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domingo, 27 de julho de 2014

Capítulo - 50

Ao chegar à porta da agência bancária  nas Perdizes ; Ildefonso abriu a mochila para que o guarda constatasse que nada de metal trazia dentro dela .  Entrada permitida,  Ildefonso, com sua mochila ,  dirigiu-se até o  sofá próximo da mesa do gerente . Cinco minutos depois o gerente convidou-o a sentar-se na cadeira à sua frente . Ildefonso abriu um envelope , tirando dele um ticket , perguntando ao gerente se o crédito ali mencionado poderia ser pago naquela agência .

" O senhor poderia repetir o seu nome , por favor . "

" Sou Ildefonso de Alencar . Há tempos atrás os meus salários eram pagos aqui , nesta agência . Antes de voltar  da Europa  , depois de sete meses por lá  ,  fiz uma aposta na Lad Brokers , que é uma casa de apostas , de Londres . " 

" Quando chegou de Londres ,  senhor Alencar ? "

" Ontem , cheguei  ontem à noite em Guarulhos . "

Neste momento o gerente pediu licença e foi até um telefone há uns cinco  metros de onde estavam ; passando a falar e gesticular  . 

Voltou ;  dizendo à Ildefonso:  " Não estou entendendo; o que esta agência bancária pode ter a ver com sua aposta na Lad Brokers de Londres , cavalheiro ? 

" Nos meses que tive na Europa  percebi que por lá os computadores estão quase todos interligados . Sendo esta uma agência de um banco tão importante na Inglaterra ; e sendo fácil conferir  que minha pule é vencedora ; por um momento pensei que havia chance desta agência do HSBC , mediante comissão , pagasse o jogo que fiz na Inglaterra . "

Ao dizer isto , Ildefonso olhou para fora da agência e notou  que ali se formava um aglomerado de fotógrafos ,  pessoas com aparência de repórteres , jornalistas ... 

Foi quando o gerente levantou-se , foi à porta e , com um sinal de mão , orientou o guarda para eu mantivesse o grupo do lado de fora da agência . 

Só que quando voltou à mesa , ela já estava vazia de gentes . Ildefonso simplesmente desaparecera .

Tudo porque percebeu que , de alguma forma , os jornalistas souberam que ali , naquela agência bancária , estava ninguém menos do que o deportado de Estocolmo .

Foi para o banheiro , tirou o spray holandês da mochila,  jogou-o nos cabelos transformando-se num deles : num holandês. Vestiu o casaco florido , botou os grandes óculos escuros no rosto,  completando o disfarce . Enquanto isto o gerente , junto à porta por onde Ildefonso já saia , tentava acalmar os repórteres. Ildefonso ganhou calmamente a rua , sem que percebessem que , aquele falso holandês ,  era - de verdade - o brasileiro recém extraditado da Suécia para o Brasil .      

domingo, 13 de julho de 2014

O premio - 49

Enfim ele conseguiu entrar no assunto : 

" Afinal , Dr. Robben  ,  a que vem o seu convite ? "

" Já que insiste  , vamos lá .  Por  diversas pessoas fui informado que você está perplexo com o fato do Brasil nunca ter ganhado um só Premio Nobel ... "

" Perplexidade já não tenho mais. Perplexidade é  um sentimento fugaz. Ninguém fica perplexo por anos a fio. E eu estou nisto há anos, Dr. Robben. Perplexidades a parte, o que preciso agora é  saber o motivo de um país com a inteligência  que tem o  Brasil  não tenha, até hoje, recebido o premio. Este é o ponto: saber o motivo de sermos os Nobel-less do planeta"  

Foi quando ambos sorriram muito. Tudo porque Brzil, naquela Ilha de Ormoya, ter acabado de cunhar uma expressão que sintetizava o sentimento de desprezo enfrentado pelos brasileiros : "Nobel less" . Os "sem-Nobel". Os que não têm direito à honraria. Em meio às risadas tragi-cômicas, Robben e Brzil aproveitaram para renovar o  brinde inicial, só que o de agora foi mais espontâneo, e serviu para aproximar , para valer , os rescém conhecidos; risadas e álcool fizeram com que Robben começasse a abrir o bico sobre o que sabia do Nobel, no começo de maneira comedida, para logo depois, totalmente .   

"Não quero ser precipitado, mas posso garantir que tenho meios de melhorar as chances de determinadas candidaturas ao Nobel.  Mesmo assim  não posso saber com exatidão quais sejam os motivos de  um determinado país, qualquer um, jamais ter ganhado o premio. Sinceramente, acho  que isto é impossível de se descobrir.  Mas, seguindo caminhos lógicos, posso esclarecer este assunto por outros meios lógicos: se a alguém é dada a possibilidade de influenciar num processo  - e disto tenho certeza - é claro que, até por mera  objeção, os que não dispõem de qualquer tipo de influência pró -  (  permita-me definir  assim a possibilidade de um barco vencer tendo a seu favor um vento forte na direção certa que os demais concorrentes não  tiveram) permaneçam para sempre esquecidos. Mas, reitero que essa minha conclusão nasce somente da lógica, eis que jamais eu  soube de que se tenha feito, de uma forma direta, algo para impedir que "a" ou "b" fossem os escolhidos. "

"Não estou sofismando, nem equivocado quando penso que só restam duas alternativas, quanto tais pessoas que concedem o Premio Nobel jamais terem-no outorgado ao Brasil; ou melhor, aos intelectuais brasileiros: Ou os juízes são desinformados; ou comem milho na mão de pessoas influentes. Como eu sei que tais pessoas  não podem ser desinformadas ... "


" Seu raciocínio é lógico, mas lembro-lhe que - a meu ver -  ninguém amou mais a lógica possível do que Shakspeare  ; e mesmo assim por aqui ele não ficou só na Física ,  quando admitiu que aqui pela Escandinávia, existiam, entre o céu e a terra , muito mais coisas ,  Dr . De Alencar , do que pode sonhar a sua vã filosofia .  " 

" Se  vamos por aí , lembro  que  ele mesmo também disse que não era raro existir algo de podre  nos reinos  destas latitudes ,  com suas  respectivas  longitudes . "


Robben sorriu,  ainda que  o brasileiro  estivesse  sério;  o que fez Robben, quando voltou a falar, o fizesse com seriedade semelhante a  estampada no rosto de Ildefonso.  Quando Ildefonso  atropelou :

"Dr. Robben, sejamos diretos. Se o senhor quer dinheiro para fazer lobby para o meu país desde já adianto que o trabalho que faço é  solitário, independente e carente de quaisquer recursos econômicos. Dá-se por minha conta e risco. E mais; não disponho de verba de representação, ou qualquer outra, tenha o título que tiver .    "

Embora essas firulas só parecessem palavras soltas ao vento ; o certo é que  com elas Brzil quis incentivar Robben a falar mais sobre o tipo de  influência  que ele  tinha  quanto às premiações ; fazendo ,  porém ,  questão absoluta de não contrariá-lo .  Pior ainda para Robben : procurando demonstrar que só não contratava o Lobby pela sua falta de dinheiro .  Todavia, sempre deixou a porta bem aberta para Robben oferecer seus serviços a leite de pato . De graça , portanto .

Tudo porque  Brzil já tinha conhecimento de que  alguns premiados tinham sido beneficiados  por determinado tipo de amizades,  que no fundo consistiam no que é denominado comumente de "lobby" . 

O que Robben  não sabia é que Ildefonso já desconfiava de  que aquela forma de aparelhamento do colegiado (  que  era  feita  de graça  e em prol de amigos do lobista ,  ou de amigos dos seus amigos ) , de alguma forma  já fazia parte  da tradição .

E o empresário holandês foi em frente :

Como, Sr.  De Alencar ; como uma pessoa com a fortuna que eu honestamente amealhei poderia  solicitar  alguma recompensa financeira de  você ,  meu novo amigo  ;  você  que  -  ainda que eu possa estar enganado -  evidencia ser uma pessoa de poucos recursos financeiros ?   Sinto muito ,  mas o que o senhor está  mencionando não é lógico ,  nem pode parecer  verdadeiro . "

Pelas  contas  de Brzil , Robben  engolira  o anzol .  E ele sabia que tinha que aproveitar  o momento ,  dando ainda mais linha ao peixe .

E Brizl aprofundou seu ataques contra as peças de Robben: 
"Confesso que não entendi. Se não é por dinheiro, então por qual motivo o senhor poderia gastar seu precioso tempo em articulações para a premiação   ?  "  

"É simples; mas vocês, sul-americanos em geral, desconhecem algo que muitas vezes chega a ser maior do que a própria pecúnia - ou - como dizem os franceses; l ´argent. É a amizade, o desejo de fazer que as pessoas do meu próprio clã sejam-me gratas para sempre. Depois que se conquista certa grandeza de valores fungíveis, daquilo que vocês no Brasil chamam de grana; deste ponto em diante a moeda é outra. Trata-se de valorizar-se aqueles que elegeram-se mutuamente amigos. Estruturar uma sociedade de pessoas que pensam igualmente. Viver-se dentro dos limites possíveis que o termo "sociedade" possa atingir. E é isto que estou agora oferecendo-lhe: que faça parte do meu rol de amigos. Esteja certo de que tal oferta é algo de valor inestimável. Lembro agora de quando aluguei uma plataforma à Petrobrás escutei um provérbio bem brasileiro, que reconhece o valor de uma verdadeira amizade: " Mais vale amigo na praça do que dinheiro na Caixa " .  Pois bem, a oferta que agora faço, de que seja mesmo meu amigo, nasceu das notícias a mim contadas pela Srta. Kari Kristiensen. Foi ela quem percebeu os seus méritos, a lealdade que tem a uma causa;  e garantiu que o senhor dispõe das virtudes necessárias para ser um dos nossos.  E além disto, convenhamos, saber-se que em pleno ano de 2014, com a agenda que a Escandinávia tem com o Brasil, vocês não terem um - pelo menos um - Premio Nobel, é algo que chega às raias do impossível ... "

E, bem próximo ao ouvido de Brzil - disse algo inaudível a quem não fosse um dos interlocutores. Tendo  como resposta de Ildefonso algo como ...  "Sr. Robben , temos um ditado bastante simplório no Brasil que diz que "uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa " . Mudando de assunto: eu gostaria de saber mais sobre a Srta. Kari  Kristiensen, ela pareceu-me ser uma pessoa  de espírito inexpugnável  ... "  

"Por detrás daquele distanciamento todo esconde-se uma personalidade muito sensível; Kari é uma boa pessoa.
E ela sabe muito bem que existem muitas pessoas fissuradas por ter um Nobel. Posso garantir que esta fixação não chega a ser um privilégio seu. "

Neste ponto Brzil sorriu , eis que - ainda que não fosse dizê-lo para Robben - na verdade ele não era "uma pessoa fissurada por ter um Nobel "  .  O que ele era  mesmo encanado era por saber o motivo de nunca terem dado um premio para um brasileiro .  " Uma coisa é uma coisa , outra coisa é outra coisa ! "

Mas Robben prosseguiu :  " Não fique pensando que é o único que encasquetou em querer um Premio Nobel para si , para seu país. Ano após ano, muitas são as pessoas que vêm aqui; todos com lindos  curriculuns, com belos trabalhos;  mas , também , conscientes de que somente a sua obra, somente seu  currículo,  não  serão suficientes para ganhar o  premio . "

"Mas se são muitos que vêm ao senhor ,  como escolhe para quem o seu  lobby vai ser feito , caso haja duplicidade  ? "

"Brzil, creio que chegamos ao nosso point of no return . Minha experiência diz que você vai ser um dos nossos. Então, já o tendo  como um irmão de fé , camarada ;  acredite que eu mantenho um conselho particular de informantes graduados - a denominação correta é : " graduados plenos "  - que, em havendo empate nos níveis das  amizades, eles - os "graduados plenos" - auxiliam-me  a escolher  dentre os meus amigos - como já somos ;  ou entre  os amigos dos meus amigos,  qual é o mais  estão mais apto . Ou seja , neste ponto tem-se uma análise técnica  dos trabalhos , a qual apontará sobre quem nossos esforços recairão . " 

Brizl continuava achando que ainda era muito cedo para repelir a oferta de Robben . E continuou ... 

"Perdão, estes  graduados plenos funcionam como seus assessores, estou certo ? "

"É isto mesmo, os graduados plenos vem a ser meus assessores diretos. E são eles, nos quais confio de forma absoluta,  que vão me dizer qual a obra, dentre as que me são trazidas pelos amigos , e pelos amigos dos meus amigo , que deve ser assumida por nós .  É óbvio que , por uma questão de ética , somente trabalhamos para um em cada categoria . "

" Pela experiência que tenho com estas situações ,  também acho que o senhor corre riscos de ser escutado por terceiros indesejados , que queiram interceptar  suas conversas , suas orientações  ... "

"Este risco não acontece comigo,  Brzil .  E não acontece porque - para tais feitos ,  nós ainda estamos  na era pré -postal  . "

" Era pré-postal ? "

"Explico: como você sabe, aqui na Escandinávia todos são fans, adeptos de saunas; banhos públicos em que as pessoas só entram despidos, tenham o sexo que tiverem. Foi por isto que re-entronizei o costume que chamo "boca no ouvido". Ou seja: quando eu quero falar algo para um "graduado pleno" eu - simplesmente - marco uma reunião numa determina sauna;  onde - evidentemente - ninguém pode trazer um gravador escondido, simplesmente por não ter onde esconde-lo. E , se por absurdo , admitirmos um gravador tão pequeno que possa ser trazido por uma pessoa desnuda . Ou seja: toda a comunicação é feita da boca para o ouvido ,  e - assim mesmo - num volume bem baixo , chegando ao detalhe de observar-se se o ouvinte tem algum objeto intra-auricular , fato que impediria que ele estivesse dentre os  meus  graduados plenos . Daí  quase chegar a ser absoluta a impossibilidade de um graduado pleno obter - se o quisesse - uma prova de minhas instruções .
Veja , Dr Alencar , foi por estas e outras que o Francis nunca conseguiu provar uma vírgula sobre nós . "

"Bom, mas isto seria factível em Oslo, e seus arredores . Mas , nos tempos de hoje, na maioria das vezes as pessoas estão em distâncias que não podem ser vencidas assim, facilmente ...  é aí que entra a necessidade da telefonia, dos e.mails ... "

"Também sempre pensei nisto. Estás vendo aquele helicóptero ali estacionado. Na época do Nobel trago-o em regime de alerta total, pronto para a qualquer momento partir para um lugar, na Escandinávia - região onde exerço meu  trabalho solidário - para seguir a qualquer ponto onde as reuniões de sauna possam acontecer. Ou seja, quanto à comunicação sobre isto tudo, não só estamos numa era pré- Graham Bell; mas, também, numa era anterior ao correio postal propriamente dito; aquela do homem a cavalo anunciando sua passagem pela vila para entregar cartas escritas a mão. Brzil, nisto tudo, só existe comunicação oral, e ao vivo. Nem mesmo telefone feito com duas latas e barbante são admitidos". Foi quando Robben deu uma boa gargalhada. Mas Ildefonso apenas sorriu.

"Sinceramente, jamais eu pensei que isto pudesse ainda acontecer ..."  Emendou.  "Mas ainda tenho uma séria dúvida,  Sr. Rodden: Parece-me evidente que, ao não dar conta de fazer você mesmo a avaliação pessoal - aquela que deveria ser feita pela sua própria pessoa - das muitas teses que participam dessa pré escolha, o senhor está transferindo para terceiros o poder real de tal esquema. Mesmo com os cuidados  em não ser pego fazendo explicitamente seu lobby, mesmo assim estamos diante da possibilidade de que os seus "graduados plenos " venham a se corromper, eis que se o senhor não precisa mais de dinheiro, é quase certo que eles ainda  necessitem do vil metal."

"Sobre isto, a minha opinião é que  em todas as relações humanas   chega-se a um ponto em que só nos resta confiar - ainda que nem sempre o queiramos - em outras pessoas. Nem todos os cuidados do mundo  podem evitar que - em algum momento - sejamos obrigados a confiar em outro ser humano. E eu, sabendo disto, faço sempre uma triagem ultra cuidadosa dos meus graduados plenos, além de promover reavaliações de rotina sobre como andam suas vidas. É o máximo que posso fazer. Mas fique tranquilo Brzil, em muito anos de atuação, nunca tive uma só traição. Pelo menos que viesse dos meus assessores de lobby. "

E , de novo ,  gargalhou .






O premio - 48


" Doutor  Robben  , a que vem  tão gentil  oferta  ? "

" Já que insiste  , vamos lá .  Por  diversas pessoas fui informado que você está perplexo com o fato do Brasil nunca ter ganhado um só Prêmio Nobel ... "

" Perplexidade já não tenho mais. Perplexidade é  um sentimento fugaz. Ninguém fica perplexo por anos a fio. E eu estou nisto há anos, Dr. Robben. Perplexidades a parte, o que preciso agora é  saber o motivo de um país com a inteligência ,  e a criatividade  existentes no Brasil ,  nunca ter recebido o prêmio. Este é o ponto: saber o motivo de sermos os Nobel-less do planeta "  

Foi quando ambos  passaram a rir  mais e mais . Tudo aquilo por   Ildefoso ter acabado de criar  uma nova expressão idiomática que sintetizava a percepção dos brasileiros pelo esquecimento dos suecos e dos noruegueses: " Nobel-less".  Os "sem- Nobel ".  Os que não têm direito à  honrarias. Em meio às risadas  -  sendo que as de Robben eram para valer, mas as de Brzil no máximo cautelosas , os novos amigos aproveitaram para - com mais um brinde -  festejar o encontro. Com o álcool fazendo com que anfitrião  abrisse  o bico sobre o que sabia do Nobel.  No começo de maneira comedida, para  logo depois abrir-se de vez .

"Não quero ser precipitado, mas posso garantir que tenho meios de melhorar, e muito, as chances de determinadas candidaturas ao Nobel. Mesmo assim, ressalvo que não posso saber com exatidão quais sejam os motivos  de um determinado país, qualquer um, jamais ter ganhado  o prêmio. Sinceramente, acho que isto é impossível de se descobrir. Mas, seguindo caminhos óbvios, posso esclarecer este assunto por outros meios : o de que a alguém seja  dada a possibilidade de influenciar no processo - e disto tenho certeza -  é claro que, até  por mera objeção, os que não dispõem de qualquer tipo de  influência  pró  ficam para trás. Permita-me explicar : é assim como  um barco receber  vento forte e na direção certa , com os demais permanecendo  na calmaria .  Mas, repito ,  que essa  conclusão nasce somente da minha lógica, eis que - objetivamente - eu jamais soube que se tenha  feito, de uma forma direta e oficializada, algo para impedir que "a" ou "b" fossem os escolhidos."

"No caso brasileiro, só restam duas alternativas ao juri do Nobel:  Ou os juízes são desinformados; ou, comem milho na mão de pessoas influentes."  Disse Ildefonso quase perdendo a calma de que tanto precisava naquele momento.

Mas  , aos poucos , Brzil chegava onde queria :


"Dr. Robben, sejamos diretos. Se o senhor quer dinheiro  para fazer lobby para o meu país, desde já adianto-lhe que o trabalho que faço é solitário, independente e carente de quaisquer recursos econômicos. Dá-se por minha conta e risco. E mais; não disponho de verba de representação, ou qualquer outra, tenha o título que tiver."

Embora essas afirmações pareçam  desinteressadas; o certo é que com elas Brzil quis incentivar Robben a falar mais sobre o tipo de  influência  que ele  tinha  quanto  às  premiações. Com elas
Brzil fez questão de limitar sua impossibilidade de contratar o lobby, somente  por não ter dinheiro para pagar. Todavia,  deixou a porta aberta para Robben  oferecer seus serviços a leite de pato .

Tudo porque já  tinha conhecimento de que  alguns premiados foram beneficiados  por determinado tipo de amizades, que no fundo consistiam no que  é  denominado comumente  de "lobby" . 

O que Robben  não sabia é que Ildefonso já desconfiava de  que aquela forma de aparelhamento do colegiado (que era feita de graça e em prol de amigos do lobista, ou de amigos dos seus amigos ) , de alguma forma já fazia parte da tradição.

E  o  empresário  holandês  foi em frente :

" Como, Sr. De Alencar; como uma pessoa com a fortuna que eu honestamente amealhei poderia  solicitar  alguma recompensa financeira de  você, meu novo amigo; você que  - ainda que eu possa estar enganado -  evidencia ser uma pessoa de poucos recursos financeiros ?   Sinto muito, mas o que o senhor está mencionando não é lógico, nem pode parecer verdadeiro. "

Pelas contas de Brzil, o holandês engolira o anzol. E ele sabia que tinha que aproveitar o momento, dando ainda mais linha ao peixe .

Foi quando Ildefonso  aprofundou  seus ataques contra às peças de Robben:  " Confesso que não entendi. Se não é por dinheiro, então por qual motivo o senhor poderia gastar seu precioso tempo com as articulações da premiação   ?  

"É que vocês, latinos sul-americanos, desconhecem algo que muitas vezes tem mais valor do que a própria grana. É a amizade, o desejo de fazer que as pessoas do meu próprio clã sejam-me gratas para sempre. Depois que se conquista certa grandeza de valores fungíveis, daquilo que vocês no Brasil chamam de grana; deste ponto em diante a moeda é outra. Trata-se de valorizar aqueles que elegeram-se mutuamente amigos. Estruturar uma sociedade de pessoas que pensam igualmente. Viver-se  dentro dos limites possíveis que o termo "sociedade" possa atingir. E é isto que estou agora oferecendo-lhe: que faça parte do meu rol de amigos. Esteja certo de que tal oferta é algo de valor inestimável. Lembro agora de quando aluguei uma plataforma à Petrobrás escutei um provérbio bem brasileiro, que reconhece o valor de uma verdadeira amizade: "Mais vale amigo na praça do que dinheiro na Caixa". O certo é que quando eu simpatizo com uma pessoa chego as raias de fazer-lhe o bem até mesmo à sua revelia. Certa vez um amigo explicou que estava decepcionado pelo seu trabalho não ter sido agraciado. Ao dizer das possibilidades do lobby que eu poderia incrementar em seu favor o cara respondeu que não queria ser premiado em razão de uma intervenção externa à organização do Nobel. Mesmo assim, foi premiado no ano seguinte ! Pois bem, a oferta que lhe faço agora; de que nós sejamos verdadeiramente amigos, nasceu das notícias a mim contadas pela Srta. Kari Kristiensen; - que, por sua vez foi informada pelo Doutor Björn B. Foram eles que  perceberam os seus méritos, Brzil; e a lealdade que tem à sua causa. Foi o que me garantiu que o senhor dispõe das virtudes necessárias para ser um dos meus amigos. " 


" E por falar na  Srta . Kari  Kristiensen,  ela parece que é a rocha mais alta dos fiordes noruegueses ...  "  

"Por detrás daquele distanciamento todo esconde-se uma personalidade muito sensível. Acredite,  Kari é uma bela pessoa.
E ela sabe muito bem que existem muitas pessoas fissuradas por ter um Nobel. Posso garantir que esta  fixação no prêmio não chega a ser um privilégio seu. Não fique pensando que é o único que encasquetou  em querer um Prêmio Nobel para seu país. Ano após ano muitas  são as pessoas que vêm aqui; todos com belíssimas folhas de trabalhos, belíssimas teses, mas certos de que somente a sua obra, somente o seu currículo, podem não ser  suficientes para vencer a premiação . "

"Mas se são muitos, qual seria o escolhido para a sua atividade lobista ? "

"Brzil, creio que chegamos ao "point of no return"; minha experiência diz que você vai ser um dos nossos. Então, já o tenho como um irmão. Pois bem, saiba que eu mantenho um conselho particular de informantes graduados -  a denominação correta é: " graduados plenos "  - que, em havendo empate nos níveis de amizade, eles - os "graduados plenos" - auxiliam-me a escolher  dentre os amigos, ou dos amigos dos amigos, quais estão mais aptos a receber os benefícios de nossa influência . "

Brzil continuava achando que era muito cedo para repelir a oferta de Robben. E jogou mais uma casca de banana .

"Perdão, estes  "graduados plenos" funcionam como seus assessores ,  estou certo ? "

"É isto mesmo, os "graduados plenos" vêm a ser meus assessores diretos. E são eles, nos quais confio de forma absoluta, que vão me dizer qual a obra, dentre as que me são trazidas, que deve ser  assumida por nós . "

" Pela experiência que tenho com estas situações ,  também acho que o senhor corre riscos de ser escutado por terceiros indesejados , de ter seus e.mails interceptados ... "

"Este risco não acontece comigo, Brzil .  E não acontece porque - para tais assuntos  -   eu ainda estou na era pré -postal  . "

" Ainda estou na era  pré-postal ? "

"Explico: como você sabe, aqui na Escandinávia todos vão à saunas; banhos públicos onde as pessoas só entram despidas , tenham o sexo que tiverem. Foi por aí que re- entronizei o costume que chamo "boca no ouvido ". Ou seja: quando eu quero falar algo para um "graduado pleno" eu - simplesmente - marco uma reunião numa sauna, onde - evidentemente - ninguém pode trazer um gravador escondido, simplesmente por não ter onde esconde-lo. Ou seja: toda a comunicação é feita "boca ao ouvido" , inexistindo qualquer chance de que as orientações dadas aos meus assessores sejam gravadas para uma hipotética e futura comprovação."

"Bom, mas isto seria factível em Oslo, em seus arredores. Mas, nos tempos de hoje  as pessoas estão em distâncias que não podem ser vencidas assim, facilmente ...  é aí que entra a necessidade da telefonia, dos e.mails ... "

"Também pensei nisto. Estás vendo aquele helicóptero ali estacionado. Na época do Nobel trago-o em regime de alerta total, pronto para, a qualquer momento, partir para um lugar, da Escandinavia -  região onde exerço meu trabalho solidário -  em qualquer ponto onde as reuniões  de sauna possam acontecer.  Ou seja, quanto à comunicação , não só estamos numa era pré- Graham Bell; mas, também, numa era anterior ao correio postal propriamente dito, aquela do homem a cavalo anunciando sua passagem pela vila para entregar cartas escritas a mão. Brzil, nisto tudo, só existe comunicação oral, e ao vivo. Nem mesmo telefone feito com  barbante  e duas  latas . "

Foi quando Robben  deu mais uma boa gargalhada .  Mas Ildefonso apenas sorriu .

"Sinceramente, jamais eu pensei que isto pudesse ainda estar acontecendo ... "  Emendou.  "Mas ainda tenho uma séria dúvida, Doutor  Hansen: Parece-me evidente que, ao não dar conta de fazer você mesmo a avaliação pessoal  - aquela que deveria ser feita pela sua própria pessoa - das muitas teses que participam dessa pré escolha, o senhor está transferindo para terceiros o poder real de tal, digamos  esquema. Mesmo com os cuidados em não ser pego fazendo explicitamente seu lobby, mesmo assim  estamos diante da possibilidade de que os seus  "graduados plenos " venham a se corromper, eis que se o senhor não precisa mais de dinheiro , os " graduados plenos "  certamente anseiam pelo  vil metal . "

"Sobre isto, a minha opinião é que em todas as relações humanas   chega-se a um ponto em que só nos resta confiar no outro - ainda que nem sempre o queiramos - em outras pessoas. Nem todos os cuidados do mundo  podem evitar que - em algum momento - sejamos obrigados a confiar em outro ser humano. E eu, sabendo disto, faço sempre uma triagem ultra cuidadosa dos meus graduados plenos,  além  de promover reavaliações de rotina sobre como  andam suas vidas. É o máximo que posso fazer. Mas fique  tranquilo Brzil, em muito anos de atuação, nunca tive uma só traição. Pelo menos que viesse dos meus assessores de lobby. " E deu mais uma gargalhada..






sexta-feira, 11 de julho de 2014

O premio - 47


Entrada do Instituto Norueguês do Premio Nobel da Paz - Em Oslo .  Foto tirada por  Ildefonso de Alencar .


A viagem de caminhão até Oslo correu tranquila. Os dois primeiros dias foram para conhecer a cidade. Quanto à reunião para a "Exposição de motivos sobre a falta da outorga do Prêmio Nobel da Paz para a Sra. Zilda Arns"  - este o título dado pela  Srta. Kari Kristiansen à audiência requerida por Brzil - ela foi marcada para  a terça-feira, às 4:00 p.m.  Na oportunidade, mas en passent, Brzil  também mencionaria outros nomes - como o dos Irmãos Villas Bôas; e também o nome do Marechal Rondon, que dizia  - contrariando o General Custer, por exemplo  -  que "morreria se preciso fosse; mas matar um índio, jamais ".         "E mesmo assim, nunca teve um Prêmio Nobel"  ... pensou o Ildefonso.  "  Sim, foram muitos os brasileiros; que foram desprezados ... "

Brzil, apesar de respeitar a premiação do Sr. Barack Obama,  perguntava-se ... ". E Dona Zilda Arns, que deixou  a vida cuidando de cidadãos haitianos no próprio território centro-americano , depois de ter entregue boa parte da sua existência em cuidados aos pobres brasileiros ... ? "

Aliás, até agora Brzil não sabia os motivos do prêmio da paz ser entregue à Barack Obama, no momento em que foi . " Este é um exemplo de que, quando a premiação vai para alguém menos merecedor do que outrem, nestes casos o Instituto do Nobel tem que reparar o que aconteceu por ação dos lobbys. " Refletiu Ildefonso .   

Às duas e meia saiu do hotel, que fica na Saint Olavs gate 26; e foi  andando no sentido oeste , do Instituto onde seria recebido. 

Muitas eram as dúvidas, as incertezas no seu espírito ; embora que respirar os novos ares da Noruega fizessem-lhe um bem enorme ; mesmo assim nunca esquecia de que - até agora - só conseguira confirmar os mesmos indícios com os quais desembarcara há meses na Escandinávia. De certo, de realidade mesmo, do que relativo  às  diversas linhas de investigação ... nada se confirmara   - além, é claro -  das desconfianças que há tanto lhe atormentavam.

Enquanto caminhava, os pensamentos borboleteavam na cabeça.  Passavam agora pela insegurança que sempre marcou a sua vida.

"se os nórdicos têm suas existências  protegidas pelo Estado; eu, como clandestino, fico  ao largo de quaisquer  regalias escandinavas."    " comigo é no osso do peito".  O que queria dizer-lhe , é  que tinha mesmo de suportar toda a carestia daqueles países somente com um sub-emprego no IFK Varnamo. Mas não se apavorava  ... tinha certeza que um dia a vitória chegaria para compensar  todos os sacrifícios que vinha enfrentando desde que saíra do Brasil.  " Quem sabe ... ? "

Chegou com meia hora de antecipação ao Instituto Norueguês para o Nobel da Paz, onde  tudo  já estava organizado para a audição. Foi recebido pela Srta. Kristiansen, e logo percebeu que o pessoal -  dentre eles os três Conselheiros que compunham a banca  do "The Norwigan Nobel Institute" -  foi-lhe bem  menos reverente do que o da Academia de Ciências da Suécia. E também menos atenciosos ;  no estrito sentido que o termo pode ter: o de alguém dedicar-se a perceber o outro .

Não só a Srta. Kari Kristiansen, mas também a própria Comissão, estiveram  sempre distantes, formais ... impessoais. 

Mas Brzil  não quis impressionar-se negativamente com isto. "Deve ser o jeito de ser deste pessoal do Instituto do Nobel da Paz. "

Mesmo assim desconfiou: " Pode ser que isto aqui seja  só para cumprir tabela".   Ildefonso usava o  "só para cumprir tabela"  para aqueles jogos de futebol de final de campeonato , quando nenhum dos times têm chance alguma de algo melhorar  na classificação final do campeonato ;  por isto,  os futebolistas jogavam sem qualquer empenho ou ambição futura e entravam no campo de jogo só pela honra da firma ; por serem filiados da Federação de Futebol.  "Só para cumprir a tabela", repetiu . 

Sim ,  a  palestra no Instituto do Nobel da Paz fora  marcada tão somente para cumprir a agenda solicitada por Björn B  à Senhorita Kristiansen.  Foi quando concluiu que aquele dia passou em branco para o seu plano: "a vinda à Noruega  foi em vão ..."

Mas logo depois arrependeu-se:  " ... não é bem assim ! Se um dos meus objetivos era poder gravar nas paredes do Instituto, com a voz do brasileiro que sou, a nossa irresignação  ... se assim eu fiz, Deus do céu; como posso dizer que este  dia foi perdido ?
Por isto tenho mais é que festejar  !  Festejar por ter dado mais um passo  !  "

Mesmo com a missão do dia cumprida, a  jornada reservaria emoções bem mais intensas .  É que algo estranho aconteceu .
Brzil, depois que saiu do prédio do Nobel da Paz , notou, pelo rabo do olho, que um homem seguia-lhe como se quisesse abordá-lo.

Apressou o passo, no que foi copiado pelo perseguidor , que ficou   lado a lado  com ele; mas quando já  estava  prestes a dar-lhe o bote Brzil decidiu surpreende-lo. 

"Pronto ! ; mesmo tendo chegado de caminhão à Oslo, ainda assim, a Imigração me achou. Égua, caralho ... , puta que pariu ...  !! ". Pensou, e repetiu;   - baixinho - mas aflito. O certo é que tais perorações Ildefonso só brandia em momentos extremos. E era o máximo a que se admitia. 

Não podendo andar mais rápido do que já fazia, Brzil estancou de repente; e num misto de medo e coragem gritou ameaçadoramente; mas em Português ? : "O que você quer comigo, seu filho da puta !"

Na mesma hora que falava, pensou: " Meu grito vai afugentá-lo, principalmente porque não deve falar uma só palavra de português."  

Já tivera experiência semelhante na Austrália quando, prestes a ser agredido por um maluco, gritou bem alto uma série de palavrões em Português, o que fez com que o seu quase agressor estancasse. Muito possivelmente pelo exotismo dos sons do português. O maluco deveria ter pensado: "este cara está prestes a me cravar uma faca ". E o deixou em paz.

Só que na Noruega enganou-se totalmente, porque o filho da puta não só compreendeu o que falava , como - também -  respondeu num Espanhol bem razoável: " Se o senhor quer mesmo ganhar um Prêmio Nobel para o Brasil , siga-me agora ! "

Tais palavras caíram como um raio na cabeça de Brzil. Mas o instinto de investigador vindo da leitura dos fascículos do Sherlock Holmes, falou mais alto. Ildefonso não recuou.  Pelo contrário, mudou completamente de ânimo,  passando a abrir um sorriso de zoreia a zoreia, como diziam seus velhos amigos: " É claro que eu quero o Nobel para o meu país ... mas como você descobriu isso ? "

O falso espanhol titubeou, mas o brasileiro não deixou a bola tocar no chão ... e  foi  para o tudo ou nada:  "A propósito, meu chapa; o que devo fazer para alcançar a honraria  ?  "

" basta que me sigas;  me acompanhando tudo estará resolvido para você. Se topar a parada, o seu país tropical abençoado por Deus agora vai ter um Prêmio Nobel  ... ! " 

"E esta agora ? " - pensou  Brzil ... ", ainda por cima o cara vem com versos de Jorge Ben ...  "país  tropical abençoado por Deus "   ... .  Bom ...   perdido por um, perdido por dez  ...  vou dar mais linha pro peixe  ... "    Continuou pensando.  

"  aonde você for eu vou ! " disse Brzil; com um sorriso aberto para o desconhecido. E assim foram , até chegar ao cais de Oslo .  


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