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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

82 - Julietinha e o Oficial do vapor - final B

Quando  cessou  a rolagem do carro , que  até  então descia  somente pela inércia , D´ Artagnan  virou  a chave certo de que a distância que o separava do Boca de Ouro era suficiente para que  ruido algum do motor chegasse  aos ouvidos  de quem ficara no bordel .

A noite ajudava na retirada do furgão que , verdadeiramente , estava com o tesouro .  Nem a lua apareceu no céu .   Pouco antes  da  escapada  de  D ´  Artagnan  e Aramis  ,   Athos ,  serviu-lhes de  batedor  . Tudo  na tentativa  de afastar  o  mais do que improvável  risco  de que alguém  percebesse o automóvel que ia com a dinheirama .  Também por isto , fizeram um caminho muito mais longo . Na verdade atravessaram - pelo campos - a Serra de Caçapava ,  um  lugar absolutamente despovoado , e ainda sem arames farpados .  Aliás  , sobre arames farpados os pobres do lugar diziam , como outros tantos ,  que  "Deus criou  a terra e o diabo o arame farpado. " 

Até  que  D ´Artagnan   chegou  ao silo  pelo lado contrário  à  única estrada  de acesso  para  quem ali  pudesse chegar .   Só assim  conseguiram  que  na estrada  normal ,  no caminho comum a todos , não restasse  qualquer rastro dos  seus  automóveis .  Os  que , enfim ,  chegaram  no fim do mundo onde ficava o silo .

 D Ártagnan e  Athos   levaram  em conta  que  a região  é  de  árvores esparsas , e baixas  , entremeadas  de  grama  ,  que também é  vegetação nativa naqueles campos  que vão  do Sul do país  , atravessam  o Uruguai todo ,  e entram  na Argentina, tudo praticamente com a  mesma topografia ;  de  planície  imensa  , os chamados pampas  .  Por ser  um quase infinito gramado , naquele  ponto só  interrompido  por árvores de pequeno porte ;  é  comum aos  que conhecem  seus  segredos que  -  desde que tenham  boa  orientação -   atravessem-na  de carro ,  que segue sempre costeando  a mata  que - aqui e ali -  compõe a  natureza  viva que só existe naquele lugar .  Foi assim que  D ´Artagnan  chegou  ao galpão em que o furgão viria a ser  inteiramente  coberto  de soja .  O  silo estava no pé da serra , no  seu limite  onde  começa a  planura  total . Dali em diante já  encontrariam  tão somente fazendas . Ou , como chamavam os nativos dali , as  estâncias . Este  era o termo  mais indicado , talvez em razão de ser comum a ambos idiomas : espanhol e português .  Já  o vocábulo  "fazenda"  era um pouco diferente em espanhol : hacienda .

Estância , estancieiros ... tudo igual , dos dois lados da fronteira .

D ´ Artagnan   tinha ido  atrás - e conseguiu -  de  um novo cadeado para o portão  do silo . Seu problema foi encontrar um cadeado novo em seu segredo  , mas igualmente velho na  sua aparência  , eis que um  cadeado  totalmente   novo poderia evidenciar que algo ocorrera de diferente no galpão , que era  quase abandonado .  E usar o mesmo cadeado de antes , o cadeado velho ,   traria um risco a mais : o de que alguém  , que também tivesse a chave velha e , por razões  desconhecidas , até mesmo o de ir  procurar uma enchada  ,  poderia  descobrir  o carro  bilionário . O fato é que  Mas  D ´Artagnan  achou um velho cadeado numa cidadezinha  do Uruguai  de nome estranho : Treinta  e tres .  Mui  provavelmente , trintra e três  foram os espanhóis que resistiram  bravamente  aos portugueses .  É comum  que  nestes casos  , digam  as lendas  que os trinta e três heróis  enfrentaram - e venceram ! -  centenas  de inimigos .  Neste caso hipotético , portugueses .   Não é a toa que o hino da República Cisplatina ,  depois  República  Oriental do Uruguai ,  diz  " orientales , o la pátria o la tumba " .    Mas esta escolha , entre a hipotética honra  e  a morte ,  é  um mote  comum  a quase todos os hinos daquelas paragens  tordesilhanas .

O  furgão foi  estacionado  ,  e fechado a chave ,  exatamente  embaixo  da bica  ,  que com soja ,   na segunda-feira de manhã inundaria o carro transformando-o  numa  montanha  de soja  totalmente recheada de notas de cem dólares .  Tudo levava a crer que  a soja  só   voltaria  a ser  solicitada  na próxima safra . E mesmo assim , se esta resultasse em uma  colheita  ruim .  Ao contrário ,  se  as safras permanecessem  favoráveis ,  a soja sequer seria  lembrada.  Ficaria  ali mesmo , como  estoque regulador do governo 

Mas restava  um problema :   D Ártagnan  ; ou melhor ,  um  seu bem- mandado  ,  deveria  vigiar para que durante todo o tempo não fosse aceso  o  secador  de grãos  . Os motivos eram óbvios :  o calor que serviria para secar a soja  poderia  danificar  os muito prováveis  vinte milhões de dólares .

E aqui tem-se que lembrar  do que representa o dólar do norteamericano naquele ponto do planeta .
Pelas condições especialíssimas de ser a região carente de algum outro meio de reserva efetiva - e fungível -  de valor ; por ali o dólar  era de garantia e praticidade únicas .

Sim , o dólar  que , se não tinha o antigo brilho das libras esterlinas ,  consistia  numa libra  de papel tão aceita com  a  inglesa um dia  foi e , por motivos de que em sua essência ser tão somente um papel  , tornava-o  muito mais fácil de ser internacionalizado .  Principalmente porque  ele  trazia  uma jura  , tão solene como podem sera as juras  americanas ,  a de  que qualquer um poderia exigir  o seu valor  em ouro.  Ou , por outra , um  papel filosofal  fungível  em ouro 999,99 % .

Além  de tantos cuidados ,  mais um eles  tomaram :  Athos  ficou  encarregado de ,  já  no  dia seguinte  - um domingo ,   passar  um  fecho  de chirca  nas prováveis , ou hipotéticas ,   marcas que os pneus poderiam ter  deixado ,  na terra  do solo que - porventura -   estivesse sem pasto ( assim é denominada  a grama naqueles confins )  .

Nenhum  rastro poderia  ser percebido , ainda que  por um gaudério  desgarrado -  destes  que conhecem  as pegadas  como a palma da própria mão -  que porventura  andasse  a esmo como eles tanto gostam de  vadear .

A distância dos  dez últimos  quilômetros  seria  no outro dia  batida pelo próprio  Athos  que ,   no último dia do feriadão de fim de ano , com um vassourão de chirca  ,  varreria  os lugares que tivessem sido em algo modificados pelos  carros  ;    a menos chovesse .  Aí  as hipotéticas pegadas seriam apagadas pela chuva mesmo .

O cuidado era mesmo extremo :  mesmo sendo certo que o caminho comumente não seria usado por quem quer que fosse ; mesmo assim eventuais rastros deveriam ser apagados .  Este  seriam ,  daí  para frente   os cuidados  próprios  d ´ Os novos Mosqueteiros .

Somente a título de  curiosidade , no dia em que  Athos  passava  a vassoura de chirca apareceu  , já a  uns três quilômetros  do lugar onde entrara o furgão , que muito estranhou  a atitude de Athos .

Era  um cavaleiro que por acaso  pegara aquele atalho , que depois dos cumprimentos de praxe perguntou :

- Que pasa  ?   Por que  estás  hoje  aqui  pelas Palmas ?

-  Te olvidastes  de que é no primeiro do ano que nós  , lá  de  Camaquã ,  viemos  para os campos para pegar  as ervas que usaremos nas nossas macacoas , nas enxaquecas ?

- Pois eu te juro que não  me lembrava disto . É que nós , lá das Palmas  ,  pegamos as ervas na Semana Santa ... sendo assim  ... buenas  tardes  indio velho !

- Buenas !     Respondeu  Athos  para o cavaleiro que começava a se afastar .

81 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B .

Como  o furgão entrou no Uruguai pela estância de Pituca ele chegou até a praça dos bancos de Rivera como se tivesse realmente vindo do Uruguai .  Se entrasse pela chamada Fronteira da Amizade ele viria do lado contrário . Contornou  a praça General Artigas passando pela igreja , depois pela prefeitura ,  a chefatura de polícia , cruzou a esquina  e parou na frente do Banco NRBZ .  Ali na porta do banco  Paulo Becerra Filho despediria-se de Aramis , que  - com sangue frio -  disse  que esperaria  pela praça , até que o dinheiro fosse conferido , para que Pituca lhe desse a sua parte .  Tranquilizou-o  dizendo que ele não se preocupasse ;  que conhecia bem a cidade , os lugares onde poderia fazer um lanche .

Com um ar contido , mas de vitória , Aramis  afastou-se do estancieiro ,   que por sua vez  virou as costas para bater na porta - ou melhor - na garagem do banco .  Em ato contínuo  Aramis  virou a esquina  onde , na  Calle San Martin , já lhe esperava uma bicicleta .  O banco era numa  casa antiga, mas bem pintada e com a marca internacional do banco estrategicamente fixada na esquina que confrontava com a praça General Artigas.

Quanto a topografia , o Uruguai é uma grande planície onde de bicicleta  pode  ir-se  muito longe . E Aramis foi de pronto para o seu Pueblo ,  Colcabamba .

Na porta do NRBZ  apareceu Don Paniagua , que cumprimentou Pituca , desejando-lhe um Feliz Ano Novo.  Pituca abriu os braços e , eufórico , deu um abraço no banqueiro .

Entraram com o furgão na pequena garagem do banco , momento em que Pituca pegou o chaveiro - que até há pouco , para ele ,  estivera em poder de Silvério -  experimentou  chave por chave até que achou a que de fato virou a fechadura .



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

80 - Julietinha e o Oficial do vapor . Final B

Silvério , só para confirmar o que já percebera , vestiu as calças e a camisa e foi até a porta do Boca de Ouro . Ali não tinha carro forte  algum .  Nada , além de um cachorro ovelheiro que olhou amistosamente para aquele que até ontem fora um segurança que escoltava as grandes somas de dinheiro  que trazia do centro do país .

Mas se o mundo desabara , a vida continuava .  Como sabia que seria inútil tentar encontrar , perseguir mesmo ,  Aramis ;  porque,  mais do que certamente ela fugira para o Uruguay ; e sendo ela  uma nacional da República Oriental , inviabilizada estava qualquer perseguição "àquela vagabunda" .

Foi ao quarto de Carlão , bateu na porta quase derrubando-a : " Carlão , Carlão .... acabou tudo ... "  .   Foi quando  apareceu no pequeníssimo corredor o terceiro  capa preta ,  o  Cabrito , já  totalmente vestido ,,, " O que é isto Silvério ?   Tu não estás parecendo um dos nossos .... "

Silvério  foi direto : "  Não somos mais o que fomos até ontem , Cabrito .  Não somos mais nada .  Roubaram  a encomenda toda ,  até  o carro  foi levado ... "

Os dois correram para  verem com os próprios olhos que nada mais havia que pudesse  sequer  oferecer  alguma lembrança da profissão que os três  tiveram até momentos atrás .

Um deles ,  o Carlão chorava  em altos brados , mas foi Silvério  quem tentou  trazer-lhes para a realidade :  " Esta era  a maior das remessas; mesmo se fosse a menor delas , nem assim seríamos compreendidos , desculpados . Quer dizer que agora  só nos resta nos dividirmos , porque juntos seremos presas ainda mais fáceis  da vingança que daqui a pouco será  mandada contra nós .  Só nos resta fugir , sair daqui  o mais depressa possível .  Como  hoje é fim de ano  ,  o dia primeiro do ano , isto deve nos dar uma luz , um tempo de vantagem sobre os nossos perseguidores .

Silvério botou a mão no bolso e retirou todo o dinheiro  que tinha , dividindo-o  com exatidão para  logo depois entregar  a cada um dos outros dois o que restara .

" De agora em diante é  cada um por si .  Quanto mais longe daqui , mais  próximos  estaremos da salvação de nossas vidas .  Eu dei uma olhada no mapa e  já sei onde vou tentar  me esconder .  Bem que eu poderia  dar uma opinião , um palpite  de para onde vocês poderiam fugir . Mas só vou falar sobre isto por alto . Acho mesmo que vocês   vocês poderiam  mudar de cara ,  de jeito de falar ,  mas nada  vou  impor . Só sei que a partir de agora teremos que  nos  camuflar  . E fugir . Fugir  para salvar nossas vidas . Fugir , se quisermos  nos salvar .  Não se esqueçam que temos uma vantagem de um dia sobre nossos perseguidores .  E  não devemos deixar que esta vantagem  diminua .
Pelos meus cálculos ,  este dia  de vantagem é crucial .  Também  não se esqueçam que teremos , cada um  ter uma história  que seja aceitável , na ponta da língua . "

A seguir  ,  Silvério narrou  a passagem do Velho Testamento que falava da mulher que  , por  arriscar sentir saudades  da vida anterior  que levava,  foi por Deus castigada , transformando-a numa estátua de sal .  Enfatizou que todos era jovens ,  e que  também isto seria um fator que facilitaria  as coisas .

Ainda que não quisesse algo determinar , lembrou que estavam  há  umas seis a oito horas  do porto de Rio Grande , e que a marinha mercante não costumava fazer muitas perguntas aos voluntários dispostos a trabalhar dentro de suas duras condições .  Disse-lhes , ainda , que o Paraguai  também estava há poucas horas dali , com um tráfego ininterrupto  de caminhões  para  os país  guarani  , lugar  espetacularmente  desorganizado , em que , certamente não faltariam chances de manter alguém  distanciado do risco maior :  ser  abatido  pelos justiceiros que logo estariam em  seu  encalço  .  Por fim ,  Silvério lembrou-lhes que numa cidade grande , como a capital do estado , não seria difícil  esconder-se .













sábado, 10 de agosto de 2013

79 - Julietinha e o Oficial do Vapor - Final B

Naquele  momento ,  fronteiriço  entre o dormir e o  estar desperto ,  Silvério , o chefe dos Capa-Pretas  ,  esticou o braço na altura de onde deveria estar a  concha de Aramis . Já era hábito que no despertar os amantes renovassem  os votos da paixão que os unia com uma  reiteração matinal do seu intenso amor  .  Não foi preciso  uma segunda tentativa de apalpar sua amada para que , num estalo ,   percebesse  a traição  da  uruguaia .  Não , não era uma intuição .  A  cama  , vazia  da amante , era um sinal claro de que aquela vida que Silvério vivera até  ali tinha se acabado .

Lembrou-se que uma das exigências que os corruptos fizeram ao montar o time de capa-pretas que guardaria os valores em suas realocações para o paraíso fiscal  era que os guardas fossem solteiros .  Achavam  , tais pessoas , que sendo solteiro o homem que escoltaria os valores teria ,  na possibilidade de precisar resistir a  um assalto , muito mais  desprendimento  para  arriscar verdadeiramente sua vida na defesa dos bens que jurou  transportar .

Assim , quis o destino que os três capa-pretas desfrutassem agora ,  que a montanha de dólares batera as asas para outros donos ,  da possibilidade única para as suas sobrevivências :  desaparecerem  na poeira da estrada que os trouxera até o Boca de Ouro .

Nos demais quartinhos do bordel , as moças permaneceram com seus companheiros , era  a confirmação  de que quem traíra fora Aramis .

Na  mesinha  do pequeno quarto uma folha de papel  com a bela letra de Aramis :  " La mujer tiene alas en la punta del corazón " .   Silvério  leu  e chorou como nunca tinha chorado em toda a sua vida .


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

78 - Julietinha e o Oficial do vapor . Final B

No meio da madrugada - e pouco depois de  D´Artagnan  aliviar  o  furgão original  -  Pituca e Aramis escorregaram ladeira abaixo  o furgão  deles .  Pouco a pouco , muito devagar mesmo,   o carro foi ganhando alguma velocidade - mas só pela lei da gravidade -  na descida  da baixada .  Os pretensos sócios - Pituca e Aramis -   rezavam para que nenhum dos capa-pretas aparecesse  na porta , certamente  de  arma na mão , provavelmente  dando tiros na direção  daqueles  que furtavam  a  que  seria  a maior das remessas de dólares -  estimava-se que estariam ali vinte milhões deles  -  que  , em princípio , deveriam estar guardados pelos Capa Pretas   até  que fossem  entregues à  agência  cisplatina do banco  nos Alpes .

Enfim Pituca colocou a  segunda marcha  para  com ela  dar o tranco no carro  que fez  o motor  pegar .   Ainda que olhasse no retrovisor  -  e como ele  olhava !  -   o estancieiro nada via , só  a escuridão  do  momento  mais escuro da madrugada . Além disto ,  ele também nada ouvia , sinal evidente de que os Capa-Pretas  dormiam  não  representando  perigo algum  para quem  fugiu  com  , ou  melhor , sem  a carga   dólares .  Pituca e Aramis  deram altas gargalhadas  ao  pensarem  como os guardas  despertariam . Será que  entrariam em choque  ?
Era provável ;   muito provável  ,  que  eles queimariam as próprias  naves para  - então -  estabelecerem-se  naqueles pampas, porque se voltassem para o Rio de Janeiro os  espertos ,  os  que  furtaram  os dólares    que  acabaram  de  vazar ladeira abaixo ,  os construtores de Brasilia   não perdoariam  aqueles  capa-pretas que  sempre foram pagos  regiamente  pelo serviços que prometeram  fazer  com total  dedicação .

Mas foi  o amor ,  a paixão  por  àquelas belas gauchas que  modificou  o caráter  dos seguranças , vindo-se  mais uma vez confirmar o dito popular daquelas plagas  que diz que mais puxa um  par de pentelhos do que uma junta de boi  brazino .

Como acontece com os muito ricos , Pituca não chegou a perceber que o dinheiro que ofereceu à Aramis era insignificante .  Tudo porque sabia que  Aramis era do Taquarembó  -  um pueblo perdido  no interior  da República  Oriental  -  também conhecida como república cisplatina .  Pela sua forma de ver a vida , as pessoas ,  e o mundo ,    Pituca  pensou que Aramis  se  emocionaria tanto ,   ao ver em suas mãos cem mil dólares  , que  não se daria conta  da  relatividade  entre  os valores  que restariam para  cada um dos hipotéticos sócios .  Ele ganharia - caso os vinte milhões de dólares viessem a ser confirmados -  ,  duzentas vezes o que  caberia  á  Aramis .

O certo  é que  Pituca  nunca  desconfiou  que isto  poderia  o seu  plano  ao fracasso .  E , certamente , ajudou  no seu  fracasso  .  Imaginemos que  Pituca dividisse  meio a meio  os  vinte milhões  . Provavelmente , nem assim Aramis  trairia  Os Mosqueteiros . Provavelmente .

Amanhecia quando - por dentro daquela estância de Pituca - chegaram à Rivera .

Aramis despediu-se de  Pituca ,  ficando  certo que daí há duas horas encontrariam-se  no  saguão do hotel  , ficando implícito que a sua hipotética parte seria-lhe paga neste encontro .

O dinheiro de Brasilia tornou-se  agora a esperança  de  Pituca  entrar numa bolada federal .






segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Azul da Índia .

A reunião já estava marcada há quatro meses ,  mas ele  não dera importância para o inverno de Moscou .  Mas era inverno  em Moscou .

Ainda sem  pensar no problema , deixou para  pintar os cabelos   -  já  com uns sessenta  por cento de brancos  -   no hotel .

No elevador  ele e o indiano de enorme turbante azul  sorriram um para o outro  arriscando  um good mornig  também recíproco.

O frio lá fora não tinha precedentes para eles ;  mesmo assim pediu para a mulher passar a tintura . Contou  os minutos e foi para o banho.  Segundos depois  faltou energia elétrica .

 " Comunistas filhos da puta ! "   vociferou .   Desesperou-se :  as  luzes de emergência se acenderam  mas o chuveiro do banheiro  que  era  igual aos do  Brasil :  não  tinha  um  reservatório  de água quente sendo , cada um  deles , um aquecedor  independente , e  gelado .    Sem energia  , a água  instantaneamente foi  para quase zero grau .

A reunião ,   o cabelo empapado de tinta marrom  ... água a zero grau ..... .

 Chegou  na  reunião de turbante azul .


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