Sweden

Perdõem-me a exclusividade quase epistolar , mas este e.mail vai para o meu mais novo leitor : um Sueco.

Além de dizer-lhe que sinto-me muito honrado de  ter mais um Perseguidor ; agora lá na parte mais alta do globo terrestre ; além disto ,  lembro ao Amigo que tenho uma interessante história - tecida aqui nestes blogges (  lembro que meus blogues são :  Sem Chaveco        Sem Chaveco 2        Com Chaveco         e     Com Chaveco  2  ) "vivida" na Suécia .

Não me pergunte sobre os motivos de tanto "chaveco "  . Nem eu próprio sei o exato motivo  da repetição .

Bom , mas o que eu queria enfatizar  ao meu mais novo leitor é que eu escrevi  , desde este Páis Tropical Abençoado pelo Senhor , uma história com locações (feitas pelo Google Earth e Google Map  ) aí  na Suécia .  Realço , porém , que tais locações foram  enriquecidas pelo Carlos Queiroz , morador  de Oslo , Noruega .

Assim sendo  -  sugiro , convido-o  a conferir  , se não a minhas história  ( O Prêmio )  , pelo menos se as locações feitas de tão  distantes plagas, merecem - pelo menos elas -  um ou outro: "de acordo".

No Brasil o livro está disponível através da Livraria Cultura - de São Paulo ( que também funciona como distribuidora ) .

E , para quem está "al mare "  ,  O Prêmio está disponível  na  Amazon .

Qualquer dúvida , não exitem :  e.mails para  clepsidra8@gmail.com 

A familia penhorada agradece !

Pela ordem !

Coincidentemente , dois advogados foram - cada um com seu automóvel ,  ao mesmo motel.

O problema é que cada um deles estava  com a mulher do outro . Foi quando o que saía sugeriu , ao cruzarem-se  : " Data vênia para propor ao nobre colega que troquemos as  esposas " .

O segundo não aceitou a oferta , e por motivos óbvios : É que  se o  colega  saia , ele estava apenas entrando .  E seguiu para a suíte , com a costela do colega.

Uma Casa Portuguesa !

Prezados !

Um dos países  que mais curto é Portugal . Andar pelas ruas das cidades portuguesas é um prazer indescritível , que deveria ser uma Meca para  todos os brasileiros .   Nós deveríamos ir sempre à Lisboa . Porto , Braga , Guimarães ...

Um caso a parte é o humor dos portugueses . Certa vez eu estava passeando em frente ao Mosteiro dos Jerônimos  , onde estão os restos mortais  de Vasco do Gama e Luiz de Camões ,  patriarcas da nacionalidade , quando apareceu no céu um imenso avião pintado de vermelho absoluto ,  escoltado por dois caças bem menores.

E nós passeando naquela beleza de parque ...

Não demorou muito para aparecer na frente do Mosteiro uma ala de cavalarianos em uniforme de gala absoluta.  Mais um pouco , chegou  um enorme automóvel negro  e refulgente  ,  quase uma limusine , que  percorria  lentamente  o espaço de chegada ao  mosteiro  também cercado de cavalarianos que trotavam  igualmente paramentados à rigor  .

Deixei  o espaço em que estava com minha mulher ,  adiantei-me alguns passos para  perguntar  a um segurança sobre quem  estava  ali no Mosteiro .  A  resposta , apesar de óbvia , foi para mim desconcertante  :  " Luiz de Camões e Vasco da Gama ! "



PS :  depois eu soube que o visitante era o todo poderoso Primeiro Ministro da  China

Hardwerzinho .

Prezados !

Leio na "Folha de São Paulo " :   "A Audi admitiu hoje que equipou 2,1 milhão de automóveis com o software de sua matriz VW ... "

Data venia , mas , pelo que ouvi dizerem , além do tal software  , tinha também um hardwerzinho  da Bosch na parada .

No Monastério de Bodedalma - 39 .

Mal o sol nascera e Bodedalma já lançara uma chamada geral pela telefonia encanada .

Telefonia encanada era um sistema de tubulações do mais puro cobre que ligavam todas as celas do Mosteiro de Bodedalma.  Os tubos eram de cobre chileno , pelo menos é isto o que afirmava  Bodão . Mas Manduca desconfiava que o metal poderia ser peruano . Enfim ,  era do mais puro cobre porque  Sua Bodência afirmava que assim sendo  as palavras ecoavam melhor  , eram mais bem transportadas através das paredes , chegando intactas aos ouvidos dos receptores.  Dada a chamada geral  ( que se originava num sino balançado desde a cela do irmão que pretendia comunicar-se com os demais )  , dentro de pouco tempo - não mais do que dez minutos -  os outros monges já estavam a postos no Grande Salão Central .

Bodedalma começou :  "Resolvi  adaptar a minha proposição ao que já ouvi de vocês.  E conclui que  é  realmente importante separar  os dois lados : saber-se  , afinal , onde preponderam os crentes ; e , por consequência , onde  prevalecem os ateus .  E nisto  o método  de Manduca é insuperável .
O meu plano é interferir  no estoque  mundial  de moedas . De que forma ?
A resposta é por demais singela :  os crentes  sempre estarão condicionados  a exigirem que as dívidas sejam pagas até o seu último cent . Tudo porque  os que   acreditam na vida eterna ,  crêm  também nas consequências morais de  tal profissão de fé .

Quanto aos ateus ... é óbvio que eles sempre  optarão por um endividamento  tendendo a irresponsabilidade , eis que  - pelo menos era o que Bodedalma pensava -  se  a divindade não existisse - como previra Schopenhauer -  tudo  seria válido, inclusive o derradeiro  e definitivo calote."

Por um momento  Mondongo  chegou a duvidar da fé  de  Bodedalma , ao  perceber que , mesmo  com as limitações  possíveis à fé monástica ,  o Monge Noviço ( Mondongo, é claro ) captava os  eflúvios ectoplasmáticos  vindos do Bodão  que  faziam-no concluir  que  Bodedalma  partiria agora para resolver um novo e definitivo mistério .  Finalizou seu pensar  concluindo que  acima de tudo  Sua Bodência  estava se afundando  em  uma areia movediça  que , sinceramente ,  Mondongo duvidava que  ele pudesse  livrar-se .  " Dignas  de um  Robert Fischer ...  de um Gary Kasparov. "  Concluiu para si .


Não percam os próximos  capítulos .      

No Mosteiro de Bodedalma - 38 .

Foi Manduca quem teve a palavra .

" Bom ,  Criatura Transcendental deste conturbado  planeta ,  data venia mas agora cabe à Vossa Bodência  mostrar o seu plano para atravessarmos este vale de lágrimas em forma de tempestade mais-que-perfeita . "

Bodedalma não se fez de rogado :

"Confesso que estou surpreso com a qualidade das  ideias apresentadas até agora .   Mesmo sendo devedor da minha proposta ,  penso que devemos deixá-la para depois de sabermos mais pormenores das propostas de cada um de vocês

Sobre a  tese de Manduca eu pergunto :   " Tudo bem ,  dileto monge ,  teríamos então  -  pela sua fórmula -  uma contagem de quem no planeta  crê ,  quem acredita em algo superior ,  quem é temente  a  um poder maior ; daqueles que  por convicção adotaram  em suas vidas  o mais amplo e total materialismo  .  Tudo bem , seria uma bela descoberta .  mas eu ainda não  percebi  qual a vantagem posicional e fungível  que tal descoberta traria na vida do nosso  imponente Monastério .  No que ela nos ajudaria a enfrentar  esta  crise geral . "

Manduca emocionou-se ...  " Elementar  Iluminado  Ser , elementar ... "

"Elementar  é  o cú da mãe ,  Manduca !  Quer dizer que você está dizendo que eu não consigo mais perceber fenômenos elementares .... ? "

" Longe de mim afirmar tal heresia ,  Sol do Itatiaia . Se o disse foi por mero ato falho .  Tudo porque , de tanto elaborar tais  reflexões ,  eu já as tenho  totalmente resolvidas , plenamente descobertas ... "

" Tudo bem , tudo bem ... então  fala logo  ! "

1. Manduca olhou novamente para os lados ,  preocupado  para , segundo ele , o ponto cardeal de onde  pudessem  chegar os drones , e de novo instou os companheiros para escuta ao pé-do-ouvido . 

De novo os outros monges começaram com uma cara preocupada e foram desanuviando o semblante  até  que suas feições ficassem inteiramente eufóricas; certamente  pelo brilho daquilo que ouviram . "

Foi quando Mondongo  aparteou :  " Sugiro que esta ideia de Manduca seja batizada de  Plano-Pleno , tal é o retorno econômico  que ela pode nos oferecer  . Sim ,  o quem-é-quem  religioso proposto por Manduca  será um divisor de águas econômico .  Mas resta para mim uma dúvida cruel : seríamos nós originais  na aplicação de tais , digamos ,  descobertas ; ou alguém no planeta já as conhece ;  já  tira proveito delas ? "

Sendo a geração de energia do Monastério originada  em métodos seculares  de obtenção - no caso ,  pela queima de óleo de baleia  -  o  timer mecânico construído na Inglaterra  em  1845  fez apagar  automaticamente  a réstia de luz que  vinha da lamparina,  única fonte de luz  acesa em tal reunião .  Os monges entoaram um cântico gregoriano  e  com o semblante contemplativo- mor  dirigiram-se às suas celas .          

No Monastério de Bodedalma - 37

Bodedalma  era uma pessoa de estatura alta .  Era corpulento , gordo , com uma grande e proeminente barriga.  Quando usava calças, e não o  hábito de monge , o cinto fazia um arco embaixo do barrigão .  Na face pairava quase sempre um quase sorriso , sempre sarcástico ... quase ofensivo , que mostrava  - bem na frente - um dente de ouro . Assim como os ciganos , para ele  o dente servia somente para melhorar a estética facial .  Só que o resultado era o contrário : o dente de ouro contribuía para que a face do Bodão restasse  ainda mais assustadora do que sem  ele .

E foi o próprio Bodedálma  quem abriu a assembléia :

" Senhores Monges , declaro aberta esta sessão !   Confirmo que já dispomos da  proposta do Irmão Manduca .  Agora eu quero ouvir  o  não  menos ilustre , Irmão Mondongo . "

" Bom ,  o  que eu tenho a dizer é  bem mais simples ,   bem menos complexo do que propôs  Manduca ... "

Bodedalma interrompeu : " Mondongo ,  será que você não notou que hoje eu estou com a minha veia formalista  aberta ... e você entra assim , direto no assunto ,  sem salamaleque algum ...  ? "

" Desculpe-me Excelsa Figura ,  mil perdões pela minha falta de compostura  monástica .  E logo eu , que já fui o pivô de tantas diatribes desnecessárias entre nós ... prometo  emendar-me  , guardando  o devido respeito que o ambiente exige ...    bom , o meu plano é simples , e  posso garantir que temos sob nossos rochedos as reservas de hardware   e software para implementá-lo   prontamente ...  "

Mondongo olhou em volta para ver se , ainda que rapidamente ,  percebia algo que pudesse copiar  a sua ideia ... algo como o drone  mencionado por  Manduca .

Nada vendo entrou de sola  :

"Meu plano é simples :  cada vez que alguém vier a ligar um organizador eletrônico no planeta  teríamos  a resposta  sobre os papéis verdes contidos na  casa  onde estava o organizador ... "

"Papéis verdes ?   Como assim ? "  Perguntou  o Bodão .

" Bom , os papéis retangulares de coloração quase que totalmente verde e que servem de reserva de valor para a   maior parcela de pessoas neste planeta azul ,   Inefável Figura. "

" Estou entendendo ... teríamos ,  em pouco tempo ,  o total pecuniário de retângulos verdes  em todo Planeta Azul ... "    Assertiu  Bodão .  " E o que faríamos com tal  dado ,  com tal informação ... "

Mondongo não se conteve e soltou um quase imperceptível sorriso de soslaio ... ,  O resultado de tal insolência  deu num  esbravejar de Bodedalma , daqueles como de há muito não se escutava por ali .

" Não  , eu não pretendi  ironizar  Vossa Queilência Máxima ;  de maneira alguma . Mas se ,  mesmo que não intencionalmente o fiz , peço bilhões de perdões , oh !  Bodão ,  Primeiro e Único ! "

" Primeiro e único é o cú da mãe ,  Mondongo .   Primeiro e Único é  coisa de Carnaval  de Rei Momo ,  seu  mequetrefe  insolente !"

" Menos  , Majestática Figura , menos ... "   Respondeu  Mondongo .

Bodedalma  foi se acalmando , e  concluiu : " Bom ... e para que nos serviria saber quantos  retângulos  quase totalmente pintados de verde existem em nosso planeta ? "

E Mondongo : " Abro um parêntesis para informar , Excelsa Figura ,  que  dispomos   dos  meios  eletrônicos não só para saber quantos seriam os retângulos verdes ; mas , também ,  reconhecermos de  qual  valorização  seria cada um deles ; o que nos permitiria chegar muito mais além :  conhecermos  quanto ,  qual  o teraquantum  que  restava acumulado em  retângulos quase totalmente verdes como reserva de valor neste Planeta Azul . "

" Hummm !  Nada mal ... "  Respondeu  Bodedalma .   " Só que , apesar de muito - muito mesmo - criativo ...  ainda não consegui deduzir qual seria a aplicação prática  deste "sabermos qual o montante dos retângulos verdes espalhados a título de reserva de valor neste planeta azul da cor do céu ;   de brigadeiro , é claro . "

Mondongo  olhou em volta, fez com os braços  um sinal inequívoco de que iria falar-lhes ao ouvido , cochichar mesmo  e  , num triplo tete-a-tete ,  disparou seu segredo :

As faces dos outros foram se desanuviando , para logo a seguir , alegrarem-se   com a  utilidade que Mondongo  previu para quando soubessem tudo sobre a mais precisa valorização , contagem ... de quantos eram os retângulos verdes , guardados como reserva de valor   pela humanidade terrestre.
Multiplicadas , é claro , pelo seu valor de face .

Itaú , um chaveco bancário .

Prezados doze  de fiéis  Perseguidores !

Vejo a manchete :  "Lucro do Banco Itaú  sobe 22,6 %  no ano" .

Como comprovei nos meus bloggs anteriores ,  a estratégia do Itaú de transferir  custos  que anteriormente eram seus  ( um deles é não autenticar os recibos no próprio papel trazido pelo cliente , o outro - dentre muitos - é  obstaculizar que o cliente use os serviços que , pela norma do banco central têm que ser gratuitos  -  ou melhor , já  estão pagos pela tarifa mensal ) ; mas existem muitos outros pontos em que o Itaú - através da  atitude  omissa de seus funcionários ( certamente orientados para tal "estratégia" )  silenciam ante as possibilidades de o cliente pagar em duplicidade determinados serviços bancários .

Sem tais espertezas ,  sem tais estratégias , sem tais omissões seria ( numa crise como a que estamos vivendo ) impossível a um banco - qualquer banco -  aumentar sua lucratividade em 22, 6 % .

Yes , we have bananas !

Prezados Leitores .

Informo que o País se encontra numa encruzilhada :  ou  aproveitamos para dar uma lição inesquecível  a turma que age a sombra do poder que o Estado lhe empresta  ( inclui-se aí os peixes maiores que permanecem intocados )  ou seremos para sempre esta república de bananas ( nanicas )

No Monasterio de Bodedalma - 36

No dia seguinte os três monges voltaram a se encontrar no  mesmo salão do monastério .

Foi  Bodedalma quem abriu a seção :

" Apesar de que por direito eu poderia convocar Manduca para que esclarecesse imediatamente o que ele disse ontem, resolvi  democraticamente , o que de per si já constitui uma exceção enorme , por esperar até hoje para ouvir dele uma explicação sobre qual a importância, para a presente crise ,  de se dividir a humanidade em  dois grupos : os crentes e os incrédulos .  E eu que jamais havia pensado em que algo gerado pela cabeça desse reles braçal pudesse um dia  gerar em mim algum tipo de curiosidade . Ansiedade mesmo .  Vamos lá ,  subserviência deambulante ;  diga qual seria a relação vista por você entre crença e economicidade atual ... "

" Bom ,  Luz Suprema deste Planeta Delirante ,  informo que bem que eu poderia proclamar a minha tese em alto e bom som , porém ... "  exprimiu-se Manduca .

" É sem talvez e sem porém seu Manduca !  ... fala logo porque nestas paragens só a mim cabe guardar algum segredo ... fala Manduca  ! .... "

" É que ..." 

Neste momento o Bodão deu um soco na mesa : " Fala Manduca !! "

" Os drones ... meus cuidados ,  meus receios recaem-se sobre os drones . "

"E o que têm os drones a ver com tuas especulações , Manduca ? ! "

" Ontem ; sim foi ontem que eu vi um deles pairando tal qual um beija-flor na ventana de minha cela ... ? "

" O que - e - ê ?   Os drones já nos descobriram ? "  disse  o Bodão quase gritando .

Foi Mondongo quem se  atravessou  no diálogo :  " Eu também vi alguma coisa estranha na minha janela ... fazia um zumbido quase metálico ,  quando saltei do catre para mirá-lo ele afastou-se em alta velocidade . "

Era o drone !  Certamente era o drone que nos buraqueia desde há muitos dias , Divindade da Mantiqueira ! "  Exclamou Manduca.

" Bom , se é assim ;  o que tu sugeres , picumã  melífluo ? "

Com as mãos , e os braços se fechando  ,  Manduca chamou os dois irmãos de hábito para bem perto de sua boca e começou a pormenorizar o que denominou de  "plano de contagem separacional dos crentes em relação aos ateus. "

A medida que Manduca ia falando ,  explicando aos ouvidos de seus companheiros , ambos  mostravam em suas feições um ar de alegria , como se a cada segundo aprovassem mais a ideia de Manduca  que lhes tiraria do miserê trazido pela grande crise .

O Monastério de Bodedalma - 35

Ainda noite aberta as luzes das celas de Mondongo e Manduca se acenderam . Não queriam atrasar-se  naquela que seria a reunião mais importante para o futuro do Monastério .

Vestiram os seus hábitos , tomaram o frugal desjejum de sempre e encaminharam-se para o Grande Salão . Pouco depois , já não mais de capa preta esvoaçante , mas de calças jeans carcomidas pelo tempo , entrou Sua Sapiência ,  o Bodão , ou melhor , Bodedalma em carne e osso .  Muito mais carne do que ossos porque  a sereníssima pessoa era ultra obesa .

Bodedalma apontou para Manduca , dando a ordem gestual para que ele fosse o primeiro a transmitir sua sugestão  para a nova campanha de pesquisas do Monastério .

"Para ser breve , concluí que deveríamos nos voltar para o sagrado.  Sim , deveríamos fazer um levantamento , uma contagem mundial sobre quem sejam os  crentes neste planeta ; enfim , quem de fato crê , e - do outro lado -   que , por consequência ,  o número dos ateus ,  dos agnósticos ,  ... "

Bodedalma e Mondongo foram acometidos do silêncio dos surpresos , até que Mondongo recobrou os  sentidos de ambos: " Manduca ,  não vejo como uma contagem que separe  quem creia ,  dos incréus,  poderia nos diferenciar nesta crise interminável ... "

Bodedalma aparteou : " Não seja tão apressado , Mondongo ... sinto que neste feijão tem linguiça ... vá em frente cupim de excrementos dos  vermes ... "

E Manduca : " Para mim é claro .  A batalha final , o Armagedon  - também na economia e nos negócios - será  entre  quem acredita em algo maior ,  versus  quem afirma que  somos  fruto de um mero  acaso físico/químico ...

"Continuo sem perceber as consequências  econômicas de tal hipotético conflito ... "  aparteou Mondongo.

Bodedalma não se conteve : " Cala a boca , reles bastardo . Pela primeira vez, em dezenas de anos de convivência , percebo que Manduca pensa ; que ele pode   existir  para o mundo do intelecto , ...   Fala , conclui ; desembucha  Manduca ! ... onde você quer chegar com esta  parolagem toda ? "

Neste momento soou  o sino que badala quando alguém lá embaixo chega ao granito que sustenta o Monastério , e em horário diverso do entregador de víveres.  Como o acontecimento era de uma raridade quase única , a adrenalina dos três monges disparou .  Mecanicamente  Manduca levantou-se e dirigiu-se até a atalaia da qual tudo abaixo era visto .

Obviamente que a resposta de Manduca sobre a possível utilidade econômica de separar-se  quem acreditava ,  dos ateus em geral , ficara para outra oportunidade . Para depois de que se soubesse a que vinha o forasteiro que o sino badalara.  

No Monastério de Bodedalma - 34

Bodedalma foi franco .

"Se vocês melhorarem muito as suas idéias elas estarão prontas para ir para o lixo .  Controle de cliques não consiste novidade .  Todo mundo já  faz isto .  Quanto a controlar os saldos das contas bancárias , qualquer banquinho de quinta categoria faz isto todos os dias através de seus funcionários , seus gerentes . O que me deixa mais pasmo é a falta de criatividade a que chegamos . Nada de realmente novo ocorre em nossas cabeças . "

" Possivelmente seja um caso de senilidade precoce coletiva ,  Eminência Suprema . "

"Talvez ...   temos  oxigenar  o nosso Monastério .   Sendo assim está aberta , para nós três , Eu , Mondongo e Manduca , um concurso para que se descubra a ideia que nos fará atravessar este momento de crise,  até que ela passe , se é que um dia vai passar.  Não podemos esquecer que existem epidemias que não passam jamais . Sugiro que cada um de nós reflita o quanto for necessário para chegar a gerar uma ideia nova . Instituo desde já  o prêmio da ideia vencedora ,  a que nos fará transpor a crise sem  mais sofrimentos .  Amanhã , ao nascer do sol , nos reuniremos aqui mesmo para que cada um  ponha  a sua tese na mesa . "

Bodedalma levantou-se do trono e andou resolutamente para a grande porta celestial .  Sua capa preta , com bordados dourados esvoaçou com os movimentos firmes da deidade das mantiqueiras , tal como esvoaçam as capas pretas dos Maiorais do Supremo ,  do Grande Acaiaca.

No Monastério de Bodedalma - 33.

Com sua voz de baixo de coral alemão Bodedalma instiga Manduca,

" - E você , verme dos vermes pensantes ; não lhe ocorre ideia alguma ?  Será que nossa cinquentenária convivência nada gerou em teu cérebro quase desprovido de neurônios ? "

Manduca sem exitar :

" Sim ,  Excelsa Figura  ,  seria  totalmente impossível que a convivência com um ser tão brilhante quanto Vossa Deidade Primeira e Única não ocasionasse em meu espírito consequência alguma ... sim eu tenho uma sugestão a fazer ... "

"Desembucha ... "  respondeu  Bodedalma .

" Contrariando o que sugere Mondongo ,  eu acho que deveríamos voltar nossas baterias para uma apuração ainda mais acurada ,  ainda mais refinada , ainda mais específica ... "

" Chega de rapapés ,  Manduca ...  vai  logo ao ponto ou eu vou fazer a tua desova  com o Dalmata Mor de minha matilha  ...  e agora mesmo ! "

" Mil perdões , oh inefável figura ...  eu sugiro  que , ao contrário da ampliação infinita do controle de cliques  proposta por Mondongo ,  eu sugiro que nos dediquemos  a aferição pente fíno  do quem é quem graneiro . "

" Quem é quem graneiro ?   O que queres dizer com este "quem é quem graneiro ? "

"Quem é quem graneiro  consiste numa aferição  em tempo real  do percurso  percorrido pela grana mundial . "

" Bom , a resposta me parece óbvia ... "   comentou o Bodão .   " ... mas qual a utilidade maior de tal aferição  em tempo real ? "

Manduca não se fez de rogado : " As utilidades são muitas ,   a principal delas é  a venda para a banca internacional , sempre em tempo real ,  de onde a cada momento a grana está . Em que mãos , em que bolsos . "

" E daí ,  e daí ? "   Insistiu  o Bodão .

" E daí  que  a banca  não perderia  tempo  em implorar  genericamente os capitais  ;  para que ,  genericamente como é feito hoje ,  os detentores de alguma grana ceda-lhes  o tutú a leite de pato , para que ela , a banca internacional ,  venda  o tutú  aos  enforcados com os altíssimos  spreads  de sempre ... "

 " Huummm  ... até que você não é tão burro quanto parece ,  operário Manduca . "

"  Se cheguei até aqui foi por mera osmose convivencial com Vossa  Iluminescência Total  . "


Não percam amanhã  mais um capítulo de " No Mosteiro de Bodedalma . "

No Monastério de Bodedalma - 32

Bodedalma convocou os demais habitantes de seu Castelo para uma reunião de crise :

" A coisa não está fácil !   Tá de cagar e sentar em cima !   O cancelamento de serviços  de  clientes tidos como perpétuos  é cada vez maior .  Vamos então ao  óbvio : se  crise é mesmo perigo e oportunidade , onde estariam agora as oportunidades ?  Para qual dos nossos novos projetos temos que dedicar a atenção  maior  neste momento crucial  da sobrevivência desta civilização Acaiaca ? "

A resposta veio de Mondongo :  " O melhor projeto  é o dos cliques . "

Foi quando Manduca  entrou na conversa :  " O dos cliques ... ?    Mas a última contagem feita pela sapiência  Bodedalma I ,  o quartius da trindade , aponta para que uma diminuição do cliques já esteja em curso desde o começo  desta infinita crise ... "

 Bodedalma ,   que ronronava  atentamente , só fazia ouvir , foi  quando  Mondongo  voltou à carga .

" Nada pode ,  neste momento, ser  mais importante  do que um aprofundamento amplo,  geral e irrestrito do controle dos cliques .  Devemos  voltar nossas baterias dos contadores de última geração ,  entranhados que estão nestes maciços  da Mantiqueira ,  para a contagem  não só dos cliques  gugú. Mas ,   de todos os cliques ,  venham de onde vier ; tenham a  origem que tiverem ."

" Até os chings ? "   aduziu Manduca .

" Principalmente os chings . Você bem sabe que não é de hoje que traduzimos o ching-linguês  em tempo real . "

Bodedalma não se conteve : " Tudo bem ,  só nós - neste planeta - dispomos concomitantemente do  duro  e do mole  necessários  a tal  contagem  tendente ao infinito .  Mas o que eu não consigo identificar é qual seja   a utilidade ;  qual o benefício que  -  em meio a este quebra-cú geral  -  nós poderíamos colher de tal  onisciente controle de cliques ?



Não percam amanhã :  Se o  Monastério de Bodedalma vai mesmo produzir o  controle  universal de cliques .

A mesa de roxinho.

Roxinho .

Foram  duas as toneladas  de  objetos sem serventia que, praticamente ,  jogou no lixo .

Agora chegou o Pinheiro , o mesmo amigo que lhe vendera muitas das coisas sem serventia que tivera que desprezar  para - in extremis -  não ser abandonado pela mulher :  "   as tranqueiras ou eu "  foi o veredito .  Ainda que sem muita confiança , optou por ela.

Pinheiro jogou  o sarrafo de uns trinta centímetros na mesa e disse em tom desafiador : " O senhor conhece isso  ? "

O "isso" era  um pedaço de madeira de cor absolutamente roxa , certamente pintada de anilina ;  mesmo assim era de uma tonalidade incrivelmente  bonita .

" É um pedaço de madeira colorida por anilina roxa "  respondeu .

Não era .

" A madeira não é pintada , doutor .  A cor roxa é dela mesma ...  "

E em, tom quase ameaçador ?  " É natural dela mesma , doutor ! "

A resposta foi um choque.  Como poderia existir na natureza uma madeira naturalmente com aquela cor   maravilhosa ... ?

Pinheiro , um marceneiro de mão cheia , não era homem de mentiras. Comprara dele irresistíveis ofertas , quase sempre  mesas e estantes , mas também cálices torneados ,  colheres  de pau ,  alguidares ,  coisas  que ele sempre acabava comprando pela beleza da forma dada pelo Pinheiro às madeiras . O certo é que  comprava  mesmo sem saber bem qual utilidade que depois daria à peça.

Pouco a pouco foi recordando-se  que vira , mundo afora , belas peças de roxinho , todas com aquela cor única  .  Uma delas , achava , fora  no Palácio de Buckingan , certamente .   "Sim , aquela mesinha era de roxinho ... "

Pinheiro voltou à carga :  "  Doutor ,  eu era criança quando vi  o último  pedaço de roxinho . Para mim  é madeira que já não existe mais , nem no Brasil , nem em qualquer lugar do mundo .  Pois não é que eu desmontei a carroceria de um velho caminhão  e  ela era de roxinho doutor ! ? "

"E daí ?  "

" E daí  que eu fiz uma mesa de roxinho com dois metros de comprimento , por  um e vinte de largura ...  é a única que existe agora no mundo , posso garantir .  Coisa mais linda , doutor ! "

"Onde ela está ? "   Perguntou  já ansioso , quase trêmulo.

" Tá  na minha oficina . Acabei ela  há pouco tempo . "

Não resistiu ,   ficou  com a mesa de roxinho por mil reais . Uma pechincha .

Bongo , o planeta !

Prezados !

Quando percebi já estava lá . Em Bongo !  O planeta que gira em torno de Cutitampê ,  um dos sistemas cutitampares da Galáxia de Klincas .

Nunca é demais relembrar que o principal país de Bongo  tem o mesmo nome do planeta .  Bongo , o país , tem em Bonzília a sua capital federal .

Mal tinha chegado e já encontrei Funfla , o meu grande amigo .

Funfla  fez para mim a saudação com os dois dedos abertos  em V ,  o  indicador e o medio, da mão direita  .

Respondi da mesma forma : Os dedos em V  ,  acrescidos de um "Paz e Amor" ;

" -  Não é paz e amor , amigo terráqueo . É duzentinhos . "

" - Duzentinhos ?    Bailei ! "

" Sim ,  duzentinhos !   O Tio Lulú  ...   quem diria ... irmão de armas ... duzentinhos para  despesas pessoais "    Respondeu  Funfla .

"-  Tô por fora , Funfla .  por favor ,  seja claro . "

"- Por fora? Pois saiba que se o kara  pediu  cento e vinte bananas ... o Tio Lulú  mordeu duzentas  , cara ! "

"  Ninguém é de ferro , amigo terráqueo  ...  e  duzentas ..   duzentas é  uma insignificância nessa turma"

" Sei que duzentinhas  não é nada  ... Mas é poque por ele eu botava  a mão no fogo . "  Disse  Funfla já com uma lágrima furtiva a cair no rosto .

" Não fique assim ,  amigo .  O universo  é isso aí  .    "

" Mas o Lulú ?   O Lulú  não deixava grê - grê prá Gregório . "

Nos abraçamos  e  eu voltei para a Terra .

Ao fundo a despedida de sempre ... "bongonceirô ... bongonceiro ! "      para mim , já um hino daquele mundo .

From Bongo with love .

Prezados !

Alguém já disse que é mais fácil deixar  uma brasa viva na língua do que guardar um segredo .

Concordo !

Sendo assim ,  eu confesso :  a minha breve ausência teve um motivo conhecido : Bongo !

Sim , - como dizia Nelson Gonçalves ... eu voltei .  Voltei a Bongo , um dos planetas  que gira  em torno  da estrela Cutitampê , que por sua vez  está  na Galáxia  de Klinkas  ,  a ao menos um bilhão de anos luz da Terra .

Desta vez a força estranha - a onda -  abriu  a minha janela  e me arrastou  em segundos  até  , nada mais - nada menos ,   do que à casa  de meu amigo  Funfla .

Funfla  me esperava em seu quintal sentado  a beira de uma pequena fogueira ... fazia frio em Bongo ( relembro  que  Bongo , além de denominar  o planeta ,  consiste no nome de seu país  mais importante : Bongo ) .

Estendi  a mão fechada para Funfla  que  ,  da mesma forma bateu  na minha mão .

" E aí , Cara ?  Tudo bem ? "

Funfla respondeu :  " Amigo terráqueo ... a coisa tá mais para urubu do que para colibri "

Traduzo :  "  A coisa tá  ruça "

" Mas por que ...  tudo parece tão calmo ...  ? "

" O desemprego aumentou ,   a gasolina também ,  energia elétrica nem se fala ... mas o pior de tudo é  a  não verdadosa . "

" Não verdadosa ?   Funfla  ... você  sempre com seus mistérios ...  não verdadosa ... ?

" Sabe como é  ...  não fica  bem  dizer a palavra maldita ... sendo assim ,  a midia agora diz que ela é ... não verdadosa ... "

" Ela quem . amigo Funfla ? "

" Ora ... quem poderia ser  ela ...  a irmã de armas ...  "   respondeu  .

" Mas se ela é assim ...não verdadosa ...  porque  consentem  que ela continue  ...  ? "

" O que andam dizendo é que pesando , medindo e contando ,  só ela tem aquilo roxo ... "

"Deu prá mim Funfla ... chama a onda que eu vou me pirulitar  é já ... "

E não é que tinha um engarramento sideral e eu só voltei hoje ? !

Viagem ao infinito de Atacama.

Prezados fiéis perseguidores .

Amanhã , 29 de abril , estaremos embarcando para o Chile , o pais "vizinho" do Brasil com paisagens diferenciadas das nossas .  Os mais beneficiados com as minhas férias ?  Obviamente que  serão vocês .

Até a volta . Grande abraço a todos !

My book of the year ! , by José Amaral

Prezados Leitores !

Informo que recebi hoje os 500 exemplares da edição da nossa (sim foi um trabalho feito por nós todos aqui nas páginas do "Sem Chaveco"; e,  mais ainda , no Com Chaveco) obra de ficção  "O Prêmio".

Como falei acima, são somente 500 exemplares. Um best-seller de tão somente quinhentos livros devidamente numerados.

Para darmos continuidade em nossos projetos (o próximo será a Julietinha) precisamos de que este livro tenha uma resposta efetiva.

Eis a capa:

Contra capa:

Abrimos um e.mail  exclusivo  para as solicitações  de exemplares :

asagadeildefonso@gmail.com 

É claro que teremos muito prazer em dedicar os exemplares solicitados.  Mande seu nome!

O livro tem 155 páginas .   Preço : R$  39,90  +  frete.

Informaremos individualmente o preço do frete em resposta aos pedidos, eis  que o valor é variável.

Lembramos que frete de livro tem preço bastante reduzido.

Para os pedidos feitos no mês de abril - no lançamento , portanto -  será concedido um desconto de cerca de 20 %    :   R$  32,00  + frete.

Abraço a todos  do 

José Amaral 

Julietinha , de novo ?

Estimados Leitores .

Tenho agora a grande satisfação de anunciar que a minha historinha "O Premio "  é agora um bonito livro : livro em papel .

Já recebi as provas : portanto : habemus  livro !

No meio do caminho ( e querendo , como de fato quis , publicar algo em papel ) tive que decidir entre fazer o livro do "O Premio"  , ou  da "Julieitnha e o Oficial do Vapor" .

Com poucos recursos ( bancar um livro não é das  coisas mais baratas que alguém possa fazer na vida)  optei por "O Prêmio" , que tem menos páginas , sendo - portanto - bem mais  econômico.

Agora terei a oportunidade de  ver se é possível  manter a engrenagem de publicação de romances curtos. Primeiro um, com os resultados  deste , editar o segundo , depois o Bodão ( o  Bodedalma ).

Como sempre ... o futuro a Deus pertence.

Desculpo-me , agora ,  ante os  admiradores da Julietinha ,    cuja trama alguns anseiam que prossiga ( e vai prosseguir ) ,  Só que , como diz o provérbio chinês : " quem corre atrás de dois coelhos não pega nenhum . "

Grande abraço !

A Grande Jaca Nosso Guia .

No meio de uma floresta de jaqueiras , nasceu uma jaca ainda maior que as outras .

" E porque ela cresce tão rapidamente ?  Por que dá frutos tão grandes ? "

" É simples . Esta   jaqueira  é a jaqueira guia .  O grande ideal é que ela produza a jaca "nosso guia" .

"Assim , ela consiste um moto contínuo : quanto mais grande fica , mais é adubada . Quanto mais adubada , mais grande a jaca "nosso guia " fica ... "

Foi assim que os guiados para a jaca "Nosso Guia "  montaram uma guarda 24 horas . Ninguém poderia algo fazer  para a   "Nosso Guia" ,  a não ser adubá-la .

E todos festejavam a Nossa Guia :  " Oh  grande jaca !   Vida eterna para a nossa Grande Jaca Noosa Guia! "

E a jaca continuo crescendo , até o despertar  do  Maioral , que pensou : "Por mais adubo que na Grande Jaca ponham ... se eu não mandar água ... acho que nada feito ! "

Mesmo assim ,  os guardas da Grande Jaca  continuaram guardando-a , de sorte que   de agora em diate  a Grande Jaca só existia em função do esterco que os que a guardavam em seu pé depositavam .

Numa noite escura , sem lua , sentiu-se um grande fedor  a infestar toda terra .  Como a noite fosse mesmo muito escura , e não se podendo saber de onde o cheiro de excremento exalava tão intensamente ,  decidiu-se que somente se toleraria  o cheiro até a manhã seguinte. E mais uma ordem foi dada : Guardem a Grande Jaca do fedor  !  E a todo custo !

Às  primeiras luzes da manhã  observou-se que o que fedia o odor pútrido originava-se mesmo na Grande Jaca . Com falta d ´água , as excrescências  jogadas no seu pé , para que ela crescesse infinitamente ,  aflorara  na própria Grande Jaca .

Logo depois a  Grande Jaca caiu  , não porque alguém  a molestasse . Mas porque não suportou mais o peso das fezes que  abundavam  dentro dela .  Foi quando a Grande Jaca caiu .  Caiu  de merdura .

O Premio - 50 B

Não precisou olhar duas vezes para saber o que estava acontecendo . Lá embaixo , ao rés da rua , três homens conversavam discretamente . Brzil deu-se conta da ironia do zelador quando referiu-se  à volta  do filho pródigo . Não era preciso ter o QI do Einstein para saber  que agora a coisa se complicara . " Foi Robben , que , sentindo-se traído ,  entrou no circuito . "  Pensou .

Na verdade , para Brzil aquilo tudo não chegava a ser ruim .  " Não , não é nada mal que Robben continue pensando que a falta de Nobel continuava sendo um grande desgosto para mim . "

Também era bom manter Robben ocupado com a sua deportação .  Assim , Brzil  estava seguro , eis que proporcionava - aos olhos do holandês - uma vingança  a altura do desprezo de Brzil ; que sabia que os homens que estavam lá fora era mesmo da Imigração .  Uma vez que não podiam ter adivinhado , só restava a alternativa de que eram paus mandados de Robben .

Pensando bem, o holandês não lhe estava fazendo mal algum por  provocar-lhe  a  expulsão . " Meu plano já deu certo , e se não fosse por Silvia , pelos meninos do IFK  e por Johan Svensson ,  nem   motivos para voltar  eu terei ...  menos , ainda ,  para voltar a viver à base de  Kebabs  e Big Macs . "

 Além disto , fora o próprio Humprhey Bogart quem dissera que sua saída da Suécia não seria uma verdadeira deportação ... "Minha saída será assim como uma lembrança , dada pelo dono do baile , de que determinada  pessoa  deve se retirar por falta de convite . Mas não porque tenha se comportado mal  na festa  . "

Voltou ao cérebro  que fora ele quem comprara , por 3.078 euros ,  a passagem de ida e volta .  Sim , era importante para ele saber que a Suécia não gastara uma coroa sequer  com sua estada .  Estava saindo pela porta da frente , eis que nada restaria anotado dos computadores suecos , a não ser a expiração de seu visto .

O avião faria uma escala em Heathrow  para troca de aeronaves .   Em pouco tempo estaria de volta  no Brasil .

Calmamente desceu ao térreo do Santa-Fé : uma pequeníssima ante-sala revestida de encardidos lambris de madeira ,  com uma pequena mesa à esquerda ;  No lado direito uma escada também de madeira enrolava-se até o quinto e último andar .

Não precisou expor-se muito ; em três minutos os agora quatro policiais - Humphrey Bogart juntara-se ao três -  se aproximaram e , ainda que não fosse preciso , perguntaram: " O senhor é Ildefonso de Alencar ? "  Brzil respondeu , por um meneio de cabeça ,  que sim  ,

" Por favor , responda oralmente : O senhor é Ildefonso de Alencar ?   "

"Sim , eu sou Ildefonso de Alencar . "

O mais alto deles , que não era Bogart , tirou o mandado de busca e apreensão do bolso do casaco , mostrando-o  à Brzil ; que logo percebeu dois pormenores : uma efígie do rei no canto esquerdo da folha , e  a redação do documento no idioma sueco .

" Assine aqui ! "

"Não sei se assino ... é que não sei ler em sueco ... "   Respondeu Ildefonso , ao mesmo tempo que pensava " Se eu quisesse me livrar deles , este seria o momento .  Mas isto só faria encompridar o sofrimento . "   E isto , era o que menos queria para aquele momento .

" Bom , mas o senhor está falando sueco ... "

" Falar muito deficientemente um idioma não quer dizer que eu saiba ler ... "

" Então precisamos de um tradutor ... é isto o que o senhor quer dizer ... estou certo ? "

"  Deixe isto para lá ... onde tenho que assinar ? "

"Nessa linha . Logo depois vamos conduzi-lo  até a Estação ... "

"Terei tempo para fazer a mala ? "

" O tempo que precisar .  Esperaremos aqui fora . "

Do quarto , ligou primeiro para Björn  B . " Doutor Björn , sinto estar ligando tão tarde  . É que nunca sabemos quando quando a hora chegará . E eu tenho que desculpar-me por , no princípio , ter pensado maldosamente sobre o amigo . É que eu , num momento de fraqueza , pensei que , por aquela história da taça Jules Rimet , o senhor estaria interferindo negativamente para que o meu país conquistasse um Premio Nobel , Foi um mal pensamento sobre o senhor e  minha religião diz que também podemos pecar tão somente  por pensamentos . Amigo Björn , para onde eu for não quero levar comigo a culpa de ter-lhe mal interpretado . Peço-lhe o perdão , Björn B ! "

" Brzil , não estou entendendo nada do que você está falando .  Sugiro que durma uma boa noite de sono tranquilo  . Amanhã conversaremos .  Mesmo assim , você está perdoado sobre o que  tenha pensado sobre mim . Sempre esteve . Boa noite .  "

Ildefonso arrumava a mochila ao mesmo tempo que ligava para despedir-se de Johan .

"Sven , Svensson ? "

" Brzil , onde você está ? "

" Já cheguei , estou no Santa- Fé .  Mas o motivo da minha ligação é para dizer que vou fazer uma nova viagem  daqui há pouco ; tudo por causa do que aconteceu em Oslo . "

"Podemos nos ver amanhã ? "

"Pode ser que sim . "

" Estou estranhando a sua forma de falar . Fique no Santa-Fé que eu passarei amanhã bem cedo. "

Pelo adiantado da hora , Ildefonso - obviamente não pode despedir-se de Silvia .  


  

No Monastério de Bodedalma - 31 .

Mondongo  também recuperou-se  fisicamente , mas não sabia o que  tinha acontecido  com Bodedalma .

O Bodão - prestes a receber alta - recebeu em reunião os maiorais dos esteites .   Queriam que ele voltasse o seu arsenal para  o  país  do meio .   Bodedalma  sabia  que , como o Messi , já  não estava mais com aquela bola toda .  Se era assim ... como  assumir novas responsas ?  Como ?

Acionou  seu  telesmart  para saber o que era feito de Mondongo .

" E não é que o filho da puta sobreviveu ? "

Sim , tava na hora de dividir responsabilidades ,  tarefas ,   objetivos  e  metas .   Por que  não convidar  Mondongo para assumir   as funções de Quase- Bodência-  ?   Inefável ele não seria , porque  ser Inefável não é para qulquer um .... assim ... sem mais nem menos  ... sem sequer ter suportado o braço esticado em Katmandú  até que pelo menos três ovos  de águia nepalesa  como ele  o Bodedalma   - a Bodência Suprema ,  suportara , por meses - quase um ano - :  Foi quando o Bodão manteve a mão  esquerda  aberta , quase como uma Liberdade  himalaica ,  até que os filhotes de águias quebrassem as cascas dos ovos ... e , por fim ,  alçassem voo  para  a Cordilheira.

Sim , Mondongo bem poderia alcançar a Quase- Bodência ,  poderia sim ;  mas Inefável  ... inefável mesmo  só ele  e o  Dominus Plinio ...  

Foi assim que decidiu   :  logo  que chegar  convido   Mondongo  para ser  a  Quase-Bodência .