Entrou no escritório , olhou o relógio , o tempo tinha voado .
Pegou os papéis que separara para o dia . Olhou de novo o relógio , "se tiver trânsito estou perdido ... "
Anotou a senha do cadeado de bolinha azul velho ( para cima , para a direita , para a direita de novo , para baixo ) , fechou o portão e também o cadeado de bolinha azul velho . Entrou no carro e pegou a estrada para ir para o centro da cidade , onde daí a quarenta minutos teria a reunião . "agora já preciso de sorte para chegar a tempo " pensou .
Já fazia tempo que o telefone não tocava . Ainda bem , tudo deveria estar em ordem . Será ?
Mesmo dirigindo conferiu o bolso direito ... era ali que guardava o celular . Nada do celular no bolso da direita . Apalpou o bolso esquerdo . Também não estava ali . " Mau sinal . " , pensou .
Dirigindo pensou em parar o carro para dar uma busca completa . " E se eu deixasse o celular para lá ? E se eu parasse de me preocupar com ele ? "
Respondeu a própria pergunta : " Se eu deixar o celular para lá e tiver esquecido o celular em casa poderiam neste tempo ligar para fechar o contrato . Sim , eu poderia perder o contrato por não ter atendido o celular no momento certo . "
Pensou em ligar para a mulher para ela ver se o celular estava na tomada do banheiro , onde ele sempre deixava para carregar . No meio do pensamento lembrou que estava sem o celular.
Ligar para avisar que atrasaria à reunião ... também impossível ; estava sem o celular , caracas !
Lembrou de novo . Mas e se retornasse à casa para pegar o celular ... ; olhou o relógio ...
... se retornasse à casa ainda daria para ligar com uns vinte minutos de antecedência avisando que se atrasaria para a reunião .... pegou o primeiro retorno da estrada e voltou .
Chegou em casa , abriu o portão e apressou os passos até o banheiro. A porta estava fechada a chave .. .
Mas se está sozinha , porque fechar a porta com chave ?
São os hábitos , pensou ... se algo for repetido por 21 vezes se torna hábito . É a neurolinguística que diz ... ... a neuro- linguística ... seria a neurolinguística mesmo ? sei lá ....
... mais esta agora .... ela fechou a porta mesmo estando sozinha por causa do hábito - e mesmo que não tenha sido a neurolinguística que tenha afirmado , o certo é que ela fechou a porta mesmo estando sozinha ... mesmo assim ela fechou a porta ... e eu não posso entrar para ver se meu celular está ligado à tomada de luz do banheiro até que ela resolva abrir a porta ...
Com um pequeno passo para trás preparou-se para quase gritar :
" " Bem " ! , o meu celular ! ele esta carregando aí na tomada do banheiro ? "
" O que ? "
" O ce-lu-lar ! ? ... o meu ce-lu-lar , por acaso ele ficou aí na tomada do banheiro ? "
" Não estou ouvindo nada ! ! estou no banho ! "
- segue -
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