe , olha para elas .... tu não as fizestes para que elas passassem a vida toda batendo carimbos em fichas infinitas .... as minhas mãos , mãe , foram feitas para criar histórias que meu cérebro hão de produzir , Dona Almerinda ' , ... é verdade ou não .... ? '
- " Sim , Julieitnha , foi assim mesmo , mas eu não me arrependo nem um pouco por ter feito isto , apesar da pobreza que ainda hoje campeia .... "
- " Então , meu querido , como um homem que age assim pode ser chamado de naba ..... ? Como ? "
- " Pois é , a natureza não me disse " Não sejas pobre" ; ainda menos : "sejas um rico , Pedro ! " . Ela grita-me : Sejas uma pessoa independente , " . Foi pensando assim que eu mandei uma carta para seu Chatô . Expliquei a ele que nesta campanha tinha muita coisa acontecendo . Ele já me conhecia . Fui eu quem passei por telégrafo todo o relato da queda do avião . Expliquei o que acontecia por aqui - como sabes - contrabando de ouro vindo de todos os garimpos do país , criminosos buscam estas plagas para fugir , mafiosos querendo entrar por aqui por causa da tradição desta fronteira , da rede de coureiros , passadores de gado , juízes corruptos em fuga , vinhos do lado de lá entrando para serem vendidos como os da serra , o próprio modo de falar embaraça quem contrabandistas e policiais , até mesmo os futebolistas que ganharam a copa nas barbas dos brasileiros eu poderia certamente entrevistá-los ..... e sabes o que aconteceu .... o Chatô ,. o próprio baixinho em carne e osso me respondeu dizendo que me aceitava como repórter correspondente dos Diários Associados .... estou sendo admitido pela porta da frente .... em pouco tempo terei que ir ao Rio ... "
" Julietinha , eu estou prestes a conseguir ; não , não é a riqueza não ..... ! O que eu já quase consegui é que alguém reconhecesse algum mérito que eu possa ter como jornalista , como literato ... e , o melhor de tudo, sem vender a minha alma ao tal Banco do Brasil ou a quem a queira aviltar , minha querida ! "
" .... Bom , mas agora eu vou deixar contigo mais uma síntese do que eu andei pensando .... escrevendo .... mas , te admires ou não ... estas palavras já me apareceram assim ... perfeitas , como um presente que recebo depois de muito e muito pensar ... quero que as guarde como combinamos .... "
Do papel escrito a mão, Julieitnha leu em voz alta para ela própria o seguinte : " Gosto de ficar na sombra das coisas no segredo delas , gosto de entranhar a criação de vagar com as idéias
como a arte que se entranha e , incerto , incorreto renasço a cada dia . " Pedro , que coisa mais linda tu criastes ..... "
Foi quando os dois abraçaram-se e beijaram-se como se por anos tivessem sem se ver , e despediram-se logo depois de Julietinha dizer-lhe que fora convidada para um aniversário de amiga , que seria na capital . Pedro fez um ar moleque de que proibiria a ida , mas , num sorriso só pediu para que confirmasse o dia que iria ,,,, e despediram-se à entrada de Laurindo , o capataz da estância, que entrara pelos fundos da casa , não sem antes pedir as devidas licenças à patroa , e cumprimentar Pedro muito mais cerimoniosamente do que antes costumava fazê-lo .
Pedro ainda aduziu : " Pois é , Dona Julietinha , com mais duas reuniões nossas eu acho que completo todas as anotações necessárias ..."
" Para mim , eu acho que duas sessões serão poucas .... mesmo assim .... "
- "Tudo está bem , Pedro ..."
Neste momento Quita saiu do raio de visão , e também de audição de Pedro , que recém tinha chegado para mais uma quarta-feira de anotações .
Pegou da mão da namorada .
"- Falastes com o Paulo , sobre o nosso namoro ? "
"- Bom , ainda não houve oportunidade .... é que estou procurando um momento certo ..."
De um momento para o outro Pedro ficou quase irritado por perceber que a moça não tivera coragem de falar com o irmão . " Talvez este momento certo não exista Julietinha . Como explicar ao Paulo que um naba como eu possa pretender a mão de uma moça da sua classe econômica , não é Julietinha ? "
" Não fales assim , naba tú não és , não mesmo ! Pensas que eu não sei .... pois me contaram que há uns anos atrás fostes aprovado no concurso do Banco do Brasil e ao seres chamado , com a Dona Almerinda dando pulos de alegria porque agora terias um emprego de grande futuro , tu fostes lá , trabalhastes dois ou três dias e sequer quisestes ser registrado para valer no banco . Disseram-me que chegando em casa , apesar de Dona Almerinda chorar muito pela tua decisão de não seguires como funcionário em um emprego tão bom , tão seguro , tu pegastes as mãos dela e dissestes ..... mãe olha para as minhas mãos ; vamos mãe , olha para elas .... tu não as fizestes para que elas passassem a vida toda batendo carimbos em fichas infinitas .... as minhas mãos , mãe , foram feitas para criar histórias que meu cérebro hão de produzir , Dona Almerinda ' , ... é verdade ou não .... ? '
- " Sim , Julieitnha , foi assim mesmo , mas eu não me arrependo nem um pouco por ter feito isto , apesar da pobreza que ainda hoje campeia .... "
- " Então , meu querido , como um homem que age assim pode ser chamado de naba ..... ? Como ? "
- " Pois é , a natureza não me disse " Não sejas pobre" ; ainda menos : "sejas um rico , Pedro ! " . Ela grita-me : Sejas uma pessoa independente , " . Foi pensando assim que eu mandei uma carta para seu Chatô . Expliquei a ele que nesta campanha tinha muita coisa acontecendo . Ele já me conhecia . Fui eu quem passei por telégrafo todo o relato da queda do avião . Expliquei o que acontecia por aqui - como sabes - contrabando de ouro vindo de todos os garimpos do país , criminosos buscam estas plagas para fugir , mafiosos querendo entrar por aqui por causa da tradição desta fronteira , da rede de coureiros , passadores de gado , juízes corruptos em fuga , vinhos do lado de lá entrando para serem vendidos como os da serra , o próprio modo de falar embaraça quem contrabandistas e policiais , até mesmo os futebolistas que ganharam a copa nas barbas dos brasileiros eu poderia certamente entrevistá-los ..... e sabes o que aconteceu .... o Chatô ,. o próprio baixinho em carne e osso me respondeu dizendo que me aceitava como repórter correspondente dos Diários Associados .... estou sendo admitido pela porta da frente .... em pouco tempo terei que ir ao Rio ... "
" Julietinha , eu estou prestes a conseguir ; não , não é a riqueza não ..... ! O que eu já quase consegui é que alguém reconhecesse algum mérito que eu possa ter como jornalista , como literato ... e , o melhor de tudo, sem vender a minha alma ao tal Banco do Brasil ou a quem a queira aviltar , minha querida ! "
" .... Bom , mas agora eu vou deixar contigo mais uma síntese do que eu andei pensando .... escrevendo .... mas , te admires ou não ... estas palavras já me apareceram assim ... perfeitas , como um presente que recebo depois de muito e muito pensar ... quero que as guarde como combinamos .... "
Do papel escrito a mão, Julieitnha leu em voz alta para ela própria o seguinte : " Gosto de ficar na sombra das coisas no segredo delas , gosto de entranhar a criação de vagar com as idéias
como a arte que se entranha e , incerto , incorreto renasço a cada dia . " Pedro , que coisa mais linda tu criastes ..... "
Foi quando os dois abraçaram-se e beijaram-se como se por anos tivessem sem se ver , e despediram-se logo depois de Julietinha dizer-lhe que fora convidada para um aniversário de amiga , que seria na capital . Pedro fez um ar moleque de que proibiria a ida , mas , num sorriso só pediu para que confirmasse o dia que iria ,,,, e despediram-se à entrada de Laurindo , o capataz da estância, que entrara pelos fundos da casa , não sem antes pedir as devidas licenças à patroa , e cumprimentar Pedro muito mais cerimoniosamente do que antes costumava fazê-lo .
Pedro ainda aduziu : " Pois é , Dona Julietinha , com mais duas reuniões nossas eu acho que completo todas as anotações necessárias ..."
" Para mim , eu acho que duas sessões serão poucas .... mesmo assim .... "
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Julietinha e o oficial do valor - 16
O jovem Paulo passava por momentos de grande euforia só por olhar , pelo buraco da fechadura da porta do seu quarto , a bela jovem passar para o banheiro com pouquíssima ( quase nenhuma ) roupa talvez certa de que ninguém a mirava . Valéria , este era o nome dela , era de uma beleza de enlouquecer qualquer homem . Jovem , muito jovem , seus seios não precisavam de qualquer corpinho para ficarem apontando firmes para frente . O corpo era de uma perfeição quase impossível de existir . O rosto , se não era uma Elizabeth Taylor , tinha o frescor da menina-moça que Valéria era . E quando ela sorria suas feições ficavam verdadeiramente muito bonitas . E Paulo , para enlouquecer completamente ,não precisava de mais nada .
Num dia não resistiu , ficou esperando a moça com a porta de seu quarto aberta até que ela passou para o banheiro . Foi quando ele a abordou com um plano mil vezes pensado .
"Tudo bem ? Eu sou o Paulo , e moro aqui ao seu lado , como é o teu nome ?
"Meu nome é Valéria ...."
"Pois é , eu vim da fronteira , vim estudar aqui na capital ... minha família é pobre mas estão me ajudando a pagar os estudos . "
" Que bom , você tão jovem , um menino e tanto querendo estudar , progredir ... "
A história era abem urdida e funcionou .... , Valéria caíra prontamente na conversa insincera de Paulo ... além disto ele fizera uma cara de abandonado na cidade grande que prontamente tocou o coração dela
" E onde tu fazes as refeições , Paulo ; quem cuida da tua roupa ... ?
" Quem cuidava era minha mãe , por aqui eu as vezes aproveito o tanque daí de baixo , no domingo eu desço e lavo o que posso , deixo secar .... as calças eu boto em baixo do colchão para ver se pegam algum vinco .... "
Valéria se compadeceu do rapaz que deveria ser muito estudioso , e dele se despediu ...
Paulo percebeu que seu plano começava a colar e ficou eufórico ...chegando a , por vezes , pular de alegria . Mas só quando longe da casa , para que a farsa não ficasse evidente.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Julietinha e o oficial do navio - 15
Quarta-feira , Pedro bate na porta para a sessão de colheita de informações do relato da viagem de Julietinha . Ela mesmo vem atender .
- Pedro , entra ...
- Pedro , que trazia um ramo de flores do campo bem variadas sorriu ... Dona Julietinha ... a senhora quer namorar comigo ?
Julietinha ficou séria : " Tu não achas que é muito cedo " ?
" - Muito cedo ..... eu estou esperando por este momento há anos e tu me dizes que é muito cedo ? "
- Por mim eu daria o sim agora , mas antes tenho que falar com o meu irmão ..
Pedro fechou o rosto ..... " - O que teu irmão tem a ver com nós dois ... ? "
"- É que moramos aqui ; desde que meus pais partiram o Paulo assumiu a casa .... tenho que falar com ele antes de te dar uma resposta "
"- Não Julietinha , não adiantes nada a ele ... com o Paulo eu falo ... mas eu quero saber é de ti ... aceitas ter-me como namorado ? "
"- Não só aceito como sou a pessoa mais feliz do mundo por ouvir isto de teus lábios , só que quanto ao Paulo , eu te peço para que eu mesma fale com ele ... no mais , tudo fica como antes ... tá bem ?
Entraram e passaram à formalidade de sempre .
- Dona Julietinha , em que dia o vapor aportou em Vigo ?
- Foi no dia 27 de fevereiro .....
Conversavam sobre o que agora pareciam ser generalidades até que Quita surgiu para perguntar se já poderia ir à feira da praça do relógio ...
- Sim , Quita , deixei a lista de compras em cima da mesa da cozinha ...
Mal Quita batera a porta Julietinha abraçou Pedro com todas as suas forças ...
- Sim , até que eu tentei me aproximar de outras moças , mas você sempre aparecia e daí para frente nada mais dava certo ....
Ao ouvir isto lágrimas praticamente saltaram dos olhos da moça .... " não repare , eu me contive lá fora ... mas ao ouvir isto ...é que comigo acontecia o mesmo , deves ter percebido a forma que eu olhava para ti , quando nos aproximávamos parece que tinhas um imã ao qual eu tinha que resistir muito , ainda bem que agora não preciso mais fugir de ti ... . desde cedo guris vinham conversar , mas eles eram tão diferentes de ti , todos estancieiros , se bem que nós também somos proprietários ... mas é que eles desde meninos já se preocupam com o preço da arroba do boi ... essas coisa daqui . Mas tu és diferente ... olhas e falas o que sempre eu quero ouvir ... mas vamos mudar de assunto , eu tenho tanto para te perguntar ... fiquei preocupada quando contaram que tivestes que ir ao quartel ... "
" - Sim , foram me buscar e me levaram até lá ..."
- Mas o que eles perguntaram ? eu nunca soube que tinhas preferências neste assuntos ..
- São meus escritos no jornal .... eu escrevi no natal uma crônica que eles não gostaram .... foi A Ceia dos Vira-Latas ....." ; em determinado momento o Bandeira me perguntou ... " tu és um dos do contra , não és ? " . Eu respondi .... "não , e o senhor é ? " " Ele chegou a levantar a mão para me dar um tapa , mas o Orlando segurou-a já no ar .... "
"- Pedro , por que responder assim ? Tu sabes como eles estão .... por qualquer coisa já explodem , daí para à perseguição aberta é um nada ."
.....
" E esta camisa ? vejo que a tua roupa é nova , um misto do cheiro do corpo com o do algodão recém vestido ... "
" - Consegui receber um dinheiro e aproveitei para comprar duas camisas e mais umas roupas ... afinal eu vinha te pedir em namoro .... "
" - Mas como estás bonito meu Pedro , ainda mais do que ontem ...."
Passou um bom tempo , ditado pela intuição e generosidade de Quita , até que a porta se abriu .....
- Só não trouxe o mogango , Dona Julietinha , não me pareceram estar bons ....
- Não faz mal Quita , espero que tenhas comprado outra coisa para fazermos o doce ....
- Sim , comprei origones ...
Com Quita por ali voltou a conversa sobre a viagem , Pedro agora fazia perguntas com duplo sentido , maliciosas mesmo ( pensando que o italiano era mesmo impossibilitado a uma relação mais íntima ) ...
Até que de repente parou tal assunto e sua voz demonstrava tensão . Contou o que acontecera com seu caderno ... de suas conclusões sobre uma das suas melhores poesias terem sido publicadas por ninguém menos do que Chico Rosa ... Julietinha preocupou-se muito .... logo ela que tanto admirava o príncipe dos poetas .....
" De agora em diante eu preciso manter um arquivo dos meus escritos em mãos confiáveis ... e quem melhor do que tu para guardá-los .... ? "
" Sim podes deixar comigo , teu trabalho , para mim valerá tanto como um tesouro ."
" Além disto , eu queria que me ouvisses sobre umas mudanças acontecidas om o modo de eu escrever ; é que antes eu costumava redigir uma passagem , um texto qualquer e depois sair fazendo aquilo que eu chamo de catar pulgas ; revisando-o até que ele me contentasse totalmente ... "
" Mas isto é assim com todo mundo ... "
" Mas agora é diferente .... Julietinha . Tem determinados escritos que já me vêem prontos à cabeça sendo inútil tentar melhorá-los .... nesses momentos, não em todos , escrevo num impulso só ...
Foi quando chegou Paulo, o que ocasionou as despedidas do jornalista ... " eu já estava de saída ... " .
Paulo , que nas conversas com amigos estancieiros sempre dizia que " o amor pode muito , mas o dinheiro pode tudo " , a cada dia se preocupava mais com aquela aproximação da irmã com um pelado , como Pedro era .
- Pedro , entra ...
- Pedro , que trazia um ramo de flores do campo bem variadas sorriu ... Dona Julietinha ... a senhora quer namorar comigo ?
Julietinha ficou séria : " Tu não achas que é muito cedo " ?
" - Muito cedo ..... eu estou esperando por este momento há anos e tu me dizes que é muito cedo ? "
- Por mim eu daria o sim agora , mas antes tenho que falar com o meu irmão ..
Pedro fechou o rosto ..... " - O que teu irmão tem a ver com nós dois ... ? "
"- É que moramos aqui ; desde que meus pais partiram o Paulo assumiu a casa .... tenho que falar com ele antes de te dar uma resposta "
"- Não Julietinha , não adiantes nada a ele ... com o Paulo eu falo ... mas eu quero saber é de ti ... aceitas ter-me como namorado ? "
"- Não só aceito como sou a pessoa mais feliz do mundo por ouvir isto de teus lábios , só que quanto ao Paulo , eu te peço para que eu mesma fale com ele ... no mais , tudo fica como antes ... tá bem ?
Entraram e passaram à formalidade de sempre .
- Dona Julietinha , em que dia o vapor aportou em Vigo ?
- Foi no dia 27 de fevereiro .....
Conversavam sobre o que agora pareciam ser generalidades até que Quita surgiu para perguntar se já poderia ir à feira da praça do relógio ...
- Sim , Quita , deixei a lista de compras em cima da mesa da cozinha ...
Mal Quita batera a porta Julietinha abraçou Pedro com todas as suas forças ...
- Sim , até que eu tentei me aproximar de outras moças , mas você sempre aparecia e daí para frente nada mais dava certo ....
Ao ouvir isto lágrimas praticamente saltaram dos olhos da moça .... " não repare , eu me contive lá fora ... mas ao ouvir isto ...é que comigo acontecia o mesmo , deves ter percebido a forma que eu olhava para ti , quando nos aproximávamos parece que tinhas um imã ao qual eu tinha que resistir muito , ainda bem que agora não preciso mais fugir de ti ... . desde cedo guris vinham conversar , mas eles eram tão diferentes de ti , todos estancieiros , se bem que nós também somos proprietários ... mas é que eles desde meninos já se preocupam com o preço da arroba do boi ... essas coisa daqui . Mas tu és diferente ... olhas e falas o que sempre eu quero ouvir ... mas vamos mudar de assunto , eu tenho tanto para te perguntar ... fiquei preocupada quando contaram que tivestes que ir ao quartel ... "
" - Sim , foram me buscar e me levaram até lá ..."
- Mas o que eles perguntaram ? eu nunca soube que tinhas preferências neste assuntos ..
- São meus escritos no jornal .... eu escrevi no natal uma crônica que eles não gostaram .... foi A Ceia dos Vira-Latas ....." ; em determinado momento o Bandeira me perguntou ... " tu és um dos do contra , não és ? " . Eu respondi .... "não , e o senhor é ? " " Ele chegou a levantar a mão para me dar um tapa , mas o Orlando segurou-a já no ar .... "
"- Pedro , por que responder assim ? Tu sabes como eles estão .... por qualquer coisa já explodem , daí para à perseguição aberta é um nada ."
.....
" E esta camisa ? vejo que a tua roupa é nova , um misto do cheiro do corpo com o do algodão recém vestido ... "
" - Consegui receber um dinheiro e aproveitei para comprar duas camisas e mais umas roupas ... afinal eu vinha te pedir em namoro .... "
" - Mas como estás bonito meu Pedro , ainda mais do que ontem ...."
Passou um bom tempo , ditado pela intuição e generosidade de Quita , até que a porta se abriu .....
- Só não trouxe o mogango , Dona Julietinha , não me pareceram estar bons ....
- Não faz mal Quita , espero que tenhas comprado outra coisa para fazermos o doce ....
- Sim , comprei origones ...
Com Quita por ali voltou a conversa sobre a viagem , Pedro agora fazia perguntas com duplo sentido , maliciosas mesmo ( pensando que o italiano era mesmo impossibilitado a uma relação mais íntima ) ...
Até que de repente parou tal assunto e sua voz demonstrava tensão . Contou o que acontecera com seu caderno ... de suas conclusões sobre uma das suas melhores poesias terem sido publicadas por ninguém menos do que Chico Rosa ... Julietinha preocupou-se muito .... logo ela que tanto admirava o príncipe dos poetas .....
" De agora em diante eu preciso manter um arquivo dos meus escritos em mãos confiáveis ... e quem melhor do que tu para guardá-los .... ? "
" Sim podes deixar comigo , teu trabalho , para mim valerá tanto como um tesouro ."
" Além disto , eu queria que me ouvisses sobre umas mudanças acontecidas om o modo de eu escrever ; é que antes eu costumava redigir uma passagem , um texto qualquer e depois sair fazendo aquilo que eu chamo de catar pulgas ; revisando-o até que ele me contentasse totalmente ... "
" Mas isto é assim com todo mundo ... "
" Mas agora é diferente .... Julietinha . Tem determinados escritos que já me vêem prontos à cabeça sendo inútil tentar melhorá-los .... nesses momentos, não em todos , escrevo num impulso só ...
Foi quando chegou Paulo, o que ocasionou as despedidas do jornalista ... " eu já estava de saída ... " .
Paulo , que nas conversas com amigos estancieiros sempre dizia que " o amor pode muito , mas o dinheiro pode tudo " , a cada dia se preocupava mais com aquela aproximação da irmã com um pelado , como Pedro era .
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Julietinha e o oficial do vapor - 14
Pouco a pouco a cabeça de Pedro ia se dividindo . Agora já existiam nela pelo menos quatro pensamentos quase independentes ; mas ao mesmo tempo . Um só pensava em Julietinha . O segundo estava nas tantas contas que teria que pagar mesmo sem ter dinheiro . O terceiro voltava-se para o trabalho no Correio do Norte , nas matérias que tinha que entregar para a linotipia quase que diariamente . E o quarto... o quarto estava em Francisco Rosa , o Chico Rosa . Como , Deus ? Como ele retirou dali , daquela mala velha o mais belo dos seus versos , com métrica , ritmo , rima , tudo perfeito ? Mas , pouco a pouco ia se convencendo de que fora o Jurandir . Aquele baiano sem dinheiro para pagar hotel , que ele abrigara ; sim o Dida era o olheiro do Chico ... , devia até ter carteira profissional assinada pelo Chico .
E os olheiros poderiam ser muitos , batendo Brasil afora . E ele, Pedro , sempre com a boa-fé dos Fagundes, herdara de Bandido , uma das melhores pessoas daquelas plagas . ... ele , próprio abriu as portas de seu quarto para o judas . Agora , naquele sufoco todo , mas sem participar em um cruzeiro sequer dos lucros que o melhor de sua poesia proporcionava ao Chico Rosa .
E tudo acontecia-lhe sem ter um amigo com quem pudesse dividir a perda daquele roubo de parte de sua obra.
Apesar de ter chegado a essa certeza ; a de que o ladrão era o Dida , um tormento resistia em seu cérebro pleno de racionalidade : e a poeira ? Sim !! e a poeira ? ! .. porque a poeria em cima da mala era a mesma , a acumulada por dez anos naquela tampa de mala, de cantos arredondados encabeçados por uma biqueira de metal enferrujado .... como Dida pode tirar o caderno , devolvendo-o depois à mala , sem que a poeria de dez anos ficasse sequer marcada na tampa ? Como ?? Bradava Pedro consigo mesmo ....
Ele queria muito que daqui para frente isto se reduzisse a uma questão menor em sua vida ... só que - apesar disto - o horror voltava sempre à sua cabeça de cientista das letras ; .... como aquilo poderia agora ter-se tornado aquele monstro dentro da sua cabeça ?
Mas , se o pó acumulado chegasse a ser além de alguma evidência , uma certeza de que nem mesmo o baiano cometera o furto , aí tudo poderia enveredar para possibilidades ainda mais sombrias do que a alternativa Dida .
Tanto pensou ,ora silencioso , ora aos gritos , que acabou por dormir . No sonho parece que chegou a um acordo consigo mesmo .... fora Dida quem levou o caderno de poesias para Chico . E ponto final .
Na manhã seguinte outras fontes de preocupações começaram a diminuir . Não é que o Paulo , sim o Paulo , o irmão da Julietinha , amigo que tanto estimara viera-lhe visitar como nunca antes fizera , preocupado com suas aperturas . Pegou-lhe do ante-braço , como fazem os daquelas paragens .... "Pedro , te abre ... o que está acontecendo contigo , vivente .....? Me disseram que tu fostes despejado da casa que alugavas .... diz Pedro ... o que estás precisando ....? "
Pedro confirmou que estava necessitado , mas não sem antes reafirmar a velha amizade dos dois , só interrompida pela indiferença do amigo.
" Paulo , como tu bem sabes , agora as rádios roubam mais e mais anúncios do Correio ... por isto , o Ernesto não tem culpa por vir diminuindo o meu salário ..... é que os anúncios são cada vez menos .... e foi por isto que eu fui me apertando cada vez mais e mais ... "
"Bom , mas quanto tu estás necessitando agora ... ? "
"Não fiz as contas , mas com uns cento e cinquenta contos acho que daria para eu pagar , botar os atrasados em dia , dar uma caução numas peças , me mudar para lá , comprar alguma roupa que o inverno está aí , tocar o barco ...."
"Mas será que com cento e vinte , ainda que apertando um pouquinho mais , tu não botas a vida nos trilhos ..?"
"Bom , eu acho que com isto eu poderia pelo menos comprar o mais essencial , e ir levando .... "
Paulo puxou uma bolada de notas do bolso , virou as costas para o amigo ao mesmo tempo que separava 120 contos entregando-os a Pedro. " - Te cuida tchê e fica tranquilo que isto é para ti e dado de coração . Ninguém , além de nós dois , deve ficar sabendo . " Pedro abriu-se e deu um abraço apertado .... " Paulo , mais , muito mais do que este dinheiro com que tu me socorres , o que me mais me alegra é ter você de volta , reviver a nossa amizade em toda a sua intensidade ... "
Deram as costas indo cada um para o seu lado .
E os olheiros poderiam ser muitos , batendo Brasil afora . E ele, Pedro , sempre com a boa-fé dos Fagundes, herdara de Bandido , uma das melhores pessoas daquelas plagas . ... ele , próprio abriu as portas de seu quarto para o judas . Agora , naquele sufoco todo , mas sem participar em um cruzeiro sequer dos lucros que o melhor de sua poesia proporcionava ao Chico Rosa .
E tudo acontecia-lhe sem ter um amigo com quem pudesse dividir a perda daquele roubo de parte de sua obra.
Apesar de ter chegado a essa certeza ; a de que o ladrão era o Dida , um tormento resistia em seu cérebro pleno de racionalidade : e a poeira ? Sim !! e a poeira ? ! .. porque a poeria em cima da mala era a mesma , a acumulada por dez anos naquela tampa de mala, de cantos arredondados encabeçados por uma biqueira de metal enferrujado .... como Dida pode tirar o caderno , devolvendo-o depois à mala , sem que a poeria de dez anos ficasse sequer marcada na tampa ? Como ?? Bradava Pedro consigo mesmo ....
Ele queria muito que daqui para frente isto se reduzisse a uma questão menor em sua vida ... só que - apesar disto - o horror voltava sempre à sua cabeça de cientista das letras ; .... como aquilo poderia agora ter-se tornado aquele monstro dentro da sua cabeça ?
Mas , se o pó acumulado chegasse a ser além de alguma evidência , uma certeza de que nem mesmo o baiano cometera o furto , aí tudo poderia enveredar para possibilidades ainda mais sombrias do que a alternativa Dida .
Tanto pensou ,ora silencioso , ora aos gritos , que acabou por dormir . No sonho parece que chegou a um acordo consigo mesmo .... fora Dida quem levou o caderno de poesias para Chico . E ponto final .
Na manhã seguinte outras fontes de preocupações começaram a diminuir . Não é que o Paulo , sim o Paulo , o irmão da Julietinha , amigo que tanto estimara viera-lhe visitar como nunca antes fizera , preocupado com suas aperturas . Pegou-lhe do ante-braço , como fazem os daquelas paragens .... "Pedro , te abre ... o que está acontecendo contigo , vivente .....? Me disseram que tu fostes despejado da casa que alugavas .... diz Pedro ... o que estás precisando ....? "
Pedro confirmou que estava necessitado , mas não sem antes reafirmar a velha amizade dos dois , só interrompida pela indiferença do amigo.
" Paulo , como tu bem sabes , agora as rádios roubam mais e mais anúncios do Correio ... por isto , o Ernesto não tem culpa por vir diminuindo o meu salário ..... é que os anúncios são cada vez menos .... e foi por isto que eu fui me apertando cada vez mais e mais ... "
"Bom , mas quanto tu estás necessitando agora ... ? "
"Não fiz as contas , mas com uns cento e cinquenta contos acho que daria para eu pagar , botar os atrasados em dia , dar uma caução numas peças , me mudar para lá , comprar alguma roupa que o inverno está aí , tocar o barco ...."
"Mas será que com cento e vinte , ainda que apertando um pouquinho mais , tu não botas a vida nos trilhos ..?"
"Bom , eu acho que com isto eu poderia pelo menos comprar o mais essencial , e ir levando .... "
Paulo puxou uma bolada de notas do bolso , virou as costas para o amigo ao mesmo tempo que separava 120 contos entregando-os a Pedro. " - Te cuida tchê e fica tranquilo que isto é para ti e dado de coração . Ninguém , além de nós dois , deve ficar sabendo . " Pedro abriu-se e deu um abraço apertado .... " Paulo , mais , muito mais do que este dinheiro com que tu me socorres , o que me mais me alegra é ter você de volta , reviver a nossa amizade em toda a sua intensidade ... "
Deram as costas indo cada um para o seu lado .
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Julietinha e o oficial do vapor - 13
Paulo Gomes , o irmão , era pessoa forjada na dureza de muitos acasos e adversidades . Pituca , seu pai , trocou quase que totalmente a criação de ovelhas pelo gado . Tudo porque logo depois da guerra a invenção e vulgarização de fibras sintéticas , o nylon , arrasaram com o preço da lã . Agora , ovelha para tosquiar era pouca . Quase nada . O forte mesmo era a produção de gado de corte . Mesmo antes de comprar as terras da fazenda Curunilha , os pais de Pituca já tinham uma charqueada na Hulha, que agora definhava . Tudo porque a conservação da carne com sal , que vinha de 1860 , quase que chegara ao fim de seu ciclo . Atualmente , a carne agora poderia ser vendida enlatada com o nome de corned beef ; ou , no idioma local : presuntada . Grande parte dela , também , era frigorificada seguindo por estrada de ferro até o porto do Rio Grande e daí para os mais distantes lugares . A frigorificação ficou sendo possível por causa de uma usina elétrica movida a óleo de petróleo . Assim era a vida de Paulo , ainda quase um menino - mas já participante do dia a dia da propriedade . Forjava-se o caráter da criança , dentro dos limites que a vida pastoril permitiam . Quando fez dezoito anos Pituca mandou-o para a capital , matriculando-o num bem afamado colégio . Paulo nunca deu maior atenção aos estudos , variando entre aproveitamentos escolares medíocres e outros ainda piores do que esta classificação . Desentendeu-se logo com os familiares - um tio distante - que Pituca pediu para com eles morarem , e logo procurou um lugar totalmente diferente onde podia respirar - ainda que cedo demais - os ares da independência . Buscou com cuidado um lugar para morar , já demonstrando - desde aquela idade - que tinha algum conhecimento de negociação . A dona da casa , de nome Flora , Dona Flora , caiu na história do menino : " vim desde a fronteira estudar aqui na capital , posso adiantar uns dois meses de aluguel desde que a senhora me dê um bom desconto , meu pai me manda dinheiro todos os meses , vem pelo ônibus , a senhora pode ficar tranquila " . O quartinho era nos altos da casa numa rua mal afamada ; duas pessoas , em dois pequenos - mas independentes - cubículos dividindo um pequeno banheiro . O quarto do Paulo era o do lado do banheiro e surpreendeu-se com o bom estado de sua limpeza . Como o contrato fosse sem mobília , comprou ali por perto uma cama com colchão e um guarda roupa . Tudo sem gastar muito da boa mesada que Pituca mandava religiosamente. Já estava na segunda noite que dormia no quartinho e não aparecera o vizinho do quarto ao lado . A noite fechava-se a chave , mas na última ouviu por mais de uma vez alguém subindo e descendo a escada . Na verdade subiam duas pessoas , para depois descer uma só. Na manhã do terceiro dia , por acaso ou curiosidade , deixara entre-aberta a porta de seu quarto , que era no pequeníssimo - uns dois passos - corredor . Dava mais de dez horas da manhã quando ouviu os passos como pés quase saltitando. Vinha do vizinho a visão que o fez tremer muito , da cabeça aos pés : mas não era vizinho não , era sim uma vizinha , loira bem alta ; muito , muito jovem , cabelo meio cor de fogo , que passara para o banheiro vestida apenas de uma camisa de pijama bege, para voltar daí a poucos minutos . O menino rescém chegado da fronteira nunca tivera - nem de longe - uma visão como aquela e não sabia o que fazer . Se corria para o quarto dela ( mas ela poderia ser casada e só ter saído com o casaco do pijama por um descuido , eis que Paulo só estava ali há dois dias ) . O melhor , o mais sensato era fechar a porta , respirar bem fundo e dedicar-se de corpo e alma a única alternativa a qual poderia se entregar num momento daqueles .
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Julieitinha e o oficial do vapor - 12
Como em toda quarta-feira , Pedro chegou . Emagrecido pela vida que vinha levando , mesmo assim estava mais confiante do que nunca . A leitura do sub-título "Eunuco ou Hermafrodita ? " foi o suficiente para que confiasse totalmente que Julietinha tinha-lhe sido fiel , ainda que por caminhos tortuosos . Nem de longe Pedro duvidava que a sua cliente pudesse ter mesmo escapado das temidas garras do italiano.
Pedro , ainda que desconsiderasse que as aparências as vezes enganam , agora estava convencido que , apesar de existirem tantos jovens e belos e disponíveis italianos , franceses ou espanhóis .... apesar de estar evidente que Julietinha queria novas amizades ... ainda assim Pedro achava que o risco era somente Giancarlo . E , tendo como certo que Giancarlo gravitava entre ser eunuco , ou então hermafrodita , Pedro sentiu-se senhor da situação .
A fixação do jornalista pela grande proprietária de terras era conhecida por muitos . O obstáculo para que ele confessasse o misto de paixão e amor era a diferença do dinheiro que cada um tinha . Certa vez Pedro fez uma sondagem junto a Paulo para saber se ele - como chefe da casa , portanto detentor do poder familiar - aceitaria um marido pobre para a irmã . Um amigo comum jogou um verde ...
fez uma pergunta que parecesse meio sem sentido : e se a sua irmã quisesse casar com um pobre , você aceitaria ? Paulo não vacilou : só com separação de bens .
O filho de Pituca Gomes adotara um tradicionalismo de lá de trás , do século dezoito, quando começou a ser formado o pensamento dos fazendeiros . Dentre as questões fechadas estava a repulsa a caçadores de dotes , O que castrava Pedro era o risco de que o seu amor por Julietinha fosse tomado por interesse à grande fortuna dos dois Gomes , Paulo e Julietinha .
Julietinha era graduada em Ciências Humanas , com especialização em História . Escrevera uma interessante tese acadêmica sobre o chamado ciclo do charque que determinou conflitos , guerras mesmo , na região .
Julietinha , se não sabia em todos os detalhes , percebia a fixação que Pedro tinha por ela , mas sabia que Paulo desprezava todas as pessoas , ou mesmo famílias , que não conseguissem fazer fortuna . Não foram poucas as vezes que a morena excitou-se ao pensar em Pedro ao ponto de quase ir procurá-lo para deixar de lado qualquer limite .
E não foi apenas o físico de Pedro - que era o que mais perturbava Julietinha - mas a pessoa sensível que ele era num lugar em que os homens tinham como única alternativa a de impor-se pela dureza que a distância de tudo impunha à sobrevivência.
Foi quando ficou claro que a melhor saída seria a comum aos ricaços ; que , quando suas filhas não se contentavam com as alternativas naturais dos casamentos arranjados dentro do círculo de estancieiros , despachavam-nas para uma longa viagem pela Europa ; sendo certo , para eles , que diante de tantas alternativas novas voltaria curada da recaída quase sempre , de afeiçoar-se por proletários .
Com Julietinha a saída não resolveu o problema ; que não chegava a ser dela , mas sim , de Paulo .
Com o fracasso da tentativa européia , eles estavam de novo ali , sentados um a frente do outro , cada vez mais presos às teias tecidas pelos outros .
A energia elétrica da cidadezinha era instável naquela quarta-feira em que , por compromissos diurnos , Pedro veio à noite . Estavam sózinhos quando faltou a luz ; os dois levantaram-se ao mesmo tempo e se chocaram no escuro . Pedro , que tinha as mãos a frente como que tentando buscar alguma lamparina ou lampião ainda que não soubesse se , e onde, poderia encontrar tal socorro , na verdade encontrou o vestido , o corpo de Julietinha e foi impossível evitar que , primeiramente os dedos tateassem-na de forma cada vez mais intensa, até que se abraçaram como quem não pretende nunca mais se soltar . Foi Julietinha quem ficou na ponta dos pés para que sua boca colasse de forma absoluta na de Pedro com uma intensidade de quem quer recuperar uma joia rara perdida no mar .... mas a luz voltou repentinamente , e pior , por duas vias : Quita entrou na sala com um lampião a querosene na mão direita , ao mesmo tempo que a energia elétrica voltara , iluminando a sala como se o sol nascesse as nove horas da noite . A mesma força que unira os dois na escuridão , repelia um corpo do outro parecendo que nenhum dos dois admitia que a sociedade soubesse não só que se amavam , mas , principalmente , que já era sabido que não poderiam jamais se aproximar .
Pedro virou o corpo para a janela , olhando a esmo e Julietinha disfarçou mostrando à Quita que , na verdade estaria sentada sozinha no sofá esperando que a luz voltasse .
Pedro saiu , dando por terminada a sessão daquele dia e , sem perceber , deixou cair algo com certa aparência de recentemente escrito : O que não conseguem os costumes sociais ! Apenas uma teia de aranha estendida sobre o vulcão , mas ele se contém .
Pedro , ainda que desconsiderasse que as aparências as vezes enganam , agora estava convencido que , apesar de existirem tantos jovens e belos e disponíveis italianos , franceses ou espanhóis .... apesar de estar evidente que Julietinha queria novas amizades ... ainda assim Pedro achava que o risco era somente Giancarlo . E , tendo como certo que Giancarlo gravitava entre ser eunuco , ou então hermafrodita , Pedro sentiu-se senhor da situação .
A fixação do jornalista pela grande proprietária de terras era conhecida por muitos . O obstáculo para que ele confessasse o misto de paixão e amor era a diferença do dinheiro que cada um tinha . Certa vez Pedro fez uma sondagem junto a Paulo para saber se ele - como chefe da casa , portanto detentor do poder familiar - aceitaria um marido pobre para a irmã . Um amigo comum jogou um verde ...
fez uma pergunta que parecesse meio sem sentido : e se a sua irmã quisesse casar com um pobre , você aceitaria ? Paulo não vacilou : só com separação de bens .
O filho de Pituca Gomes adotara um tradicionalismo de lá de trás , do século dezoito, quando começou a ser formado o pensamento dos fazendeiros . Dentre as questões fechadas estava a repulsa a caçadores de dotes , O que castrava Pedro era o risco de que o seu amor por Julietinha fosse tomado por interesse à grande fortuna dos dois Gomes , Paulo e Julietinha .
Julietinha era graduada em Ciências Humanas , com especialização em História . Escrevera uma interessante tese acadêmica sobre o chamado ciclo do charque que determinou conflitos , guerras mesmo , na região .
Julietinha , se não sabia em todos os detalhes , percebia a fixação que Pedro tinha por ela , mas sabia que Paulo desprezava todas as pessoas , ou mesmo famílias , que não conseguissem fazer fortuna . Não foram poucas as vezes que a morena excitou-se ao pensar em Pedro ao ponto de quase ir procurá-lo para deixar de lado qualquer limite .
E não foi apenas o físico de Pedro - que era o que mais perturbava Julietinha - mas a pessoa sensível que ele era num lugar em que os homens tinham como única alternativa a de impor-se pela dureza que a distância de tudo impunha à sobrevivência.
Foi quando ficou claro que a melhor saída seria a comum aos ricaços ; que , quando suas filhas não se contentavam com as alternativas naturais dos casamentos arranjados dentro do círculo de estancieiros , despachavam-nas para uma longa viagem pela Europa ; sendo certo , para eles , que diante de tantas alternativas novas voltaria curada da recaída quase sempre , de afeiçoar-se por proletários .
Com Julietinha a saída não resolveu o problema ; que não chegava a ser dela , mas sim , de Paulo .
Com o fracasso da tentativa européia , eles estavam de novo ali , sentados um a frente do outro , cada vez mais presos às teias tecidas pelos outros .
A energia elétrica da cidadezinha era instável naquela quarta-feira em que , por compromissos diurnos , Pedro veio à noite . Estavam sózinhos quando faltou a luz ; os dois levantaram-se ao mesmo tempo e se chocaram no escuro . Pedro , que tinha as mãos a frente como que tentando buscar alguma lamparina ou lampião ainda que não soubesse se , e onde, poderia encontrar tal socorro , na verdade encontrou o vestido , o corpo de Julietinha e foi impossível evitar que , primeiramente os dedos tateassem-na de forma cada vez mais intensa, até que se abraçaram como quem não pretende nunca mais se soltar . Foi Julietinha quem ficou na ponta dos pés para que sua boca colasse de forma absoluta na de Pedro com uma intensidade de quem quer recuperar uma joia rara perdida no mar .... mas a luz voltou repentinamente , e pior , por duas vias : Quita entrou na sala com um lampião a querosene na mão direita , ao mesmo tempo que a energia elétrica voltara , iluminando a sala como se o sol nascesse as nove horas da noite . A mesma força que unira os dois na escuridão , repelia um corpo do outro parecendo que nenhum dos dois admitia que a sociedade soubesse não só que se amavam , mas , principalmente , que já era sabido que não poderiam jamais se aproximar .
Pedro virou o corpo para a janela , olhando a esmo e Julietinha disfarçou mostrando à Quita que , na verdade estaria sentada sozinha no sofá esperando que a luz voltasse .
Pedro saiu , dando por terminada a sessão daquele dia e , sem perceber , deixou cair algo com certa aparência de recentemente escrito : O que não conseguem os costumes sociais ! Apenas uma teia de aranha estendida sobre o vulcão , mas ele se contém .
Marcadores:
amizades,
capítulo 12,
castrava,
ciências humanas,
disfarçou,
Emagrecido,
escuridão,
Eunuco ou Hermafrodita?,
fazendeiros,
italiano,
Julietinha,
marido,
paixão
Assinar:
Postagens (Atom)
Marcadores
abriram
acariciavam-se
acaso
Adhemar
África
ajoelhar-se
alcance
Alegrete.
alemão
alma
Almerinda
amizades
amor
anônima
antítese
apartamento
apresentação
Aramis
arataca
Argentina
argumentos
arranjado
asas
Athos
atracar
atrevimento
Austrália
autor
aviso
aziaga
balzaquiana
banco
bandido
Banho
barrigas-verdes
Becerra
Becerras
Bicicleta
bienvenidos
binóculo
biógrafo
blusa
Boca de Ouro
Boca do Monte
Bóldedalma
Boleto
bolso
borbotões
bordel
Brasília
Brown Cow Bank
bruxuleante
Bubi
cabaret
cabeça
cabelos
Caçapava
cachorro
cadeado
cadeia
calado
calça de baixo
cama
campeia
canalha
capa-e-espada
capa-pretas
capital
capítulo 1
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18 A
capítulo 18 B
capítulo 19
capítulo 2
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capítulo 24
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 47
capítulo 48
capítulo 49
capítulo 5
capítulo 50
capítulo 51
capítulo 52
capítulo 53
capítulo 54
capítulo 55
capítulo 55 R2
capítulo 56
capítulo 57
capítulo 58
capítulo 59
capítulo 6
capítulo 60
capítulo 62
capítulo 63
capítulo 64
capítulo 65
capítulo 66
capítulo 67
capítulo 68
capítulo 69
capítulo 70
capítulo 71
capítulo 72
capítulo 73
capítulo 74
capítulo 75
capítulo 76
capítulo 77
capítulo 78
capítulo 79
capítulo 80
capítulo 81
capítulo 82
capítulo 94
capítulo 95
capítulo 96
capítulo 97
carancho
Carlão
Carlos Gardel
Carmem
casamento
casariam-se
castrava
Caverá
cerveja
cervejaria
champanhe
Chatô
chefatura de polícia
cidadezinha
ciências humanas
classe
Claudia Cardinalle
Colcabamba
Com Chaveco
complacente
comportadamente
confidenciou
confraria
confusão
consumaria
Coração
corazón
corredor
Correio do Norte
crise.
Curunilha
cusco
D ´Artagnan
D´Artagnan
D´Orsay
datilografia
declama
dedicação
democraticamente
desculpa
desembarque
destino
determinar
detetive
Deus
devastação
diário de bordo
dinheirama
dinheiro
Dionísio
Dirceu
disfarçou
Dona Almerinda
Dona Flora
Dona Julietinha
Dona Marica
Dotô
Doutor
Elizabeth Taylor
Emagrecido
embolsar
empreitada
Encargo
enganando
enrodilharam
equívoco
Ernesto
ERP
esbaforida
escolha
escritos
escuridão
espalhar
esquerdo
estafermo
estância
estancieiro
este blog
estudos
Eunuco ou Hermafrodita?
Europa
evidente
F100
fazendeiros
fechadura
Federal
ficção
filosófico
fim
final B
fineza
fita
flores
fofocas
fortuna
Fortunas
frigorificação
fronteira
fronteiriço
furgão
futuro
galena
gaudério
Gauguin
gente
ghost writer
Gian
Giancarlo
Giancarlo Petrucci
gran- puta
grávida
gritando
Gualter
Guapos da Fronteira
guarda-chuva
Guilain
guri
herança
hipotesis
História
honra
horizonte
Hulha
imaginação
independentes
índio maula
intensamente
internacionales
interrupção
Ipanema
irmandade
italiano
J. Proudhon
Joaquim
jogos de Eros
Jorge Luis Borges
jornalista
José Amaral
Judas
Julietinha
junção
ladrão
Lagoa da música
lágrimas
Lampião
lembrar
Leonel
liberação
lições
Lisboa
literária
Livro
lógica
lolitas
Londres
Lotto
Lua de Mel
madrugada
madura
mafiosos
Maranhão
marido
Mastroiani
matador
Mecenas
Mediterrâneo
memórias
menino
Mercedes
mesa
Milczarek
missão
moça
moças
molestado
molhados
monastério
Mosqueteira
Mosqueteiro
mosqueteiros
mulher
mundo
naba
Namorada
namorado
navio
negócio
nosotros
novo-rico
novos mosqueteiros
NRBZ
nudez
O Cruzeiro
Oficial
oficial italiano
Old Parr
olvidastes
Oriental
Pá
pagos
paixão
palavra
Paniagua
Paraguai.
parente
Paris
pastor
patrimônio
Paulo
Paulo Becerra
pecuniárias
Pedro
pentear
pernambucano
perseguição
Pio XII
Pipoquinha
pistoleiro
Pituca
plagas
plata
platônica
Polaquinha
polaquinha.
portão
Porthos
Porto Alegre
português
Portunhol
povo assassino.
prazo
Prendoca
primeira
Professor Pery
promessa
propriedade
pulgas
Pulo Becerra
Punta del Leste
quadradinha
quebra-cabeças
quéra
Quita
raça
raros
rataca
Recife
relógio
remessas
Renguiá
República Oriental
reunião
Rio
Rio de Janeiro
Rio Grande
roleta
Roma
RPGS
Rússia
Salustiano
San Martin
Santa Maria
Sapiran
segredos
segurança
Sem Chaveco
Serra
sessões
Seu Salim
Severino
Sevilha
silêncio
Silvério
sonhar
Sul
Taquarembó
Tchê
te amo
tenente
teorias
tesouro
Thaiti
Toscana
traído
trampa
tranquila
transposto
travesseiro
Três Mosqueteiros
única
urdida
urso-panda
Uruguay
Valéria
Vaticano
Velho Testamento
verdade
vereador
viagem
Vigo
Vinícius de Morais
Vinicius Gullar
Violão
Vira-Latas
vitória
Zé Manél