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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O novo sócio .

Não , tudo menos entrar para o Facebook .   Facebook era , para ele , uma escravização voluntária  . Facebook , isto não !
Naquele dia ele acordara bem dormido . Dormir bem dava-lhe pelo menos  a sobrevida  de mais um dia .  Botou a ração para o gato ,  tomou café  com pão e manteiga ... . No notebook  abriu os e.mails . Um deles esfriou-lhe a alma . Era o Facebook  mais uma vez  convidando-o   para se associar. Só que desta vez vinha com o nome dela  :   " Você  conhece estas  pessoas ...    ...   e  - pasmem ! -  dentre diversos ,  o dela  .

"  Mas seria ela mesmo ?  "
 " Quantos anos ,  meu Deus ? "
" Maria Pons...   só poderia ser ela ."  Mesmo assim , não  parava de perguntar-se :  "Como o Facebook  encontrou  algum nexo entre eu  e Silvia Maria Pons ?   Como ? "

Como sempre o Facebook exigia  que  ele ,  antes de  abrir  para ver   a  foto do   amigo  que o convidava  ...   ,  ... que ele aceitasse  expressamente  transformar-se num  novo  assinante do  Facebook  .

" Ah !  eles ,  com um sorriso nos lábios e um big-stick  às costas  " As tais  rede sociais  eram , para ele  uma paulada  no cérebro . " Mas e agora , o que faço ? "       Se  só depois de  concordar  em ser um novo  assinante  ele poderia  ter  a certeza  de que  era a mesma  Silvia Maria Pons da  sua juventude .   Se bem que não existe uma só Maria no mundo ... Mas Silvia Maria Pons  ...  era  impossível não ser ela  .

Num momento  tudo voltou  à  cabeça .  Aliás  como  disse  Fagner    :  " sentimento ilhado , morto , amordaçado ,  volta a incomodar ... " .

Correu à gaveta  ,  as mãos  trêmulas  ..  a foto .  " Aquela foto .  Os dois enrodilhados ...   praticamente encaixados um  no outro ...  .   " Por que isto  ??   E logo agora ... ?   "

Na verdade  ele sempre temeu  por aquele momento  ,  que  só agora talvez chegasse pelo facebook  "

Lembrou  logo  do que temia  ...   " e   se o Facebook foi buscá-la onde ela estiver ... será que eu aguentarei ... acho que sim ... Facebook é o fim .  Não !!!    Facebook  não  ! "

Mesmo assim lembrou-se de temores  que  cresciam  a olhos vistos  como  cogumelos venenosos  ...  "  será  que Facebook  jamais , mesmo ?    agora  já  não sei  mais nada ! Não quero pensar mais nisto , o Facebook  jamais a encontraria  ;   e se a encontrasse   , como ela  - mesmo  no Facebook -   iria  saber de mim , que  sequer estou no Facebook  ? "

Voltando  aquele  mesmo lugar   ...

" Apesar de tudo ,   parece que  o Facebook   encontrou-a . Parece que o Facebook encontrou-nos ... !! "    exaltou  a si  mesmo       "  Sim , estou perdido ... o Facebook  fez a conexão entre eu ,  entre a  minha pessoa ( repetiu )  e   Silvia Maria Pons  !    Mesmo eu não sendo associado  o  Facebook   descobriu-nos  !! " ...  gritou  fazendo  com que  subisse  a pressão  no  seu  cérebro .

" Talvez fosse pelos nossos cliques ; sim eles controlam  os cliques de todas  as pessoas do mundo , estando - ou não - no Facebook ! .   Como  gêmeos  univitelinos que  mesmo separados ao nascer  ,  clicam da mesma forma vida a fora  ...  "

" Clico , ou não clico ?   Abro  ou não abro   ? "
A  a tentação de saber   foi maior .  Abriu  !

Mas , não  era  ela  .      O  Facebook  conseguiu  mais um  assinante  .


Nda :  Os versos cantados por Fagner são de Cecília Meireles .

domingo, 29 de dezembro de 2013

Feliz Ano Novo !

Prezados e estimados Perseguidores .

Eis meu presente de Ano Novo :

No fundo do baú fui achar esta preciosidade  ( mas não estou livre de já tê-la mencionado antes ,  "Recordar é viver ... "  já disse o poeta )  :  Um verso ;   melhor diria , um piropo , do grande poeta mexicano Francisco A. de Icaza ,  1863-1925 ,  que viveu  em Espanha .  

O poeta ao ver  uma bela mulher passar , e   percebendo  que havia  um cego  nas proximidades  saiu-se com esta preciosidade :

" Dale limosna mujer        ( * )
que no hay en la vida nada
como la pena de ser
ciego em Granada . "


O mais puro galanteio ,  que também poderia ser incluído no  blog "  Com Chaveco"   (  porque  aqui no  Brasil diz-se que galantear  -  exaltar  a beleza de  uma  mulher naquele  átimo de tempo em que pela rua passa )  é "chavecar" .   Mas eu também  poderia anotá-lo no "Sem Chaveco" , porque é óbvio que o poeta esteve apaixonado - pelo menos , também por tal  átimo de tempo -  pela mulher que passava .

Como sonhar não custa nada ,  é  possível  que o poeta tenha pretendido  ajudar o cego e lisonjear a sua musa a um só tempo ,  e sem gastar dinheiro algum .   Enfim ,  mil  inteligentes ( e belas ) possibilidades  estão contidas nessas  poucas palavras . 

Quem sabe , sabe !


- Tradução livre :

" Dá-lhe esmola , mulher
Por que não existe na vida nada pior
do que a pena de ser cego em Granada . "

sábado, 28 de dezembro de 2013

9 - No Monastério de Bodedalma .

" Ah ! .... então estás botando as mangas de fora , hein ...  fazendo perguntas cada vez mais ousadas ...   como eu , isolado nestas montanhas na linha do Equador pude deixá-las  completamente ocas para depois instalar a maior concentração de contadores deste planeta ... . Na verdade estás certo ao afirmar que optei pelo isolamento , pela clausura deste monastério . Mas chega um dia em que precisamos falar com alguém de carne e osso ...  e nada melhor do que contar com um ser  desprovido de ambições maiores , consumidor que deve ser da mais abjeta junk-mídia .   Ou seja :  você é o ouvidor ideal para as minhas necessidades de comunicação vivo live .  Mas apesar disto tudo  tu conseguistes  ordenar uma pergunta lógica .   Vamos lá ...  sim , eu não teria  nenhuma chance de escavar  um vazio desta grandeza . Ocorre que não fui eu quem escavou este maciço ... foram  os artífices da bomba nacional . Sim , há mais de vinte anos baixou mais uma vez a megalomania própria dos aspirantes à  grandes ambições : a  que  nos tornemos uma grande potência atômica .  E foi ele , foi ele sim , foi ele quem mandou que a engenharia do exército perfurasse as rochas , buscando as mais duras para em tais galerias fixar as máquinas que nos tornariam uma potência atômica .  Só que no meio do caminho o Grande Tio descobriu  tais pretensões e com uma só ameaça fez o nosso Maioral  prometer de pés juntos que abandonaria o projeto da bomba H .  Ordenou mais : que  todos os buracos já abertos para a construção do complexo A  fossem  totalmente obturados , concretados  , inviabilizados para qualquer finalidade .   Aconteceu , porém , que - apesar de ter prometido - nosso Maioral  jamais cumpriu  a jura  .   Pouco a pouco uma nova floresta foi crescendo em volta do projeto de complexo atômico chegando a um momento que até os índios , a população local , todo mundo esqueceu-se destas  imensas cavernas .  Tornei-me  posseiro delas sem esforço algum .  Foi quando uma romaria quase interminável de helicópteros trouxe para cá  todos os contadores -  tudo sob as ordens  do pequeno país dos quarenta  trilhões ... "

" Pequeno país dos quarenta trilhões ... ?  o que é isto ? "

" É o meu cliente maior ... o que paga o feijão com arroz ... "

" A troco de que butiá ? "

" De muitos ... um deles é que somente eu , com  meus contadores ,  sei - no aqui e agora - quem  tem neste planeta quinhentos mil ...  "

" Quinhentos mil o quê  ,  Esplendoroso Bodedalma  ? "

" Ora quinhentos mil o quê ?     Sinto muito ,  Mondongo , mas eu já dei vazão à minha necessidade de comunicação .  Além disto é muito complicado falar com alguém que  necessita de que e explicitemos  o mais desnecessário  dos ditos  ... ora , ora ,  quinhentos mil o quê ... ?  "

Quer saber ... quer saber mesmo , por hoje chega  !  quem fala demais acaba dando bom dia a cachorro  ...  chega Mondongo ..  cheegaaaa !  "

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um aviso .

Aviso aos navegantes deste " Com Chaveco " :

Esta série experimental ( No  monastério de Bódedalma ) foi iniciada equivocadamente no blog "Sem Chaveco "

Todavia , por ser uma ficção , e  é certo  que  o lugar das ficções é neste blog " Com Chaveco " ,  decidi  dar continuidade a tal estória neste  " Com Chaveco" .

Agradeço pela compreensão .

Links do blog "Sem Chaveco" com a série experimental "No monastério de Bóldedalma"

8 - No monastério de Bódedalma -

No terceiro dia de estada no monastério o peregrino foi novamente admitido ao Grande Salão de Bodedalma I  ; só que cometeu um erro que poderia ter-lhe custado a vida : na espera do Inefável ousou sentar-se no grande sofá ,  que tinha uns dez metros de comprimento ,  o qual Bódedalma  proibia terminantemente que  qualquer  traseiro , além do próprio ,  ali se abancasse .
Naquele momento uma voz poderosa , ultra-intensa  e super agressiva ocupou todo o volume do grande salão universal :  " Porque pusestes teu cu sujo em meu sofá  celestial ? "      disse o mandão , ao mesmo tempo que- disparava um raio de  sua pistola elétrica que  , mesmo  sendo de baixa intensidade ,  acertou exatamente no ponto visado por Bódedalma , chamuscando  a barriga  de Mondongo ?  "

Depois de soltar um grito lancinante ,  o peregrino ,   respondeu choramingando :

"ora por que ?    Não existe por aqui qualquer proibição de alguém sentar-se a teu lado , e como o que não é proibido é tacitamente permitido ,  eu  tomei a liberdade de pretender abancar-me o  mais próximo possível  de Vossa Sapiência ... "

" Você , como todos os nacionais deste país sempre confiando tão somente em normas escritas, em regulamentos, códigos ... ;  pergunto: e as diferenças sócio-culturais absorvíveis pelos costumes, pelas percepções que se sustentam no ambiente, ou mesmo no ar,  que  -  pela natural  compreensão do que seja certo ou errado, normal ou agressivo  aos costumes - é o único  elemento passível de nos igualar . Pergunto-lhe ,  pó de cupim :  e  toda esta aura que me diferencia de você ; tudo isto de nada serve ?   Toda esta ambientação  excludente  não é  bastante  para que te ponhas no teu lugar  independentemente  de qualquer outro aviso , seja ele escrito ou verbal ?   E , por fim ,  a estética que nos separa , nem ela  chega  a  fazer com que guardes  a distância  intuitível  que deve existir entre nós ? "

" Sim ,  Inteligência Rara  ; tens razão ,  mas mesmo assim a minha possibilidade de diferenciação do que seja real ,  daquilo que não o é ,   a minha pobre  capacidade  de poder separar o joio do trigo  na balança da personalidade  não chegou ao ponto de compreensão independente de normas escritas , ou mesmo verbais  expressas , e por isto peço-lhe o mais profundo dos perdões ... "

" Tudo bem , o momento é de conciliação e paz  ... estás perdoado ! "

" Então posso continuar perguntando ? "

" Digamos que sim ... "

" Lá vai !  ....   se és sozinho ,  se vives nesta ermida ,  se tens tão somente um castelão a servir-te ,  como podes ter carcomido esta cadeia de montanhas para nelas cravar a quantidade imensa de contadores  que permitem  que  desfrutes  concomitantemente do tempo e da razão ? "

- Segue -

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Boas Festas !

Aos meus antigos ,  mas também para os novos Leitores .

Hoje  somos cinquenta os que diariamente leem este blog  , espalhados por  muitos países em todos os continentes .

Por este meio concluí  que as idéias de alguém , por mais exóticas que sejam ,  com um universo tão amplo ,  sempre encontraremos vida inteligente do outro lado da linha .

É por isto que agora estou feliz , por ter encontrado vocês .

Boas Festas

José Amaral

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Eu quero ter um milhão de Amigos !

Prezados 155 perseguidores ! É com muita honra que registro o incrível número de leitores neste blog " Com Chaveco " - ( que , na gíria brasileira quer dizer : Com Mentiras ) . Lembro que temos também outro blog ao qual chamamos de "Sem Chaveco " - ou " Sem Mentiras " . O certo é que até agora tínhamos , no máximo , uns quarenta leitores ao dia . Mas agora , com um chamado up-grade dado por uma amiga ( Nadia ) , chegamos hoje ao incrível número de 155 leitores espalhados por quase todo o mundo : Brasil , Alemanha , Argélia , Argentina , Espanha , Estados Unidos , Malásia , República Dominicana e Servia. Como diria o nosso cantor popular maior, Roberto Carlos : "eu quero ter um milhão de Amigos !" Bom dia !

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Até breve !

Prezados Leitores . Como vocês devem ter notado , repetem-se os erros de "datilografia" nos textos deste blog " Com Chaveco " . Isto acontece por causa do meu computador que está ( talvez ) mortalmente ferido . Assim , manter "no ar " este blog está sendo , digamos , esteticamente complicado para mim . Farei uma interrupção rápida , de alguns dias , para a compra de um novo equipamento . Até breve ! O Autor .

domingo, 17 de novembro de 2013

97 - Julietinha e o Oficial do Vapor - final B

Levaram  os dólares para o Caverá .   No mais  esquecido e distante cerro , praticamente enterraram  o furgão numa fenda de pedra do monte .   Não foi por acaso ,  Athos  criara-se por ali .
Estava decidido  que contariam tão somente três caixas de dólares . As demais  só  seriam abertas para que o conteúdo fosse constatado por todos .  Quanto ao destino  , o lugar em que cada um guardaria seu tesouro , isto ainda não estava resolvido .  Poucas horas depois chegara ,  montado ,  o pastor  Gualter que  novamente ficou  de guarda - agora a dois quilômetros de distância -  na única estrada existente e , mesmo já sendo noite ,  andava incessantemente de um ponto a outro  para  que assim  pudesse perceber qualquer modificação  nas cercanias do local onde se dava a reunião . Gualter  olhava  não só para onde era possível alguém chegar ,  mas também para o ponto onde a reunião acontecia , eis que mesmo que quase não fosse possível  avistar-se  aquele  acampamento ,  mesmo assim isto não o desobrigava de  manter  os sentidos totalmente ligados aos riscos representados  - independentemente de outros - pela simples passagem por aqueles ermos de quantia  tão grande :  algo em torno de vinte milhões de dólares .Três horas se passaram para que a primeira parte do plano fosse concluída , momento em que D ´ Artagnan pediu  a palavra. "Caros irmãos ,  confirmadas nossas melhores expectativas  sobre a  quantia  existente nas primeiras caixas que empacotavam os  Excessos  de Realizações Pecuniárias  ,  cabe agora decidirmos sobre o destino  de montante tão valioso ... "

"Peço a palavra !  "   quase berrou  Quita   para  surpresa de todos !

"É evidente , Mosqueteira Quita , que  eu passo-lhe  a palavra . E com um misto de honra  e prazer  mosqueteiros ! "   Completou  D ´Artagnan .

" Irmãos ,  quantas serão as partes  em que serão divididos os Excessos  que  aqui temos ? "

Tão óbvia era a resposta que ninguém atreveu-se  a dá-la ,  ganhando  a noite  escura só  silêncio  como réplica . O pouco tempo que passou pareceu  algo que tendia a perpetuar-se  , até  que  Athos arriscou-se  :

" É claro que somos quatro  a repartir o monte  de dólares , irmã  Quita .  Você ,  Aramis , D ´Artagnan  e eu .   Então , desculpe-me , mas  não percebo qual seja a  sua dúvida . "

" Não ,  valente mosqueteiro Athos . Não somos quatro .  E , a manter-se  seu prognóstico  estaremos cometendo o que tanto  criticamos ... uma  injustiça  a mais ....  afinal , Novos Mosqueteiros , a que vem esta irmandade ?  "

Um  óóó  geral  de dúvida e exclamação   quebrou o súbito silêncio ...

sábado, 26 de outubro de 2013

96 - Julietinha e o oficial do vapor - final B

Gualter avisou que naquele dia chegara uma patrulha do exército para , com pesadas máquinas fotográficas , documentarem o silo onde estavam os alívios de excessos de realizações pecuniárias ; que , aliás , já estavam sendo chamados por D Ártagnan , pela sigla de AERP . Como sempre , a sorte estava do lado dos Novos Mosqueteiros . Naquela noite . quando já estavam com tudo pronto para retiraram do silo , tudo que lhes pertencia , alguém também preparava-lhes uma péssima surpresa . Mas os Mosqueteiros estavam com todos os preparativos prontos . Principalmente os que trariam o furgão de novo à mobilidade . Traziam bomba para encher os pneus movida por gerador móvel ; bateria nova , para fazer a transferência de uma para outra bateria , gasolina de alta octanagem para facilitar a ignição rápida , luzes de emergência , contados elétrico , tudo o que poderia ser necessário para fazerem o automóvel andar . Naquele momento o grupo era formado sem Quita , que não pudera vir por não ter uma desculpa razoável para seus patrões . Abriram o silo e viram que a montanha de soja estava intacta . Apressaram-se , porque tudo teria que ser feito naquela noite , e mesmo nela , o mais rapidamente possível . Para o bem de todos , era uma noite de inverno , as que escuridão é muito mais longa do que os momentos de luz solar . O pastor Gualter estava sempre por perto , ajudando . Desta feita , ele ficou com uma lanterna a cerca de mil metros , para avisar com sinais luminosos , a aproximação de intrusos . Foi quando os Mosqueteiros começaram a remover o soja que cobria o automóvel . Quanto ao pastor de ovelhas Gualter , a fidelidade canina em relação a D ´Artagnan ampliara-se quando o Mosqueteiro , anos atrás , levara Dna . Prendoca - mãe de Gualter -, até a Argentina para uma operação médica que salvou-lhe a vida . Com Juan Domingo Perón presidindo o país , qualquer necessitado de cuidados médicos que lá chegassem - ainda que cidadão brasileiro ou uruguaio recebia de graça todos os cuidados médicos , que - em última análise - eram patrocinados pelos lucros da Argentina com a exportação de trigo , carne e lã para a Europa - eis que Perón habilmente não tomara partido na segunda guerra para obter o máximo de vantagens nas trocas internacionais . A devastação da Europa gerou ~fartura de dinheiro nunca vista no Pais . E , porque não, na vizinhança próxima da fronteira . Foi assim que D´Artagnan aumentou a amizade de Gualter para ele . Encheram os pneus , deram carga na bateria e o auto respondeu como todos esperavam . Ainda faltavam umas três horas para o sol nascer quando , entre vivas , urros de alegria , o furgão movimentou-se , saiu de seu sepulcro de soja . Mas , naquele momento isnsitentes sinais de luz de Gualter anunciavam que chagava alguma visita . Rapidamente os homens tiveram o cuidado de novamente re-empilhar a soja da forma msid lógica e natural possível . Quando acabaram de fechar o cadeado viram , longe , muito longe , uma luz em começo bruxuleante , ir aumentado no horizonte da estrada . Quanto à Gualter , ele já estava pré-avisado de que deveria devria voltar para a ermida que passsara a viver depois que os AERP ´s chegaram por ali , para descobrir tudo sobre de quem era a visita que chegara no veículo da luz que crescia rapidamente , agora já muito mais próxima . Sem acender qualquer tipo de iluminação o furgão dos Mosqueteiros afastou-se tão rapidamente quanto lhes era possível para que não permitisse ser percebido por quem quer que fosse . Em cima da mais alta coxilha - sempre com as luzes apagadas - viram claramente que o que chegara ao silo era , nada menos do que uma patrulha de soldados . Sempre com o maior cuidado ligaram o motor do furgão e desapareceram na ainda noite , na direção do  Alegrete , só que pararam muito antes de lá chegar .




Prezados Leitores . A partir deste episódio estarei em ( creio eu  ) merecidas férias . Prometo firmemente não perturbá-los , de la´- onde eu estiver ( talvez em Colcabamba , quem sabe ... - com meus escritos , agora centrados em como os Novos Mosqueteiros tomarão posse efetiva de seus AERP´ s . Serão uns vinte e cinco dias de descanso para vocês , queridos leitores . Aproveitem , pois a volta será plena de ação , amor , dinheiro - muito dinheiro para os Mosqueteiros , e paixão para Paulo e sua Polaquinha ( que, lembro a vocês , estão no Taythi ) . Até a volta , e sorte para todos ! D ´Artagnan , e os demais Mosqueteiros , com a escuridão total não perceberam que outrso boletos da Casa Piano , com valores impressos das operações de câmbio negro de dólares dispersaram-se , dentro e fora do silo , podendo negar , para um atento observador , que o soja estava tão bem empilhado em razão de que alguem tentara camuflar algo de estranho , grave mesmo , acontecido por ali .

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Para o LF .

Meu queridos 30 perseguidores . Nesta noite . Na noite que passou , eu - que havia dormido sob a interrogação de " quem seria que , vira e mexe , está lendo a menos ruim das minhas crônicas ( que , merchand à parte , sem dúvida é o " Senta que o leão é manso " ) ? Pois nao é que flagrei o quera que tem ido lá no meu começo beber de minhas águas mais limpas ? Dei-lhe o flagra ! Era o Luis . Sim , o Luis Fernando que - em carne e osso - as vezes com uma cara alegre , outras muito surpresa, lia o " Leão " . Foi então que eu aproveitei para dizer-lhe : " Pois é , da outra vez faltou-me o verbo , mas desta vai ser tudo diferente : " LF , eu sou seu fan . E de carteirinha . Adolescente te defendi , quando o Tio Walter te amaldiçoou por causa do Analista . Comprei a briga com ele - o que tinha lido tudo que é livro - ( e tinha mesmo ! ) , e mesmo assim eu ouvi dele ( que Deus o tenha , um gentleman ! ) : " Que aquele filho da * não me apaeça por aqui . Se não ele vai se haver comigo ! " E eu , LF , te defendi : " Mas tio , o livro é uma grande gozação , vai projetar a nossa cidade , o senhor vai ver ... " " Projetar ? ! Projetar uma merda ! , e lá a minha cidade precisa deste tipo de projeção ? ! Ele que não me apareça por aqui ... " Nem cheguei a me preocupar ... o Tio Walter era incapaz de qualquer violência ... Mas , voltando ao assunto , eu - me desculpe - te flagrei dando uma olhada no "Senta que o leão é manso" . Ainda bem que foi ela porque , vamos e venhamos , é a única dentre todas que eu me animaria a te mostrar . Saudações gremistas , Luis !

95- Julietinha e o oficial do vapor - Final B

A palavra foi dada ao Mosqueteiro Athos , que não decepcionou quanto as espectativas dos demais evolucionários. " Estimada Aramis . Tão firme é a união entre nós , que até chegamos a esquecer do gênero que nossos codinomes representam na literatura universal . Você mesmo , Aramis , recebeu - aqui em nossa confraria - um nome masculino , Aramis . Mas - confesso com muito prazer - tornou-se para mim o mais belo nome que uma mulher pode ter. Desde que abracei esta causa , a de recuperar para nós , pessoas comuns , pobres e antes sem perspectivas pessoais - eu mesmo sou um professor , e ensinar crianças no nosso país é sinônimo de quase indigência - eu mesmo , repito , percebi - logo que fui convocado por D ´Artagnan - que a minha única chance de viver num futuro de dignidade seria buscar no dinheiro dos corruptos que construiram Brasilia , os que vinham desovar os seus ERP s qui na nossa vizinha , a República Oriental . Sim , buscar a nossa parte aliviando-os do dinheiro que apropriaram-se ilicitamente , para não dizer criminosamente . Mas mesmo usando todo o meu esforço na obtenção do sucesso do nosso plano , confesso que eu desde o começo olhei a irmã de armas de um modo que , tanta era a atração inexplicável , não poucas vezes geravam em mim uma quase ruptura da realidade ; prá pegá-la em meus braços e perder-me nos encantos que tu possuis . Mesmo , sendo um Mosqueteiro da primeira hora , digo-lhes que não tive suficiente coragem para dizer-te , como digo agora ... eu te amo , Aramis . Te amo desde o momento que meus olhos tiveram a alegria de pousar nos seus , no seu corpo , nos seus cabelos . Mas see não fui eu quem teve a coragem de primeiro pedir-te em casamento , mesmo assim eu te digo agora , renovo o convite a mim feito : Aramis , queres entregar-te aos meus cuidados , casar-se comigo - ainda que isto va´ acontecer no teu Uruguay ? Quanto a mim , eu estou maravihado com o teu convite , Aramis . E , se tambem renovares o "sim" tenho certeza que farei de ti a mulher mais feliz no mundo . "

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

94 - Julietinha e o oficial do vapor - final B

Chegou a vez de Aramis falar . Athos , que tinha arranjado uma forma de sentar do lado dela , por baixo da mesa colou sua perna na da bela descendente dos indios guaranis. Ela , por sua vez , não fugiu do singelo assédio de Athos . Admitiu que , por baixo da mesa se tocassem cada vez com mais ansiedade. Acostumada à realidade crua da vida , Aramis não tremeu . " Todos sabem a minha origem neste país . Mas nem todos reconhecem que uma bailarina de cabaret , como eu fui antes de que os Novos Mosqueteiros cruzassem meus caminhos , não vive para dançar nos muitos Bocas de Ouro , pelo mundo afora . Mas sim , dança para viver . Athos , quando foi ao meu pluebo , Colcabamba , no interior do meu país viu a nossa realidade de pobreza . Minha mãe , ainda criança foi trazida para o Brasil , sendo forçada a relacionar-se com o estancieiro para quem trabalhava. Grávida , foi novamente forçada a deixar por lá uma hija que , todavia , nunca esqueceu um minuto sequer . Sem pai , restou-me a alternativa de sobrevivência que vocês , irmãos Mosqueteiros , conhecem . Hoje eu , como todos vocês , sinto-me digna de poder receber a minha parte destes alívios de excessos realizados . Nunca passou pela minha cabeça , convencida que fui por vocês , estar fazendo algo que fosse ainda que de longe , errado . Estamos , estou lançando mão do que é meu , do que é nosso no grande latifúndio chamado mundo . Mas nem tudo foram tristezas . Há não muito tempo conheci uma pessoa que me tratou com amor e respeito . Assim é que eu penso receber a minha parte e - tão rapidamente quanto me for possível - procurar tal pessoa , tal senhor que , pelo que eu sei é um homem desquitado neste país , portanto livre para receber-me - se assim quiser . E é com ele que eu irei dividir a minha parte , os meus dólares . " D ´Artagnan nem pediu a palavra , interrompeu firmemente : " Irmã de armas Aramis , este é o risco que eu sempre temi . Um de nós afeiçoar-se por pessoa de fora do nosso grupo e , por amor - talvez até por carência - abrir para o terceiro os nossos segredos . Sendo assim , eu volto a enfatizar o risco que é liberarmos os alivios para qualquer dos Mosqueteiros . O que os irmãos acham ? Foi Aramis quem voltou a falar , eis que ela tinha sido abruptamente interrompida por D ´Artagnan : " Que me desculpe o primeiro dos mosqueteiros . Mas o que eu vou dizer contraria suas conclusões . Eu pretendo mesmo abrir minhas conquistas pecuniárias ao meu escolhido . Que sequer sabe que eu o escolhi " Neste momento Athos , ao ver que Aramis já era comprometida com alguém recolheu-se , com o rosto totalmente retráido . O Mosqueteiro Athos teve uma última dúvida : " Mas será que ela não notou que , ao roçar a minha coxa na dela , eu estava passando a ela que eu a queria muito ? " Athos retariu-se ainda mais , como se fosse possível vontar-se totalmente para dentro de si mesmo . Mas Aramis continuou : " Não , Novo Mosqueteiro D ´Artagnan . Eu não vou revelar a quem quer que seja a nossa aventura , que - esperamos - resultará na nossa própria ventura . A pessoa que tocou o meu coração , está aqui presente e a ele eu entregarei de bom grado o meu dote : " Athos , você quer casar comigo ? "

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

82 - Julietinha e o Oficial do vapor - final B

Quando  cessou  a rolagem do carro , que  até  então descia  somente pela inércia , D´ Artagnan  virou  a chave certo de que a distância que o separava do Boca de Ouro era suficiente para que  ruido algum do motor chegasse  aos ouvidos  de quem ficara no bordel .

A noite ajudava na retirada do furgão que , verdadeiramente , estava com o tesouro .  Nem a lua apareceu no céu .   Pouco antes  da  escapada  de  D ´  Artagnan  e Aramis  ,   Athos ,  serviu-lhes de  batedor  . Tudo  na tentativa  de afastar  o  mais do que improvável  risco  de que alguém  percebesse o automóvel que ia com a dinheirama .  Também por isto , fizeram um caminho muito mais longo . Na verdade atravessaram - pelo campos - a Serra de Caçapava ,  um  lugar absolutamente despovoado , e ainda sem arames farpados .  Aliás  , sobre arames farpados os pobres do lugar diziam , como outros tantos ,  que  "Deus criou  a terra e o diabo o arame farpado. " 

Até  que  D ´Artagnan   chegou  ao silo  pelo lado contrário  à  única estrada  de acesso  para  quem ali  pudesse chegar .   Só assim  conseguiram  que  na estrada  normal ,  no caminho comum a todos , não restasse  qualquer rastro dos  seus  automóveis .  Os  que , enfim ,  chegaram  no fim do mundo onde ficava o silo .

 D Ártagnan e  Athos   levaram  em conta  que  a região  é  de  árvores esparsas , e baixas  , entremeadas  de  grama  ,  que também é  vegetação nativa naqueles campos  que vão  do Sul do país  , atravessam  o Uruguai todo ,  e entram  na Argentina, tudo praticamente com a  mesma topografia ;  de  planície  imensa  , os chamados pampas  .  Por ser  um quase infinito gramado , naquele  ponto só  interrompido  por árvores de pequeno porte ;  é  comum aos  que conhecem  seus  segredos que  -  desde que tenham  boa  orientação -   atravessem-na  de carro ,  que segue sempre costeando  a mata  que - aqui e ali -  compõe a  natureza  viva que só existe naquele lugar .  Foi assim que  D ´Artagnan  chegou  ao galpão em que o furgão viria a ser  inteiramente  coberto  de soja .  O  silo estava no pé da serra , no  seu limite  onde  começa a  planura  total . Dali em diante já  encontrariam  tão somente fazendas . Ou , como chamavam os nativos dali , as  estâncias . Este  era o termo  mais indicado , talvez em razão de ser comum a ambos idiomas : espanhol e português .  Já  o vocábulo  "fazenda"  era um pouco diferente em espanhol : hacienda .

Estância , estancieiros ... tudo igual , dos dois lados da fronteira .

D ´ Artagnan   tinha ido  atrás - e conseguiu -  de  um novo cadeado para o portão  do silo . Seu problema foi encontrar um cadeado novo em seu segredo  , mas igualmente velho na  sua aparência  , eis que um  cadeado  totalmente   novo poderia evidenciar que algo ocorrera de diferente no galpão , que era  quase abandonado .  E usar o mesmo cadeado de antes , o cadeado velho ,   traria um risco a mais : o de que alguém  , que também tivesse a chave velha e , por razões  desconhecidas , até mesmo o de ir  procurar uma enchada  ,  poderia  descobrir  o carro  bilionário . O fato é que  Mas  D ´Artagnan  achou um velho cadeado numa cidadezinha  do Uruguai  de nome estranho : Treinta  e tres .  Mui  provavelmente , trintra e três  foram os espanhóis que resistiram  bravamente  aos portugueses .  É comum  que  nestes casos  , digam  as lendas  que os trinta e três heróis  enfrentaram - e venceram ! -  centenas  de inimigos .  Neste caso hipotético , portugueses .   Não é a toa que o hino da República Cisplatina ,  depois  República  Oriental do Uruguai ,  diz  " orientales , o la pátria o la tumba " .    Mas esta escolha , entre a hipotética honra  e  a morte ,  é  um mote  comum  a quase todos os hinos daquelas paragens  tordesilhanas .

O  furgão foi  estacionado  ,  e fechado a chave ,  exatamente  embaixo  da bica  ,  que com soja ,   na segunda-feira de manhã inundaria o carro transformando-o  numa  montanha  de soja  totalmente recheada de notas de cem dólares .  Tudo levava a crer que  a soja  só   voltaria  a ser  solicitada  na próxima safra . E mesmo assim , se esta resultasse em uma  colheita  ruim .  Ao contrário ,  se  as safras permanecessem  favoráveis ,  a soja sequer seria  lembrada.  Ficaria  ali mesmo , como  estoque regulador do governo 

Mas restava  um problema :   D Ártagnan  ; ou melhor ,  um  seu bem- mandado  ,  deveria  vigiar para que durante todo o tempo não fosse aceso  o  secador  de grãos  . Os motivos eram óbvios :  o calor que serviria para secar a soja  poderia  danificar  os muito prováveis  vinte milhões de dólares .

E aqui tem-se que lembrar  do que representa o dólar do norteamericano naquele ponto do planeta .
Pelas condições especialíssimas de ser a região carente de algum outro meio de reserva efetiva - e fungível -  de valor ; por ali o dólar  era de garantia e praticidade únicas .

Sim , o dólar  que , se não tinha o antigo brilho das libras esterlinas ,  consistia  numa libra  de papel tão aceita com  a  inglesa um dia  foi e , por motivos de que em sua essência ser tão somente um papel  , tornava-o  muito mais fácil de ser internacionalizado .  Principalmente porque  ele  trazia  uma jura  , tão solene como podem sera as juras  americanas ,  a de  que qualquer um poderia exigir  o seu valor  em ouro.  Ou , por outra , um  papel filosofal  fungível  em ouro 999,99 % .

Além  de tantos cuidados ,  mais um eles  tomaram :  Athos  ficou  encarregado de ,  já  no  dia seguinte  - um domingo ,   passar  um  fecho  de chirca  nas prováveis , ou hipotéticas ,   marcas que os pneus poderiam ter  deixado ,  na terra  do solo que - porventura -   estivesse sem pasto ( assim é denominada  a grama naqueles confins )  .

Nenhum  rastro poderia  ser percebido , ainda que  por um gaudério  desgarrado -  destes  que conhecem  as pegadas  como a palma da própria mão -  que porventura  andasse  a esmo como eles tanto gostam de  vadear .

A distância dos  dez últimos  quilômetros  seria  no outro dia  batida pelo próprio  Athos  que ,   no último dia do feriadão de fim de ano , com um vassourão de chirca  ,  varreria  os lugares que tivessem sido em algo modificados pelos  carros  ;    a menos chovesse .  Aí  as hipotéticas pegadas seriam apagadas pela chuva mesmo .

O cuidado era mesmo extremo :  mesmo sendo certo que o caminho comumente não seria usado por quem quer que fosse ; mesmo assim eventuais rastros deveriam ser apagados .  Este  seriam ,  daí  para frente   os cuidados  próprios  d ´ Os novos Mosqueteiros .

Somente a título de  curiosidade , no dia em que  Athos  passava  a vassoura de chirca apareceu  , já a  uns três quilômetros  do lugar onde entrara o furgão , que muito estranhou  a atitude de Athos .

Era  um cavaleiro que por acaso  pegara aquele atalho , que depois dos cumprimentos de praxe perguntou :

- Que pasa  ?   Por que  estás  hoje  aqui  pelas Palmas ?

-  Te olvidastes  de que é no primeiro do ano que nós  , lá  de  Camaquã ,  viemos  para os campos para pegar  as ervas que usaremos nas nossas macacoas , nas enxaquecas ?

- Pois eu te juro que não  me lembrava disto . É que nós , lá das Palmas  ,  pegamos as ervas na Semana Santa ... sendo assim  ... buenas  tardes  indio velho !

- Buenas !     Respondeu  Athos  para o cavaleiro que começava a se afastar .

81 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B .

Como  o furgão entrou no Uruguai pela estância de Pituca ele chegou até a praça dos bancos de Rivera como se tivesse realmente vindo do Uruguai .  Se entrasse pela chamada Fronteira da Amizade ele viria do lado contrário . Contornou  a praça General Artigas passando pela igreja , depois pela prefeitura ,  a chefatura de polícia , cruzou a esquina  e parou na frente do Banco NRBZ .  Ali na porta do banco  Paulo Becerra Filho despediria-se de Aramis , que  - com sangue frio -  disse  que esperaria  pela praça , até que o dinheiro fosse conferido , para que Pituca lhe desse a sua parte .  Tranquilizou-o  dizendo que ele não se preocupasse ;  que conhecia bem a cidade , os lugares onde poderia fazer um lanche .

Com um ar contido , mas de vitória , Aramis  afastou-se do estancieiro ,   que por sua vez  virou as costas para bater na porta - ou melhor - na garagem do banco .  Em ato contínuo  Aramis  virou a esquina  onde , na  Calle San Martin , já lhe esperava uma bicicleta .  O banco era numa  casa antiga, mas bem pintada e com a marca internacional do banco estrategicamente fixada na esquina que confrontava com a praça General Artigas.

Quanto a topografia , o Uruguai é uma grande planície onde de bicicleta  pode  ir-se  muito longe . E Aramis foi de pronto para o seu Pueblo ,  Colcabamba .

Na porta do NRBZ  apareceu Don Paniagua , que cumprimentou Pituca , desejando-lhe um Feliz Ano Novo.  Pituca abriu os braços e , eufórico , deu um abraço no banqueiro .

Entraram com o furgão na pequena garagem do banco , momento em que Pituca pegou o chaveiro - que até há pouco , para ele ,  estivera em poder de Silvério -  experimentou  chave por chave até que achou a que de fato virou a fechadura .



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

80 - Julietinha e o Oficial do vapor . Final B

Silvério , só para confirmar o que já percebera , vestiu as calças e a camisa e foi até a porta do Boca de Ouro . Ali não tinha carro forte  algum .  Nada , além de um cachorro ovelheiro que olhou amistosamente para aquele que até ontem fora um segurança que escoltava as grandes somas de dinheiro  que trazia do centro do país .

Mas se o mundo desabara , a vida continuava .  Como sabia que seria inútil tentar encontrar , perseguir mesmo ,  Aramis ;  porque,  mais do que certamente ela fugira para o Uruguay ; e sendo ela  uma nacional da República Oriental , inviabilizada estava qualquer perseguição "àquela vagabunda" .

Foi ao quarto de Carlão , bateu na porta quase derrubando-a : " Carlão , Carlão .... acabou tudo ... "  .   Foi quando  apareceu no pequeníssimo corredor o terceiro  capa preta ,  o  Cabrito , já  totalmente vestido ,,, " O que é isto Silvério ?   Tu não estás parecendo um dos nossos .... "

Silvério  foi direto : "  Não somos mais o que fomos até ontem , Cabrito .  Não somos mais nada .  Roubaram  a encomenda toda ,  até  o carro  foi levado ... "

Os dois correram para  verem com os próprios olhos que nada mais havia que pudesse  sequer  oferecer  alguma lembrança da profissão que os três  tiveram até momentos atrás .

Um deles ,  o Carlão chorava  em altos brados , mas foi Silvério  quem tentou  trazer-lhes para a realidade :  " Esta era  a maior das remessas; mesmo se fosse a menor delas , nem assim seríamos compreendidos , desculpados . Quer dizer que agora  só nos resta nos dividirmos , porque juntos seremos presas ainda mais fáceis  da vingança que daqui a pouco será  mandada contra nós .  Só nos resta fugir , sair daqui  o mais depressa possível .  Como  hoje é fim de ano  ,  o dia primeiro do ano , isto deve nos dar uma luz , um tempo de vantagem sobre os nossos perseguidores .

Silvério botou a mão no bolso e retirou todo o dinheiro  que tinha , dividindo-o  com exatidão para  logo depois entregar  a cada um dos outros dois o que restara .

" De agora em diante é  cada um por si .  Quanto mais longe daqui , mais  próximos  estaremos da salvação de nossas vidas .  Eu dei uma olhada no mapa e  já sei onde vou tentar  me esconder .  Bem que eu poderia  dar uma opinião , um palpite  de para onde vocês poderiam fugir . Mas só vou falar sobre isto por alto . Acho mesmo que vocês   vocês poderiam  mudar de cara ,  de jeito de falar ,  mas nada  vou  impor . Só sei que a partir de agora teremos que  nos  camuflar  . E fugir . Fugir  para salvar nossas vidas . Fugir , se quisermos  nos salvar .  Não se esqueçam que temos uma vantagem de um dia sobre nossos perseguidores .  E  não devemos deixar que esta vantagem  diminua .
Pelos meus cálculos ,  este dia  de vantagem é crucial .  Também  não se esqueçam que teremos , cada um  ter uma história  que seja aceitável , na ponta da língua . "

A seguir  ,  Silvério narrou  a passagem do Velho Testamento que falava da mulher que  , por  arriscar sentir saudades  da vida anterior  que levava,  foi por Deus castigada , transformando-a numa estátua de sal .  Enfatizou que todos era jovens ,  e que  também isto seria um fator que facilitaria  as coisas .

Ainda que não quisesse algo determinar , lembrou que estavam  há  umas seis a oito horas  do porto de Rio Grande , e que a marinha mercante não costumava fazer muitas perguntas aos voluntários dispostos a trabalhar dentro de suas duras condições .  Disse-lhes , ainda , que o Paraguai  também estava há poucas horas dali , com um tráfego ininterrupto  de caminhões  para  os país  guarani  , lugar  espetacularmente  desorganizado , em que , certamente não faltariam chances de manter alguém  distanciado do risco maior :  ser  abatido  pelos justiceiros que logo estariam em  seu  encalço  .  Por fim ,  Silvério lembrou-lhes que numa cidade grande , como a capital do estado , não seria difícil  esconder-se .













sábado, 10 de agosto de 2013

79 - Julietinha e o Oficial do Vapor - Final B

Naquele  momento ,  fronteiriço  entre o dormir e o  estar desperto ,  Silvério , o chefe dos Capa-Pretas  ,  esticou o braço na altura de onde deveria estar a  concha de Aramis . Já era hábito que no despertar os amantes renovassem  os votos da paixão que os unia com uma  reiteração matinal do seu intenso amor  .  Não foi preciso  uma segunda tentativa de apalpar sua amada para que , num estalo ,   percebesse  a traição  da  uruguaia .  Não , não era uma intuição .  A  cama  , vazia  da amante , era um sinal claro de que aquela vida que Silvério vivera até  ali tinha se acabado .

Lembrou-se que uma das exigências que os corruptos fizeram ao montar o time de capa-pretas que guardaria os valores em suas realocações para o paraíso fiscal  era que os guardas fossem solteiros .  Achavam  , tais pessoas , que sendo solteiro o homem que escoltaria os valores teria ,  na possibilidade de precisar resistir a  um assalto , muito mais  desprendimento  para  arriscar verdadeiramente sua vida na defesa dos bens que jurou  transportar .

Assim , quis o destino que os três capa-pretas desfrutassem agora ,  que a montanha de dólares batera as asas para outros donos ,  da possibilidade única para as suas sobrevivências :  desaparecerem  na poeira da estrada que os trouxera até o Boca de Ouro .

Nos demais quartinhos do bordel , as moças permaneceram com seus companheiros , era  a confirmação  de que quem traíra fora Aramis .

Na  mesinha  do pequeno quarto uma folha de papel  com a bela letra de Aramis :  " La mujer tiene alas en la punta del corazón " .   Silvério  leu  e chorou como nunca tinha chorado em toda a sua vida .


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

78 - Julietinha e o Oficial do vapor . Final B

No meio da madrugada - e pouco depois de  D´Artagnan  aliviar  o  furgão original  -  Pituca e Aramis escorregaram ladeira abaixo  o furgão  deles .  Pouco a pouco , muito devagar mesmo,   o carro foi ganhando alguma velocidade - mas só pela lei da gravidade -  na descida  da baixada .  Os pretensos sócios - Pituca e Aramis -   rezavam para que nenhum dos capa-pretas aparecesse  na porta , certamente  de  arma na mão , provavelmente  dando tiros na direção  daqueles  que furtavam  a  que  seria  a maior das remessas de dólares -  estimava-se que estariam ali vinte milhões deles  -  que  , em princípio , deveriam estar guardados pelos Capa Pretas   até  que fossem  entregues à  agência  cisplatina do banco  nos Alpes .

Enfim Pituca colocou a  segunda marcha  para  com ela  dar o tranco no carro  que fez  o motor  pegar .   Ainda que olhasse no retrovisor  -  e como ele  olhava !  -   o estancieiro nada via , só  a escuridão  do  momento  mais escuro da madrugada . Além disto ,  ele também nada ouvia , sinal evidente de que os Capa-Pretas  dormiam  não  representando  perigo algum  para quem  fugiu  com  , ou  melhor , sem  a carga   dólares .  Pituca e Aramis  deram altas gargalhadas  ao  pensarem  como os guardas  despertariam . Será que  entrariam em choque  ?
Era provável ;   muito provável  ,  que  eles queimariam as próprias  naves para  - então -  estabelecerem-se  naqueles pampas, porque se voltassem para o Rio de Janeiro os  espertos ,  os  que  furtaram  os dólares    que  acabaram  de  vazar ladeira abaixo ,  os construtores de Brasilia   não perdoariam  aqueles  capa-pretas que  sempre foram pagos  regiamente  pelo serviços que prometeram  fazer  com total  dedicação .

Mas foi  o amor ,  a paixão  por  àquelas belas gauchas que  modificou  o caráter  dos seguranças , vindo-se  mais uma vez confirmar o dito popular daquelas plagas  que diz que mais puxa um  par de pentelhos do que uma junta de boi  brazino .

Como acontece com os muito ricos , Pituca não chegou a perceber que o dinheiro que ofereceu à Aramis era insignificante .  Tudo porque sabia que  Aramis era do Taquarembó  -  um pueblo perdido  no interior  da República  Oriental  -  também conhecida como república cisplatina .  Pela sua forma de ver a vida , as pessoas ,  e o mundo ,    Pituca  pensou que Aramis  se  emocionaria tanto ,   ao ver em suas mãos cem mil dólares  , que  não se daria conta  da  relatividade  entre  os valores  que restariam para  cada um dos hipotéticos sócios .  Ele ganharia - caso os vinte milhões de dólares viessem a ser confirmados -  ,  duzentas vezes o que  caberia  á  Aramis .

O certo  é que  Pituca  nunca  desconfiou  que isto  poderia  o seu  plano  ao fracasso .  E , certamente , ajudou  no seu  fracasso  .  Imaginemos que  Pituca dividisse  meio a meio  os  vinte milhões  . Provavelmente , nem assim Aramis  trairia  Os Mosqueteiros . Provavelmente .

Amanhecia quando - por dentro daquela estância de Pituca - chegaram à Rivera .

Aramis despediu-se de  Pituca ,  ficando  certo que daí há duas horas encontrariam-se  no  saguão do hotel  , ficando implícito que a sua hipotética parte seria-lhe paga neste encontro .

O dinheiro de Brasilia tornou-se  agora a esperança  de  Pituca  entrar numa bolada federal .






segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Azul da Índia .

A reunião já estava marcada há quatro meses ,  mas ele  não dera importância para o inverno de Moscou .  Mas era inverno  em Moscou .

Ainda sem  pensar no problema , deixou para  pintar os cabelos   -  já  com uns sessenta  por cento de brancos  -   no hotel .

No elevador  ele e o indiano de enorme turbante azul  sorriram um para o outro  arriscando  um good mornig  também recíproco.

O frio lá fora não tinha precedentes para eles ;  mesmo assim pediu para a mulher passar a tintura . Contou  os minutos e foi para o banho.  Segundos depois  faltou energia elétrica .

 " Comunistas filhos da puta ! "   vociferou .   Desesperou-se :  as  luzes de emergência se acenderam  mas o chuveiro do banheiro  que  era  igual aos do  Brasil :  não  tinha  um  reservatório  de água quente sendo , cada um  deles , um aquecedor  independente , e  gelado .    Sem energia  , a água  instantaneamente foi  para quase zero grau .

A reunião ,   o cabelo empapado de tinta marrom  ... água a zero grau ..... .

 Chegou  na  reunião de turbante azul .


quarta-feira, 31 de julho de 2013

77 - Julietinha e o Oficial do vapor - final B

Se olhassemos com uma lente que pegasse a amplitude do plano dos Mosqueteiros veria-se que boa parte dele estava fechado .  Tudo vinha acontecendo como fora previsto .  Pituca veio mesmo conversar com Aramis , que mostrou-se hábil na dissimulação de que estaria absolutamente comprometida com o estancieiro , inclusive mostrando-se muito feliz pelo prêmio que receberia .  Mesmo assim , alguns problemas permaneciam .   Um dos seguranças , dos Capa-Pretas , não bebia álcool .  A questão agora  -   de Pituca e Aramis - era como embebeda-lo .  Aramis  lembrou  que , apesar  de  beber somente sucos de frutas  ,  sobressaia a fama dele ser muito interessado em sexo - nas suas formas mais , digamos , originais e excêntricas .   Pelo menos foi o que confidenciou Prendoca , que era  a moça que  atendia  o vigilante .
Foi quando Pituca sugeriu que um sonífero fosse jogado no suco que o  homem beberia .   Aramis lembrou-se  que D´Artagnan certamente não concordaria com o artifício , eis que o alívio de excessos pecuniários  só admitia  meios naturais para a  requisição deles .  Também lembrou-se que  Prendoca segredou que por mais de uma vez o amante sugerira que ela chamasse  outras meninas para  participarem  de sexo a três , ou quantas mais quisessem  divertir-se com  a orgia .  

Pituca exultou   , dizendo que  :   " Contratarei  desde já  moças dispostas a  tudo que  passar pela  cabeça do quéra ! "     Prendoca , mais  duas , teriam a missão  mantê-lo  totalmente  envolvido  no bacanal .

Fechando mais um pouco o foco :   D ´Artagnan  ,  sabendo que  o  acesso de carros ao  Boca de Ouro  ( que , aliás , estava de há muito tempo fechado  para  funcionamento exclusivo  dos planos de Pituca )   concluiu que  o pequeno caminhão adquirido por  Athos deveria chegar com o motor desligado .  Logo a seguir  , já com os  Capa-Pretas anestesiados  pela atuação das prostitutas ,     D ´ Artagnan   se apossaria da chave do caminhão , onde estava o dinheiro , deixando  a chave do caminhão  falso  para  que , em breves minutos ,  fosse  furtado por Pituca , que também  as chaves entregues por  Aramis .  A  Mosqueteira  informaria  o Pituca  da hora  prevista para ele chegar  , momento em que os  seguranças  estariam fora de combate .

D ´ Artagnan ,  por sua vez , também   desceria  a  rua  com o motor  apagado  ,  vindo a  ligá-lo somente quando  o  ruído do motor  já não pudesse ser  ouvido pelos seguranças .

Aramis seguiria com Pituca , que  tomaria  a direção da República Oriental onde - ainda que fosse feriado  - teria  Don Paniagua  a esperar-lhe , com  funcionários de sua estrita confiança ,  prontos para conferir , receber  e dar recibo do depósito .

Don Paniagua  dissera à  Pituca que tão logo o depósito fosse noticiado , e  desde que o  telex passado por  Paniagua fosse  recebido no paraíso fiscal , tudo isto resultaria em  que tudo estivesse  praticamente consumado :  Sim ,  o dinheiro estando  lá na Europa  já seria  , praticamente ,  uma  propriedade de Pituca ; que mesmo assim , perguntou ao banqueiro :

" Vou ser franco , Don Paniagua ... não gostei do senhor ter usado duas vezes o tal de "praticamente "  Minha pergunta  é :  e quando eu serei  teórica - além de praticamente - totalmente dono do dinheiro ? "

" Usted solamente será dueño de la plata  , en toda la plenitud del termo ,  después que se passar um dia , um dia de veinte e quatro horas pasadas  , um dia  después del  dinero estar  em mis manos ,  niño Pituca . "

Por tal aviso , Pituca soube que o dinheiro seria verdadeiramente seu  somente depois de  dormir por vinte e quatro horas  com os banqueiros .  Naquele  momento  o dinheiro seria definitivamente propriedade sua , nada mais podendo ser feito por quem quer que fosse para modificar tal estado de propriedade .

Aramis  despediria-se de Pituca na entrada de  Rivera , e desapareceria no interior  do  país . A moça  seguiria para o pueblo onde nascera ;  totalmente distanciado de qualquer novidade que  pudesse ser  filtrada ,  de Rivera  para o pueblo  .  Além disto , em  po ali  ninguém sabia da profissão de Aramis  .

Sim ,  o tesouro  seria sepultado em  trigo , dentro de um grande silo , onde o pequeno caminhão hibernaria temporariamente .  Até mesmo as marcas dos pneus do verdadeiro carro  transportador seriam  apagadas , confundidas ,  de forma a impossibilitar a quem  que - por  remota possibilidade - ali passasse ,  mesmo que fosse  no outro dia ,  pudesse perceber  qualquer  marca do carro pagador desaparecido  .

Logo para o outro dia ,  D Ártagnan - com suas amizades  aos  gaúchos daquele  fim de mundo ,  já   programara  a chegada de quatro grandes carretas de trigo  a ser depositado no silo ,  que - por sinal - já  estava limpo ,  tão somente com o pequeno caminhão  que  , não por acaso , ficaria  exatamente  onde a esteira despejaria o cereal .

Os Mosqueteiros sabiam que riscos  sempre existiriam .  Mas esta alternativa de esconderijo  foi a escolhida  porque concluiu-se que  nenhum dos que se sentiriam prejudicados poderiam reclamar a perda  do tesouro ;   para quem quer que fosse ,  na República Oriental ,  ou mesmo no Brasil .

Restaria  aos Mosqueteiros  a  missão de ocultação do alívio de realizações pecuniárias ,  até que a toda  a areia  passasse pelo buraco da ampulheta .


domingo, 28 de julho de 2013

Dúvida Cruel .

Prezados 30 leitores !

Confesso que bateu de novo aquela dúvida de que só sou lido pelos computadores e olheiros dos Big Brothers .  Sim ,  no plural mesmo . Isto porque  - de longe - a minha maior audiência está  nos Estados Unidos e  .... na Rússia .   Os dois lugares em que , segundo a grande imprensa ,  mais  se valem das "escutas" computadorizadas .  Mas , se assim  for  ,  será que pelo menos meus textos passam  pelos computadores . Ou , por outra , será que eles despertam algum interesse , pelo menos dos computadores espiões ?

Será que as máquinas  cospem o meu texto  impresso na caixa dos de  alto risco , os que ,  em papel ,  vão para  que  algum agente de óculos de vidro grosso o leiam ?

E se isto acontecer , será que o agente de óculos de fundo garrafa acha alguma graça neles ?

Será - caros perseguidores humanos -  que o que eu escrevo  é  mesmo lido por um ser humano ?  Nos Estados Unidos , ou  na Russia ?

Não sei porque lembrei agora daquele lusitano de nome Manoel  que  ao ser chamado  pelo amigo Joaquim  para que constatasse  que sua mulher estava entrando num motel com outro ,  aduziu  ao amigo : " Esta dúvida  é que me mata ...  o que eles estão a fazer lá dentro ? "

Mas  uma coisa é certa : já perdi todos os amigos que , de uma forma ou de outra , descobriram estas minhas poucas e mal traçadas linhas ( bota mal traçadas nisto ! )  .   Nenhum  deu continuidade normal à amizade :   " Ele é um canalha e eu não sabia ... "         " Não é que ele é um comunista disfarçado de americanólogo "      " Quem diria ...  ele que parecia  ser uma pessoa tão legal ... "

O pior : troquei amigos de verdade , de carne e osso ,  daqueles que emprestam o ombro  para as horas difíceis , os que  já pagaram tantas cervejas  ( um deles , um dos amigos que perdi , dividia pastel  daquela pastelaria chinesa que fica em frente do Correio Central  ... e sabem por que ?    porque não tínhamos dinheiro no bolso para comprar dois pastéis )  . Amigo  que , na hora da pior dureza  ficava em casa para emprestar-me os sapatos para eu ir a uma entrevista para um  novo emprego  .  Foi eles que eu perdi !

Perdi todos . Todos eles .  Uns pela dúvida estética ( puxa , mas como o cara escreve mal ! ) .  Outros pela certeza  política  ( enfim descobri que o cara é melancia : verde por fora , mas vermelho por dentro ) .  E outros simplesmente  por  motivos  que não consegui  identificar .

Nem mesmo os amigos que eu tinha no estrangeiro arriscam um alô ! ("e se a ASN está na cola do cara ? " )

Todos trocados por quem  ?        Ou melhor  : todos eles trocados por que  ?

Como sempre , eu me respondo :  Trocados pelos computadores  espias de Tio Sam .  Ou pelos contra-espias  do Kremlin !

E eu , que só queria  tentar  a sorte como  escrivinhador ...


PS : Absolutamente imperdível a crônica  "Orégano " do Mestre  Luis Fernando Veríssimo que trata deste mesmo tema .   Agora sei - com  um milhão de desculpas ao  LFV  -   porque rezei tanto para que o cara não fosse  prematuramente comer capim pela raiz :  foi para  não perder as  suas crônicas .

76 - Julietinha e o oficial do vapor - final B

D - Artagnan  , ao  voltarem  do almoço na reunião de Santa Maria ,  fez mais  uma  preleção aos Mosqueteiros  , o que ele chamava de  "base moral  para os atos de alívio "  .

" Não pensem  , Mosqueteiros , que  vocês serão os primeiros a porem em prática esta espécie de  obtenção de propriedade  numa de suas  formas de aquisição originária .  Não , muitos outros já o fizeram através dos séculos .  Daí eu ter que , agora , fazer uma distinção  entre  o que diz o aforismo " Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão "  e  o alívio que vamos em breves dias praticar.  Embora nos seus aspectos religiosos o  dito popular  sirva para uma expiação prévia de algo - o roubo -  defeso , eis que proibido pela  leis da Santa Madre Igreja ; por isto  é preciso diferenciar , separar mesmo ,  o joio do trigo . Companheiros , neste  balaio  , o  roubo é o joio  ;   mas  o trigo ...  o trigo  é o justo ,  é o  natural  alívio de excessos de realizações pecuniárias .   A propósito : um  exemplo recente , mas que já  se tornou um clássico , deu-se quando um dos mais grandes  maiorais  de Brasilia - agora mesmo , com a construção da nova capital  -  usou  daquilo que a gíria chama de  "laranja"  , para  ampliar suas realizações excessivas .
Tal  Maioral  (  por sinal , de graduação máxima na hierarquia  de tais peixes grandes )  tinha  um preposto ,  uma terceira pessoa de sua absoluta confiança ; repito : um laranja .  Sabe-se que o Maioral  recebeu um edifício  , de muitos andares ,  naquilo  que chama  de  "dação em pagamento" , só que de origem  corrupta . Ganhou  , como parte de pagamento de uma excessiva  realização pecuniária , um prédio numa das ruas mais valorizadas do Bairro de Ipanema ,  no Rio de Janeiro .   Mas como o nome do Maioral não podia aparecer  na  transação ,  pediu para o terceiro de sua confiança  receber como se fosse seu o imóvel ,  no que foi atendido pelo preposto sem maiores indagações . Tudo  sob o juramento tácito de  que o edifício ficasse às ordens do Maioral ,  inclusive para eventual transferência do domínio a quem ele mandasse .  E não é que o preposto morreu logo depois e , vindo um terceiro moço de recados  informar - a mando do Maioral -  à viúva que  ele queria que o imóvel fosse transferido a outro preposto .  Mas  a viúva respondeu que desconhecia qualquer acordo ou combinação de seu finado marido com quem quer que fosse ; e , que para todos os fins  , o imóvel pertencia ao marido ,  mas também a ela própria , eis que casados em regime de comunhão universal de bens .  É claro que o Maioral teve que comer com casca e tudo o fruto servido pela viúva . Pergunto-lhes , corajosos  Mosqueteiros : o que fez a viúva ?  Como pode ser classificado o ato praticado pela senhora ? "

Foi  Athos o primeiro a responder : " Ela  praticou  um alívio de excessos de realizações " .  O que foi confirmado pelos demais mosqueteiros com um balançar afirmativo  de cabeça  muito bem  explicitado .

"Certo , Mosqueteiro Athos !   a viúva  agiu como nós deveremos agir :  sem violência - eis que o uso da força bruta  descaracteriza o alívio , que  jamais pode ser confundido com qualquer outra forma de aquisição da propriedade .  Obter  propriedade  pela força  caracteriza o roubo .  Mas  consegui-la  - quando excessiva -  pelo alívio ,  aí  tem-se  - seguramente -  uma forma lícita de adquirir  o que foi  obtido  - aí sim - de forma  ilícita ,  criminosa  mesmo .  E , para concluir , pergunto : por que  o objeto dos alívios  tem que - antes - serem  tisnados pelo crime , pela ilicitude ?   "

D´Artagnan não demorou a  ,  ele próprio ,  responder :  " Porque também a obtenção da propriedade tem condicionantes a serem respeitadas . E se isto não acontecer de forma criteriosa ,  e - além disto  - ela  for excessiva ,   pode  ser  -  tranquilamente -  aliviada .  "   Concluiu  D ´Artagnan  sob  aplauso dos companheiros.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

75 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B

Em reunião , os Novos Mosqueteiros decidiram que haveria    a cada dois dias ,  e por telefone ,  a  coleta das novidades aliviantes .  Os esgrimistas  daqueles pampas  usariam  os aparelhos  comunitários  que a empresa de telefonia colocara nas ruas  que permitiam  o recebimento de ligações   por  quem estivesse por perto deles. Com este meio , D´ Artagnan  saberia  as novidades  e  daria  as novas diretrizes aos colegas.

De agora  para frente  o  mais importante  seria que  todos se recordassem de suas experiências de vida para que as soluções dos problemas  tivessem  base na realidade de cada um dos Mosqueteiros .

Foi para  incentivarem-se mutuamente que marcaram  a  reunião de  Santa Maria ,  uma cidade situada bem no centro do estado .  Naquela  reunião ,  D ´Artagnan  mostrou  o progresso nos planos ,  por ele denominado ,  agora  oficialmente ,  de  " Plano Geral do Alívio de Excessos de Realizações Pecuniárias " .

Por sua vez ,  o primeiro mosqueteiro  refletiu interiormente sobre o amadurecimento mental por que passavam  todos os outros . Mesmo os de origem mais humilde  agora raciocinavam  com grande lógica , o que vinha confirmar o que ele já desconfiara ;  que  a exclusividade na  singeleza de idéias - ma maioria das vezes -  é  própria  do  ambiente de pobreza que cada um vive .  A proximidade - ainda que como potência -  da pecúnia ; a possibilidade de que cada uma daquelas pessoas  viesse a - em breve - tornar-se  alguém de  posses  fazia com que cada um deles  raciocinasse como gente das altas finanças .    Mas , é claro ,  a correção deste  pensamento a que chegara  D Ártagnan  só seria  comprovada com o sucesso do  alívio de  excessos  pecuniários que estava em curso .

Athos  informou  que , ainda  que usando seus últimos recursos ,  compraria na República Oriental  um pequeno caminhão totalmente  idêntico  ao que os Capa Pretas chegavam com os dólares .  Como Athos dispunha de  um derradeiro dinheiro no exterior , e sendo a República Oriental um paraíso fiscal , isto facilitaria  a compra .  Outro ponto importante :  Athos  compraria o caminhão em nome de um terceiro , na verdade tal  estratégia era algo comum  entre os comerciantes do lado de lá da fronteira .  Muito brasileiros faziam negócios , abriam contas bancárias ,  compravam bens com nomes chamados por eles mesmos de "frios" .  Era um costume já pacificado nos usos e costumes locais . 

Por sua vez ,  Aramis disse que o seu acompanhante costumava dedicar  as duas primeiras horas de seus encontros para os jogos de amor ,  só depois deles entregava-se  à bebida ,  tomando dois , quase três copos de uísque ,  passando logo a dormir  com sono completamente  profundo nas próximas  três  horas .  A  jovem propôs   - a título de ideia possível de ser  executada  -  o  artifício usado por  um cliente seu , um jovem - quase menino - que  , apesar de ter pouquíssimos recursos ,  queria  dispor de seus serviços amorosos . O jovem combinou o preço ,  chegando a mostra-lhe o dinheiro com que , certamente , honraria  o contratado .   Já no leito , o rapaz pôs o dinheiro da paga debaixo do travesseiro .   Tudo aconteceu normalmente , tendo mesmo Aramis tecido algum elogio  ao cliente.  Admitido  a permanecer  no leito ,   o soldado , que por sinal  cumpria  o  tempo de serviço militar obrigatório ,  avisou que teria que ir embora muito  cedo . Assim foi ,  o  sol  ainda não se levantara quando o jovem propôs  - e foi aceito por Aramis -  um  novo enlace -  , agora  matinal .  Logo depois vestiu-se  apressadamente  e saiu  quase correndo em direção ao quartel ;  mas não sem antes puxar  pelo lado  de fora da janela o  fio  que amarrara ao dinheiro do hipotético pagamento .  Ao acordar , a moça  tateou , procurando  o dinheiro embaixo do travesseiro do freguês ,  mas nada encontrou .  Revistou  o quarto , quando notou  a janela  estrategicamente entreaberta .    Foi ao lado de fora e encontrou  o fio de linha  jogado ao chão ,  sendo ele  a prova  que  permitiu que ela  descobrisse  a trama  do gentil  soldadinho .
Concluindo ,   Aramis informou que fora  despertada  para aquela solução do recruta  pelo hábito do seu  Capa Preta  que , assim como soldado,   guardava  a chave do caminhão de dólares embaixo  do próprio travesseiro.  Sendo assim , ela lembrou-se que também  os Mosqueteiros poderiam  valerem-se da criatividade do recruta . Ela bem que poderia dar  um jeito de amarrá-la a um barbante para que D Artagnan , ou mesmo Porthos , puxassem- nas  para fora do quarto .

D ´Artagnan achou  a ideia muito  criativa .  E disse que seria levada em conta na elaboração final do plano.

Neste momento interromperam  a reunião para almoçarem .

quinta-feira, 25 de julho de 2013

74 - Julieitnha e o Oficial do vapor - Final B

Dois planos seguiam a um só tempo : o de Pituca ,  e o dos Novos Mosqueteiros .  O plano de Paulo Becerra tinha duas pessoas infiltradas nele :  os mosqueteiros Quita ,  e  Aramis .  Quanto à Aramis , Pituca entendeu que ela , sendo  pessoa da maior importância para o furto que planejava ,  ofereceu-lhe  a participação de  cem mil dólares ; quantia que foi imediatamente aceita pela rapariga .  Aramis raciocinou prontamente que se desse uma resposta  al tiro  , isto aumentaria a confiança de Pedro , incentivando-o para que falasse ainda mais de seus planos .



Julitetinha reclamou de Pedro por ele não ter contado que fora à Caçapava .  É que Pedro fora  àquela cidadezinha , segundo contou gora à Julietinha , para informar-se de certas incursões de espeleólogos que estavam explorando algumas grutas que haviam na cidade . 

Julietinha : " Mas por que não me dissestes ,  Pedro ? "  

Pedro :  "Na verdade no dia que eu fui lá tu estavas visitando o Pituca em Porto Alegre .  Ou melhor ,  fostes ajudar a Valéria nas compras , nos preparativos para o casamento .  Depois disto eu até cheguei a me esquecer de que tinha ido à Caçapava . " 

Foi verdade . Pedro também interessava-se por espeleologia , e foi à cidadezinha fazer um contato com os exploradores de cavernas .



D ´Artagnan , que estava sempre atento aos detalhes ,  achou que o fato  de Aramis  morar do lado de lá da fronteira ,  na República Oriental , isto  era  algo bem  importante para eles  todos.  Tudo porque no plano que começava a cristalizar-se em sua cabeça ;  Aramis  seria  a pessoa sobre a qual recairiam todas as suspeitas e ,  evadir-se de pronto para o país vizinho garantiria totalmente o seu total distanciamento do alívio que os Novos Mosqueteiros fariam  ante os acumuladores de realizações pecuniárias . Bastaria-lhes manter  Aramis  distante de tudo e de todos para que  todas as suspeitas morressem no nascedouro .



Valéria  confidenciou  à Quita que Pituca teria fraquejado na mútua decisão  de  ambos voltarem  ao estado de quase reconstrução das virgindades .  Ante ao argumento do noivo de que por faltar tão pouco tempo para as núpcias  terminada estaria  a necessidade de manterem  a  candura  , Valéria  agarrou-se  à promessa como um náufrago  a um salva-vidas :

" Se esperamos até aqui , se sofremos juntos as maiores tentações , por que haveremos de  quebrar a promessa de nos mantermos alvos como a  neve ,  limpos como águas  que descem das montanhas , claros  com as  luz das estrelas .  Não , amado Pituca ,  o que você quer , o que me pede , só terá depois do casamento ... e aí sim , serei toda tua ... e para sempre .  "

Pituca , que estava ajoelhado aos pés da amada , levantou-se e , sem despedir-se , caminhou  para o seu apartamento parecendo que estava  algo assim  meio  curvado .


quinta-feira, 18 de julho de 2013

73 - Julietinha e o Oficial do Vapor - Final B .

Conforme já  tinham combinado , foi a mosqueteira Quita que convocou uma reunião para informar o  grupo sobre as  novidades colhidas  .  Desta vez ficou acertado que o encontro seria em  Caçapava  , uma cidadezinha no alto de uma pequena serra ,  que vive  da mineração de calcário , com paisagens das mais tranquilas de todo o planeta Terra .   Quita não bebia álcool ; assim ,   o brinde em que todos os Mosqueteiros levantavam as taças , para ela foi com refrigerante .  Para os demais foi com um excelente vinho da Campanha   .

Quita passou por um tempo de amadurecimento . Se antes só pensava em servir seus senhores , agora sua auto-estima  crescera ,  ela sabia que era uma pessoa como as outras , que tinha  suas prerrogativas ,  por isto queria sacar o seu quinhão que , sem dúvida ,  estava em outras  mãos . Nela  viviam  duas pessoas . Uma  ,  a antiga ,  era a que  gostava de mexericos ,  de  fofocas .  E foi  este lado que contou aos colegas dois fatos que ela achou inusitados :  Pituca  ,  nesta segunda vez que co-habitava com Valéria ,  adquirira  o apartamento ao lado do que já possuía para ali  abrigar  sua amada . Paulo Becerra nunca esqueceu que ambos prometeram-se mutuamente que sem o casamento eles não se pertenceriam , tivessem a vontade que tivessem um do outro .

E , se acariciavam-se  por longos momentos , tais carícias , acreditem , não transpunham os limites de afagos mas  sem que - como Valéria confidenciou à Quita -  chegassem sequer a masturbar-se .  Ambos respeitavam a palavra  empenhada . E num determinado momento depois de cearem juntos ,   despediam-se .  Cada um para o seu apartamento . Para ambos , aquele resistir , ainda que a paixão explodisse neles ,  era assim como  a expiação necessária  à purificação de seus espíritos . E  corpos .  Guardavam-se  para as núpcias que - segundo Pituca vinha comentando -   seriam  - nada mais , nada menos - do que no Tahiti .  Mais precisamente  , em Pappete .  

Mas ainda sobravam  outros segredos ,  também captados por Quita :  O nome verdadeiro de Valéria não era este , mas sim Valeska .  E  agora  Pituca começara uma campanha para que Valéria  , no dia do casamento , no instante em que juraria fidelidade ao marido ,  voltasse  ao seu verdadeiro nome  . Assim , o ritual do casamento teria  mais  uma purificação .  Ali morreria Valéria e  renasceria  Valeska.

Quita encerraria sua  fala  com mais duas novidades . Paulo já estava na posse dos passaportes e , ainda mais intrigante : Quita presenciou um telefonema de Pituca para  um corretor de imóveis no qual  tratava da venda dos dois apartamentos ,  e  que o comprador  fosse  avisado  que  o vendedor  permaneceria no imóvel por mas  algum tempo - não muito .

Se os demais Mosqueteiros estavam  boquiabertos , D ´Artagnan  não demonstrou  surpresa .  E ,   novamente , fez um  discurso  pelo qual quis clarear  ainda mais  a cabeça dos companheiros :  "  Acho que já  não temos dúvida de que a  propriedade  também pode vir sem máculas .   Mesmo assim  cabe uma observação :    as coisas  industrializadas ,   e vendidas ,  têm nelas  bens  extraídos da  natureza  que são   propriedade de todos , de todo mundo .  Ou seja  (  e D ´Artagnan levantou as voz , ainda que os companheiros já estivessem-no bem  escutando  )   aqui  nestes confins da nação - se não no País  inteiro , no mundo inteiro -  as classes que mandam ficam não só com aquilo  que elas  agregam  nais coisas que  produzem . Mas , também ,  com  aquilo que seria de todos por  virem  das entranhas da terra , de  antes mesmo que o homem se conhecesse como tal . "

Quita   e  Porthos  se entreolharam ,  mas foi  Aramis quem arriscou uma pergunta :  " Mas os impostos  ?   ; eles  não servem  para que esta parte  que é  de todos , a que é  retirada da natureza , eles não são para  que ela  se volte para  os que não participam diretamente da  industrialização  ? "

D ´ Artagnan  , que jurava que  os motivos que sempre  o levavam  a  enfatizar para os outros Mosqueteiros o lado filosófico/religioso  do alívio de  excessos de realidades  que  fariam  deveria  servir  tão somente para que todos não ficassem com sentimentos de culpa  pela  requisição que fariam  ;  completou : " pode até ser que em outras plagas , em outros países , os impostos sirvam como paga deste quinhão natural e coletivo  . Só que aqui ,  nestas paragens , os mais  hábeis  ficam não só com o que eles porventura agregam  às coisas ; mas também , com  os benefícios  originados na quase totalidade dos impostos  que sobre elas  incidem  .  Enfim , apropriam-se também  ,  pelo exercício das mais diversas formas de poder , da quase totalidade das riquezas naturais .  Não ;  a propriedade nem sempre é um  roubo  , Aramis . Mas por aqui , quase sempre é  . "

" Tudo bem ". respondeu Porthos . Mas voltemos  à nossa causa primeira :  quanto hoje  progredimos no nosso plano de ir buscar - como sempre me diz  D ´Artagnan ...  o nosso quinhão ... ao  ,   tão somente ,   aliviar  os excessos de realizações  perpetradas por terceiros ?  "

D ´Artagnan  respondeu :  " Posso garantir que hoje andamos muito , mosqueteiro  Porthos . "

Foi Aramis quem abortou  a aridez da falação  que , certamente , iniciaria o primeiro mosqueteiro  ( "primeiro"  por que foi quem organizou  o grupo , eis que entre  Os Novos Mosqueteiros não  existia qualquer hierarquia ) :  " Eu estava esperando um tempo para dizer que Pituca  convocou todas as meninas do Boca de Ouro  para a semana que vai do Natal  até  o dia 2  de janeiro .  Ele quer todas a postos neste período. "

Depois  de  Aramis ,  Quita aproveitou para dar mais uma notícia :  "  Ouvi o Seu Pituca dizendo para Valéria que estava cada vez mais satisfeito com o trabalho do Seu Bandido ;  que , até agora ,  Bandido não atrasara um dia sequer no pagamento de sua mesada de dez mil dólares  . Eu ainda não sei bem  o que isto tem a ver com  tudo que nós queremos . Mas  a intuição me diz que em alguma coisa isto é bom para nós todos .  "

Foi o próprio  D ´Artagnan quem  completou .  "  Todos nós devemos ficar  atentos ,  mas também felizes ! Diversos passos  já foram dados por nós ,  Porthos .  E todos com absoluta  precisão .   Nem que eu quisesse  só olhar para o lado frio da lógica ,  despindo-o  de  interpretações  que pudessem nos favorecer ;  nem assim  eu poderia  esquecer que temos boa parte do caminho andado .   Tudo  joga a nosso favor !  Vejam  a alegria de Pituca quando confirma que o senhor Bandido  paga com absoluta pontualidade o que lhe prometeu .  Qual a leitura disto , Novos Mosqueteiros ?  Qual ?   :    Pituca , já decidiu  que  mudará de vida  no momento em que casar-se .  E quer ter uma dupla garantia :  o pinga-pinga  , pelo menos para ele ,  de  dez mil dólares por mês depositados em sua conta   ,  mais um depósito de nada menos do que vinte  milhões de dólares . Tudo depositado  no pais da cruz branca . Posso garantir que  todas as terras , todas as estâncias  de de Pituca  não valem a metade disto ."

Foi Porthos quem cortou  D ´Artagnan :  " Vinte milhões de dólares ....  de onde tu tirastes este número  ? "

" É fácil , Porthos .  Tantos avisos , tantas preparações levam a uma conclusão  evidente :  O pequeno caminhão  virá lotado .  Eu me dei ao trabalho de calcular  , pelo volume do caminhão , quantas notas de cem dólares cabem ali .  Dá mais de vinte milhões de dólares .  Outra  evidência é que a situação política está  dia a dia se complicando .  Eu  me convenci  que  os  detentores  da pecúnia  concluream que  chegou a hora dos excessos de realizações serem retirados do país .  E  o quanto antes  .  Vejam ,  companheiros  ,   temos que  agir como um relógio inglês ,  com exatidão ,   sem  titubeios . Absolutamente precisos nos alívios pecuniários a que nos propomos ;  se o casamento de Pituca  está marcado para o dia 15 de Dezembro ; e , se além disto , ele  vendeu os apartamentos , é porque quer abandonar a região .   Como ouvimos nossos pais dizer : Pituca quer ver o anoitecer , mas não o  amanhecer  .  Quer  desaparecer na calada da noite . E por que Pituca faz isto ? :  porque  a maior parte de seu plano  também, já  deu certo .  Recordam  que eu disse que todos os carregamentos de dólares chegaram num  feriado de longa duração ?    Este é o motivo de  Pituca  botar  o Boca de Ouro de prontidão  geral  na semana de fim de ano .  "   Todos os mosqueteiros balançaram a cabeça afirmativamente , quando   D ´Artagnan  voltou  à  sua explanação : "  Pois bem , daqui a  40  dias  teremos  um grande feriado , o maior de todos :  a semana  de Natal , sempre colada  nas festas de passagem do ano .  E , como neste  ano o  Natal cai  numa terça-feira teremos  praticamente a  junção  de dois grandes feriados .  Tem-se aí  um momento mágico em que as estradas param ,  os postos policiais fecham  por completo seus postos logo depois que acham que todo o tráfego  vazou  para seu  destino  final .  Companheiros ,   a  polícia também para , recolhe-se  a seus lares .  E não só no Brasil .  Tudo  para  nos dois lados da fronteira .  Para todos que estão nesta  aventura  o  final  do ano  é a hora .   O dia é este :  o primeiro do ano . "

Porthos aproveitou para levantar uma dúvida :  " Pensei , pensei  e  percebi ,  D ´Artagnan , que não precisamos  de que  exista um  duplo furto .  Ora ,  se  a nossa  fé  aponta para que o dito  de "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão "   seja  suficiente - pelo menos quanto ao tempo  necessário para uma ampla anistia  divina  ; e ,  considerando-se  os  obstáculos  que teríamos  ao ter que esperar que Pituca  faça  o seu  desapossamento ; para , aí sim ,  aliviarmos  o  gauchão  ;  digo com certeza que não vale a pena o risco originado  nesse  duplo perdão .  Diante disto eu peço a  Democrática para que seja resolvido este incidente :  se  poderemos  promover um alívio simples  , mesmo que com isto só tenhamos a garantia de tão somente  cem anos de perdão ,  não existe motivos lógicos ou religiosos  para  que o risco  se multiplique .  Ou  , então ,  se for da vontade do Grupo , esperemos  que Pituca  furte  os dólares , para - depois dele  delinquir -  aí sim  aliviar  o Paulo  Becerra  . "

D ´Artagnan   pediu que , pela ordem , ele  esclarecesse : "  Muito bem , Porthos .  Já vi que nosso convívio tem  feito  sua cabeça se abrir  aos clássicos  .  Você tem razão !   O que Pituca faria seria um furto ;  isto mesmo ,  o estancieiro  não dispõe de status  filosófico  , ou mesmo religioso , que todos nós  ,  Os Novos Mosqueteiros , dispomos .   Tudo porque nós , qualquer um dos  Novos Mosqueteiros , nada têm  de acumulação ,  real  ou pecuniária .  Inexiste , para Pituca , qualquer possibilidade do perdão divino . Isto  nem de longe vale para Pituca .   Ele é um grande proprietário de terras ;  e  , o que para nós será  um aliviar de excessos de realizações , para ele seria  mais uma  acumulação  ampliadora de realizações .  Parabéns , Athos !   E eu espero que  Aramis  e Quita  estejam  abrindo suas consciências para o fato de que não nos interessa  ser igual aos outros acumuladores insaciáveis . O que queremos é a nossa parte nas  apropriações de bens naturais embolsados ao longo das eras ,  das  gerações .  "

Desta vez , Quita foi a única pessoa que não demonstrou  segurança no balançar  a cabeça afirmativamente . Mesmo assim , balançou-a .

Foi quando   D ´Artagnan  completou :  "  Por mim , eu  - por mais que isto  nos custasse  -  consumaria  compulsoriamente o duplo alívio .   Por mais que nos custasse ,  deixaria que  Pituca furtasse os Capa-Pretas  para  só então  aliviá-lo ;  para  com isto garantir  uma  anistia celestial  de duzentos anos .  Mas  eu não vou quebrar a jura que fiz : submeto-me à Democrática . "

Foi quando D ´ Artagnan completou : " Companheira Quita ... você lembra o que seria a  Democrática ? "

Quita , que todos os dias lia o Guia dos Novos Mosqueteiros  que tão bem escondia nos seus guardados,  não titubeou  . Trazia  na ponta da língua  a definição do  Manual  elaborado  por  D ´  Artagnan : "  A Democrática  é  o pedido oficial posto por um dos  Mosqueteiros de que a vexata quaestio seja  colocada  em  votação aberta . "

D ´ Artagnan  não se conteve :  " Para concluir ,  companheira Quita : e o que viria a ser vexata quaestio ? "

Quita :  " Vexata quaestio , para nós , os  Novos Mosqueteiros , é  uma  como  chamamos  as questões   sumamente intrincadas ."

D ´Artagnan :  " Parabéns Mosqueteiro Quita !    Vamos à  Democrática ... "

D ´ Artagnan  :  " Mosqueteiro  Quita  ,  em que tu votas ,  no duplo  perdão , que nos garantiria duzentos anos de indulto  divino ,  ou  no  alívio  uno , representado  num só  passo aliviante ? "

Quita : "  Concordo com Athos . Nossas vidas não chegarão a  cem anos .  E , pelo que ouvi dizer , pelo menos no campo terreno , a penalização de alguém não pode ser transferida para a sua família . 'A  nossa descendência só   restaria  os bônus de  uma pequena montanha de dólares . "

D ´Artagnan : "  Submeto-me à vontade da maioria , mas devo esclarecer que quando pedi  a comprovação de dois roubos para a quantia almejada que será  aliviada,  eu me referia tão somente  aos  limites religiosos que a questão compreende ...    Aramis ,  qual o seu voto ?  "

Aramis :  " Mais do que ninguém , eu compreendo as preocupações político/ filosóficas/religiosas  do primeiro Mosqueteiro . Mas , como na profissão que abracei ,  devo ser prática :  não vale a pena a relação custo/benefício de termos que correr o risco de dois alívios seguidos ,  não vale a pena .  Voto com o Mosqueteiro Athos . "

Assim , democraticamente , foi decidido que somente um alívio era suficiente para livrar  os Mosqueteiros dos  desdobramentos terrestres  esperáveis  . E ,  por que não ?  com o rigor lógico  adotado desde o início por D ´Artagnan ,  que também os impedia moralmente de correr riscos de estarem perpetrando  algum furto .  Algum roubo .

D´Artagnan foi complacente ao calar-se para a questão relativa à eternidade das almas no tempo posterior ao Juízo Final .  Até D ´Artagnan  convenceu-se que seria um excesso abrir mais uma discussão para , nela ,  discutir  o tempo ulterior ao dia do Juízo Final . E , imediatamente , bateu o martelo .








sábado, 13 de julho de 2013

72 - Julietinha e o Oficial do vapor - Final B

Pituca  e Valeria  casariam-se  na cidade  em que  ela  nascera .  Decidiu-se  que , do lado de Paulo,   somente os  parentes , e  os amigos  mais íntimos  seriam convidados  . Meses atrás ,  Paulo Becerra fora  , com Julietinha ,  Pedro  e o filho ;  até a cidadezinha de  Dom Feliciano , que era a região onde instalara-se  a  Família Milczarek , originária de Malbork  , cidade polonesa  bem próxima da fronteira com a Rússia , tendo  esta vizinha  dominado  a região  por volta de 1890 ,  momento  em que o clã  familiar  imigrara para o Brasil . O motivo da visita  era o de Paulo de pedir Valeria em casamento . O  pai de Valéria disse à Pituca que nunca se conformara com a saída da filha de casa , para ir estudar na capital .  Mas não pode evitar a sua partida em razão de uma enchente de grandes proporções na região que lhe fez perder todas as plantações ,  tendo mesmo a água da chuva levado rio abaixo  as criações  de porcos , galinhas  e até mesmo gado leiteiro .  A mãe da moça emocionou-se  ao ouvir de Pituca que ele tinha grande honra em ingressar na família  Mielczarek , caso lhe aceitassem como genro .  É claro que o gaúcho da fronteira foi aceito ;  tendo  , inclusive , proposto uma data  do casório ,  e  bem próxima .  Foram servidas comidas ,  e doces  da tradição polaca que fizeram grande sucesso entre todos os  Becerra / Fagundes . Mas  Pituca  quase botou tudo a perder quando ,  em conversa apartada com o Sr. Milczarek ,  ofereceu ajuda em dinheiro para os gastos com as bodas ;  grosseria  considerada  humilhante pelo Senhor ;  mas Pituca  foi socorrido pela irmã  que afirmou  , em evidente  remendo ,  ser a oferta uma tradição na sua região de origem , argumento que - muito a contragosto - foi aceito pelo futuro sogro .  Foi quando Pituca tirou do bolso o anel de compromisso mandado fazer em joalheiro de sua família , dizendo  a todos que  as alianças foram forjadas de numa única pepita de ouro  com o propósito de que a união  fosse tão indissolúvel como aquele  ouro  guardado  nas  eras  passadas ,  unido ,  atado como ele queria que fosse seu casamento com Valéria .  À  mesa também  muitos licores ,  grapas , vinhos  e  cervejas ,  bebidas  feitas  ali mesmo  em Dom Fernando , pelas  mãos dos convidados  daquele jantar ,  quase todos tendo  algum grau de parentesco  com os Milczarek .

A única pessoa que parecia não respirar a alegria geral  era Pedro que , mesmo querendo  participar ,  fazendo força  para  alegrar-se  de verdade ,  mesmo assim  não conseguia  entregar-se  à festa como é sempre preciso  para que todos vibrem .  Julietinha ,  percebendo, disse-lhe : " Pedro , o que é que tu tens ? "         " Nada , nada ,  não é nada querida .  Estou com dúvidas num contrato de edição do meu livro e ,  ainda que eu não queira ,  isto tomou por um momento  o meu pensamento . Mas eu já melhorei ... "   Foi quando Pedro  levantou o  copo de grapa  num brinde  entoando belas palavras  de boa sorte ao casal  e longa vida a todos  presentes . "
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