Um ano se passara e quatro remessas de valores tinham chegado do centro do país . A maior parte deles seguira para a Europa , quantias de menor monta ficaram mesmo na República Oriental . Como Pituca previra , os capa-pretas fizeram-se íntimos das moças do Boca de Ouro . O que Paulo não sabia é que a jovenzinha , que praticamente amigara-se com Silvério o capa-preta chefe , fora convidada pelos Mosqueteiros a fazer parte do grupo . E aceitara juntar-se à D´ Artagnan e Athos adquirindo o codinome de Aramis ; aliás , o único dos mosqueteiros que falava o idioma Espanhol . Assim , Aramis recebeu a promessa de que quaisquer desapropriações , qualquer lucro vindo daquela sociedade, seria dividia de forma igual entre os mosqueteiros . Reviveriam o "Um por todos , todos por um " .
O certo é que a moça era nacional da República Oriental e , se antes de pertencer aos Mosqueteiros já se esforçava em agradar Silvério ( aliás , ele confidenciou-lhe numa noite daquelas que "Silvério" era um codinome ; que seu nome de batismo seria Dirceu . Mas foi preciso de muito uísque irlandês na cabeça para que Dirceu revelasse este seu segredo maior ) agora ela se aplicava mais e mais nos jogos de amor . Ainda que a jovem exercesse a antiga profissão , é certo que ela não o fazia tão somente por interesse pecuniário . Assim , ampliar os limites das possibilidades amorosas era não só um desafio na missão de agradar totalmente Silvério ; a verdade é que uma possibilidade - a de trabalhar em prol do ideal do Mosqueteiros - não anulava a chance de entregar-se aos prazeres que quase sempre co-habitam com os demais resultados práticos de seu ofício . Aramis soltava-se e imergia no clima ; e , se proporcionava a Silvério tudo o que a imaginação do capa-preta criava , ela também aproveitava a sede , misturada com fome mesmo , com que o homem chegava ao Boca de Ouro . Nada , mas nada mesmo , do que constava do menu dos amantes , fossem eles franceses , tailandeses , indianos ou de qualquer outra nacionalidade tida como íntima do erotismo mais profundo era deixado de lado . Silvério trazia-lhe fotos , cadernos pornográficos com as posições eróticas mais intensas para reforçar os laços amorosos , mas cuidava de levá-los todos de volta quando , quase ao amanhecer , seguia para Rivera . O fato é que Aramis , com Silvério , sentia de verdade quase todo o prazer que exteriorizava ; e que com outros clientes , fingia sentir . Por isto , se do seu lado Silvério gemia sem sentir dor em cima Aramis cortava o silêncio daqueles pampas só povoado de gado bramindo de prazer. Para o bem de todos , a moça convencera o capa-preta de que ele nascera para dar prazer aquela sua amante . E é bem possível que isto fosse verdade . Só o que Silvério não sabia , era que a mulher , além do prazer que proporcionava e desfrutava -além disto - ela ficava com olho de águia nos hábitos de Dirceu ; como e onde guardava as chaves da caminhonete que trazia o tesouro , por quanto tempo a quantidade bebida naqueles encontros o mantinha quase anestesiado . Todas as informações eram passadas para D´ Ártagnan e Athos .
Por sua vez , Paulo - o Pituca - ao perceber que Silvério caíra mais e mais o beiço por Aramis , aumentou substancialmente o cachê da prostituta . Ao mesmo tempo que lhe criara um problema : quanto mais pagava , mais informações sobre os costumes do capa-preta exigia ; que , não por acaso , eram os mesmos detalhes que D´ Artagnan e Athos pedidos .
Aramis , assim que pode , pediu uma reunião com D Ártagnan e Athos para que os três avaliassem qual seriam as melhores respostas que ela teria que dar ao Pituca , que em vez de aproximá-lo da fortuna que ambos os lados disputavam , deixassem-no cada vez mais distante da dinheirama .
quinta-feira, 27 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
E "O Globo" afinou mais uma vez .
Prezados leitores !
Impossível deixar de registrar que hoje , 26 de junho de 2013 o principal jornal do Rio de Janeiro chavecou . Lembram o que é chavecar ? É embrulhar a mentira para presente .
E não é que na mesma manhã em que a polícia carioca mata dez pessoas o jornal O Globo omitiu-se em registrar esta tragédia com a manchete maior da primeira folha . Existe , creiam leitores , obrigação do jornal dar o destaque maior ( a manchete maior , mais expressiva ) para o assunto mais relevante .
Rapidamente estamos chegando à Iraque . à Afeganistão , à Síria , à banalização da morte por atacado .
Assim é que não existia no dia , na edição de hoje , um tema ( ainda que macabro , quando a polícia de Sergio Cabral mata dez pessoas numa "Comunidade Pacificada " ) mais importante , mais pungente do que registrar para a posteridade , com a amplitude e grandeza exigida pela magnitude da tragédia , que dez pessoas foram mortas .
Mesmo assim , Globo praticamente repetiu a manchete maior de ontem : "derrubada da PEC 37 " .
Entre o chaveco ( chiiiii .... não podemos alarmar os gansos , não podemos botar isto em letras maiores ..... chamar mais atenção do mundo , temos a Copa do Mundo , as Olimpíadas ) . Ou seja : O Globo reage como parte interessada , e não como jornal , que tem a obrigação de dar suas chamadas , suas manchetes , na exata proporção da importância da notícia .
Não , não adianta fazer "mea culpa" , publicando em página inteira suas hipotéticas novas intenções , jurar por Deus que nunca mais vai alterar a ordem da notícia , não alterar a importância da notícia . Não adiantou jurar - como os Marinho juraram - que de forma alguma iriam - no futuro - manipular a notícia .
O "daqui para frente , tudo será diferente " dos Marinho era mentira , eis que posto a prova , O Globo age , e reage como o velho O Globo : chavecando a notícia , diminuindo-lhe a importância crucial .
O povo não é bobo !
Quem nasce para O Globo nunca chegará a El País .
Impossível deixar de registrar que hoje , 26 de junho de 2013 o principal jornal do Rio de Janeiro chavecou . Lembram o que é chavecar ? É embrulhar a mentira para presente .
E não é que na mesma manhã em que a polícia carioca mata dez pessoas o jornal O Globo omitiu-se em registrar esta tragédia com a manchete maior da primeira folha . Existe , creiam leitores , obrigação do jornal dar o destaque maior ( a manchete maior , mais expressiva ) para o assunto mais relevante .
Rapidamente estamos chegando à Iraque . à Afeganistão , à Síria , à banalização da morte por atacado .
Assim é que não existia no dia , na edição de hoje , um tema ( ainda que macabro , quando a polícia de Sergio Cabral mata dez pessoas numa "Comunidade Pacificada " ) mais importante , mais pungente do que registrar para a posteridade , com a amplitude e grandeza exigida pela magnitude da tragédia , que dez pessoas foram mortas .
Mesmo assim , Globo praticamente repetiu a manchete maior de ontem : "derrubada da PEC 37 " .
Entre o chaveco ( chiiiii .... não podemos alarmar os gansos , não podemos botar isto em letras maiores ..... chamar mais atenção do mundo , temos a Copa do Mundo , as Olimpíadas ) . Ou seja : O Globo reage como parte interessada , e não como jornal , que tem a obrigação de dar suas chamadas , suas manchetes , na exata proporção da importância da notícia .
Não , não adianta fazer "mea culpa" , publicando em página inteira suas hipotéticas novas intenções , jurar por Deus que nunca mais vai alterar a ordem da notícia , não alterar a importância da notícia . Não adiantou jurar - como os Marinho juraram - que de forma alguma iriam - no futuro - manipular a notícia .
O "daqui para frente , tudo será diferente " dos Marinho era mentira , eis que posto a prova , O Globo age , e reage como o velho O Globo : chavecando a notícia , diminuindo-lhe a importância crucial .
O povo não é bobo !
Quem nasce para O Globo nunca chegará a El País .
sexta-feira, 21 de junho de 2013
67 - Julietinha e o Oficial do Vapor . Final B
Quanto à produção literária , Pedro Santiago vivia o melhor tempo de sua vida . Estava terminando um livro de poesias que dava ao ex-jornalista grande satisfação . Julietinha engravidara , e recolhera-se ao lar em razão de que os médicos de Boca do Monte prevenirem que sua gravidez era de risco em razão de que a gestante já tinha uma certa idade , o que poderia ampliar as complicações possíveis na gravidez .
Quanto às estâncias , percebia-se que Bandido fazia todo o possível - na verdade , quase o impossível - para que as propriedades dessem resultado econômico positivo . Ainda que não comentasse , por diversas vezes Bandido lançava mão de suas reservas conseguidas em muitos anos de trabalho na Austrália .
Tudo para que Pituca tivesse a segurança econômica que - em derradeira análise - garantiria todo mundo. E , quem sabe , muito especialmente , o futuro dele e de Almerinda . Bandido sabia que se a mesada de Pituca , que equivalia a dez mil dólares mensais, tivesse a regularidade de relojoaria européia tudo seguiria conforme estava planejando . O certo é que pouco a pouco Bandido passava a ser o senhor de todo império dos Becerras. Lembre-se mais uma vez que Bandido era de verdade uma pessoa honesta , polida . - e , se não fosse pouco - de impressionante bom humor .
Almerinda assumira a gerência da casa dos Becerras, em Boca do Monte , e cuidava de Julietinha como só as mães cuidam das filhas quando prenhas.
Quita , que era solteira , e que praticamente já era uma pessoa da família , foi para o apartamento de Pituca na capital onde fazia de bom grado toda a lida doméstica liberando Valéria para dedicar-se toda para os cuidados e necessidades de Pituca .
As chegadas de remessas , do Rio para Rivera , tornaram-se habituais ; ainda que entre uma e outra transcorressem dois ou três meses . Pituca , que vivia muito bem com a mesada que Bandido lhe enviava , liberara entradas das participações no contrabando de dinheiro , para a formação de uma poupança lá no país dos queijos furados .
Julietinha recebia a metade do que Pituca . Bandido a convencera que a outra metade estava sendo capitalizada contabilmente a seu favor . Na verdade Bandido , só com os resultados das estâncias , não conseguiria pagar à Julietinha o mesmo que mandava para Pituca .
Enfim , o núcleo familiar Becerra/Santiago saboreava um raro apogeu que poucos clãs um dia alcançam .
Quanto aos capa-pretas , pouco a pouco eles acostumaram-se a aceitar a parada , que cada vez era mais demorada , no Boca de Ouro . Cada um deles já tinha a sua favorita , que jurava que esperavam-lhes fiéis , mentira esta que reforçava consideravelmente o cachê , já que - pelo menos em tese - teria que aguentar até a próxima vinda de seus , digamos , sultões cariocas.
Já Paulo Becerra ; ele , no mais completo silêncio , preparava a surpresa , que era a de apropriar-se de uma das remessas . De preferência uma das maiores . E depois , ( quem sabe ? ) , ganhar o mundo com sua polaquinha .
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Quanto às estâncias , percebia-se que Bandido fazia todo o possível - na verdade , quase o impossível - para que as propriedades dessem resultado econômico positivo . Ainda que não comentasse , por diversas vezes Bandido lançava mão de suas reservas conseguidas em muitos anos de trabalho na Austrália .
Tudo para que Pituca tivesse a segurança econômica que - em derradeira análise - garantiria todo mundo. E , quem sabe , muito especialmente , o futuro dele e de Almerinda . Bandido sabia que se a mesada de Pituca , que equivalia a dez mil dólares mensais, tivesse a regularidade de relojoaria européia tudo seguiria conforme estava planejando . O certo é que pouco a pouco Bandido passava a ser o senhor de todo império dos Becerras. Lembre-se mais uma vez que Bandido era de verdade uma pessoa honesta , polida . - e , se não fosse pouco - de impressionante bom humor .
Almerinda assumira a gerência da casa dos Becerras, em Boca do Monte , e cuidava de Julietinha como só as mães cuidam das filhas quando prenhas.
Quita , que era solteira , e que praticamente já era uma pessoa da família , foi para o apartamento de Pituca na capital onde fazia de bom grado toda a lida doméstica liberando Valéria para dedicar-se toda para os cuidados e necessidades de Pituca .
As chegadas de remessas , do Rio para Rivera , tornaram-se habituais ; ainda que entre uma e outra transcorressem dois ou três meses . Pituca , que vivia muito bem com a mesada que Bandido lhe enviava , liberara entradas das participações no contrabando de dinheiro , para a formação de uma poupança lá no país dos queijos furados .
Julietinha recebia a metade do que Pituca . Bandido a convencera que a outra metade estava sendo capitalizada contabilmente a seu favor . Na verdade Bandido , só com os resultados das estâncias , não conseguiria pagar à Julietinha o mesmo que mandava para Pituca .
Enfim , o núcleo familiar Becerra/Santiago saboreava um raro apogeu que poucos clãs um dia alcançam .
Quanto aos capa-pretas , pouco a pouco eles acostumaram-se a aceitar a parada , que cada vez era mais demorada , no Boca de Ouro . Cada um deles já tinha a sua favorita , que jurava que esperavam-lhes fiéis , mentira esta que reforçava consideravelmente o cachê , já que - pelo menos em tese - teria que aguentar até a próxima vinda de seus , digamos , sultões cariocas.
Já Paulo Becerra ; ele , no mais completo silêncio , preparava a surpresa , que era a de apropriar-se de uma das remessas . De preferência uma das maiores . E depois , ( quem sabe ? ) , ganhar o mundo com sua polaquinha .
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quarta-feira, 19 de junho de 2013
66- Julietinha e o oficial do vapor - Final B .
Paulo Becerra ainda estava ( como ele gostava de falar ) de pau dentro , quando lembrou-se de tocar no assunto tão adiado : " Polaquinha .... temos que conversar seriamente " , mote que prontamente apartaria qualquer junção.
Valéria : " Fala logo ... o que tens a me dizer ... ? "
Pituca : " É que eu tenho pensado muito sobre nosso futuro . Se de um lado a entrega das estâncias ao Bandido foram um completo acerto ; por outro , temos que decidir sobre se iremos trombar com a sociedade preconceituosa de Boca do Monte . Não é que um filho da puta espalhou por lá que tu já tinhas trabalhado na Gruta Azul ! Vou ser sincero ... este é o motivo de eu sempre resistir em , de uns tempos para cá , visitar Boca do Monte ...
Valéria : "Eu já tinha notado que algo havia ... Mas lembre-se , Paulo Becerra ... tu és um homem livre para decidir o que for melhor para ti ... se eu saí uma vez de tua vida , posso fazer o mesmo novamente , basta que tu estales os dedos e já me verás pelas costas ... "
Pituca que alem de ajoelhar-se ante a mulher amada começou a chorar quase que convulsivamente, balbuciou : " Não é isto , não é nada disto ... o que eu quero é decidir , contigo junto de mim , se vamos ... se nós dois vamos enfrentar aqueles miseráveis de Boca do Monte , ou vamos bater nossas asas para viver em outras plagas ... é isto que temos que decidir agora . "
Valéria : " Se é assim , se me queres de verdade a teu lado , honra a tua palavra de homem que eu mantenho a de mulher . Como tua esposa te seguirei por onde fores , e feliz da vida por estar a teu lado . "
Pituca exultou por dentro e agradeceu pelas palavras sinceras de Valéria .
Valéria : " Fala logo ... o que tens a me dizer ... ? "
Pituca : " É que eu tenho pensado muito sobre nosso futuro . Se de um lado a entrega das estâncias ao Bandido foram um completo acerto ; por outro , temos que decidir sobre se iremos trombar com a sociedade preconceituosa de Boca do Monte . Não é que um filho da puta espalhou por lá que tu já tinhas trabalhado na Gruta Azul ! Vou ser sincero ... este é o motivo de eu sempre resistir em , de uns tempos para cá , visitar Boca do Monte ...
Valéria : "Eu já tinha notado que algo havia ... Mas lembre-se , Paulo Becerra ... tu és um homem livre para decidir o que for melhor para ti ... se eu saí uma vez de tua vida , posso fazer o mesmo novamente , basta que tu estales os dedos e já me verás pelas costas ... "
Pituca que alem de ajoelhar-se ante a mulher amada começou a chorar quase que convulsivamente, balbuciou : " Não é isto , não é nada disto ... o que eu quero é decidir , contigo junto de mim , se vamos ... se nós dois vamos enfrentar aqueles miseráveis de Boca do Monte , ou vamos bater nossas asas para viver em outras plagas ... é isto que temos que decidir agora . "
Valéria : " Se é assim , se me queres de verdade a teu lado , honra a tua palavra de homem que eu mantenho a de mulher . Como tua esposa te seguirei por onde fores , e feliz da vida por estar a teu lado . "
Pituca exultou por dentro e agradeceu pelas palavras sinceras de Valéria .
terça-feira, 18 de junho de 2013
65 - Julietinha e o Oficial do vapor . Final B
Algumas certezas os dois tinham . A primeira era quanto ao motivo do alivio monetário que planejavam ; ele teria que ser tão justo quanto possível fosse um furto assim ser . Também não restavam dúvidas de que o dinheiro que queriam já tinha a sua origem criminosa esclarecida , ao contrário de outras cadeias de roubos que perdiam-se aos serem por um outro meio , branqueadas . Neste caso , não . A quantia viria para suas mãos já na terceira ; ou , no mínimo , na segunda geração de roubo . E , embora uma delas ainda permanecesse no campo das hipóteses , das possibilidades , as outras duas eram pacíficas . A primeira desapropriação ilícita deu-se quando da obtenção da grana pelos construtores ( ou mesmo pelos políticos que ganhavam porcentagens dos valores pagos pelas obras de Brasilia ) eis que tendiam ao infinito as formas de se roubar na construção da capital . O segundo elo do roubo poderia muito bem ser aquele praticado pelas células terroristas - ou revolucionárias , dependendo do lado de quem olhasse a requisição do dinheiro . Apesar disto , é certo que o rigor lógico de D´Artagnan fazia com que a dupla desconsiderasse a hipótese da certeza de que aquele dinheiro passara de verdade pelas mãos dos oposicionistas radicais , o que ainda estava só no campo das probabilidades . O fato é que não havia segurança de que aqueles dólares que chegariam tinham sido saqueados - como os outros - pelas alianças revolucionárias , que diziam pretender dá-los " a los pobres de la Tierra" . Já a terceira geração de furtos aconteceria quando Paulo Becerra desviasse para si uma das dinheiramas que vinha para a República Oriental - a que , pelos planos de D´ Artagnan - deveria por eles ser aliviada. Por isto , era certa - para D ´Artagnan , pelo menos - a necessidade de que Paulo Becerra teria que entrar na posse do tesouro , ainda que fosse por poucos momentos . Só assim estariam satisfeitos os requisitos auto-impostos : de certeza de que , pelo menos , dois roubos sucessivos dariam a mais plena convicção de que teriam , no mínimo , duzentos anos de perdão , tempo que branquearia a grana até mesmo em relação às vidas de seus descendentes . Aramis , mesmo sem entender muito dessas exigências , também convenceu-se sobre tais necessidades filosóficas originadas na enorme importância que D´Artagnan dava ao fato de que o que praticariam jamais poderia ser classificado como roubo , furto , ou mesmo apropriação indébita . Sim , para D´Artagnan eles , tão somente , descobriram - e poriam em prática brevemente - um jeito de se obter a propriedade numa de suas formas isentas de eiva : quebrar uma cadeia de roubos resultando em que a gaita voltasse à mãos limpas . Tão importante quanto a própria expectativa de uma vida futura abastada , era ter a certeza de que a origem disto era lícita .
Teorias a parte , Athos perguntou : " E com qual partida de dinheiro que iriamos trabalhar ? "
O que já estava resolvido na cabeça de D´Artagnan foi comunicado ao sócio : " Com a mesma que Paulo Becerra pensa embolsar " .
Teorias a parte , Athos perguntou : " E com qual partida de dinheiro que iriamos trabalhar ? "
O que já estava resolvido na cabeça de D´Artagnan foi comunicado ao sócio : " Com a mesma que Paulo Becerra pensa embolsar " .
64 - Julietinha e o oficial do vapor - Final B
Bandido decidiu fazer um projeto igual ao que fizera na Austrália : plantar videiras francesas ; agora , com castas de uvas já adaptadas ao hemisfério sul . Para tanto usou seus contatos feitos quando ainda trabalhava para Tião . Junto com a plantação de parreiras foi também fazendo as instalações para a produção de vinho de qualidade . Dentre tantas escolhas , já pensara em não usar tonéis de carvalho para o envelhecimento do vinho ; mas sim , valer-se das novas técnicas , iniciadas no hemisfério sul , de jogar pedaços da madeira dentro dos reservatórios do vinho - que seriam de aço - promovendo a impregnação do sabor deixado pelo carvalho , mas sem os custos de , a cada safra , ter que adquirir tonéis de verdadeiro carvalho . Seria uma tentativa de preservar alguma qualidade , ao mesmo tempo que diminuiria os custos .
Paulo : " A tua ideia é excelente . " Mas será que não poderíamos , antes mesmo disto tudo estar pronto; e como estamos na fronteira , antecipar a nossa produção trazendo vinho da Argentina , e , por que não ? , da República Oriental ... "
Bandido : " É que eu queria fazer as coisas de modo direito , menino Pituca . Eu sei que trazer vinho da Argentina por meio de contrabando anteciparia a entrada de dinheiro Mas a minha intenção é formar uma nova fonte de renda , não só para a tua estância ; mas - com a experiência que adquiri na Austrália - criar uma alternativa de ocupação da mão de obra , que agora depende basicamente da pecuária . E se a pecuária dá algum lucro para os estancieiros , sejamos francos , para a peonada ela é um desastre . Já a videira é diferente ; com vinho , com sua indústria , o ciclo todo garante emprego para muita gente . E se nos voltássemos para o contrabando , o negócio seria só mais um tipo de ilegalidade por estas plagas ..."
Paulo : " Me desculpe , amigo velho ; me desculpe e segue este projeto como tua vontade mandar .. . Mas , mudando de assunto , eu quero dizer que resolvi mesmo não vir para Boca do Monte com a minha Valéria .
E mais , estou pensando seriamente em fazer um longa viagem , para muito longe mesmo .... Para tanto , estou pensando em deixar para ti um mandato , uma procuração , a mais ampla possível para que possas , amigo Bandido , fazer tudo o que for preciso para dar continuidade às tuas idéias , aos teus muito projetos ... como vens fazendo ... melhor , muito melhor do que eu próprio . Só que mandando uma mesada , tão generosa quanto possível fosse , para eu e a Polaca termos como curtir a vida lá onde estivermos " Como sempre nestes momentos , Paulo explodiu numa gargalhada de sincera admiração ao amigo .
Paulo : " A tua ideia é excelente . " Mas será que não poderíamos , antes mesmo disto tudo estar pronto; e como estamos na fronteira , antecipar a nossa produção trazendo vinho da Argentina , e , por que não ? , da República Oriental ... "
Bandido : " É que eu queria fazer as coisas de modo direito , menino Pituca . Eu sei que trazer vinho da Argentina por meio de contrabando anteciparia a entrada de dinheiro Mas a minha intenção é formar uma nova fonte de renda , não só para a tua estância ; mas - com a experiência que adquiri na Austrália - criar uma alternativa de ocupação da mão de obra , que agora depende basicamente da pecuária . E se a pecuária dá algum lucro para os estancieiros , sejamos francos , para a peonada ela é um desastre . Já a videira é diferente ; com vinho , com sua indústria , o ciclo todo garante emprego para muita gente . E se nos voltássemos para o contrabando , o negócio seria só mais um tipo de ilegalidade por estas plagas ..."
Paulo : " Me desculpe , amigo velho ; me desculpe e segue este projeto como tua vontade mandar .. . Mas , mudando de assunto , eu quero dizer que resolvi mesmo não vir para Boca do Monte com a minha Valéria .
E mais , estou pensando seriamente em fazer um longa viagem , para muito longe mesmo .... Para tanto , estou pensando em deixar para ti um mandato , uma procuração , a mais ampla possível para que possas , amigo Bandido , fazer tudo o que for preciso para dar continuidade às tuas idéias , aos teus muito projetos ... como vens fazendo ... melhor , muito melhor do que eu próprio . Só que mandando uma mesada , tão generosa quanto possível fosse , para eu e a Polaca termos como curtir a vida lá onde estivermos " Como sempre nestes momentos , Paulo explodiu numa gargalhada de sincera admiração ao amigo .
segunda-feira, 17 de junho de 2013
63 - Julietinha e o Oficial do Vapor - Final B
" Eu fiz como tu pedistes ... segui o Pituca sem ser notado .... na verdade ele foi à Rivera para conversar com o Sr. Paniágua , do Banco da República . Sentei de costas para eles na cervejaria . Não me notaram . Paniágua conhece Pituca desde guri . Era ele quem gerenciava as contas do pai , e mesmo quem pagava-lhe o que recebia das exportações de couro . Mas agora me pareceu que o Pituca quer mesmo é saber como funciona o recebimento de dólares que , como disse Paniágua , estão chegando aos montes , com medo de que as esquerdas ganhem importância e - como fizeram com os dólares do Adhemar - passem a perseguir e assaltar estas nova fortunas nascidas das grandes negociatas com a construção de Brasilia . "
" Bem dizem que cachorro que come ovelha ... só matando . Parecia que o Paulo Becerra tinha se emendado , que deixara de lado as espertezas , as sociedades criminosas que sabemos que ele sempre teve ... e agora ele aparece perguntando sobre estes descaminhos de fortunas para a República Oriental ... "
Os dois homens eram íntimos , e ficara claro que ficariam "hojo ! " com Paulo Becerra . Ambos pareciam totalmente dispostos a descobrir totalmente o que passava na cabeça do Pituca .
" Bem dizem que cachorro que come ovelha ... só matando . Parecia que o Paulo Becerra tinha se emendado , que deixara de lado as espertezas , as sociedades criminosas que sabemos que ele sempre teve ... e agora ele aparece perguntando sobre estes descaminhos de fortunas para a República Oriental ... "
Os dois homens eram íntimos , e ficara claro que ficariam "hojo ! " com Paulo Becerra . Ambos pareciam totalmente dispostos a descobrir totalmente o que passava na cabeça do Pituca .
sábado, 15 de junho de 2013
62 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B
Paniágua : " Don Pituca , continuam a llegar volumes fantásticos de dólares . Dicen que la primeira llegada seria mismo de un grande asalto a la casa da amante de um político , de mayorales . Mas ahora otros tesoros estarian llegando , no total fueran quatro las partidas en dolares ...
Paulo Becerra respondeu como se nada soubesse de tais fortunas : " Mas é comum este contrabando de valores tão altos ? "
Paniágua : " La cosa son por ciclos . Cuando las personas desconfian - en Brasil o en Argentina - de que algo no esta bien en la seguridad , o en la politica ... entonces ellos hacen verdaderas romarias, que llegan por las mas distintas formas y medios de transportes .
Paulo : " E porque somente em dolares ... ?
Paniágua : " Es evidente , Don Paulo Becerra ... la moneda americana minimiza fantasticamente el riesgo ... basta que la persona - no caso , las personas - consigan reconocer la plata verde , si es falsa , o verdadera . . E esto nos es asi tan dificil . Los ojos y el tato aún son los mejores instrumentos ... . Es que los falsficadores de dolares no conseguiran , todavia , hacer el relevo que la tinta imprime nel papel moneda es un excelente indicio que el dolar es verdadero . Aun que no se tenga certeza de que es cien por ciento veraz ( mire que de las falsificaciones colombianas son casi perfectas ) pero , asi mismo , es casi imposible que una persona comum , pero entrenada , no descubra una nota falsa en centenas de otras verdaderas . E mas importante : para nosotros , con la tradicion inflacionaria que tenemos , el dolar americano llega a ser tambien una vacuna contra la inflacion . Aqui en la Republica Oriental tenemos esta modalidad de depositos , que son las cuentas en dolares americanos . Asi , despues que la guita llega acá ganan ustedes , gana Tio Sam que solamente gasta tinta e papel e lleva para norte-america casi toda la plata ... ganamos nosotros que recibimos estes regallos para nuestra economia ... gana todo mundo , niño Pituca ... " Disse o banqueiro Paniágua ao mesmo tempo que abria-se numa gargalhada .
Paulo : " Se es asi , Don Paniágua , eu estou pensando em .... quem sabe .... vender uma ou outra propriedade para trazer la plata para você . As coisas parecem que estão se complicando la na minha terra ... e na vida sempre temos que ter uma alternativa ... um segundo plano ...
Paniágua : " Solamente no te olvides de que hay que pagar nuestras comisiones y pequeñas tajas ... desde que no te olvides desto , puedes traer hastá mismo todos los dolares de la construccion de Brasilia ...
Uma coisa ambos não sabiam .... que , também estava ali com eles , nas mesas da calçada , da cervejaria da Calle General Artigas , mais precisamente na mesa de trás à que estavam sentados , um brasileiro com seus 60 anos que , usando roupas típicas de gaúcho uruguaio , parecia ler um jornal da República Oriental , que , tomando cerveja passava totalmente despercebido de que era um espião que , além de ouvir , rabiscava algo num bloco de anotações .
Mas plantado por quem ?
Afinal , quem seria o espião , de quem estava ali a soldo ?
Paulo Becerra respondeu como se nada soubesse de tais fortunas : " Mas é comum este contrabando de valores tão altos ? "
Paniágua : " La cosa son por ciclos . Cuando las personas desconfian - en Brasil o en Argentina - de que algo no esta bien en la seguridad , o en la politica ... entonces ellos hacen verdaderas romarias, que llegan por las mas distintas formas y medios de transportes .
Paulo : " E porque somente em dolares ... ?
Paniágua : " Es evidente , Don Paulo Becerra ... la moneda americana minimiza fantasticamente el riesgo ... basta que la persona - no caso , las personas - consigan reconocer la plata verde , si es falsa , o verdadera . . E esto nos es asi tan dificil . Los ojos y el tato aún son los mejores instrumentos ... . Es que los falsficadores de dolares no conseguiran , todavia , hacer el relevo que la tinta imprime nel papel moneda es un excelente indicio que el dolar es verdadero . Aun que no se tenga certeza de que es cien por ciento veraz ( mire que de las falsificaciones colombianas son casi perfectas ) pero , asi mismo , es casi imposible que una persona comum , pero entrenada , no descubra una nota falsa en centenas de otras verdaderas . E mas importante : para nosotros , con la tradicion inflacionaria que tenemos , el dolar americano llega a ser tambien una vacuna contra la inflacion . Aqui en la Republica Oriental tenemos esta modalidad de depositos , que son las cuentas en dolares americanos . Asi , despues que la guita llega acá ganan ustedes , gana Tio Sam que solamente gasta tinta e papel e lleva para norte-america casi toda la plata ... ganamos nosotros que recibimos estes regallos para nuestra economia ... gana todo mundo , niño Pituca ... " Disse o banqueiro Paniágua ao mesmo tempo que abria-se numa gargalhada .
Paulo : " Se es asi , Don Paniágua , eu estou pensando em .... quem sabe .... vender uma ou outra propriedade para trazer la plata para você . As coisas parecem que estão se complicando la na minha terra ... e na vida sempre temos que ter uma alternativa ... um segundo plano ...
Paniágua : " Solamente no te olvides de que hay que pagar nuestras comisiones y pequeñas tajas ... desde que no te olvides desto , puedes traer hastá mismo todos los dolares de la construccion de Brasilia ...
Uma coisa ambos não sabiam .... que , também estava ali com eles , nas mesas da calçada , da cervejaria da Calle General Artigas , mais precisamente na mesa de trás à que estavam sentados , um brasileiro com seus 60 anos que , usando roupas típicas de gaúcho uruguaio , parecia ler um jornal da República Oriental , que , tomando cerveja passava totalmente despercebido de que era um espião que , além de ouvir , rabiscava algo num bloco de anotações .
Mas plantado por quem ?
Afinal , quem seria o espião , de quem estava ali a soldo ?
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Aos meus 23 leitores humanos .
Prezados Leitores !
Mesmo sabendo que a maioria de meus "leitores" são máquinas rastreadoras de mensagens eletrônicas informo aos demais que vou continuar com este blogue ( o "Com Chaveco" ) . E qual seria a razão de "continuar com este blog" ?
Eu mesmo respondo : É que , excluindo as leituras de rastreamento, ainda me resta um grande ( para a singeleza de meu blog ) número de leitores neste planeta Terra . Esta quase- ficção sul-americana (Julietinha e o Oficial do Vapor ) teve ontem 39 leitores na Russia , 4 na Holanda , 2 na Alemanha , 1 no Brasil e um no Reino Unido . Eu poderia agora mencionar os autores de literatura de tais países - os literatos de tais nações - para demonstrar a validade de meu blogue . Sim , russos , holandeses , alemães , brasileiros e ingleses teriam muitas alternativas de leitura dentre seus próprios escritores , mas - modéstia a parte - deram-me a honra . Assim , afirmo que ser lido por 23 pessoas ( vide abaixo esta conclusão ) faz com que eu continue tentando não decepcioná-los , que continue escrevendo esta quase-ficção sul-americana . Se os computadores estiverem mesmo - como eu penso - vigiando todas as comunicações - pouca importância isto gera para o objetivo final destes escritos .
Imagino que 47 "visualizações " representem mais ou menos uns 23 leitores . Isto porque é admissível que cada um "entre" duas vezes em cada texto . Como se diz por aqui ... desgraça pouca é tolice .
Já com o outro blogue ( para quem não sabe , tenho - ou tinha - outro blogue , o "Sem Chaveco" ) as coisas são diferentes . Ali eu dou opiniões políticas , e também sobre costumes . Ou seja : por óbvio : o " Sem Chaveco" é "sem ficção" ; e ali ser ali bisbilhotado representa algo de ruim , eis que eu não escrevo o "Sem Chaveco" para ser espionado . Mas este "Com Chaveco" , ele pode ser vigiado sem maiores sentimentos de culpa . Talvez porque a parcela que dedico ao "não-ficcionismo" por aqui seja plenamente admissível de leitura exclusiva de robots ; já com o "Sem-Chaveco" é diferente ... ali tudo é para ser verdadeiro . Resumindo : as ficções podem ser espionadas ; mas quando escrevo minhas verdades , elas não deveriam servir para espionagens porque, neste caso específico , o leitor deve ter consciência . E computador - assim como seus esbirros - não a tem .
Assim , em homenagem aos meus leitores humanos digo que este blogue ( assim como outras histórias igualmente ficcionais que me vierem à mente ) continuarão sendo mostradas . A menos que eu perceba estar escrevendo quase-ficções somente para robots . Aí terei que decidir se vale a pena falar só para uma cyber-platéia . Mas enquanto eu certeza que estou sendo lido um leitor comprovadamente humano ... o show continuará.
Mesmo sabendo que a maioria de meus "leitores" são máquinas rastreadoras de mensagens eletrônicas informo aos demais que vou continuar com este blogue ( o "Com Chaveco" ) . E qual seria a razão de "continuar com este blog" ?
Eu mesmo respondo : É que , excluindo as leituras de rastreamento, ainda me resta um grande ( para a singeleza de meu blog ) número de leitores neste planeta Terra . Esta quase- ficção sul-americana (Julietinha e o Oficial do Vapor ) teve ontem 39 leitores na Russia , 4 na Holanda , 2 na Alemanha , 1 no Brasil e um no Reino Unido . Eu poderia agora mencionar os autores de literatura de tais países - os literatos de tais nações - para demonstrar a validade de meu blogue . Sim , russos , holandeses , alemães , brasileiros e ingleses teriam muitas alternativas de leitura dentre seus próprios escritores , mas - modéstia a parte - deram-me a honra . Assim , afirmo que ser lido por 23 pessoas ( vide abaixo esta conclusão ) faz com que eu continue tentando não decepcioná-los , que continue escrevendo esta quase-ficção sul-americana . Se os computadores estiverem mesmo - como eu penso - vigiando todas as comunicações - pouca importância isto gera para o objetivo final destes escritos .
Imagino que 47 "visualizações " representem mais ou menos uns 23 leitores . Isto porque é admissível que cada um "entre" duas vezes em cada texto . Como se diz por aqui ... desgraça pouca é tolice .
Já com o outro blogue ( para quem não sabe , tenho - ou tinha - outro blogue , o "Sem Chaveco" ) as coisas são diferentes . Ali eu dou opiniões políticas , e também sobre costumes . Ou seja : por óbvio : o " Sem Chaveco" é "sem ficção" ; e ali ser ali bisbilhotado representa algo de ruim , eis que eu não escrevo o "Sem Chaveco" para ser espionado . Mas este "Com Chaveco" , ele pode ser vigiado sem maiores sentimentos de culpa . Talvez porque a parcela que dedico ao "não-ficcionismo" por aqui seja plenamente admissível de leitura exclusiva de robots ; já com o "Sem-Chaveco" é diferente ... ali tudo é para ser verdadeiro . Resumindo : as ficções podem ser espionadas ; mas quando escrevo minhas verdades , elas não deveriam servir para espionagens porque, neste caso específico , o leitor deve ter consciência . E computador - assim como seus esbirros - não a tem .
Assim , em homenagem aos meus leitores humanos digo que este blogue ( assim como outras histórias igualmente ficcionais que me vierem à mente ) continuarão sendo mostradas . A menos que eu perceba estar escrevendo quase-ficções somente para robots . Aí terei que decidir se vale a pena falar só para uma cyber-platéia . Mas enquanto eu certeza que estou sendo lido um leitor comprovadamente humano ... o show continuará.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
60 Julietinha e o Oficial do vapor - final B .
Pedro não parava de pensar ... o que Paulo quis lhe dizer quando falou que " para que as coisas permaneçam iguais , é preciso que tudo mude " ?
Sim , pelo que Pedro sabia de Pituca , algo estava para acontecer . Como numa fita gravada as palavras do cunhado voltavam-lhe à cabeça ...
" Pedro , quem poderia dizer que eu próprio , que ajudei a polir as pedras destas ruas com meus passos sempre diretos , sem indecisões , hoje não tenho ânimo de trazer para a minha Boca do Monte a mulher que escolhi para a vida toda ..."
" Isto vai passar ... a Valéria - que hoje é rejeitada , vai cair nas graças de uns e outros e com o tempo tudo estará esquecido , ela será aceita e respeitada como todas as mães de família bocamontenses .... "
" Não Pedro , eu não posso permanecer nesta pasmaceira . Na verdade , estou pensando em renunciar a isto tudo , aos que desviam o olhar quando passo , os que pelas pelas minhas costas dizerem .... la vai o guampudo do Pituca ... . Cunhado , eu vou tratar da minha vida , olhar para frente , respirar novos ares ... mudar a minha vida para continuar sendo feliz com a minha pipoquinha , a polaca que tanto me faz feliz . E estejas certo que não sairei daqui com uma mão na frente outra atrás .... Sei que a corrupção campeia lá no planalto central . É dinheiro roubado da nação , e - cá para nós - ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão .... "
Deitados , Pedro acariciava a mulher ao mesmo tempo que perguntava " ... O que será que está se passando pela cabeça do Pituca ? "
"Meu querido marido , Pituca teve demasiadas responsabilidades quando ainda era um guri .... agora, que já não precisa ficar com tantas preocupações na cabeça , e com a cidade toda falando mal da sua Valéria , ele dá asas a imaginação ... viaja mentalmente para outras plagas para as quais sonha poder levar a sua amada . "
" Só que o Pituca nunca foi de sonhar em vão . Para mim , atrás destes falsos delírios ele tem um plano bem montado .... não é a primeira vez que ele diz que a corrupção amplia o poder dos burocratas a níveis nunca vistos . Com estes argumentos , estas desculpas , ele parece criar um álibi prévio para algum arte que tem em mente . "
"Pedro ... " diz Julietinha " isto é próprio da nossa gente .... reclamar ... gritar ... o próprio Sepé Tiarajú um dia gritou do alto da coxilha para os invasores .... "Esta Terra tem dono ! " , e , no entanto , espanhóis e portugueses tomaram-na até a última légua sem nada de mal acontecer-lhes ... assim será com o Pituca ... vai reclamar muito , mas voltará com sua amada para Boca do Monte mesmo .... e tudo se acomodará ... "
Sim , pelo que Pedro sabia de Pituca , algo estava para acontecer . Como numa fita gravada as palavras do cunhado voltavam-lhe à cabeça ...
" Pedro , quem poderia dizer que eu próprio , que ajudei a polir as pedras destas ruas com meus passos sempre diretos , sem indecisões , hoje não tenho ânimo de trazer para a minha Boca do Monte a mulher que escolhi para a vida toda ..."
" Isto vai passar ... a Valéria - que hoje é rejeitada , vai cair nas graças de uns e outros e com o tempo tudo estará esquecido , ela será aceita e respeitada como todas as mães de família bocamontenses .... "
" Não Pedro , eu não posso permanecer nesta pasmaceira . Na verdade , estou pensando em renunciar a isto tudo , aos que desviam o olhar quando passo , os que pelas pelas minhas costas dizerem .... la vai o guampudo do Pituca ... . Cunhado , eu vou tratar da minha vida , olhar para frente , respirar novos ares ... mudar a minha vida para continuar sendo feliz com a minha pipoquinha , a polaca que tanto me faz feliz . E estejas certo que não sairei daqui com uma mão na frente outra atrás .... Sei que a corrupção campeia lá no planalto central . É dinheiro roubado da nação , e - cá para nós - ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão .... "
Deitados , Pedro acariciava a mulher ao mesmo tempo que perguntava " ... O que será que está se passando pela cabeça do Pituca ? "
"Meu querido marido , Pituca teve demasiadas responsabilidades quando ainda era um guri .... agora, que já não precisa ficar com tantas preocupações na cabeça , e com a cidade toda falando mal da sua Valéria , ele dá asas a imaginação ... viaja mentalmente para outras plagas para as quais sonha poder levar a sua amada . "
" Só que o Pituca nunca foi de sonhar em vão . Para mim , atrás destes falsos delírios ele tem um plano bem montado .... não é a primeira vez que ele diz que a corrupção amplia o poder dos burocratas a níveis nunca vistos . Com estes argumentos , estas desculpas , ele parece criar um álibi prévio para algum arte que tem em mente . "
"Pedro ... " diz Julietinha " isto é próprio da nossa gente .... reclamar ... gritar ... o próprio Sepé Tiarajú um dia gritou do alto da coxilha para os invasores .... "Esta Terra tem dono ! " , e , no entanto , espanhóis e portugueses tomaram-na até a última légua sem nada de mal acontecer-lhes ... assim será com o Pituca ... vai reclamar muito , mas voltará com sua amada para Boca do Monte mesmo .... e tudo se acomodará ... "
terça-feira, 4 de junho de 2013
59 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B .
Paniagua : " Don Pituca , hablo para usted, que conosco desde la llegada a la vida : Hacem quinze dias que llegaron muchos millones de dolares . Por aqui dicieron que era plata de uno de los mayorales de Brasilia ... "
Paulo Becerra : E quanto dinheiro chegou , Senhor Paniagua ?
Paniagua : Bien , son cosas que no se puede hablar , mas como es para ti ..... llegaron diez millónes de dólares ...
Paulo : Mas como uma cidade pequena como esta pode receber tamanha fortuna ...
Paniagua : La Republica Oriental tiene sempre dos clientes alternativos : Brasil y Argentina . Asi , que la plata llega y sigue para la capital ....
Paulo : Mas se ela tem que seguir para o país dos fondues .... como vocês mandam o dinheiro para a Argentina .... não posso entender isto , senhor Paniagua ...
Paniagua : Es la bicicleta .... Pituca .... es la bicicleta ....
Paulo : Bicicleta .... ?
Paniagua : Entienda de una vez : Por hipotesis un amigo mio del Portugal deve plata a mi . Usted llega aqui e dice : " tengo esta plata para mandar para Manoel en Portugal " . Yo aviso a mi devedor en Portugal : "del dinero que usted me deve , favor entregar-lo 10.000 al senor Manoel " . Mira que la plata en especie no sale de aqui para Portugal . Existe de fato una compensacion internacional de plata , pero sin que obrigatoriamente ella viaje hastá el pais de su entrega . A isto llamamos bicicleta . Asi que los millones de Brasilia fueron mismo para la Argentina , pero fueron tambien liberados en Europa para la cuenta de Manoel , sin que un cent se perdese nel camino .
Paulo : Quer dizer que se eu ganhar na loteria lá no Brasil e trouxer uma montanha de dinheiro para o senhor ele seguirá para onde eu quiser ?
Paniágua : Tambien sin que un cent se pierda , senhor Paulo Becerra . Ahora usted puede ganar a su voluntad en la quiniela que nosotros mandamos para onde quieras !
Paulo : Gracias , Señor Paniagua , muchas gracias . Volto agora para minha terra para apostar na Lotto !
Paulo : Mas como uma cidade pequena como esta pode receber tamanha fortuna ...
Paniagua : La Republica Oriental tiene sempre dos clientes alternativos : Brasil y Argentina . Asi , que la plata llega y sigue para la capital ....
Paulo : Mas se ela tem que seguir para o país dos fondues .... como vocês mandam o dinheiro para a Argentina .... não posso entender isto , senhor Paniagua ...
Paniagua : Es la bicicleta .... Pituca .... es la bicicleta ....
Paulo : Bicicleta .... ?
Paniagua : Entienda de una vez : Por hipotesis un amigo mio del Portugal deve plata a mi . Usted llega aqui e dice : " tengo esta plata para mandar para Manoel en Portugal " . Yo aviso a mi devedor en Portugal : "del dinero que usted me deve , favor entregar-lo 10.000 al senor Manoel " . Mira que la plata en especie no sale de aqui para Portugal . Existe de fato una compensacion internacional de plata , pero sin que obrigatoriamente ella viaje hastá el pais de su entrega . A isto llamamos bicicleta . Asi que los millones de Brasilia fueron mismo para la Argentina , pero fueron tambien liberados en Europa para la cuenta de Manoel , sin que un cent se perdese nel camino .
Paulo : Quer dizer que se eu ganhar na loteria lá no Brasil e trouxer uma montanha de dinheiro para o senhor ele seguirá para onde eu quiser ?
Paniágua : Tambien sin que un cent se pierda , senhor Paulo Becerra . Ahora usted puede ganar a su voluntad en la quiniela que nosotros mandamos para onde quieras !
Paulo : Gracias , Señor Paniagua , muchas gracias . Volto agora para minha terra para apostar na Lotto !
sábado, 1 de junho de 2013
58 - Julietinha e o oficial do navio - Final B
" barra ponto ponto ponto ponto ponto ponto barra ponto
ponto ponto ponto barra ponto barra ponto ponto ponto
barra ponto ponto barra barra barra ponto ponto ponto "
Assim mesmo ! O combinado era que Paulo Becerra mandasse esta mensagem : "Bienvenidos " para as pessoas que chegariam com o dinheiro para entrar fronteira adentro da República Oriental .
Antes disto Paulo Becerra , o Pituca , fora com Valéria para Punta del Leste . Deixara a mulher por lá com dinheiro para ficar muitos dias e disse que tinha um negócio demorado para fazer . Chegou a Punta com três dias de antecedência , três dias de pau dentro , como ele dizia caindo logo depois na maior gargalhada .
Ele decidira trazer as mais chinas mais belas que achou nas cidades vizinhas e as colocou no Boca de Ouro , que era um puteiro que ficava por onde deveriam passar , já nos caminhos de fora da estrada asfaltada . O plano era recepcionar os convivas com um churrasco , cerveja e vinho e , se eles se engraçassem com alguma china , deixá-los a vontade .
O trato era aquele : "bienvenidos " em código morse , passado por Paulo com o facho da luz da lanterna . Além disto , Pituca deveria estar desarmado . Tudo deu-se assim mesmo .
Na hora aprazada - uma da manhã - apareceu o vulto de um carro , que parou no quilômetro 362 . Paulo pegou a lanterna e , lendo a mensagem em morse previamente anotada passou : " bienvenidos " .
Pouco a pouco a F100 chegou perto ; dela saindo três caras - todos vestidos de preto - que mal cumprimentaram Paulo Becerra .
" Sou de Paz ! " disse o gaúcho .
Abriram a porta e Pituca entrou no lugar vago da frente . Poucas eram as palavras trocadas , até que a luz vermelha do Boca de Ouro apareceu . Foi quando Paulo propôs que parassem para merendar . Quanto ao automóvel de Paulo , este já ficara junto a choupana de um camponês , talvez por acaso , conhecido do Pituca .
Enfaticamente os capa pretas negaram-se a parar . Um deles , porém , ficou longamente olhando para uma das chinas que , só de calça de baixo e corpinho , aparecera na porta do bordel . A moça era verdadeiramente bela . Muito bem torneada , com ancas bem definidas, de boa parideira . Ambos , por um momento amplo não conseguiram livra-se das grossas correntes de um olhar feito de desejos . Assim foi até que a completa escuridão os separasse de vez . De dentro da casa as rizadas e a algazarra do chinaredo chegavam até a F-100 , fazendo com que a feição dos capa-pretas se desanuviasse um pouco . Mas bastaram alguns metros da caminhonete rodando para que a tensão voltasse quase em dobro . Era que daqui a pouco tempo eles atravessariam a fronteira , e sabiam que a polícia da República Oriental era conhecida pela violência no trato dos meliantes . Além disto , qualquer arreglo que fosse necessário passaria - inexoravelmente - pela perda de toda a preciosa carga que estava ali atrás .
Duas horas depois entraram na estância de Pituca , que tinha um pedaço em cada país para facilitar o contrabando , que estava totalmente deserta.
Noite alta , já eram cinco horas da madrugada quando abriram uma porteira apodrecida , que dava numa rua de terra já na República Oriental . Ainda de madrugada todas as oito caixas foram rigorosamente entregues pelos transportadores a quem indicado . A placa na porta do banco mostrava que seu nome , o nome do banco , era tão somente uma sigla , sem que as letras - por elas próprias - formassem uma palavra qualquer .
Com Paulo indicando os caminhos , atravessaram a rua que serve de fronteira aos dois países e estacionaram a F-100 em frente ao hotel. Pouco a pouco os bares iam abrindo as portas , e agora , todos aliviados foram encompridando as frases direcionadas a Paulo .
" E aí gaúcho , ainda temos que voltar lá para pegar o recibo . "
Paulo : " não vai ter problema , os orientales são gente correta quando outra alternativa não lhes sobra . "
Paulo despediu-se em Santana do Livramento , logo depois de passarem pelo posto da Polícia Rodoviária Federal , onde - logo adiante - já era esperado por outra caminhonete . Pituca foi rigoroso ao anotar as características do auto transportador do tesouro . Anotou na cabeça a cor , a placa e tudo mais sobre uma identificação , ainda que superficial , da F-100 .
A última coisa que fizeram os capa-pretas foi entregar um pacote muito bem embrulhado , ao que Paulo respondeu : vocês sempre serão bem-vindos a estas minhas plagas . Apertaram as mãos , mais um meio abraço em cada um deles - afinal viveram juntos grandes riscos e fortes emoções . Foi quando cada um tomou o seu rumo . " Boa sorte , Gaucho ! " Foi a última coisa que ouviu . "Buenas !! " , respondeu .
Paulo , como já havia planejado , foi até Don Pedrito , onde e pegou o seu automóvel , trazido por um dos Guapos da Fronteira que estavam espalhados por todos os pontos importantes onde passou , mas voltou a Rivera onde , quase ao meio dia fez uma ligação internacional para o Hotel no Rio de Janeiro onde Zé Arataca estava hospedado . Foi quando perguntou a Zé Arataca se tudo estava bem ; ele respondeu que estava muito feliz , elogiando muito o profissionalismo , a correção do trabalho de todos . Despediu-se dizendo que tudo levaria a crer que falaria com Pituca mui brevemente . Para Pituca , cerravam-se as cortinas do ato .
Paulo abriu o pacote e contou somente as cabeças dos magotes de dólares . Tudo aparentemente certo. Voltou para Santana do Livramento . Pensou em depositar o dinheiro no banco de Paniagua mas rapidamente mudou de ideia : seria um sinal preciso de que estava metido na grande operação da madrugada anterior . Encheu o tanque da caminhonete e foi até sua estância - a Cruzeiro do Sul - que era a de onde atravessaram a fronteira para a República Oriental na madrugada anterior . Não sem agora conferir uma a uma das notas de dólares . Tudo certinho . Guardou-as bem guardadas as notas que somavam duzentos e cinquenta mil dólares , deixando no bolso nada menos do que cinquenta mil dólares .
Pensou no quanto seria o razoável para uma comissão elo trabalho que fez . Uns cinco por cento do valor transportado era o comum . Se este padrão de normalidade viesse a se confirmar teria levado para o banco das siglas enigmáticas nada menos do que seis milhões de dólares .
Com tais pensamentos na cabeça começou naquele mesmo momento outra viagem , agora para Punta del Este onde lhe esperava a mais linda de todas as mulheres : Valéria , a sua pipóquinha polaca .
ponto ponto ponto barra ponto barra ponto ponto ponto
barra ponto ponto barra barra barra ponto ponto ponto "
Assim mesmo ! O combinado era que Paulo Becerra mandasse esta mensagem : "Bienvenidos " para as pessoas que chegariam com o dinheiro para entrar fronteira adentro da República Oriental .
Antes disto Paulo Becerra , o Pituca , fora com Valéria para Punta del Leste . Deixara a mulher por lá com dinheiro para ficar muitos dias e disse que tinha um negócio demorado para fazer . Chegou a Punta com três dias de antecedência , três dias de pau dentro , como ele dizia caindo logo depois na maior gargalhada .
Ele decidira trazer as mais chinas mais belas que achou nas cidades vizinhas e as colocou no Boca de Ouro , que era um puteiro que ficava por onde deveriam passar , já nos caminhos de fora da estrada asfaltada . O plano era recepcionar os convivas com um churrasco , cerveja e vinho e , se eles se engraçassem com alguma china , deixá-los a vontade .
O trato era aquele : "bienvenidos " em código morse , passado por Paulo com o facho da luz da lanterna . Além disto , Pituca deveria estar desarmado . Tudo deu-se assim mesmo .
Na hora aprazada - uma da manhã - apareceu o vulto de um carro , que parou no quilômetro 362 . Paulo pegou a lanterna e , lendo a mensagem em morse previamente anotada passou : " bienvenidos " .
Pouco a pouco a F100 chegou perto ; dela saindo três caras - todos vestidos de preto - que mal cumprimentaram Paulo Becerra .
" Sou de Paz ! " disse o gaúcho .
Abriram a porta e Pituca entrou no lugar vago da frente . Poucas eram as palavras trocadas , até que a luz vermelha do Boca de Ouro apareceu . Foi quando Paulo propôs que parassem para merendar . Quanto ao automóvel de Paulo , este já ficara junto a choupana de um camponês , talvez por acaso , conhecido do Pituca .
Enfaticamente os capa pretas negaram-se a parar . Um deles , porém , ficou longamente olhando para uma das chinas que , só de calça de baixo e corpinho , aparecera na porta do bordel . A moça era verdadeiramente bela . Muito bem torneada , com ancas bem definidas, de boa parideira . Ambos , por um momento amplo não conseguiram livra-se das grossas correntes de um olhar feito de desejos . Assim foi até que a completa escuridão os separasse de vez . De dentro da casa as rizadas e a algazarra do chinaredo chegavam até a F-100 , fazendo com que a feição dos capa-pretas se desanuviasse um pouco . Mas bastaram alguns metros da caminhonete rodando para que a tensão voltasse quase em dobro . Era que daqui a pouco tempo eles atravessariam a fronteira , e sabiam que a polícia da República Oriental era conhecida pela violência no trato dos meliantes . Além disto , qualquer arreglo que fosse necessário passaria - inexoravelmente - pela perda de toda a preciosa carga que estava ali atrás .
Duas horas depois entraram na estância de Pituca , que tinha um pedaço em cada país para facilitar o contrabando , que estava totalmente deserta.
Noite alta , já eram cinco horas da madrugada quando abriram uma porteira apodrecida , que dava numa rua de terra já na República Oriental . Ainda de madrugada todas as oito caixas foram rigorosamente entregues pelos transportadores a quem indicado . A placa na porta do banco mostrava que seu nome , o nome do banco , era tão somente uma sigla , sem que as letras - por elas próprias - formassem uma palavra qualquer .
Com Paulo indicando os caminhos , atravessaram a rua que serve de fronteira aos dois países e estacionaram a F-100 em frente ao hotel. Pouco a pouco os bares iam abrindo as portas , e agora , todos aliviados foram encompridando as frases direcionadas a Paulo .
" E aí gaúcho , ainda temos que voltar lá para pegar o recibo . "
Paulo : " não vai ter problema , os orientales são gente correta quando outra alternativa não lhes sobra . "
Paulo despediu-se em Santana do Livramento , logo depois de passarem pelo posto da Polícia Rodoviária Federal , onde - logo adiante - já era esperado por outra caminhonete . Pituca foi rigoroso ao anotar as características do auto transportador do tesouro . Anotou na cabeça a cor , a placa e tudo mais sobre uma identificação , ainda que superficial , da F-100 .
A última coisa que fizeram os capa-pretas foi entregar um pacote muito bem embrulhado , ao que Paulo respondeu : vocês sempre serão bem-vindos a estas minhas plagas . Apertaram as mãos , mais um meio abraço em cada um deles - afinal viveram juntos grandes riscos e fortes emoções . Foi quando cada um tomou o seu rumo . " Boa sorte , Gaucho ! " Foi a última coisa que ouviu . "Buenas !! " , respondeu .
Paulo , como já havia planejado , foi até Don Pedrito , onde e pegou o seu automóvel , trazido por um dos Guapos da Fronteira que estavam espalhados por todos os pontos importantes onde passou , mas voltou a Rivera onde , quase ao meio dia fez uma ligação internacional para o Hotel no Rio de Janeiro onde Zé Arataca estava hospedado . Foi quando perguntou a Zé Arataca se tudo estava bem ; ele respondeu que estava muito feliz , elogiando muito o profissionalismo , a correção do trabalho de todos . Despediu-se dizendo que tudo levaria a crer que falaria com Pituca mui brevemente . Para Pituca , cerravam-se as cortinas do ato .
Paulo abriu o pacote e contou somente as cabeças dos magotes de dólares . Tudo aparentemente certo. Voltou para Santana do Livramento . Pensou em depositar o dinheiro no banco de Paniagua mas rapidamente mudou de ideia : seria um sinal preciso de que estava metido na grande operação da madrugada anterior . Encheu o tanque da caminhonete e foi até sua estância - a Cruzeiro do Sul - que era a de onde atravessaram a fronteira para a República Oriental na madrugada anterior . Não sem agora conferir uma a uma das notas de dólares . Tudo certinho . Guardou-as bem guardadas as notas que somavam duzentos e cinquenta mil dólares , deixando no bolso nada menos do que cinquenta mil dólares .
Pensou no quanto seria o razoável para uma comissão elo trabalho que fez . Uns cinco por cento do valor transportado era o comum . Se este padrão de normalidade viesse a se confirmar teria levado para o banco das siglas enigmáticas nada menos do que seis milhões de dólares .
Com tais pensamentos na cabeça começou naquele mesmo momento outra viagem , agora para Punta del Este onde lhe esperava a mais linda de todas as mulheres : Valéria , a sua pipóquinha polaca .
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capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18 A
capítulo 18 B
capítulo 19
capítulo 2
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capítulo 24
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 47
capítulo 48
capítulo 49
capítulo 5
capítulo 50
capítulo 51
capítulo 52
capítulo 53
capítulo 54
capítulo 55
capítulo 55 R2
capítulo 56
capítulo 57
capítulo 58
capítulo 59
capítulo 6
capítulo 60
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capítulo 63
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